Jorge Trabulo Marques - Jornalista
Imagens de uma jornada inesquecível – E
que vai repetir-se, na manhã de 31 de Março 2018, Sábado Aleluia, desde a velha
Estação do Rio Côa à Estação de Almendra, organizada pela FOZ CÔA FRIENDS”, Associação dos Amigos do Concelho de
Foz Côa – E, naturalmente, do Douro Maravilhoso e do seu afluente Rio
Côa, que emprestou o nome à cidade de Vila Nova de Foz Côa, detentora de dois
Patrimónios da Humanidade: o douro vinhateiro e as gravuras rupestres do Vale
do Côa.
A Associação Foz Côa Friends
não desiste de pugnar pela reactivação do troço ferroviário do Pocinho a Barca
d’Alva, cortada na década de 80, que acabou por se revelar um colossal erro
para o desenvolvimento da região duriense - Depois de anteriores jornadas,
desde uma manifestação no Porto e outras pedestres, inicialmente ao
longo da margem esquerda do Rio Douro - Pocinho-Estação do Côa; Estação de
Almendra- Barca D'Alva, agora é a vez da dinâmica Associação Fozcoense,
promover um passeio pedonal desde a Estação do Côa à de Almendra - A meteorologia,
que tem andado, muito fria e chuvosa, promete, no entanto, uma pausa para
amanhã e domingo de Páscoa, com boas abertas
Como é reconhecido, a linha do Douro
não pode terminar no Pocinho e tem de regressar à antiga via que ligava
Barca d’Alva. A importância do eixo ferroviário transfronteiriço (até Salamanca
e Valladolide ao interior espanhol e à Europa) é fundamental para o
desenvolvimento da região duriense. O país vizinho mantém a linha em condições
de poder ser utilizada – aguarda apenas que, Portugal, avance com os
trabalhos da sua recuperação.
Além de ser por uma boa causa - a de se
pugnar pela reabertura da linha do Douro -, proporciona um passeio inolvidável,
a não perder. Se o rio é belo de admirar navegando no seu leito, mais belo se
torna se calcorreado pelas suas margens. - Nós já o percorremos de ambas as
maneiras e as mais belas recordações que guardamos vão directamente
para os passeios pedestres.. Estivemos nos anteriores - Desta vez, com muita
pena nossa, não nossa, não nos
é possível participar - Deixemo-lhe aqui algumas
imagens de jornadas anteriores, que, proporcionaram agradáveis e alegres
momentos de convivo em todos os participantes,
O DOURO POETIZADO POR MIGUEL TORGA E AS RECORDAÇÕES QUE LHE DEIXOU O POETA MANUEL DANIEL - Natural de Meda mas que casou em Vila Nova de Foz Côa, onde tem passado grande parte da sua vida - Actualmente, debatendo-se com problemas invisuais, que, desde há algum tempo, têm limitado a sua independência mas não a sua criatividade, visto ter já no prelo mais um novo livro - Que vem juntar-se a mais de dezena e meia de obras que publicou, nos vários géneros literários.
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MANUEL DANIEL - O POETA INVISUAL E O
DOURO MARAVILHOSO QUE SEUS OLHOS AGORA JÁ NÃO PODEM CONTEMPLAR MAS QUE MARCARÁ
PARA SEMPRE O AUTOR DO " CORAÇÃO ACORDADO", RECORDA O RIO QUE CEDO O
FASCINOU E OS ENCONTROS COM MIGUEL TORGA, QUE TAMBÉM O MARAVILHOU - Embora não
tendo a fama do grande poeta do “Cântico do Homem" e do distinto prosador
dos "Novos Contos da Montanha", com quem privou, é todavia um dos
mais genuínos e singulares espíritos da região da beira-duriense, quer como
poeta quer como jornalista e escritor, nos mais diferentes géneros literários,
com os seus admiráveis quadros de encantadora beleza regional
Um coração de poeta, muito admirado e
querido, onde a sua obra literária que é numerosa e perfeita, é
reconhecidíssma, em todos os géneros literários em que se tem expressado, perfeitas
maravilhas de naturalidade , de graça, finura e sensibilidade, que encanta,
sorri e toca profundamente quem glosa a sua poesia ou a sua prosa.
O paisagista inspirado, por genuíno
temperamento de artista, que soube conservar e realçar todo o encanto da graça
virginal da alma campesina e do realismo forte destas terras; o panteísta nato
que extasia e enche de ternura, de empolgante enlevo e emocionante saudade, o
espírito de quem o lê, sulcado por emoções, lavradas por suave harmonia e o
doce e inebriante perfume de terra virgem, plena de misticismo e de mistérios
sedutores e fecundos
O autor dos maravilhosos espectáculos
rurais e da natureza envolvente, que mais terão impressionado a retina dos seus
olhos, enquanto a mesma não foi toldada pelas trevas do fatalismo cruel da
cegueira, com a qual tem agora de conviver as 24 horas do dia, valendo-se da
memória, mas que, mesmo assim, tão minuciosamente continua a descrever,
entremeando-os de episódios encantadores e de uma saudável originalidades bem
genuína
Solstício do Verão - Ainda seus olhos podiam ver a luz do sol |
Em boa verdade, Manuel Daniel, conquanto não tenha almejado a notoriedade do filho mais ilustre de São Martinho de Anta, inveterado calcorreador e peregrino por vales profundos, montes de vertigem, de perfis e recortes alcantilados e xistosos ou de natureza rochosa, trepando por penedias graníticas deslavadas e cinzentas, sim, levado por irresistível curiosidade de descoberta, imbuída por irrecusáveis amores e tentadoras paixões cinegéticas, sim, embora mais dado a uma outra contemplação mais serena e menos aventurosa, do que a do inconformista e viajante por brasis e distantes paragens, há, no entanto, entre ambos os poetas, grandes afinidades humanistas e de inquietude sociais nos mesmos palcos agrestes das terras beirãs e transmontanas, na cosmologia geográfica e transcendental de um mundo rural de injustiça e dureza, mas também de encanto, de misticismo e sublimidade
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Natural de Meda mas que tem passado grande parte da sua vida em Foz Côa- Actualmente,
debatendo-se com problemas invisuais, que, desde há algum tempo, têm limitado a
sua independência mas não a sua criatividade, visto ter já no prelo mais um
novo livro - Que vem juntar-se a mais de dezena e meia de obras que publicou,
nos vários géneros literários
O Douro Maravilhoso e Agreste, que
Miguel Torga poetizou e cantou, é também, a seu modo, o de Manuel Daniel, com
quem tivemos o prazer de nos reencontrarmos, recentemente, no seu escritório em
Foz Coa, no coração da cidade, junto ao largo do velho pelourinho, do edifício
municipal e da igreja matriz, onde, durante vários anos exerceu o oficio de
conceituado advogado, a par da sua devoção à causa pública, mas onde agora só
vai, pela mão da esposa, filhos ou netos, mais por uma questão de quebrar a
rotina e de não perder de todo os laços ou vínculos, com um espaço, onde deu o
seu apoio jurídico a muitas pessoas, onde recebeu muitos amigos e onde, nos
momentos mais disponíveis e inspirados, aproveitou para escrever alguns dos
seus belos livros, sim, foi justamente a meio da tarde, dois dias depois de
termos celebrado o equinócio da Primavera, nas tradicionais celebrações aos
ciclos da natureza, nas quais também chegou a dar-nos o prazer de colaborar,
sim, que amavelmente ali nos recebeu e nos recordou o fascínio que o Douro
Maravilhoso, lhe transmitiu na sua vida e na sua poesia, da obra literária, que
tem já no prelo, pestes a editar, assim como das recordações que guarda dos
encontros que teve com Miguel Torga. - Em próximo apontamento contamos editar
outros interessantes e comoventes momentos do mável diálogo que nos
proporcionou - Aqui a passagem a propósito do passeio pedestre que, a
Associação Foz Côa Friends, organiza na manhã deste Sábado de Aleluia, douro
acima, desde a antiga Estação do Côa à de Almendra
E PORQUE É TEMPO DE PÁSCOA E RESSURREIÇÃO -
SIM, DE ORAÇÃO E DE REFLEXÃO - ESTE POEMA-PRECE DE MANUEL DANIEL - Do seu Livro
"Coração Acordado"
Prece ao Senhor Bom Jesus
que vês, compadecido, a nossa vida
Nossa vida de sonhos e fracassos,
andamos pelo mundo de olhos baços,
rastejando na dor e na fadiga.
Na Tua procissão vai toda a gente,
implorando em
silêncio o teu perdão.
O teu perdão suplica um penitente
e este outro, mais aqui, amargamente,
chora por um
momento de ilusão.
Tua imagem de mágoa e sofrimento
anda sempre connosco em cada dia.
Em cada dia ela nos dá alento,
e troca a dor mais funesta em alegria.
A Tua cruz pesada nos conforta,
da cor do fel amargo que trazemos.
Trazemos quando a alma, quase morta,
nem do mal nem
do bem se não importa,
e mais mortos que vivos parecemos.
Tua coroa de espinhos, meu Senhor,
sinto-a cravada
em mim, no coração.
No coração que
às vezes, com amor,
espalha ódios e semeia a dor,
em vez de paz, sorrisos e perdão.
O Teu vestido roxo, de tristeza,
é um fiel espelho do que eu faço.
Do que eu faço nas horas de incerteza
em que tudo é banal e sem beleza,
em que só há neblinas e cansaço.
A corda que te prende na cintura
atrai-me à Vida Nova que nos dás.
Que nos dás, numa oferta da ventura,
uma vez que esta vida só perdura
quando é construída sobre a paz.
Ó Senhor Bom Jesus, meu Bom Senhor,
que aceitaste morrer por esta gente,
Esta gente te pede com fervor
que sejas sempre dela protector,
seus passos conduzindo eternamente.
Manuel Daniel -
In Coração Acordado
NA HOMENAGEM
AO POETA E JORNALISTA, FERNANDO ASSIS PACHECO, NA EPDRA DOS POETAS, NA
CELEBRAÇÃO DO SOLSTÍCIO DO SOLSTÍCIO DO VERÃO, NO MONTE DOS TAMBORES - TEMPLOS DO SOL - Já vão uns anos
OS OLHOS JÁ NADA VÊEM MAS O CORAÇÃO CONTINUA ACORDADO --
Pese o facto dos seus olhos já não poderem contemplar a luz e a beleza que o inspiraram a escrever os mais belos poemas, tendo como temas os costumes da terra e das suas gentes, mas também os valores pátrios, religiosos e de pendor universal, sim, pensámos que os demais sentidos, reforçados pela sua fé e determinação inabalável pela paixão da escrita e pelo gosto da vida, continuarão, certamente, ainda mais sensíveis, para poder ir ao fundo do baú da sua memória e poder continuar a brindar-nos com os seus excecionais dotes literários, desde o teatro, à poesia e à ficção - Obviamente que uma tal tarefa, além de só ser possível com o amparo da esposa, dos filhos e netos, que nunca lhe negaram o indispensável carinho e apoio, naturalmente que exige um esforço hercúleo a quem contraia a cegueira adulto: a vida espiritual, por certo, se intensificará mas as limitações físicas, vão-se tornando num calvário que só Deus e quem leva essa pesada cruz, compreenderá o drama na sua verdadeira extensão.
Em "Cem Poemas Portugueses sobre Portugal e o Mar" - Aqui se juntam cem poemas sobre o Portugal e o Mar, entidades indissociáveis ao longo de séculos de história e de poesia. O melhor do que somos e do que fomos passa pelo nosso património poético e não se deixa afogar em modas, crises ou tiques de ocasião. O mar e o Portugal de que estes poemas falam não tem prazo de validade , Só prescrevem quando a nossa identidade prescrever, e talvez ainda falte um mar inteiro para que isso aconteça.
Este é e pretende ser um livro sobre o Portugal de hoje de sempreNa Pedra dos Poetas - Em 2003 - Na altura em que ainda podia andar e ver |
Manuel J. Pires Daniel, nasceu em Vila de Meda (hoje cidade) em 18 de Novembro de 1934. Sem dúvida, um admirável exemplo de labor e de tenacidade, de apaixonado pelas letras e de sentido e dedicação ao bem comum. Mal concluiu a instrução primária, ei-lo a fazer-se à vida - Tinha então onze anos. Era ainda uma criança mas já tinha que começar a pensar no futuro. Tem sido uma vida intensa e preenchida.
A partir dos
20 anos de idade , propôs-se e fez os
exames do ensino secundário e frequentou, como voluntário, o curso de 1973-1978
da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, por onde veio a ser
licenciado.
Advogado,
escritor, poeta, estudioso, um homem de
cultura, tendo dedicado muitos anos da sua vida à função pública e à vida autárquica. A par de vários livros de poesia, colaborações de artigos e poemas na imprensa regional
e nacional, bem como em jornais
brasileiros, prefácios e a coordenação em
várias obras, é também autor de 40 peças de teatro, nomeadamente para crianças,
20 das quais ainda inéditas. Muitos dos seus poemas foram lidos por Carmem
Dolores e Manuel Lereno, aos microfones da extinta Emissora Nacional, em “
Música e Sonho”, de autoria de Miguel
Trigueiros – Considerado, na época, o programa radiofónico mais
prestigiado - Mesmo assim objeto de
exame censório, tal como atestam os arquivos.
Mas não menos relevantes são as letras que vêm a
ser musicadas e gravadas em discos e
cassetes, Interpretadas por Ramiro Marques, em EP nas canções “Amor
de Mãe” e “Amor de Pai”, pela Imavox, em 1974 – E, também, anos mais tarde, as
letras para um “Missa da Paz” e coletâneas temáticas sobre “Natal e Avós” E,
com música de Carlos Pedro, as “Bolas de
Sabão”, “Ciganos”, “Silêncio” e outros pomas.
Manuel
Daniel, depois de breves passagens por Pombal, S. João da Pesqueira e Reguengos
de Monsaraz , em 1971, fixou-se na
cidade de Vila Nova de Foz Côa, que adotou de alma e coração, Grande devotado à vida municipal e ao estudo
e divulgação do património cultural e histórico das nossas gentes,
personalidade bem conhecida no nosso concelho e na região. Tendo o município fozcoense, do qual foi Presidente da Assembleia
Municipal, durante 12 anos, e, durante
23, na qualidade de provedor da Santa
Casa da Misericórdia, lhe atribuído o “ Diploma
de Mérito” - Distinção inteiramente
merecida e aprovada por unanimidade.
Indubitavelmente,
se há homens que dedicam a sua vida à causa pública, com total entrega,
honestidade, inteligência e dedicação, Manuel Daniel, é um desses raros
exemplos – Sim, então num tempo em que
vão escasseando exemplos dignos de referência: ele pode olhar para o seu passado,
com orgulho e de cabeça erguida - Numa longa carreira, com desempenhos nas tesourarias e repartições de Finanças da
Meda, Pombal, S. João da Pesqueira, Reguengos de Monsaraz, Vila Nova de Foz Côa
e Guarda, culminando como dirigente superior da Direção Geral do Tesouro, no
Ministério das Finanças, onde foi responsável pelos serviços técnicos e
financeiros das Tesourarias da fazenda Pública.
A par da sua
vida profissional, foi ao mesmo tempo desenvolvendo o gosto pela literatura –
Lendo as obras dos melhores autores, escrevendo poemas, contos e peças infantis
e manifestando o seu apego ao jornalismo: iniciou a suas primeiras colaborações,
em 1954, em “Luz da Beira”, jornal de
Meda, a sua terra natal, que ajudaria também a fundar, colaboração que manteve durante 20 anos,
creio que até à sua extinção. Nesse
recuados anos, estendeu ainda o seu contributo jornalístico aos jornais a
”Palavra”, de Reguengos de Monsaraz – 1964-1968. Em Moura, colabora com a
“Planície”- 1961- 1962. Posteriormente, já com residência em Foz Côa, publica
vários artigos na “Coavisão” edição do município. Foi colaborador da “Capital” e um dos mais considerados e ativos
colaboradores do jornal “O Fozcoense”
Manuel
Daniel, é casado com Alice Daniel, pai de dois filhos: do Dr. João Paulo
Daniel, o guitarrista do extinto grupo Requiem Pelos
Vivos, bem como Eng.Pedro Daniel, Eng.º
Pedro Daniel, dinâmico Coordenador e
Técnico da empresa Fozcôactiva, ambos ligados de coração e alma por Foz Côa, à
semelhança dos seus pais.
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