Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista
Já lá vão dois anos e
continua tudo na mesma -09/05/2012 "O Ministério da
Agricultura determinou o fim da transferência de direitos de replantação para a
Região Demarcada do Douro, uma medida de protecção à qualidade dos vinhos do
Porto e Douro, reclamada pelos viticultores" - In Ministério da Agricultura proíbe transferência de vinha
Na região do Douro – tal como o leitor poderá constatar mais à frente - ainda
há tradições alimentares que têm sobrevivido
à banalização e à imposição de novos
hábitos consumistas, contudo, o que parece já não ter remédio é a falta de proteção
à principal bandeira vitivinícola da Região
Demarcada do Douro, ou seja, à produção do vinho generoso, uma das escassas
riquezas naturais durienses, que poderia evitar a desertificação
das aldeias – Mas os tempos do liberalismo selvagem só olham aos interesses dos
poderosos, das grandes quintas, ignorando os pequenos e médios agricultores. E
as consequências estão à vista: aldeias (e são a maioria) em que há mais casas de que habitantes - Muitas das quais onde já não mora ninguém
Vila Nova de Foz Côa era, até,
há pouco tempo, o único concelho, totalmente abrangido pela Região Demarcada do
Douro – A bem dizer, ainda é, só que, aldeias há que, devido à permissiva autorização
da venda de licenças, ficaram sem um pé
de vinha Esbulhadas da sua principal
riqueza, através de açambarcadores oportunistas, quem é que lá se quer fixar? .. Quem
é que ali quer dedicar-se à agricultura? - Ninguém.
E o mais insensato ou caricato é que, por vezes, são pessoas dessas aldeias, que, em negócios ou jogadas cúmplices com quem não tem as menores raízes locais, agem como autênticos garimpeiros, comprometendo o futuro dessas comunidades – O governo prometeu legislar – mas ainda não passou de promessa.
E o mais insensato ou caricato é que, por vezes, são pessoas dessas aldeias, que, em negócios ou jogadas cúmplices com quem não tem as menores raízes locais, agem como autênticos garimpeiros, comprometendo o futuro dessas comunidades – O governo prometeu legislar – mas ainda não passou de promessa.
Já lá vão dois anos, que “O secretário de Estado do Desenvolvimento Rural, Daniel Campelo, numa das primeiras visitas que fez ao Douro, se manifestou recetivo pelo menos a equacionar a proibição da entrada dessas novas licenças e o problema da aguardente que tem vindo a invadir o Douro. “O vinho do Porto exige que seja produzido com aguardente de uvas produzidas no Douro», salientou na altura – Mas não passou de discurso de ocasião.
“PAÍS
VINHEIRO” À MERCÊ DOS NOVOS SENHORES AÇAMBARCADORES QUE AGORA RECLAMAM O CONTROLO ABSOLUTO PARA DAREM A ESTOCADA FINAL AOS PEQUENOS E
MÉDIOS VITIVINICULTORES
A Primeira Região Demarcada e Reconhecida do
Mundo, criada no reinado de D. José I, pelo seu Primeiro-Ministro e futuro
Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo, está completamente à
mercê de açambarcadores e oportunistas, comprometidos com intereses que não são
propriamente os das populações: «foram
transferidos de fora do chamado “País Vinhateiro” para este território
cerca de dois mil hectares de vinha, apenas destinados à produção de vinhos de
mesa»
– Obviamente que é de admitir que grande parte dessas plantações se destinaram a satisfazer a expansão das grandes quintas, muitas das quais simultaneamente produtoras exportadoras de vinho de consumo e vinho do Porto – Que, por falta de um rigoroso controlo, acabam por exportar o que querem e lhes apetece, causando grandes transtornos nos milhares de pequenos e médios agricultores, reduzindo-lhe o “benefício”, por um lado, e, por outro, não podendo comportar os custos de produção, atendendo aos baixos preços e aos atrasos nos pagamentos», dificultando-lhes ainda mais a sobrevivência - Naturalmente, que, havendo excesso de oferta e redução da procura, tudo se complica ainda mais –E quem mais sofre são os mais pequenos.
– Obviamente que é de admitir que grande parte dessas plantações se destinaram a satisfazer a expansão das grandes quintas, muitas das quais simultaneamente produtoras exportadoras de vinho de consumo e vinho do Porto – Que, por falta de um rigoroso controlo, acabam por exportar o que querem e lhes apetece, causando grandes transtornos nos milhares de pequenos e médios agricultores, reduzindo-lhe o “benefício”, por um lado, e, por outro, não podendo comportar os custos de produção, atendendo aos baixos preços e aos atrasos nos pagamentos», dificultando-lhes ainda mais a sobrevivência - Naturalmente, que, havendo excesso de oferta e redução da procura, tudo se complica ainda mais –E quem mais sofre são os mais pequenos.
Em maré de privatizações,
também o Douro está na mira das grandes empresas, algumas das quais testas de ferro do mercearismo internacional – Imagine-se o que seria o
Estado descartar-se das suas responsabilidade e permitir que os pequenos cordeiros
ficassem à mercê do covil dos lobos? – Pois é o que reclamam as grandes empresas
(produtoras e exportadores), com o argumento "de falta
de vontade política" para resolver problemas do sector, que exporta 356
milhões de euros - As grandes quintas
que enxamearam as encostas do Douro com vinhas, que aumentaram as produções
para níveis que o mercado não absorve, entendem que, sendo estas empresas a
fazer a gestão, resolviam melhor os problemas do sector – Sim, o escoamento dos
seus stokes, a seu belo prazer, dando machadada final a milhares de pequenos e
médios agricultores
-Pois então, abocanhando tudo, resolvia-se a crise: com a justificação de que “as exportações de vinho do Porto
estão em queda há mais de uma década e a Associação das Empresas de Vinho do
Porto (AEVP) tem um projecto de promoção, de dez milhões de euros, para travar
a crise do sector. Mas para concretizar o plano, que não tem custos para o
Estado, a associação reivindicou ontem, em conferência de Imprensa, a
privatização do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP)- Excerto de . Sector reclama privatização do IVDP para travar queda
das ...
Há uns anos atrás, as vendimas,
por estas bandas, começavam em Outubro, tal como quase na generalidade do país
- Havia o tempo das ceifas e debulhas e a colheita das uvas tinha de esperar.
Entretanto, com o abandono das searas e outras culturas agrícolas, bem
como as alterações climatéricas e a introdução de novas técnicas de
produção e fabrico do vinho, anteciparam-se as vendimas para meados de Agosto e
Setembro - Claro, como não se pode vindimar tudo no mesmo dia, por falta de
pessoal e de escoamento para as adegas, e, noutros casos por falta de
maturação, vão-se calendarizando, a primeira começou no principio da primeira
quinzena de agosto, na Ervamoira e a última, pelo menos aqui em Chãs, está
previsto terminar no dia 4 de Outubro.
De facto, é um regalo, a cada passo, poder deparar-se com uvas que são uma tentação aos olhos e à boca, mas o trabalho também é muito duro; chega-se, ao fim do dia, todo partido. Mesmo assim, a alegria e a boa disposição nunca faltam em cada rosto - Por meu lado, já refeito, aqui estou para falar de um hábito alimentar, que estava convencido que já pertencesse ao passado – Mas, não: ainda há quem coma a sardinha crua com uma fatia de pão, depois de passar por uma carrasqueira e comer umas bolotas, como aperitivo.
Quando era garoto, era costume fazer-se das bolotas cozidas, a castanha caseira. Lá pelo Alentejo, é que se dizia que era a comida dos porcos, mas, cá por uma remota aldeia da beira transmontana (Alto Douro), era a nossa castanha, pois, soutos, só na terra fria. Meda e Trancoso – Certamente usada como farinha pelos povos que se fixaram no maciço dos Tambores, depois de moerem as bolotas nas mós de pedra, que por ali ainda se encontram.
Na verdade, ver comer sardinha
cruinha, era surpresa que não esperava, quando chegou a hora do almoço. Antes
da Inês - a mãe do Gualdim - , estender a toalha no chão, já a sua irmã, que
reside em Lisboa e que veio dar a sua ajudazinha ao sobrinho, lhe pedira para
as não assar todas sobre o lume das vides. “Eu não
gosto de sardinha assada, deixa-me uma crua”- diz.
E, no momento em que o resto do
farnel era estendido, lá a vimos a deliciar-se com a sardinha crua, não
propriamente "vivinha da costa" porque esse é um privilégio que não
goza quem vive longe do mar, mas ainda brilhante, sanguínea e apetecível, pronta a
consumir
JÁ LÁ VAI O TEMPO EM QUE A
SARDINHA ERA DIVIDIDA EM TRÊS PARTES MAS HÁ HÁBITOS QUE, TODAVIA, NÃO SE
PERDERAM
Já lá vai o tempo de uma
sardinha ser repartida em três pequenos bocados. Aproveitava-se tudo, desde o
rabo à cabeça – Eram tempos difíceis. Hoje a vida não é fácil mas, apesar de
tudo, deu-se um grande salto, comparada com os tempos da fome – Durante a 2ª guerra
mundial e mesmo vários anos depois – O nosso
país manteve-se neutral mas Salazar para agradar a
gregos e troianos enviava para a Inglaterra e para a Alemanha “as sobras de Portugal”, com a
esmagadora dos portugueses a passarem as piores privações.
Na
minha adolescência, em muitos lares, a
ementa à ceia era igual à do almoço: caldo e batatas, que nem sempre eram
acompanhadas.. A sardinha era vendida pelas sardinheiras, que
a transportavam, coberta de sal, num
caixote de madeira à cabeça - Daí já vir meia curtida, pronta a consumir. Ou seja, lavava-se e toca de se comer com uma fatia de pão. Era uma
velho hábito mas que tende a desaparecer. No entanto, pelos vistos, ainda há
quem não resista em não esquecer os sabores de outros tempos.
BENEFÍCIOS DA SARDINHA – E OS
RISCOS DE SE COMER CRUA
Rica em ácidos graxos ômega-3
(EPA e DHA), reconhecidos por seu poder antioxidante, anti-inflamatório e
antiaterosclerótico. “Esses ácidos aumentam a atividade cerebral, modulam a
hiperatividade e a depressão e ainda melhoram o desempenho cognitivo”,Sardinha é a mais
popular fonte de ômega-3 - MdeMulher -Contudo há quem alerte os
riscos de se comer peixe cru, devido a larvas que podem produzir graves problemas intestinais. “Pesquisadores
no Japão examinaram dois casos de Anisaquiase intestinal apresentando-se como
uma obstrução do intestino delgado. Em cada caso, ambos os pacientes, com
idades entre 64 e 70, foram levados às pressas ao pronto-socorro com dor
abdominal súbita e vômitos depois de comer sardinha crua como sashimi dois dias
antes”. Comer peixe cru levanta preocupações de saúde potenciais
Nenhum comentário:
Postar um comentário