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sábado, 31 de março de 2018

Douro Maravilhoso de Miguel Torga e de Manuel Daniel - Caminhada Douro acima, 31 Março – Desde a antiga estação da CP da Foz do Rio Côa à de Almendra – A meteorologia promete boas abertas – Mais uma jornada organizada por Foz Côa Friends - Associação e Portugal em Caminhadas Pela reabertura da linha férrea- Pocinho a Barca D’Alva para nos ligarmos aos nuestros irmanos, se promover um maior intercâmbio económico e de amizade – O poeta Manuel Daniel, agora invisual, vai mais longe: defende uma autoestrada ao longo de todo o rio

Jorge Trabulo Marques - Jornalista



Imagens de uma jornada inesquecível – E que vai repetir-se, na manhã de 31 de Março 2018, Sábado Aleluia, desde a velha Estação do Rio Côa à Estação de Almendra, organizada pela FOZ CÔA FRIENDS”, Associação dos Amigos do Concelho de Foz Côa – E, naturalmente, do Douro Maravilhoso e do seu afluente Rio Côa, que emprestou o nome à cidade de Vila Nova de Foz Côa, detentora de dois Patrimónios da Humanidade: o douro vinhateiro e as gravuras rupestres do Vale do Côa.


A Associação Foz Côa Friends não desiste de pugnar pela reactivação do troço ferroviário do Pocinho a Barca d’Alva, cortada na década de 80, que acabou por se revelar um colossal erro para o desenvolvimento da região duriense - Depois de anteriores jornadas, desde uma manifestação no Porto e outras  pedestres, inicialmente  ao longo da margem esquerda do Rio Douro - Pocinho-Estação do Côa; Estação de Almendra- Barca D'Alva, agora é a vez da dinâmica Associação Fozcoense, promover um passeio pedonal desde a Estação do Côa à de Almendra - A meteorologia, que tem andado, muito fria e chuvosa, promete, no entanto, uma pausa para amanhã e domingo de Páscoa, com boas abertas


Como é reconhecido, a  linha do Douro não pode terminar no Pocinho e tem de regressar à antiga via que ligava  Barca d’Alva. A importância do eixo ferroviário transfronteiriço (até Salamanca e Valladolide ao interior espanhol e à Europa) é fundamental para o desenvolvimento da região duriense. O país vizinho mantém a linha em condições de poder ser utilizada – aguarda apenas que, Portugal,  avance com os trabalhos da sua recuperação. 


Além de ser por uma boa causa - a de se pugnar pela reabertura da linha do Douro -, proporciona um passeio inolvidável, a não perder. Se o rio é belo de admirar navegando no seu leito, mais belo se torna se calcorreado pelas suas margens. - Nós já o percorremos de ambas as maneiras e as mais belas recordações que guardamos vão directamente para os passeios pedestres.. Estivemos nos anteriores - Desta vez, com muita pena nossa, não nossa, não nos é  possível participar - Deixemo-lhe aqui algumas imagens de jornadas anteriores, que, proporcionaram agradáveis e alegres momentos de convivo em todos os  participantes,

O DOURO POETIZADO POR MIGUEL TORGA E AS RECORDAÇÕES QUE LHE DEIXOU O POETA MANUEL DANIEL - Natural de Meda mas que casou em Vila Nova de Foz Côa, onde tem passado grande parte da sua vida - Actualmente, debatendo-se com problemas invisuais, que, desde há algum tempo, têm limitado a sua independência mas não a sua criatividade, visto ter já no prelo mais um novo livro - Que vem juntar-se a mais de dezena e meia de obras que publicou, nos vários géneros literários.  



MANUEL DANIEL - O POETA INVISUAL E O DOURO MARAVILHOSO QUE SEUS OLHOS AGORA JÁ NÃO PODEM CONTEMPLAR MAS QUE MARCARÁ PARA SEMPRE O AUTOR DO " CORAÇÃO ACORDADO", RECORDA O RIO QUE CEDO O FASCINOU E OS ENCONTROS COM MIGUEL TORGA, QUE TAMBÉM O MARAVILHOU - Embora não tendo a fama do grande poeta do “Cântico do Homem" e do distinto prosador dos "Novos Contos da Montanha", com quem privou, é todavia um dos mais genuínos e singulares espíritos da região da beira-duriense, quer como poeta quer como jornalista e escritor, nos mais diferentes géneros literários, com os seus admiráveis quadros de encantadora beleza regional

Um coração de poeta, muito admirado e querido, onde a sua obra literária que é numerosa e perfeita, é reconhecidíssma, em todos os géneros literários em que se tem expressado, perfeitas maravilhas de naturalidade , de graça, finura e sensibilidade, que encanta, sorri e toca profundamente quem glosa a sua poesia ou a sua prosa.

O paisagista inspirado, por genuíno temperamento de artista, que soube conservar e realçar todo o encanto da graça virginal da alma campesina e do realismo forte destas terras; o panteísta nato que extasia e enche de ternura, de empolgante enlevo e emocionante saudade, o espírito de quem o lê, sulcado por emoções, lavradas por suave harmonia e o doce e inebriante perfume de terra virgem, plena de misticismo e de mistérios sedutores e fecundos

O autor dos maravilhosos espectáculos rurais e da natureza envolvente, que mais terão impressionado a retina dos seus olhos, enquanto a mesma não foi toldada pelas trevas do fatalismo cruel da cegueira, com a qual tem agora de conviver as 24 horas do dia, valendo-se da memória, mas que, mesmo assim, tão minuciosamente continua a descrever, entremeando-os de episódios encantadores e de uma saudável originalidades bem genuína

Solstício do Verão - Ainda seus olhos podiam ver a luz do sol


Em boa verdade, Manuel Daniel, conquanto não tenha almejado a notoriedade do filho mais ilustre de São Martinho de Anta, inveterado calcorreador e peregrino por vales profundos, montes de vertigem, de perfis e recortes alcantilados e xistosos ou de natureza rochosa, trepando por penedias graníticas deslavadas e cinzentas, sim, levado por irresistível curiosidade de descoberta, imbuída por irrecusáveis amores e tentadoras paixões cinegéticas, sim, embora mais dado a uma outra contemplação mais serena e menos aventurosa, do que a do inconformista e viajante por brasis e distantes paragens, há, no entanto, entre ambos os poetas, grandes afinidades humanistas e de inquietude sociais nos mesmos palcos agrestes das terras beirãs e transmontanas, na cosmologia geográfica e transcendental de um mundo rural de injustiça e dureza, mas também de encanto, de misticismo e sublimidade


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Natural de Meda mas que tem passado grande parte da sua vida em Foz Côa- Actualmente, debatendo-se com problemas invisuais, que, desde há algum tempo, têm limitado a sua independência mas não a sua criatividade, visto ter já no prelo mais um novo livro - Que vem juntar-se a mais de dezena e meia de obras que publicou, nos vários géneros literários

O Douro Maravilhoso e Agreste, que Miguel Torga poetizou e cantou, é também, a seu modo, o de Manuel Daniel, com quem tivemos o prazer de nos reencontrarmos, recentemente, no seu escritório em Foz Coa, no coração da cidade, junto ao largo do velho pelourinho, do edifício municipal e da igreja matriz, onde, durante vários anos exerceu o oficio de conceituado advogado, a par da sua devoção à causa pública, mas onde agora só vai, pela mão da esposa, filhos ou netos, mais por uma questão de quebrar a rotina e de não perder de todo os laços ou vínculos, com um espaço, onde deu o seu apoio jurídico a muitas pessoas, onde recebeu muitos amigos e onde, nos momentos mais disponíveis e inspirados, aproveitou para escrever alguns dos seus belos livros, sim, foi justamente a meio da tarde, dois dias depois de termos celebrado o equinócio da Primavera, nas tradicionais celebrações aos ciclos da natureza, nas quais também chegou a dar-nos o prazer de colaborar, sim, que amavelmente ali nos recebeu e nos recordou o fascínio que o Douro Maravilhoso, lhe transmitiu na sua vida e na sua poesia, da obra literária, que tem já no prelo, pestes a editar, assim como das recordações que guarda dos encontros que teve com Miguel Torga. - Em próximo apontamento contamos editar outros interessantes e comoventes momentos do mável diálogo que nos proporcionou - Aqui a passagem a propósito do passeio pedestre que, a Associação Foz Côa Friends, organiza na manhã deste Sábado de Aleluia, douro acima, desde a antiga Estação do Côa à de Almendra


E PORQUE É TEMPO DE PÁSCOA E RESSURREIÇÃO - SIM, DE ORAÇÃO E DE REFLEXÃO - ESTE POEMA-PRECE DE MANUEL DANIEL - Do seu Livro "Coração Acordado"


Prece ao Senhor Bom Jesus


Ó Senhor Bom Jesus, Senhor dos Passos,
que vês, compadecido, a nossa vida
Nossa vida de sonhos e fracassos,
andamos pelo mundo de olhos baços,
rastejando na dor e na fadiga.

Na Tua procissão vai toda a  gente,
implorando  em silêncio o teu perdão.
O teu perdão suplica um penitente
e este outro, mais aqui, amargamente,
chora  por um momento de ilusão.


Tua imagem de mágoa e sofrimento
anda sempre connosco em cada dia.
Em cada dia ela nos dá alento,
à moribunda  dá sustento
e troca a dor mais funesta em alegria.

A Tua cruz pesada nos conforta,
da cor do fel amargo que trazemos.
Trazemos quando a alma, quase morta,
nem do mal  nem do bem  se não importa,
e mais mortos que vivos parecemos.

Tua coroa de espinhos, meu Senhor,
sinto-a cravada  em mim, no coração.
No coração  que às vezes, com amor,
espalha ódios e semeia a dor,
em vez de paz, sorrisos e perdão.

O Teu vestido roxo, de tristeza,
é um fiel espelho do que eu faço.
Do que eu faço nas horas de incerteza
em que tudo é banal e sem beleza,
em que só há neblinas e cansaço.

A corda que te prende na cintura
atrai-me à Vida Nova que nos dás.
Que nos dás, numa oferta da ventura,
uma vez que esta vida só perdura
quando é construída sobre a paz.

Ó Senhor Bom Jesus, meu Bom Senhor,
que aceitaste morrer por esta gente,
Esta gente te pede com fervor
que sejas sempre dela protector,
seus passos conduzindo eternamente.

Manuel Daniel  - In Coração Acordado






NA HOMENAGEM AO POETA E JORNALISTA, FERNANDO ASSIS PACHECO, NA EPDRA DOS POETAS, NA CELEBRAÇÃO DO SOLSTÍCIO DO SOLSTÍCIO DO VERÃO, NO MONTE DOS TAMBORES - TEMPLOS DO SOL  - Já vão uns anos 



OS OLHOS JÁ  NADA VÊEM MAS O CORAÇÃO CONTINUA ACORDADO   --

Pese o facto dos seus olhos já não poderem contemplar a luz e a beleza que o inspiraram a escrever os mais belos poemas, tendo como temas os costumes da terra e das suas gentes, mas também os valores pátrios, religiosos   e  de pendor universal, sim,  pensámos que os demais sentidos, reforçados pela sua fé e determinação inabalável pela paixão da escrita e pelo gosto  da vida, continuarão, certamente, ainda mais sensíveis, para poder ir ao fundo do baú da sua memória e poder continuar a brindar-nos  com os seus excecionais dotes literários, desde o teatro, à  poesia e à ficção  - Obviamente que uma tal tarefa, além de só ser possível com o amparo da esposa, dos filhos e netos, que nunca lhe negaram o indispensável carinho e apoio, naturalmente que exige um esforço hercúleo a quem contraia a cegueira adulto: a vida espiritual, por certo, se intensificará mas as limitações físicas, vão-se tornando num calvário que só Deus e quem leva essa pesada cruz,   compreenderá o drama na sua verdadeira extensão.




Em "Cem Poemas Portugueses sobre Portugal e o Mar" - Aqui se juntam cem poemas sobre o Portugal e o Mar, entidades indissociáveis  ao longo de séculos de história  e de poesia. O melhor do que somos e do que fomos passa pelo nosso património poético  e não se deixa afogar em modas, crises ou tiques de ocasião. O  mar  e o Portugal de que estes poemas falam não  tem prazo de validade , Só prescrevem quando a nossa identidade prescrever, e talvez ainda falte um mar inteiro para que  isso aconteça. 
Este é e pretende ser um livro sobre o Portugal de hoje de sempre



Na Pedra dos Poetas - Em 2003 - Na altura em que ainda podia andar e ver


 
Manuel J. Pires Daniel, nasceu  em Vila de Meda (hoje cidade) em 18 de Novembro de 1934. Sem dúvida,  um admirável exemplo de labor e de tenacidade, de apaixonado pelas letras  e de sentido e dedicação ao bem comum. Mal concluiu a instrução primária, ei-lo a fazer-se à vida  -  Tinha então onze anos. Era ainda uma criança mas já tinha que começar a pensar no futuro. Tem sido uma vida intensa e preenchida.

A partir dos 20 anos de idade , propôs-se  e fez os exames do ensino secundário e frequentou, como voluntário, o curso de 1973-1978 da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, por onde veio a ser licenciado.

Advogado, escritor, poeta,  estudioso, um homem de cultura, tendo dedicado muitos anos da sua vida  à função pública e à  vida autárquica.  A par de vários livros de poesia,  colaborações de artigos e poemas na imprensa regional e nacional, bem  como em jornais brasileiros,  prefácios e a coordenação em várias obras, é também autor de 40 peças de teatro, nomeadamente para crianças, 20 das quais ainda inéditas. Muitos dos seus poemas foram lidos por Carmem Dolores e Manuel Lereno, aos microfones da extinta Emissora Nacional, em “ Música e Sonho”,  de autoria de Miguel Trigueiros – Considerado, na época, o programa radiofónico mais prestigiado  - Mesmo assim objeto de exame censório, tal como atestam os arquivos.

Mas  não menos relevantes são as letras que vêm a ser musicadas e gravadas  em discos e cassetes,  Interpretadas por  Ramiro Marques, em EP nas canções   “Amor de Mãe” e “Amor de Pai”, pela Imavox, em 1974 – E, também, anos mais tarde, as letras para um “Missa da Paz” e coletâneas temáticas sobre “Natal e Avós” E, com  música de Carlos Pedro, as “Bolas de Sabão”, “Ciganos”, “Silêncio” e outros pomas.

Manuel Daniel, depois de breves passagens por Pombal, S. João da Pesqueira e Reguengos de Monsaraz ,  em 1971, fixou-se na cidade de Vila Nova de Foz Côa, que adotou de alma e coração,  Grande devotado à vida municipal e ao estudo e divulgação do património cultural e histórico das nossas gentes, personalidade bem conhecida no nosso concelho e na região. Tendo o município fozcoense,  do qual foi Presidente da Assembleia Municipal, durante 12 anos,  e, durante 23, na qualidade de  provedor da Santa Casa da Misericórdia, lhe atribuído o  “ Diploma de Mérito”  - Distinção inteiramente merecida e aprovada por unanimidade.

Indubitavelmente, se há homens que dedicam a sua vida à causa pública, com total entrega, honestidade, inteligência e dedicação, Manuel Daniel, é um desses raros exemplos – Sim, então  num tempo em que vão escasseando exemplos dignos de referência: ele pode olhar para o seu passado, com orgulho e de cabeça erguida - Numa longa carreira, com desempenhos  nas tesourarias e repartições de Finanças da Meda, Pombal, S. João da Pesqueira, Reguengos de Monsaraz, Vila Nova de Foz Côa e Guarda, culminando como dirigente superior da Direção Geral do Tesouro, no Ministério das Finanças, onde foi responsável pelos serviços técnicos e financeiros das Tesourarias da fazenda Pública.

A par da sua vida profissional, foi ao mesmo tempo desenvolvendo o gosto pela literatura – Lendo as obras dos melhores autores, escrevendo poemas, contos e peças infantis e manifestando o seu apego ao jornalismo: iniciou a suas primeiras colaborações, em 1954, em “Luz da Beira”,  jornal de Meda, a sua terra natal, que ajudaria também a fundar,  colaboração que manteve durante 20 anos, creio que até à sua extinção.  Nesse recuados anos, estendeu ainda o seu contributo jornalístico aos jornais a ”Palavra”, de Reguengos de Monsaraz – 1964-1968. Em Moura, colabora com a “Planície”- 1961- 1962. Posteriormente, já com residência em Foz Côa, publica vários artigos na “Coavisão” edição do município. Foi colaborador da “Capital” e um dos mais considerados e ativos colaboradores do jornal “O Fozcoense”

Manuel Daniel, é casado com Alice Daniel, pai de dois filhos: do Dr. João Paulo Daniel,   o guitarrista do extinto grupo Requiem Pelos Vivos, bem como Eng.Pedro Daniel,   Eng.º Pedro Daniel, dinâmico  Coordenador e Técnico da empresa Fozcôactiva, ambos ligados de coração e alma por Foz Côa, à semelhança dos seus pais.



domingo, 25 de março de 2018

Sol da Primavera - “Querem uma Luz melhor que a do sol!” –Fernando Pessoa– “Estou vivo e escrevo Sol”- António Ramos Rosa



"QUEREM UMA LUZ MELHOR QUE A DO SOL!” - SÓ O SOL DA PRIMAVERA - SAUDÁMO-LA NO PRIMEIRO DIA DO EQUINÓCIO - GRAÇAS A UM PUNHADO DE BONS AMIGOS - Numa manhã ventosa e gelada, com o termómetro a descer até aos 6º negativos - Poucos mas irmanados de uma alegria e de uma energia na alma e no coração, que nem as imagens nem as palavras podem descrever, pois eram dos tais sentimentos que só a luz do sol poderia compreender e abençoar  – Coroados com momentos de poesia e pelo esplendor sublime que ilumina a Terra, pelo brilho revigorador e purificador da  Fonte da Vida! http://www.vida-e-tempos.com/2018/03/celebracao-do-equinocio-da-primavera.html

O CALOROSO ABRAÇO DE GRATIDÃO
Ao António Lourenço, José Lebreiro e Agostinho

"AH! QUEREM uma luz melhor que
a do Sol!
Querem prados mais verdes do que estes!
Querem flores mais belas do que estas
que vejo!
A mim este Sol, estes prados, estas flores contentam-me. 
Mas, se acaso me descontentam, O que quero é um sol mais sol
que o Sol,
O que quero é prados mais prados
que estes prados,
O que quero é flores mais estas flores
que estas flores -
Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira!
Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"

Heterónimo de  Fernando Pessoa












ESTOU VIVO E ESCREVO SOL
Eu escrevo versos ao meio-dia
e a morte ao sol é uma cabeleira
que passa em fios frescos sobre a minha cara de vivo
Estou vivo e escrevo sol
Se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam
no vazio fresco
é porque aboli todas as mentiras
e não sou mais que este momento puro
a coincidência perfeita
no acto de escrever e sol
A vertigem única da verdade em riste
a nulidade de todas as próximas paragens
navego para o cimo
tombo na claridade simples
e os objectos atiram suas faces
e na minha língua o sol trepida
Melhor que beber vinho é mais claro
ser no olhar o próprio olhar
a maraviha é este espaço aberto
a rua
um grito
a grande toalha do silêncio verde

António Ramos Rosa 



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terça-feira, 20 de março de 2018

Celebração do Equinócio da Primavera 2018 – Manhã polar e ventosa mas coroada com belos momentos de poesia e pela mais surpreendente maravilha da Pré-história, com os raios solares atravessassem a graciosa gruta, em forma de semi-arco – réplica do mítico Olho de Hórus Egípcio, aldeia de Chãs. Foz Côa


CELEBRÁMOS ESTA MANHÃ O EQUINÓCIO DA PRIMAVERA – COM TEMPO VENTOSO E GÉLIDO – 6º abaixo de zero mas sob a bênção de um nascer do sol auspicioso e  o coração em festa, junto ao gracioso portal do altar sacrificial do Santuário da Pedra da Cabeleira de Nª Srª, arredores da aldeia de Chãs, no Monte dos Tambores, Concelho de Foz Coa, com uma singela homenagem à escritora, poetiza e jornalista portuguesa, Alice Vieira, uma das figuras mais importantes da literatura infantojuvenil, com quase uma centena de obras publicadas, traduzidas em várias línguas. 




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Coincidência duplamente feliz:  por um lado, por coincidir com o primeiro dia da primavera, e, por outro lado, por  comemorar hoje o dia internacional da Felicidade – E, que, no fundo, tem sido este um dos principais objetivos da grande paixão de Alice Vieira pela escrita: ou seja, de tornar mais feliz o coração dos adolescentes e dos jovens, com  as suas maravilhosas histórias

A vida de Alice Vieira é também uma história: é assim que ela começa: Nasci no dia 20 de Março de 1943 numa rua de Lisboa chamada Almirante Reis, mas saí de lá com 15 dias de idade… A casa onde eu nasci foi deitada abaixo, e é hoje uma enorme garagem.

“Vivi em muitas ruas diferentes, em muitas casas diferentes, mas sempre em Lisboa, que é a cidade mais bonita do mundo.


Desde cedo que os meus brinquedos foram os lápis, as borrachas, os livros. Aprendi a ler e a escrever sozinha, era muito pequena. E os meus amigos eram as personagens que eu descobria nos livros que lia.  Vivi em casas grandes, com grandes corredores escuros que rangiam pela noite dentro, e me faziam muito medo, e sem crianças da minha idade com quem brincar.

Depois cresci e entrei para o Liceu Filipa de Lencastre, onde estudei do 1.º ao 7.º ano (então era assim que se dizia quando queríamos falar do que é hoje o 5.º e o 12.º ano). Gostava de português, mas gostava mais de inglês, de francês e de história. A matemática deu-me muitas dores de cabeça, confesso.

Desde pequena que sempre disse “quando for grande quero ser jornalista” – e fui. Comecei cedo a escrever em jornais: Diário de Lisboa, Diário Popular, Diário de Notícias.

Paralelamente fiz o curso de Filologia Germânica (que hoje se chama Línguas e Literaturas Modernas, variante Inglês e Alemão) na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, mas nunca fui professora: o jornalismo tomou sempre o meu tempo todo.

Casei (com um jornalista), tive dois filhos.

Quando os meus filhos eram pequenos, pediram-me um dia que escrevesse uma história para eles: e assim nasceu, em 1979, a Rosa, Minha Irmã Rosa que, nesse ano, teve o Prémio de Literatura Juvenil do Ano Internacional da Criança. A partir daí não tive um minuto de sossego, com o jornal todos os dias (trabalhava então no Diário de Notícias), e as constantes idas a escolas e bibliotecas, e os livros para escrever. Até que em 1990 tive de optar: e então optei pela literatura. Não me desliguei do jornalismo (quem é jornalista por paixão é jornalista sempre), mas agora já não vou todos os dias ao jornal.

Pedra da Audição - Câmara de ressonância pró infinito
Trabalho agora para o Jornal de Notícias e para as revistas Tempos Livres, Activa (onde a minha filha é jornalista também), e Audácia. E continuo a escrever livros e a ir a escolas. Vou muitas vezes ao estrangeiro – sobretudo à Alemanha, Espanha, França e Suiça – porque os meus livros estão traduzidos em várias línguas, e as escolas desses países também me convidam. Também vou muito a Inglaterra, mas é porque o meu filho (professor de matemática) e os meus três netos vivem aí… 

Escritora, jornalista, dramaturga e poetiza. De seu nome, Alice de Jesus Vieira Vassalo Pereira da Fonseca: nasceu em Lisboa, a  20 de Março de 1943. Os seus livros marcaram várias gerações e foram traduzidos para várias línguas, como o alemão, o búlgaro, o castelhano, o galego, o catalão, o francês, o húngaro, o holandês, o russo, o italiano, o chinês, o servo-croata, o coreano

Nélson Mateus teve a ideia de publicar um livro de homenagem à Alice Vieira."Retratos Contados: Alice Vieira 75 Anos" – Trata-se de uma obra  que faz uma viagem retrospetiva da vida destaescritora, com suporte numaentrevista   feita pelo autor, reportando as várias fases da sua vida:: Alice criança, Alice Escritora, Alice Jornalista, Alice Mãe, Alice Avó, Alice Mulher…, não esquecendo a Alice que viveu em Paris, a Alice que se apaixonou na primeira vez que viu Mário Castrim, 

A Casa da Imprensa e a Editorial Caminho, associa-se ao aniversário da escritora, com uma sessão especial  do lançamento do livro Retratos contados • Alice Vieira • 75 anos, de Nélson Mateus, com apresentação de Fernanda Freitas e a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do ministro da Cultura, Luís Filipes Castro Mendes, e da homenageada, a escritora Alice Vieira.

A sessão realizou-se, esta terça-feira, 20 de Março, às 18:00 horas, no Salão Nobre da sede da Casa da Imprensa, R. da Horta Seca, 20, em Lisboa


"Retratos Contados: Alice Vieira 75 Anos" inclui ainda vários "testemunhos de amizades do liceu, dos diversos jornais onde trabalhou, de outros escritores, de amigos de Lisboa e da Ericeira e muito mais", contando ainda com o do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. https://www.dn.pt/lusa/interior/livro-de-homenagem-faz-retrospetiva-da-vida-de-alice-vieira-nos-seus-75-anos-9200040.html



O meu abraço, muito especial aos amigos, José Lebreiro, António Lourenço  e Agostinho,  que não olharam ao incómodo  de se levantarem cedinho, com um tempo mais convidativo a  ficar no quentinho da caminha de que arrostar com um vento gélido, como nunca ali deparei - Até mesmo nas noites mais frias das minhas peregrinações noturnas - Claro, certos de que saíram de lá com  redobradas energias.

DESDE QUE TIVEMOS A FELICIDADE DE DESCOBRIR A EXISTÊNCIA DOS  VÁRIOS CALENDÁRIOS SOLARES PRÉ-HISTÓRICOS,  - EM 2001 - Tem sido nossa preocupação e  dos amigos que  têm colaborado nas celebrações dos ciclos das estações, que temos associado a momentos de poesia.


No Equinócio do Outono 2017, lemos poemas  de José Augusto Margarido e de Manuel Daniel, poetas desta nossa região e um outro do antigo Egipto, evocando o Olho de Hóros, de autoria do faraó Faró Akhenaton – - Cujo registo aqui lhe deixamos - Agora, no Equinócio da Primavera,  contamos ler alguns poemas de Alice Vieira 


Desenho

No papel branco
desenharei um Sol
bem amareloe no alto dum monte
um enorme castelo
entre campos lavrados
e povoarei a terra
de cavaleiros e de soldados.

Às nuvens darei
a forma de gente
(e haverá quem pense
que são gente a sério…) e ouvir-se-á
pela noite fora
os uivos dos lobos
até vir a aurora
que desfará o medo
e o mistério…


in Rimas Perfeitas, Imperfeitas e Mais-que-Perfeita


O Equinócio da Primavera, 2018, ocorre no dia 20 de Março às 16h15min. Esta estação prolonga-se por 92,79 dias até ao próximo Solstício que ocorre no dia 21 de Junho às 11h07min. Os instantes estão referenciados à hora legal

Equinócio: instante em que o Sol, no seu movimento anual aparente, passa no equador celeste. A palavra de origem latina aequinoctium agrega o nominativo aequus (igual) com o substantivo noctium, genitivo plural de nox (noite). Assim significa “noite igual” (ao dia), pois nestas datas dia e noite têm igual duração,

Mais pormenores, a que já nos referimos anteontem,  em http://www.vida-e-tempos.com/2018/03/celebracao-do-equinocio-da-primavera-as.html


O templo sacrificial,  que parece desafiar as leis do equilibro e da  gravidade, tal a acentuada inclinação e aparente frágil base de apoio,  ergue-se alpendrado sobre uma enorme laje que descai em forma de altar -  Destacando-se, silenciosa e majestosamente, no requebro do alto de um vasto maciço rochoso, conhecido pelos penhascos dos Tambores na  vertente  granítica do fértil e maravilhoso vale da Ribeira da Centeeira. A mesma linha de água que, depois de correr de sul para  Norte  e penetrar  a leste no  apertado e íngreme canhão   das ladeiras dos picos, vai desaguar ao Côa, junto à foz da qual se situam um dos mais belos núcleos das gravuras paleolíticas do Vale Sagrado


O monumental calendário solar, quando observado da retaguarda, configura  a insólita imagem  de   um gigantesco crânio pronto a ser decepado, como que, evocando, certamente, bárbaros ritos ancestrais - , abrindo-se, todavia, em forma de auspicioso leque, no seu frontispício  voltado a poente,   atravessado, na sua base, por uma gruta em forma de semi-arco, com cerca da 4,5 metros de comprimento,  iluminada pelo seu eixo no momento em que o Sol  começa a elevar-se por detrás do recinto amuralhado, como que assinalando, astronómica e matemáticamente,  o primeiro dia dos dois ciclos das estações do ano,  os equinócios do Outono e da Primavera.

Numa cerimónia simples, mas prenhe de esplendor e magia, lã estivemos, para dar inicio à singela celebração, às 07.00 da manhã, precisamente no momento em que a graciosa gruta em forma semicircular é atravessada pelos raios solares do nascer do sol. Num espetáculo, verdadeiramente deslumbrante a quem tem o privilégio de o contempla

Alice Vieira – Uma vida plena de 75 anos e 40 por amor à poesia e ao coração dos jovens





Encontrámos-la numa sessão de autógrafos, na Feira do Livro, em Lisboa, o ano passado, numa das bancas da sua editora – Num dia muito movimentado, como geralmente acontece com este certame cultural da cidade, que tem vindo a ser exposto ao longo das duas alamedas do Parque Eduardo. A tarde era esplendorosa de  sol mas, com  o ruído ambiente de uma   destrambelhada  sinfonia, mais nos perturbava    a qualidade do breve apontamento  que aproveitámos para registar, na sequência do casual e amável diálogo que nos concedeu

Quando lhe perguntamos qual a hora do dia em que se sentia mais tentada a escrever, confessou-nos que prefere escrever de manhã – E compreende-se que assim seja, que a  alma de poeta goste de sentir a força e a luz do raiar do dia, porém,  as muitas  ocupações, em que se desobra, fazem com que escreva mais à noite. Quando ao número de livros que publicou, pelo que depreendemos, já vão acima dos 80 ou noventas e tais, pelo que, quando a pergunta surge inopinadamente,  talvez seja mesmo  de se lhe perder a conta mas não o de se esquecer  do grande trabalho, que todos os livros lhe dão, assim como  do intenso amor a que todos vota, independentemente do seu êxito comercial.

Naturalmente, que, para uma autora, tão multifacetada e produtiva, nunca deixará de ter novidades na oficina do seu lar ou já no prelo para oferecer aos seus vastos leitores, que continuam a ser apreciados, tanto por jovens como por aqueles que já foram jovens e se habituaram a gostar dos seus livros e a recomendá-los aos filhos ou aos seus netos – E, deste modo, a deixar um lastro de indeléveis mas de inapagáveis recordações, cujo eco lhe vai dar, com certeza,  o maior  alento e estimulo â sua grande paixão pela escrita.

Alice Vieira – Uma vida plena de 75 anos e 40 por amor à poesia e ao coração dos jovens



OS ALINHAMENTOS SAGRADOS, QUE AINDA PERSISTEM NALGUNS LUGARES DO MUNDO,NÃO FORAM ERGUIDOS, EM CERTOS SÍTIOS, POR MERO ACASO
Tom Graves, o autor de Agulhas de Pedra - A Acupunctura da Terra , famoso livro de investigação, sobre a influência da terra na alma e vida do ser humano, deslocou-se, propositadamente, da Austrália, em  2008,  para estudar os Templos do Sol e para aqui também confirmar a sua teoria de que «Em toda a parte existe uma interação entre as pessoas e o lugar – e o lugar também tem as suas escolhas.» .

O famoso escritor inglês  desloca – se com frequência aos chamados pontos nodais ou lugares Sagrados da Terra que, desde que desapareceram as antigas civilizações que os cultuavam, têm praticamente permanecido escondidos dos olhares profanos Em Portugal, já visitou o Cromolech de Almendres no Alentejo e alguns menires da região de Sintra Mas agora há mais um local que passou a fazer parte do seu roteiro: o Santuário Rupestre da Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora e a Pedra do Sol

Defende que os lugares sagrados são centros para os quais muitas das linhas de água convergem umas com as outras e também com os centros padrões de linhas acima do solo, à semelhança do que acontece com as artérias do corpo humano E, por isso, acredita que tais lugares não foram escolhidos por obra do acaso Designadamente, mamoas, menires, círculos de pedra, dólmenes e outras estruturas megalíticas, assim como os altares das igrejas da Pré-Reforma http://www.vida-e-tempos.com/2008/10/tom-graves-veio-da-australia-para.html

Outros investigadores, partilham igualmente desta opinião – Referindo que,
a realidade prática confirma que se encontram redes em todos os grandes santuários de todas as religiões, assim como nos mais importantes centros megalíticos. Essas energias, concentradas numa igreja ou sob um menir são a expressão das forças da Terra e do Céu, que se exprimem segundo um esquema universal. Os lugares fortemente afectados no plano geomagnético permitem uma ressonância particular com a energia cósmica que o homem, por intermédio de antenas de pedra, sejam elas um menir ou mesmo um campanário, irá captar, associando-a a um esquema complementar à energia telúrica, criando assim uma entidade vibratória que restabelecerá o equilíbrio.


Na realidade, o equilíbrio do homem passa pela captação das energias telúricas e energias cósmicas, estabilizando as duas no seu centro. Não é o homem um microcosmos, reflexo na terra do macrocosmos? Como micro-universo, tem o seu próprio centro, e quem o encontra torna-se estável, numa relação de harmonia entre o Céu e a Terra.” – Eduardo Amarante http://eduardoamarantesantos.blogspot.pt/2012/08/a-geobiologia-e-rede-magnetica-do.html


 OUTRO DOS CALENDÁRIO ESTÁ ALINHADO COM O PÔR-DO-SOL NO SOLSTÍCIO DO VERÃO 





Lugar mítico e de singular beleza. Venha juntar-se a nós para celebrar o Solstício do Verão, junto ao altar sacrificial da Pedra do Sol, mais conhecida por Pedra do Solstício, pelo facto da crista do  esférico e imponente megálito estar em perfeito alinhamento com o pôr do sol no dia maior do ano – Ergue-se nos penhascos da vertente do Castro do Curral da Pedra, Mancheia, Maciço dos Tambores. 

Este é um dos raros lugares da Europa – e talvez do mundo – onde ainda persistem calendários pré-históricos alinhados com todas as estações do ano – As festividades evocativas, iniciam-se com o tradicional cortejo druida às 18 horas, acompanhadas pelo Grupo de gaiteiros de Lua-Nova Mogadouro , - Evocando tradições ancestrais, e, num tempo  em que há 168 milhões de crianças a trabalhar no mundo e cerca de 1,4 milhões de crianças correm o risco de morrer de fome, lembrando o extraordinário exemplo de solidariedade  do Padre Américo – Fundador da Obra dos Meninos da Rua 


ALINHAMENTO SAGRADO COM O PÔR-DO-SOL NO SOLSTÍCIO DE VERÃO  - Esta extraordinária imagem, configurando uma gigantesca esfera terrestre ou a esplendorosa configuração de um enorme globo solar projetando os seus dourados raios, a poente, foi registada, pela primeira vez, cerca das 20.45 horas do dia 21 de Junho de 2003 e repete-se todos os anos, ao fim do dia mais longo do ano e à mesma hora, desde que  as condições atmosféricas o permitam.

A partir do ponto onde o sol então se pôs ( e voltará a pôr-se) começa o Verão e, de igual modo, a grande estrela-fiel inicia o movimento aparente da sua declinação para o Hemisfério Sul – E, até atingir esse ponto extremo, no Solstício do Inverno, distam vários quilómetros: ou seja, desde o ponto do horizonte, onde ele se vai pôr, em perfeito alinhamento com a crista do esférico bloco e o centro do pequeno círculo que se encontra cavado, a alguns metros a oriente, na mesma laje da sua base de apoio.


Porém, o enorme megálito que a mesma imagem documenta, deverá ser observado segundo a posição que parece ter sido ali erigido, retocado e direcionado. Feita a observação noutro ângulo, quer do lado sul ou do lado norte, deforma-se e assemelha-se a um estranho busto. Porventura, configurando, sabe-se lá, senão um outro simbolismo ou interpretação, ainda não decifrada.

 MAIS PORMENORES  EM