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quinta-feira, 1 de março de 2018

Fernando Jorge D’Oliveira – Faleceu o Cancionista-Fadista - Nascido no Bairro da Bica - Uma das vozes mais singulares e genuínas da velha Lisboa alfacinha.


LISBOA PERDE UMA DAS SUAS VOZES CASTIÇAS

Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista  

As imagens que aqui hoje lhe recordo, foram registadas, durante um alegre e animado jantar-convívio, promovido pelos meus  conterrâneos, da aldeia de Chãs, do concelho de Vila Nova de  Foz Côa,  que teve lugar no restaurante da  Adega típica de Tala, Algueirão Martins, para os lados de Sintra, e,  depois da meia-noite, no Pub Távola,  coroado por  alguns dos mais afamados  fados.

Já lá vão três anos e alguns meses depois. Mas, agora, revivendo essa noite inesquecível de domingo, com um sentimento, misto de saudade e de tristeza, pois, entre os convivas,  sim, aquele que então fora o principal animador, infelizmente, já não faz parte dos vivos: 

Razão pela qual aqui lhe venho prestar, em meu nome pessoal e dos meus conterrâneos, da aldeia de Chãs, a nossa sentida homenagem a  Jorge Fernando D'Oliveira, à voz singular e calorosa, de um cancionista-fadista, um talento de invulgares capacidades artistas, quer como interprete, quer como  intertainere  e animador, um bom amigo, cuja presença física nos deixou para sempre e da qual – estou certo - já todos sentimos imensas saudades, em consequência do seu falecimento,  vitima de um cancro pulmonar  

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Fado da Meia Laranja  -Letra de José Luis Gordo / Música de Joaquim Campos 
Fado Vitória – Interpretado por Fernando Jorge

Jorge Fernando D'Oliveira, mais conhecido por Jorge Fernando,  por várias vezes, quer em Lisboa, quer tendo a gentileza de abandonar a cidade e se deslocar até à nossa pacata freguesia, onde cantou , encantou, tanto pela forma espontânea e alegre, como pela generosidade da sua maneira de ser e de conviver, sempre recheada de saudável pitoresco e graça fadista, fazendo jus à sua alma de artista,  do menino do Bairro da Bica, nascido, pois, no coração de Lisboa, num dos bairros  mais antigos e típicos alfacinhas. Á família enlutada e aos seus amigos e admiradores ,  a solidariedade dos nossos sentidos pêsames.

 NOITE DE FADO A CONDIZER COM A NOSTALGIA ROMÂNTICA DO  CAIR DA FOLHA OUTONAL  - ABRILHANTADA POR UM ARTISTA,  QUE SÓ A VOZ E A SIMPATIA QUE DISTRIBUI,  FAZEM A FESTA.

Era assim que eu começava  por descrever, num post editado neste site, em 15 de Novembro, sob o título: "Grupo de naturais da aldeia de Chãs, em noite de convívio e de fados, em Sintra e em Lisboa, vivida com muita alegria e entusiasmo, abrilhantada pelo fadista-cancionista, Jorge Fernando.

 Novembro já vai a meio, o Outono adiantado, as árvores despem-se,  é o cair da folha mas não é o do fado, que, também canta a nostalgia das chuvas que caem ou da solidão dos corações  tristes e amargurados, mas que, em cada ciclo, se renova e nunca envelhece. 

Foram precisamente emoções essas, que pude reviver, neste último domingo, à noite – Sim, a bem dizer, há  muito que não conhecia uma noite assim: um jantar-convívio, promovido pelos meus  conterrâneos, da aldeia de Chãs, do concelho de Vila Nova de  Foz Côa,  no restaurante da  Adega típica de Tala, Algueirão Martins, para os lados de Sintra, e,  depois da meia-noite, no Pub Távola,  coroado por  alguns dos mais afamados  fados.


Fernando Jorge, sem dúvida,  um fadista de gema, que despertou para o fado aos sete anos de idade com cinco amigos  de infância que também gostavam de música e aos 10, tendo formado  o conjunto  musical “Os 5 Estrelas da Bica” – Usando Tambor. Maracas, Viola, Ferrinhos,  Pandeireta e Reco-Reco – “Nenhum sabia tocar, mas eram grandes fazedores de uns ruídos  a que chamavam de ritmo - Recorda, Fernando Jorge, num breve opúsculo, que junta a  uma coletânea de fados, editados em dois CDs, com que pretendeu assinalar os  50 anos de cantigas, sublinhando,  porém, que, na “verdade cantavam tudo o que era moda na altura e não desafinavam. Por graça, eram convidados  a subir aos palcos  nos santos populares  e outras ocasiões, por alguns adultos."

E assim começava a brilhante carreira de Fernando Jorge, que, tocado pelo bichinho dos sons, nunca mais conheceria outra vida senão a da música – Desde sempre  ligado a conjunto musicais,  que o levariam às sete partidas do mundo, como fadista—cancionista,  mas sobretudo na pátria lusitana, ilhas e continente, quer como intérprete,  mas também como compositor, ator de cinema, teatro de revista, rádio e televisão,  a ser o One Man Show, uma presença, constantemente solicitada, em bares e pubs.


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Foi guitarra de ouro, dez anos e microfone de oiro, 12 anos, nos concursos radiofónicos  . A VOZ  DO ANO,  (17 anos) Na votação pública  ao programa realizado no Cinema Éden. Tomou parte do Show de 1 hora  na estreia  da TVA (Televisão de Angola) - Cantou contracenou com o nomes mais populares do teatro, do cinema e música. Autor de vários trabalhos editados em cassetes de cartuchos, normais, vinil, vídeo e CDs. Realizador/Locutor durante mais de uma década na antiga RS (Rádio Seixal), atual RDS, além de colaboração na Rádio de Sintra, nomeadamente, na divulgação de poetas, dos artistas e da música portuguesa. Atualmente, é o artista que  regularmente dá brilho e alegria  no Pub Távola, do Alberto, também ele um excelente fadista, tal com ficou demonstrado pela interpretação do Fado Meia Laranja,  acompanhado à guitarra por Jorge Fernando, que também ia dando voz a algumas estrofe



  
Neste vídeo, excertos de uma colectânea dos mais afamados fados, interpretados por Jorge Fernando - Registo breve de cada um mas  creio que o bastante  para encantarem  e matarem algumas das saudades das  letras e sons que mais tocam ao sentimento,  encantam ou arrebatam o coração dos fadistas e dos apaixonados pela mais popular canção nacional -  A feliz oportunidade deste apontamento, fico a devê-lo ao popular artista, mas também  graças à iniciativa do jantar-convívio, de um simpático punhado de chanenses, num encontro que é também como que a dar já o cheirinho fraterno à quadra natalícia, que se avizinha. 







Os meus parabéns, ao Daniel Ferreira, um dos principais entusiastas e organizadores do convívio dos chanenses –  Oportunidade para um reencontro fraterno e amigo, sobretudo  daqueles que, estando longe da sua santa-terrinha, não a esquecem e desejam manter viva a chama do chão que os viu nascer, numa pequena mas ridente aldeia, sob os mesmos largos horizontes que lhe haveriam de moldar o caráter e o sonho de viver.

Há, pois, que manter viva esta iniciativa, que, desde há alguns anos,  já vai ganhando foros de tradição, não apenas para  não deixar perder   tão amistosa como saudável confraternização, mas também para lembrar de que, não serão as sombras das desertificação que  vão despovoando a passos largos a nossa aldeia, tal como tantas outras, que hão-de apagar as boas recordações do nosso torrão natal ou cercear os laços fraternais, que a todos nos unem - Pois que é senão, no seu já reduzido número de lares,  praticamente a mesma família.





Imagens do jantar-convívio de Natal, em Dezembro de 2016  -  O Natal é  No qual foram igualmente partilhados momentos de muita alegria e entusiasmo, condimentados com os fados do famoso fadista-cançonetista, Fernando Jorge, no Restaurante a Valenciana, em Campo de Ourique. 









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