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sábado, 31 de março de 2018

Douro Maravilhoso de Miguel Torga e de Manuel Daniel - Caminhada Douro acima, 31 Março – Desde a antiga estação da CP da Foz do Rio Côa à de Almendra – A meteorologia promete boas abertas – Mais uma jornada organizada por Foz Côa Friends - Associação e Portugal em Caminhadas Pela reabertura da linha férrea- Pocinho a Barca D’Alva para nos ligarmos aos nuestros irmanos, se promover um maior intercâmbio económico e de amizade – O poeta Manuel Daniel, agora invisual, vai mais longe: defende uma autoestrada ao longo de todo o rio

Jorge Trabulo Marques - Jornalista



Imagens de uma jornada inesquecível – E que vai repetir-se, na manhã de 31 de Março 2018, Sábado Aleluia, desde a velha Estação do Rio Côa à Estação de Almendra, organizada pela FOZ CÔA FRIENDS”, Associação dos Amigos do Concelho de Foz Côa – E, naturalmente, do Douro Maravilhoso e do seu afluente Rio Côa, que emprestou o nome à cidade de Vila Nova de Foz Côa, detentora de dois Patrimónios da Humanidade: o douro vinhateiro e as gravuras rupestres do Vale do Côa.


A Associação Foz Côa Friends não desiste de pugnar pela reactivação do troço ferroviário do Pocinho a Barca d’Alva, cortada na década de 80, que acabou por se revelar um colossal erro para o desenvolvimento da região duriense - Depois de anteriores jornadas, desde uma manifestação no Porto e outras  pedestres, inicialmente  ao longo da margem esquerda do Rio Douro - Pocinho-Estação do Côa; Estação de Almendra- Barca D'Alva, agora é a vez da dinâmica Associação Fozcoense, promover um passeio pedonal desde a Estação do Côa à de Almendra - A meteorologia, que tem andado, muito fria e chuvosa, promete, no entanto, uma pausa para amanhã e domingo de Páscoa, com boas abertas


Como é reconhecido, a  linha do Douro não pode terminar no Pocinho e tem de regressar à antiga via que ligava  Barca d’Alva. A importância do eixo ferroviário transfronteiriço (até Salamanca e Valladolide ao interior espanhol e à Europa) é fundamental para o desenvolvimento da região duriense. O país vizinho mantém a linha em condições de poder ser utilizada – aguarda apenas que, Portugal,  avance com os trabalhos da sua recuperação. 


Além de ser por uma boa causa - a de se pugnar pela reabertura da linha do Douro -, proporciona um passeio inolvidável, a não perder. Se o rio é belo de admirar navegando no seu leito, mais belo se torna se calcorreado pelas suas margens. - Nós já o percorremos de ambas as maneiras e as mais belas recordações que guardamos vão directamente para os passeios pedestres.. Estivemos nos anteriores - Desta vez, com muita pena nossa, não nossa, não nos é  possível participar - Deixemo-lhe aqui algumas imagens de jornadas anteriores, que, proporcionaram agradáveis e alegres momentos de convivo em todos os  participantes,

O DOURO POETIZADO POR MIGUEL TORGA E AS RECORDAÇÕES QUE LHE DEIXOU O POETA MANUEL DANIEL - Natural de Meda mas que casou em Vila Nova de Foz Côa, onde tem passado grande parte da sua vida - Actualmente, debatendo-se com problemas invisuais, que, desde há algum tempo, têm limitado a sua independência mas não a sua criatividade, visto ter já no prelo mais um novo livro - Que vem juntar-se a mais de dezena e meia de obras que publicou, nos vários géneros literários.  



MANUEL DANIEL - O POETA INVISUAL E O DOURO MARAVILHOSO QUE SEUS OLHOS AGORA JÁ NÃO PODEM CONTEMPLAR MAS QUE MARCARÁ PARA SEMPRE O AUTOR DO " CORAÇÃO ACORDADO", RECORDA O RIO QUE CEDO O FASCINOU E OS ENCONTROS COM MIGUEL TORGA, QUE TAMBÉM O MARAVILHOU - Embora não tendo a fama do grande poeta do “Cântico do Homem" e do distinto prosador dos "Novos Contos da Montanha", com quem privou, é todavia um dos mais genuínos e singulares espíritos da região da beira-duriense, quer como poeta quer como jornalista e escritor, nos mais diferentes géneros literários, com os seus admiráveis quadros de encantadora beleza regional

Um coração de poeta, muito admirado e querido, onde a sua obra literária que é numerosa e perfeita, é reconhecidíssma, em todos os géneros literários em que se tem expressado, perfeitas maravilhas de naturalidade , de graça, finura e sensibilidade, que encanta, sorri e toca profundamente quem glosa a sua poesia ou a sua prosa.

O paisagista inspirado, por genuíno temperamento de artista, que soube conservar e realçar todo o encanto da graça virginal da alma campesina e do realismo forte destas terras; o panteísta nato que extasia e enche de ternura, de empolgante enlevo e emocionante saudade, o espírito de quem o lê, sulcado por emoções, lavradas por suave harmonia e o doce e inebriante perfume de terra virgem, plena de misticismo e de mistérios sedutores e fecundos

O autor dos maravilhosos espectáculos rurais e da natureza envolvente, que mais terão impressionado a retina dos seus olhos, enquanto a mesma não foi toldada pelas trevas do fatalismo cruel da cegueira, com a qual tem agora de conviver as 24 horas do dia, valendo-se da memória, mas que, mesmo assim, tão minuciosamente continua a descrever, entremeando-os de episódios encantadores e de uma saudável originalidades bem genuína

Solstício do Verão - Ainda seus olhos podiam ver a luz do sol


Em boa verdade, Manuel Daniel, conquanto não tenha almejado a notoriedade do filho mais ilustre de São Martinho de Anta, inveterado calcorreador e peregrino por vales profundos, montes de vertigem, de perfis e recortes alcantilados e xistosos ou de natureza rochosa, trepando por penedias graníticas deslavadas e cinzentas, sim, levado por irresistível curiosidade de descoberta, imbuída por irrecusáveis amores e tentadoras paixões cinegéticas, sim, embora mais dado a uma outra contemplação mais serena e menos aventurosa, do que a do inconformista e viajante por brasis e distantes paragens, há, no entanto, entre ambos os poetas, grandes afinidades humanistas e de inquietude sociais nos mesmos palcos agrestes das terras beirãs e transmontanas, na cosmologia geográfica e transcendental de um mundo rural de injustiça e dureza, mas também de encanto, de misticismo e sublimidade


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Natural de Meda mas que tem passado grande parte da sua vida em Foz Côa- Actualmente, debatendo-se com problemas invisuais, que, desde há algum tempo, têm limitado a sua independência mas não a sua criatividade, visto ter já no prelo mais um novo livro - Que vem juntar-se a mais de dezena e meia de obras que publicou, nos vários géneros literários

O Douro Maravilhoso e Agreste, que Miguel Torga poetizou e cantou, é também, a seu modo, o de Manuel Daniel, com quem tivemos o prazer de nos reencontrarmos, recentemente, no seu escritório em Foz Coa, no coração da cidade, junto ao largo do velho pelourinho, do edifício municipal e da igreja matriz, onde, durante vários anos exerceu o oficio de conceituado advogado, a par da sua devoção à causa pública, mas onde agora só vai, pela mão da esposa, filhos ou netos, mais por uma questão de quebrar a rotina e de não perder de todo os laços ou vínculos, com um espaço, onde deu o seu apoio jurídico a muitas pessoas, onde recebeu muitos amigos e onde, nos momentos mais disponíveis e inspirados, aproveitou para escrever alguns dos seus belos livros, sim, foi justamente a meio da tarde, dois dias depois de termos celebrado o equinócio da Primavera, nas tradicionais celebrações aos ciclos da natureza, nas quais também chegou a dar-nos o prazer de colaborar, sim, que amavelmente ali nos recebeu e nos recordou o fascínio que o Douro Maravilhoso, lhe transmitiu na sua vida e na sua poesia, da obra literária, que tem já no prelo, pestes a editar, assim como das recordações que guarda dos encontros que teve com Miguel Torga. - Em próximo apontamento contamos editar outros interessantes e comoventes momentos do mável diálogo que nos proporcionou - Aqui a passagem a propósito do passeio pedestre que, a Associação Foz Côa Friends, organiza na manhã deste Sábado de Aleluia, douro acima, desde a antiga Estação do Côa à de Almendra


E PORQUE É TEMPO DE PÁSCOA E RESSURREIÇÃO - SIM, DE ORAÇÃO E DE REFLEXÃO - ESTE POEMA-PRECE DE MANUEL DANIEL - Do seu Livro "Coração Acordado"


Prece ao Senhor Bom Jesus


Ó Senhor Bom Jesus, Senhor dos Passos,
que vês, compadecido, a nossa vida
Nossa vida de sonhos e fracassos,
andamos pelo mundo de olhos baços,
rastejando na dor e na fadiga.

Na Tua procissão vai toda a  gente,
implorando  em silêncio o teu perdão.
O teu perdão suplica um penitente
e este outro, mais aqui, amargamente,
chora  por um momento de ilusão.


Tua imagem de mágoa e sofrimento
anda sempre connosco em cada dia.
Em cada dia ela nos dá alento,
à moribunda  dá sustento
e troca a dor mais funesta em alegria.

A Tua cruz pesada nos conforta,
da cor do fel amargo que trazemos.
Trazemos quando a alma, quase morta,
nem do mal  nem do bem  se não importa,
e mais mortos que vivos parecemos.

Tua coroa de espinhos, meu Senhor,
sinto-a cravada  em mim, no coração.
No coração  que às vezes, com amor,
espalha ódios e semeia a dor,
em vez de paz, sorrisos e perdão.

O Teu vestido roxo, de tristeza,
é um fiel espelho do que eu faço.
Do que eu faço nas horas de incerteza
em que tudo é banal e sem beleza,
em que só há neblinas e cansaço.

A corda que te prende na cintura
atrai-me à Vida Nova que nos dás.
Que nos dás, numa oferta da ventura,
uma vez que esta vida só perdura
quando é construída sobre a paz.

Ó Senhor Bom Jesus, meu Bom Senhor,
que aceitaste morrer por esta gente,
Esta gente te pede com fervor
que sejas sempre dela protector,
seus passos conduzindo eternamente.

Manuel Daniel  - In Coração Acordado






NA HOMENAGEM AO POETA E JORNALISTA, FERNANDO ASSIS PACHECO, NA EPDRA DOS POETAS, NA CELEBRAÇÃO DO SOLSTÍCIO DO SOLSTÍCIO DO VERÃO, NO MONTE DOS TAMBORES - TEMPLOS DO SOL  - Já vão uns anos 



OS OLHOS JÁ  NADA VÊEM MAS O CORAÇÃO CONTINUA ACORDADO   --

Pese o facto dos seus olhos já não poderem contemplar a luz e a beleza que o inspiraram a escrever os mais belos poemas, tendo como temas os costumes da terra e das suas gentes, mas também os valores pátrios, religiosos   e  de pendor universal, sim,  pensámos que os demais sentidos, reforçados pela sua fé e determinação inabalável pela paixão da escrita e pelo gosto  da vida, continuarão, certamente, ainda mais sensíveis, para poder ir ao fundo do baú da sua memória e poder continuar a brindar-nos  com os seus excecionais dotes literários, desde o teatro, à  poesia e à ficção  - Obviamente que uma tal tarefa, além de só ser possível com o amparo da esposa, dos filhos e netos, que nunca lhe negaram o indispensável carinho e apoio, naturalmente que exige um esforço hercúleo a quem contraia a cegueira adulto: a vida espiritual, por certo, se intensificará mas as limitações físicas, vão-se tornando num calvário que só Deus e quem leva essa pesada cruz,   compreenderá o drama na sua verdadeira extensão.




Em "Cem Poemas Portugueses sobre Portugal e o Mar" - Aqui se juntam cem poemas sobre o Portugal e o Mar, entidades indissociáveis  ao longo de séculos de história  e de poesia. O melhor do que somos e do que fomos passa pelo nosso património poético  e não se deixa afogar em modas, crises ou tiques de ocasião. O  mar  e o Portugal de que estes poemas falam não  tem prazo de validade , Só prescrevem quando a nossa identidade prescrever, e talvez ainda falte um mar inteiro para que  isso aconteça. 
Este é e pretende ser um livro sobre o Portugal de hoje de sempre



Na Pedra dos Poetas - Em 2003 - Na altura em que ainda podia andar e ver


 
Manuel J. Pires Daniel, nasceu  em Vila de Meda (hoje cidade) em 18 de Novembro de 1934. Sem dúvida,  um admirável exemplo de labor e de tenacidade, de apaixonado pelas letras  e de sentido e dedicação ao bem comum. Mal concluiu a instrução primária, ei-lo a fazer-se à vida  -  Tinha então onze anos. Era ainda uma criança mas já tinha que começar a pensar no futuro. Tem sido uma vida intensa e preenchida.

A partir dos 20 anos de idade , propôs-se  e fez os exames do ensino secundário e frequentou, como voluntário, o curso de 1973-1978 da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, por onde veio a ser licenciado.

Advogado, escritor, poeta,  estudioso, um homem de cultura, tendo dedicado muitos anos da sua vida  à função pública e à  vida autárquica.  A par de vários livros de poesia,  colaborações de artigos e poemas na imprensa regional e nacional, bem  como em jornais brasileiros,  prefácios e a coordenação em várias obras, é também autor de 40 peças de teatro, nomeadamente para crianças, 20 das quais ainda inéditas. Muitos dos seus poemas foram lidos por Carmem Dolores e Manuel Lereno, aos microfones da extinta Emissora Nacional, em “ Música e Sonho”,  de autoria de Miguel Trigueiros – Considerado, na época, o programa radiofónico mais prestigiado  - Mesmo assim objeto de exame censório, tal como atestam os arquivos.

Mas  não menos relevantes são as letras que vêm a ser musicadas e gravadas  em discos e cassetes,  Interpretadas por  Ramiro Marques, em EP nas canções   “Amor de Mãe” e “Amor de Pai”, pela Imavox, em 1974 – E, também, anos mais tarde, as letras para um “Missa da Paz” e coletâneas temáticas sobre “Natal e Avós” E, com  música de Carlos Pedro, as “Bolas de Sabão”, “Ciganos”, “Silêncio” e outros pomas.

Manuel Daniel, depois de breves passagens por Pombal, S. João da Pesqueira e Reguengos de Monsaraz ,  em 1971, fixou-se na cidade de Vila Nova de Foz Côa, que adotou de alma e coração,  Grande devotado à vida municipal e ao estudo e divulgação do património cultural e histórico das nossas gentes, personalidade bem conhecida no nosso concelho e na região. Tendo o município fozcoense,  do qual foi Presidente da Assembleia Municipal, durante 12 anos,  e, durante 23, na qualidade de  provedor da Santa Casa da Misericórdia, lhe atribuído o  “ Diploma de Mérito”  - Distinção inteiramente merecida e aprovada por unanimidade.

Indubitavelmente, se há homens que dedicam a sua vida à causa pública, com total entrega, honestidade, inteligência e dedicação, Manuel Daniel, é um desses raros exemplos – Sim, então  num tempo em que vão escasseando exemplos dignos de referência: ele pode olhar para o seu passado, com orgulho e de cabeça erguida - Numa longa carreira, com desempenhos  nas tesourarias e repartições de Finanças da Meda, Pombal, S. João da Pesqueira, Reguengos de Monsaraz, Vila Nova de Foz Côa e Guarda, culminando como dirigente superior da Direção Geral do Tesouro, no Ministério das Finanças, onde foi responsável pelos serviços técnicos e financeiros das Tesourarias da fazenda Pública.

A par da sua vida profissional, foi ao mesmo tempo desenvolvendo o gosto pela literatura – Lendo as obras dos melhores autores, escrevendo poemas, contos e peças infantis e manifestando o seu apego ao jornalismo: iniciou a suas primeiras colaborações, em 1954, em “Luz da Beira”,  jornal de Meda, a sua terra natal, que ajudaria também a fundar,  colaboração que manteve durante 20 anos, creio que até à sua extinção.  Nesse recuados anos, estendeu ainda o seu contributo jornalístico aos jornais a ”Palavra”, de Reguengos de Monsaraz – 1964-1968. Em Moura, colabora com a “Planície”- 1961- 1962. Posteriormente, já com residência em Foz Côa, publica vários artigos na “Coavisão” edição do município. Foi colaborador da “Capital” e um dos mais considerados e ativos colaboradores do jornal “O Fozcoense”

Manuel Daniel, é casado com Alice Daniel, pai de dois filhos: do Dr. João Paulo Daniel,   o guitarrista do extinto grupo Requiem Pelos Vivos, bem como Eng.Pedro Daniel,   Eng.º Pedro Daniel, dinâmico  Coordenador e Técnico da empresa Fozcôactiva, ambos ligados de coração e alma por Foz Côa, à semelhança dos seus pais.



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