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sábado, 28 de janeiro de 2012

VERGÍLIO FERREIRA - EM MEMÓRIA DO ESCRITOR: “EM NOME DA TERRA” E “PARA SEMPRE”















"Há dias a RDP passou-me à porta e um jovem subiu com uns aparelhos. Que é que pensava da carga que já me pesava?Ora. Que era uma «conta calada» e tão calada que já apelava em mim para o silêncio. Ouço o apelo e aqui me fico" In Conta-corrente Janeiro 1982

Vergílio Ferreira (n. Melo, 28 de Janeiro de 1916— m. Lisboa, 1 de Março de 1996)


Autor de 23 livros de ficção, 12 ensaios, 10 diários - Tive o grato prazer de ser seu amigo, de me receber várias vezes em sua casa e de o entrevistar. Se fosse vivo,completaria hoje 96 anos. Mas deixou-nos aos 80. A sua estrelinha chamou-o mais cedo. A mesma que o guiou, o inspirou e tornou num dos autores portugueses mais singulares do existencialismo, o homem que através da interrogação do seu próprio eu, questiona o mundo que o cerca, o sentido da vida e da condição humana.


Já me referi a Vergílo Ferreira neste site - mas volto aqui a recordar a sua memória, com muito gosto - Tomando a liberdade de aqui transcrever algumas passagens dos seus diários.


1980
28- Janeiro (segunda) Aqui estou, pois, no gueto, até se cumprir um mês sobre o acidente. E para não haver grandes intervalos de escrita, aqui estou eu a escrever, Dá-se o acaso, aliás, de cumprir hoje 64 anos. Sem comentários. Perdi no dia 4 uma boa oportunidade de não ter de fazer mais contas. Como é nova e vida esta sensação de que tudo está feito, de que é perfidamente aceitável que a vida, os outros, nos excluam. Mas fiz 64. É curioso. E já agora talvez que venha a reflectir um pouco que fui nesses 64. E a ideia mais forte que se me impõe (qual a que se impõe aos outros?) é a de que fui uma espécie de «falso», como se diz dos «falsos» da pintura. De um lado está o nosso ser que é normalmente, bons deuses, péssimo; e do outro o parecer, que já não é mau de todo. Entre os dois nos corre mais ou menos a vida. Ela é assim quase sempre velhacoide. Quanto a mim, deu-me pouco; e o pouco que me deu foi extremamente regateado. Oh, que a comédia acabe depressa, quero lá saber. Mas sem muita maçada, se não é muita maçada. São os votos que eu faço no dia do aniversário.


Entretanto, o mundo, que é um pouco maior de que nós (será?), vive uma tensão pavorosa. A URSS invadiu o Afeganistão.O imperialismo que vive nela e tem tentado disfarçar, desta vez veio ao de cima sem disfarce. Mas não há inconveniente para a fé dos correlegionários. Contei na Alegria Breve a história (real) de uma rapariga que negava estar grávida, mesmo quando o médico lhe fez saltar o leite do peito. A Tarde pediu-me um depoimento.Lá o dei. Outros «intelectuais» o deram também. Cito o de Augustina: depois de nos dar a extraordinária notícia de que os governos estáveis são normalmente « maquiavélicos», acha que «não há sínteses felizes para definir as políticas das persuasões» Não sejamos ambiciosos. Há o que é para entender e o que e só para admirar.


1982 - 28 Janeiro (quinta) Pois. Cá fiz às três da tarde a sexta capicua. Quando imaginaria eu esta prenda do destino. Mas os favores pagam-se e eu não sou se estou em débito. Ah, mas que manhas a vida inteira para ir ficando de pé. De vez em quando a rasteira. Mas lá me endireitei. Agora, se ficar por terra, já ninguém dirá que. Amém. - Excerto





1989
21 de Março (Terça) 1989 Ó Coimbra, cidade mítica da juventude d e quem aí a juventude passou.Com amplitude do mito, cada um tem aí o que lhe coube.Há decerto os da boémia, do vinho do sonho bebido no deserto das noites, os das forças e das desordens, os das tertúlias, e o dos projectos de grandeza nas letras e nas artes, os da agitação política quando a política era a grandeza maior, e decerto o dos triunfos académicos, os "ursos" projectados para lentes. Para mim, como um dia disse, Coimbra, só no ressoar do seu nome tem um timbre de guitarra. E foi só o que me ficou- uma guitarra imensa, abrindo num acorde pelo céu


4 - Junho (domingo) Ouvi na rádio que morreu esse louco desvairado do Komeiny. A ver se se acalma essa fracção de loucura que em todos nós espera uma oportunidade de se desmascarar. E ouço, aliás foi o grilo que me deu a notícia, que na China, numa incrível bestialidade, os pobres estudantes e civis que queriam apenas a esmola da democracia, foram varridos a tiro de tanques. Três mil mortos nesta acção infra-animalesca. É necessário que todo o Mundo inteiro cuspa e escarne e cubra de lama este horror de um selvagem matar a seco três mil seres humanos que isso apenas desejavam ser.Horror, horror!


17 Junho(sábado) Recebi um convite para a celebração dos 50 anos de vida artística de Amália, ou seja do seu fado a cantar o fado. Por singular coincidência, também eu este ano faço 50 anos com o meu fado, que é só letra sem música possível. Sim, sim, foi em 1939 que eu escrevi O Caminho Fica Longe. Singular profecia. Tão longe, que nunca cheguei a encontrá-lo. Amália sim. Ela é, com Eusébio no Futebol, a nossa única imagem de marca de internacionalidade. Ah, e o Pessoa. Estamos perfeitamente representados. Dos pés à garganta e da garganta aos pés. O resto que não está resolve-se razoavelmente com água de Fátima ou uma feijoada à moda do Porto - 


18 Junho (domingo )Há um tempo que já não vejo o mar. Vejo de fugida quando vou à Praia das Maçãs ou numa escapada pós-prandial à Praia Grande. Mas há imenso tempo que não estou diante dele, parada, abismado no seu mistério tão estúpido e fascinante. Precisava bem disso, de me instalar donde o visse e ficar para ali não bem talvez a vê-lo, mas a absorver-me na sua estranheza e imensidão de existir. E redescobrir através dele um certo sentido de infinitude que raro agora me faz sinais.


19 - Junho (segunda) Sinto-me profundamente desligado do meu país literário. Não apenas por ter sido o patinho feio do bando, mas porque na realidade não tenho nada a ver com ele. Desde que me conheço nesta estúpida loucura de só me entender com uma caneta e uma folha de papel, o meu país literário foi-se cumprindo na sua missão histórica de ser, com a sua profissão de grande padroeiros dele, até que a morte os foi derrubando a quase todos para a vala comum. Quem foi gente do meu tempo sob a forma de escriba? O futuro vai escolher as obras (?) para um problema que não tem significado nenhum mas o teve bem trombeteado para nós. (excerto)


29 Outubro (domingo)No fim da vida, à beira da morte, que tenho eu que me compense do que não tive ou falhou? Que tenho eu que me compense do que tive e não fui, mesmo que tenha sido? Tão pouco. Uma visão leve e imóvel, um irreal suspenso que em breve se dissipará. Segurá-la, mantê-la, não bem por ela mas por uma certa levitação em mim como um sorriso triste. Invenção da minha fadiga, do não.sentido de tudo o que tem sentido. Um aroma a nada. Um encantamento magoado do que não sei.É belo. Não existe. Nunca existiu. 


1990 27 - Janeiro (Sábado) E hoje finalmente, pela manhã, acabei a cópia do romance. Sinto-me muito contente pela proeza e sobretudo por ter levado a cabo, aos 74 anos, o meu derradeiro romance. Porque faço amanhã esses 74 , que já não são idade para aventuras. Agora acabou. Sem pena. Mesmo nesta idade não haverá muitos aventureiros como eu. E penso que o livro se aguenta. Pus nele, suponho, as que julgo hoje as três características que me calharam: emoção, cerebração e humor. Estarão em equilíbrio? O meu percurso fez-se talvez nesta ordem. Primeiro a sensibilidade até ao risco da pieguice. Depois a reflexão até ao risco do ensaísmo; e por fim (desde que livro? Talvez Nítido Nulo) o risco que é sempre um risco de palhacice. Mas o meu risco tende sempre para o da cavaqueira - e a ironia do Eça começa a incomodar-me um pouco. Bom.Se consegui que os três se dessem bem uns com os outros, acabei em beleza. E agora mudar de vida. Contos ou narrativas breves, diarismo, ensaio - Excerto


28 - Janeiro (domingo) Portanto, 74 E esta? Não é de se ficar parvo? Eu pelo menos fiquei. Porque isto não é conta de um homem ao natural. Mas acabou-se, os deram-me deram-me 74, que é a idade mais própria para eles, e eu aproveito. Já cá cantam e tudo o mais que se segue já vai além da conversa. Naturalmente que fui prendadíssimo. O Grilo deu-me um camisolão imponente. O Lúcio enfeito-me com uma camisa azul. E tive um esplendoroso ramo de rosas da Profª Maria Cavaco Silva, que gosta dos meus livros e os dá nas aulas, vinhos, bombons, livros de vários amigos- tudo enfim o que enfeita e dá prazer a um velho em forma de flores e gloseimas. Mas houve ontem um jantar com o Joaquim Vidal, meu editor em França, que me trouxe a inconcebível notícia de que Para Sempre sairá em Setembro na colecção de bolso "10/18" em companhia do Mandarim do Eça . Imagine-se. Eu de braço dado com o Eça a entrarmos assim a par na guerra gaulesa


«Vergílio Ferreira nasceu em Melo, aldeia do concelho de Gouveia


 

 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

PARABÉNS JOSÉ MOURINHO! PARABÉNS FAZ HOJE 49 ANOS!- NÃO GANHOU A TAÇA DO REI NO CAMP-NAU MAS MERECIA SER O VENCEDOR - SAI DE CABEÇA ERGUIDA, BRILHOU

 
 
José Mourinho,Faz hoje 49 anos - Aniversário marcado pela Lua Nova - Um dia depois do grande desafio com o seu principal rival.
19

Signo Aquário, primeiro decanato na astrologia ocidental; Coelho, na astrologia oriental chinesa - dois dias depois de Leão desaparecer no horizonte. Nasceu a um Sábado, dia 26 de Janeiro de 1963 - No dia seguinte à Lua Nova - O astro inerte (mas com o brilho dos diamantes capaz de arrebatar os românticos corações) tinha esta imagem:




26 de Janeiro de 1963 Nascimento de José Mourinho



26 de Janeiro de 2012 - aniversário 49 anos de idade



25 de Janeiro de 2012 Barcelona- Real Madrid


Sobre a influência lunar, já me pronunciei na anterior postagem - Clikar em JOSÉ MOURINHO AMEAÇA SAIR - TENHA CALMA NÃO DESTRUA OS BONS TRUNFOS 23 de Janeiro de 2012..



Tive o pressentimento que o Real Madrid não ia ganhar(não me quis pronunciar na anterior postagem) mas sempre acreditei que ia sair de cara levantada - Há um enguiço qualquer que parece querer atingir Mourinho nos últimos dias - Quem merecia sair vencedor era o treinador português - Mas estou certo que o Cabo Bojador já o passou. Quando vi aqueles falhanços nos primeiros minutos,confirmei imediatamente o que, no meu íntimo pressentira: a sorte, nesta noite, não vai estar ao lado de Mourinho - Era demasiado azar para não ser bruxaria da valente. Devem ter contratado algum especialista - Isto para já não falar dos favores do árbitro - A máfia catalã sabe com que linhas se coze.


Em todo o caso, o arrogante Barcelona, que esperava humilhar os merengues, viu-se aflito para garantir o empate - Pois, só a muito pouca sorte da equipa de Cristiano Ronaldo, coroada com a expulsão de Sérgio Ramos, lhe proporcionou a passagem às meias finais - Por outro lado, a vedeta Messi foi um bocado ensombrada - Mostrou também que nele não há apenas genialidade mas um sibilino e inqualificável mau génio vingativo! - Pépe não é pêra doce, mas vingar-se nele daquela maneira, é ordinarice da mais baixa, abjecta e desprezível. Afinal, se Lionel Messi é hábil prá bola na ponta dos pés, ainda é mais cabra nos calcanhares para com as pernas dos adversários. Decididamente, por aí, não vai longe





Está certamente compenetrado que haverá os reveses, os momentos difíceis. Mas isso ainda valoriza mais a sua determinação. O importante é manter viva a confiança e acesa a chama! A glória tem destas coisas... o outro lado amargo da medalha... E José até sabe dar-lhe a volta por cima, quando é preciso -


Estive no interior do relvado na inauguração oficial do Estádio do Dragão, em 16 de Novembro de 2004 - Fiz fotografias e ofereci-lhe uma pedrinha - muito especial - Foi antes de começar o jogo com o Barcelona - Tal como documenta a imagem, estava de pé ao lado da sua equipa técnica - E, ao passar junto à cabine, instantes antes do desafio começar - Disse-lhe: pegue lá esta recordação e guarde-a bem guardada - Boa sorte!. “O quê?!…” Responde Mourinho, surpreendido mas sorrindo - Espero que a tenha guardado - É o amuleto da sorte. Apanhada junto a um dos templos sagrados, herança dos antigos povos que habitaram num dos sítios dos arredores da minha aldeia..
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A ESTRELA DE MOURINHO AINDA É UMA SUPERNOVA E CONTINUA A BRILHAR NO SEIO DAS GRANDES CONSTELAÇÕES - ESTAVA ESCRITO NO FIRMAMENTO QUE ASSIM FOSSE

 

"Plantel do Real Madrid cantou os parabéns a José Mourinho"


EUSÉBIO – 70 ANOS! PARABÉNS! - O QUE SERIA O PASSADO DO BENFICA E SELECÇÃO NACIONAL SEM OS GOLOS DO GENIAL FUTEBOLISTA MOÇAMBICANO?! - BEM DIFERENTE

Parabéns Meu Caro Eusébio, pelos teus 70 anos, que ontem completaste - Jamais me esquecerei dos teus dribles mágicos e da boleia que me deste ao Hotel Sheraton, onde vivia uma romântica e linda Lua de Mel 


Nasceu no dia 25 de Janeiro de 1942, na então cidade de Lourenço Marques, hoje Maputo– A lua estava em quarto crescente e com esta imagem no hemisfério sul - Eusébio declarou ao DN que não esperava chegar aos 70 anos Nunca pensei em chegar aos 70 anos– Mas ele nasceu sob a influência de Cavalo, no Zodíaco chinês (que viria a ser conhecido de Pantera Negra) e deu-lhe a força e agilidade bastante – não só para se tornar no genial jogador de arte e corredor de fundo, à velocidade de cruzeiro, em conduzir a bola, driblar e fintar os adversários e marcar os golos, enquanto o diabo esfregava um olho e como só ele sabia fazer – como ter a resistência necessária para enfrentar as maiores adversidades para o resto da sua vida.


É é, de facto, o que tem acontecido. Espero que assim continue a suceder - claro, sem teres que ir parar ao hospital. O que eu te desejo, com sinceridade, nesta data, é que seja festejada com muita alegria, que a saúde não te falte e continues a ser a inesquecível legenda, o grande embaixador do futebol Português





CONTRATAÇÃO DIGNA DE UM FILME DE ESPIONAGEM


"Chegou a Lisboa a 15 de Dezembro de 1960. Esteve 12 dias escondido e estreou-se em Maio." - "Contrate-se Eusébio. Ele que venha para Portugal. Já!" Poucos dias antes do Natal de 1960, o Benfica tomou uma das mais importantes decisões da sua história.

"Numa operação digna de um filme policial, os dirigentes encarnados "fintaram" Sporting e FC Porto e asseguraram a contratação de um jovem de 17 anos que encantava em Lourenço Marques.
Eusébio da Silva Ferreira teve direito a nome de código: Ruth Malosso - "eu tinha nome de mulher e nem sabia!" -, para não ser desviado da rota da Luz. Chegou quase em segredo a Lisboa, onde o esperavam dois dirigentes do Benfica e um jornalista de A Bola, a 15 de Dezembro. A reportagem foi publicada dia 17, pelo que os registos da chegada baralham-se. Incontestável é o facto desse dia ter marcado a história do futebol português.
 Há 50 anos o futebol português mudou 


OS SEUS CHUTOS À BALIZA ERAM INDEFENSÁVEIS - TINHAM A FORÇA DE UM PETARDO! - MAS TAMBÉM FALHOU EM MOMENTOS DECISIVOS - ESTAVA LESIONADO - E CHOROU!..


Tal como Cristiano Ronaldo, que faz 27 anos, no próximo dia 5 de Fevere
iro, segundo decanato de aquário, e que toda a gente sabe que, além de genial nas jogadas, é sempre, entre os onze em campo, o que dá o litro até ao fim, o atleta mais esforçado, que corre o campo de baliza a baliza, que chora se a vitória não lhe sorri, sobretudo merecendo-a, pois, também Eusébio, era assim: o jogador mais interventivo e inconformado, até às lágrimas - isso aconteceu em Londres, no estádio de Wembley, no qual o Benfica acabaria por perder com o famoso Manchester por 4-1, após prolongamento - Lembro-me, perfeitamente como se fosse hoje - Era comovente... No final do Jogo, não escondia a sua profunda tristeza....Chorava!... Dizia-se que Eusébio estava lesionado e falhou o golo do último minuto. «Se tivesse rematado com o pé direito, entrava a bola e entrava eu...» refere a Bola, em Eusébio fez parar Londres - A Bola
 
Estudava eu na Escola Agrícola, em Santo Tirso – Víamos os jogos numa televisão no refeitório - Claro, ainda a preto e branco. Sou um pouco mais novo que Eusébio, mas tenho bem presente na memória a sua fulgurante carreira. Nomeadamente, em 1962, nos memoráveis jogos para a conquista da segunda Taça dos Campeões Europeus. Sobretudo, naquela célebre final com o Real Madrid, em que, a equipa do Benfica, depois de ter estado a perder por dois golos de desvantagem, eis que, a inspiração do Pantera Negra, vem ao de cima, fuzila as redes dos madrilenos com dois golos, cifrando-se o resultado num sensacional 5-3 - Que daria o mote para uma nova canção benfiquista: cinco a três, foi a conta que Deus fez!

Sou do Alto Douro e sempre me inclinei para o Futebol Clube do Porto - de resto, foi a primeira equipa que eu vi jogar. Mas, naquela altura, quando o Benfica jogava com as equipas estrangeiras, quem não era benfiquista?! - Foi realmente um período áureo, que, dificilmente, com a actual direcção, poderá lograr. 


OTO GLÓRIA ADMIRAVA MUITO EUSÉBIO - NAS SUAS MEMÓRIAS (QUE NÃO CHEGOU A PUBLICAR) DISSE-ME QUE FALAVA MUITO DELE

Quem admirava muito o Eusébio era o treinador brasileiro Oto Glória Tinha uma admiração muito especial por ele - Contou-me alguns episódicos e fez-me essa revelação na sala de jantar do Hotel Altis. Estava ele, eu, o Presidente Fernando Martins e creio que o Director do Hotel - Às tantas perguntou-me se eu não queria publicar as suas memórias - Andava já a queixar-se de problemas de saúde e não queria morrer sem publicar os seus diários. Infelizmente, acabaria por morrer nesse mesmo ano. Manifestei-lhe a minha simpatia por tão honrosa proposta mas respondi-lhe que não tinha tempo, como repórter de rádio, andava sempre com o tempo muito ocupado. Foi pena... Espero que um dia a família o faça.


Nesse longo convívio, quer ele, quer Fernando Martins, contaram-se muitas histórias do futebol - Coisas até de árbitros... Que não se podiam contar!... Claro, nem tudo foi gravado - Sim, tanto mais que as mais interessantes, seriam contadas, descontraidamente, e sem o microfone.

Oto Glória foi o grande pioneiro e revolucionário do futebol Português - Foi do Brasil que ele trouxe a grande inspiração e os novos métodos. Deu títulos ao Benfica, ao Sporting, ao Belenense e ao Porto e ainda treinou a selecção nacional - Apesar disso, nem sempre compreendido. É-lhe atribuída a expressão sobre o trabalho de treinador em Portugal: «Naquele país, quando se perde o treinador é chamado de "Besta". Quando vence, de "Bestial"».
Mas foi com o treinador húngaro Béla Guttmann. que o Benfica conquistaria os dois títulos de campeão nacional em 1959/60 e 1960/61, e, pela primeira vez na sua História, duas Taças dos Campeões Europeus Que, pelos vistos, tanto deu ao Benfica de promissor, como de agouro - Mas também a ele - porque, depois dessas gloriosas conquistas, também ele nunca mais foi o mesmo... Emproado pela fama, exige mais dinheiro, o Benfica não podendo satisfazer as suas exigências, deixa inopinadamente o clube da luz, após o jogo com o Real Madrid, com a famosa maldição: "Nos próximos 100 anos, o Benfica não voltará a ser campeão europeu". - La maldición de Bela Guttman- Mas, pelo que se depreende, também ele acabaria por ser contagiado e vitima da sua má língua...Nunca mais conheceu o sabor das mesmas vitórias.

  O QUE DISSE VIRGÍLIO FERREIRA 

"Recebi um convite para a celebração dos 50 anos de vida artística de Amália, ou seja do seu fado a cantar o fado. Por singular coincidência, também eu este ano faço 50 anos com o meu fado, que é só letra sem música possível. Sim, sim, foi em 1939 que eu escrevi O Caminho Fica Longe. Singular profecia. Tão longe, que nunca cheguei a encontrá-lo. Amália sim. Ela é, com Eusébio no Futebol, a nossa única imagem de marca de internacionalidade. Ah, e o Pessoa. Estamos perfeitamente representados. Dos pés à garganta e da garganta aos pés. O resto que não está resolve-se razoavelmente com água de Fátima ou uma feijoada à moda do Porto - 17 -Junho(sábado) 1989. - Vergílo Ferreira - In Conta-Corrente - Nesta data, Eusébio tinha 47, Cristiano, ainda era criança de berço, com três anos de idade

NOS ANOS 80 - PUDE CONHECER PESSOALMENTE EUSÉBIO - E ATÉ ME DEU UMA BOLEIA NO SEU CARRO - POIS ESTIVE DOZE ANOS EM SÃO TOMÉ - PARA ONDE PARTI AOS 18 DE IDADE


Eu tinha-o entrevistado para uma estação de rádio e, no final da entrevista, querendo continuar o diálogo - pois Eusébio sempre foi(é) uma pessoa muito humana, afável, dialogante e simpática - perguntei-lhe se não se importava de me deixar no Hotel Sheraton Lisboa - Eu estava lá hospedado com uma amiga a passar a lua de mel - dois meses(quase três - conto isso em ROMANCE NO SHERATON ... ) e dava-me jeito que lá me deixasse - Mas era sobretudo pelo prazer de falar um pouco mais com ele . E lá fomos os dois. Ele tinha uma bocado de pressa: ia ter com a mulher ou a buscar a filha. Já não me lembra a marca do seu carro. Mas era de boa marca, desportivo, vermelho e de dois lugares. Creio que ainda devo ter a gravação das suas declarações no meu arquivo de mais 300 cassetes. Um dia destes vou ver se a localizo.

Pois bem, quero aqui, neste meu site, de forma singela manifestar a minha homenagem ao nosso mais admirado e querido jogador Português - Hoje, pensamos em Ronaldo - mas cada um no seu género: ambos são fenomenais e grandes figuras do futebol português - indubitavelmente, e a par do Figo, as nossas maiores estrelas futebolísticas até hoje.

«Se não fosse jogador da bola, era o maior bailarino do mundo»

Benfica - Eusébio celebra 70 anos - RTP