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domingo, 30 de junho de 2013

Marcha do Clube de Campismo do Porto e S. João da Madeira – No Solstício da Pedra do Sol, Ribeira dos Piscos veredas do Vale do Côa





É um facto que a magia destas terras, não só encantou os antigos povos  que por aqui se fixaram e ergueram os seus majestosos Templos do Sol, sítios onde veneravam os seus deuses e regulavam o principio das estações do ano, desde as sementeiras, passando pela floração, às colheitas, como constituem um atrativo para todos aqueles que demandem estes montes e planalto, estes larguíssimos horizontes, que seduzem o corpo e o espírito, parecendo levar o olhar aos confins do Mundo ou do Universo.

 










Um grupo de caminheiros do Clube de Campismo do Porto  e do Clube de Campismo de São João da Madeira Secção de Montanha, que, desde há nove anos,  organizam um passeio por ocasião do Solstício do Verão, desta vez partiu à descoberta da já mítica Pedra do Sol e dos lugares envolventes – Soubemos da sua passagem, por uma feliz coincidência, justamente, quando os dez caminheiros e uma caminheira, com idades dos 30 aos 75, se encontravam na esplanada de um dos cafés da aldeia, saboreando alguns refrigerantes e o vinho da terra, pois bem, mesmo assim, pese o facto de a hora ser de tórrido calor , com as temperaturas dos termómetros, naqueles montes, a subirem  acima dos 36º), sim, pois não obstante virem lá dos fundos das ladeiras da margem esquerda do Côa (Quinta da Ervanoira e Quinta da Barca) e  já estarem prestes  a encetar o regresso,  houve quem não recuasse o convite que lhe propusemos para uma visita mais pormenorizada à Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora e à Pedra do Sol (ou do Solstício), afinal, a grande atração da sua 9ª Marcha  Solsticial - Compreendemos que alguns optassem pela justificada retemperação à sombrinha fresca da esplanada.
PROGRAMA BEM INFORMADO E DELINEADO

Não partiram ao caso – Editaram panfletos e um gracioso crachá  com a imagem do Santuário  Rupestre da Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora,







A organização esteve a cargo da Secção de Montanha do Clube de Campismo do Porto, a que se associou, idêntica secção do Clube de Campismo de S. João da Madeira, tendo, os responsáveis feito um prévio reconhecimento dos lugares que iam visitar e por onde iam caminhar. Recolhendo informações detalhadas deste site e também do livro Por veredas do Vale do Côa : roteiros de Chãs -“ No entanto, a melhor informação ainda é aquela que pode ser dada, pessoalmente,  por quem, como nós foi o autor da descoberta de dois dos três alinhamentos solares.  A Pedra da Cabeleira, estudada por Adriano Vasco Rodrigues, nos anos 80, como local de culto ou de sacrifícios, muito embora fosse já uma lenda antiquissima, um sítio de peregrinação obrigatório para as gentes da aldeia, desconhecia-se, no entanto,  a sua relação solar.

9ª MARCHA  DO SOLSTICIO  - 29 e 30 de Junho – 2013 – Ribeira dos Piscos – Rio Côa


Partiram deslumbrados, porque também vinham bem informados e os lugares por onde andarilharam, encheram-lhe os pulmões de ares puros e o coração de beleza e paz  - Eis o que editaram no folheto promocional: “Na aldeia de Chãs, lugar dos Tambores (antigo castro...) situa-se o Santuário Rupestre da Pedra da  Cabeleira (de Nossa Senhora) ea imponente Pedra do Solstício  (ou Pedra do Sol), orientada com o pôr-do-sol. no solstício do Verão, onde é saudado o dia mais longo do ano..








O altar sacrificial existente naquele local é um verdadeiro observatório astronómico primitivo, que os antigos povos sabiamente teriam aproveitado não só como calendário, mas também para ali realizarem os seus cultos, festividades e rituais, com uma forte ligação à agricultura, à fertilidade e às estações do ano. Trata-se de um local mágico, pleno de história e de misticismo, dos poucos lugares da terra onde a beleza e o esplendor solar se podem repetir à mesma hora e com a mesma imagem contemplativa de há vários milénios pelos povos que habitaram a área”.





Este local de culto ou de sacrifícios, a curta distância de outra zona castreja, Castro do Curral da Pedra, encontra-se alcandorado  sobre a vertente escarpada  do aprazível Vale da Ribeira Centieira, sobranceira à falha sísmica de Longroiva,  - um fértil vale – que desemboca na Ribeira dos Piscos , em curso situa-se um dos principais núcleos das gravuras rupestres  na área do Parque Arqueológico  do Vale do Côa, classificado como património da Humanidade  desde Dezembro de  1998.








Nesta epígrafe à nossa marcha, propomos-te, ainda daqui – Chãs – a uma viagem ao Paleolítico Superior, do Neolítico ao Romano,  da  Idade Média ao Moderno... testemunhados em calçadas, vestígios encontrados em castros, castelos e quintas (de Santa Maria/Museu da Ervamoira e da Barca), até ao Rio Côa...


Aliás, com o florescimento destas quintas, deve  ter-se dado igualmente o florescimento, senão mesmo o desabrochar  deste povoado concentrado , que viu a sua velha Torre (topónimo) ruir, ruindo com ele o nome e a memória, pois os novos povoadores estavam embrenhados, de alma e coração, no devastar dos matagais daquelas terras “férteis de Chãs”
Informações.
Percurso/dificuldades: Marcha circular, tipo travessia, por caminhos tradicionais, trilhos e caminhos vinhateiros, com alguns declives acentuados, dada a extensão a percorrer em autonomia para 2 dias, com transporte de tenda para pernoita.
Distância prevista: No 1º dia – 18 km (5/6horas)


Desníveis: Chãs-478m, Qta Ervamoira-130, Sta Barba-520 m...= 348/390m



Participantes: Destinado a todos os participantes portadores de Licença de Montanheiro ou tenham/solicitem um seguro de acidentes pessoais.
Descrição sumária: Início na aldeia de Chãs, Lapas (...Santuário Pedra da Cabeleira/Solstício), Canada Grande (castro/castelo), Rib. dos Piscos, Quinta de N. Senhora do Monte/Muchões, Qta. Santa Maria (pernoita), Qta. Barca, Sta. Barba, Chãs.
Como chegar:


Percurso aconselhado: Porto- Chãs-V.N. de Foz Côa, 185km (56Km Auto))3h40m – 23,82 euros (4,00 portagem): seguir pela A4-IP4 até Amarante: continuar IP4 (direção Vila Real), saída 18 (direção Mesão Frio – Régua, Baião, Padronelo), continuar N15  (direção Mesão Frio-Régua), (atravessar) Gondim, na rotunda1ª saída para N2, próxima por N222 durante 77 km, na rotunda 2ª saída para IP2, perto de Muxagata virar à dtª, depois esqª IP2-N102 durante 5Km, virar esqª para EM607 durante 3km, entrar em Chãs, estacionar oposto ao 1º café.
Percurso Alternativo: Porto – Chãs/VNFozCôa,228Km (171Km Auto) 3h – 34.07euros (14,00) portagem): Seguir A1 Albergaria, sair daída 16 para A25-IP5 (direção Aveiro/Viseu), sair saída 24 (direção Seia, Gouveia, Celorico da beira), ir por Celorico da Beira, atravessar e ir por IP2-E802, depois  N102 e depois EM607 durante 3km, entrar em Chãs, estacionar ao oposto do 1º Café

Organização: António José, António Luís, Bruno Loureiro, Hélder Cerejo
Do panfleto constavam também os contactos e a ficha de inscrição
Nomeadamente: http://www.ccpmontanha.com/index2.php; E-mail: geral@ccpmontanha.com
Um abraço a todos os amigos caminheiros - António Almeida; António Luis; Álvaro Valente; Tony; Cristina; Moreira; André; Miguel; Figueiredo; Bruno; Fernando - Temos pena não poder editar a imagem que fizémos a todo o grupo; o excesso de luz fez com que a foto ficasse praticamente irreconhecível

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Escola Profissional Agrícola Conde S. Bento de Santo Tirso - O Meu Templo de Sol - Festejou Centenário no Dia do Solsticio - Parabéns Escola Amiga que me preparaste o Caminho para a Vida







Escola Profissional Agrícola Conde S. Bento




16 - escalada do Pico Cão Grande .JPGA Escola Agrícola de Santo Tirso, festejou no passado dia 21, o centenário da sua fundação. Eu foi aluno dessa centenária Escola - Sem esse curso não  seria o que sou hoje - Não teria vivido tantas e tão emocionantes experiências- Quero aqui congratular-me por tão significativa efeméride e prestar a minha singela homenagem ao seu corpo docente e partilhar do mesmo sentimento de orgulho e de alegria com atuais e antigos alunos  - Obrigado por me terem dado a oportunidade de dar o meu testemunho para o jornal  O Arado alusivo ao centenário  - Entrei para a Escola Agrícola, em 1959. . Conclui o segundo ciclo em 1963. Em Dezembro de 1963, partiria para S. Tomé para estagiar numa roça – Não fui além de empregado de mato – Mas , depois, abrir-me-ia as portas para as aventuras nos mar, para o alpinismo e várias actividades, designadamente a de jornalismo,



Sendo eu natural de uma aldeia do interior, donde me viria a paixão pelo mar?.. Creio que, em boa parte,  do  Rio Ave que corre ao lado dos belos  jardins e dos magníficos campos  da Escola  Agrícola, que  tantas vezes contemplei!.. Em cujo açude, aos domingos, ensaiara as primeiras remadas. -  Oh, tantas vezes me haveria de lembrar dessas tranquilas águas que um dia- infelizmente -  haveriam de afogar,  em plena flor da vida, um nosso querido colega, mas, por outro lado,  também, mais tarde, haveriam de  constituir o espelho de tantas e tão gratas recordações desta mesma Escola!  Quando, em pleno alto mar, longe de tudo, das vistas de toda a gente - por três vezes - , em frágeis canoas, navegava ou andava à deriva na imensidão do conturbado Golfo da Guiné, sem quaisquer meios de orientação ou comunicação que não fosse uma simples bússola – Nos tais mares a que, já Camões, nos seus cantos, se referia nestes versos :«Sempre, enfim, para o Austro a aguda proa, /No grandíssimo golfão nos metemos” – Oh quantas provações!... Quantos perigos enfrentados!.. – Desprovido dos remos e de outros apetrechos, devido a violento tornado, sem alimentos, bebendo água das chuvas e água salgada!   - Mas essa  história não cabe nestas linhas


15- travessia de S. Tomé à Nigéria.JPG( 



sábado, 22 de junho de 2013

Solstício de Verão 2013 festejado na Pedra da Cabeleira, Pedra do Sol e Pedra dos Poetas - Numa tarde esplendorosa de luz e brilho - A som dos gaiteiros de Mogadouro e de violinistas Ucrânia e Argentina - Com maravilhosas saudações, singelas homenagens, amor fraterno, muita alegria e espiritualidade.













A manhã foi cinzenta e muito nublada mas depois do meio-dia, rasgaram-se as nuvens e abriu-se a claridade de horizonte a horizonte. Foi uma tarde linda de sol. com o céu completamente límpido e azul. A fazer jus ao tão desejado Verão. Às férias para quem as pode gozar e,  mesmo  para aqueles que,  por razões de saúde ou por falta de perspetivas de futuro,  nada mais podem esperar senão que o abençoado Sol os contemple - Que ao menos os dias sejam mais brilhantes e calorosos.

Até,  porque,  o sol quando nasce é para todos, Todos os homens nascem iguais, com os mesmos direitos e os mesmos deveres. Infelizmente, não é isso que acontece:  seja em que país for, prevalece a lei do mais forte; sobrepõe-se o egoísmo, a ambição desgarrada e desmedida dos poderosos, dos privilegiados, em detrimento da esmagadora maioria da humanidade. Nesse ponto de vista, as leis da Criação, são injustas, iníquas. Concedem o livre arbítreo individual mas promovem a desiguadade
 coletiva .






Mas não menos verdade é o facto de que, há muita gente, a quem a Mãe-Natureza concedeu as mesmas oportunidades, dotada de saúde, fisica e mental, que é inimiga do trabalho - Nem sequer se esforça para fazer face às suas necessidades básicas. Os homens da era lascada, esforçavam-se, sacrificavam-se: viviam dias penosos: vivendo em autênticas tocas, com agasalhos rudimentares - Eram felizes à sua maneira mas, muito do seu tempo, era ocupado na luta pela sobrevivência, na caça e pesca, nas suas difíceis relações com a terra, numa luta permanente  com as adversidades do clima, e hoje há muito parasita, de perna estendida ao sol, que só lhe agrada o que é do alheio ou só pensa  que os outros os sustentem e lhe levem a papa à boca.


VÍDEO REGISTADO AO PÔR DO SOL DO DIA SEGUINTE











Mas, pondo de lado, tais interrogações, o importante é que o sol é  fonte da vida e, sem o  grande leão dos céus, prevaleciam as trevas, a noite eterna - Há, pois, que participar nesse majestoso fenómeno da Natureza, tal como participaram os antigos povos que, habitaram estes lugares, que viam no Sol, o seu único Deus,  e, através dos ciclos das estações, regulavam as suas vidas, as sementeiras, as colheitas, e os frutos, em harmonia com o grande calendário do tempo - O homem das cavernas, passou à história - O ser humano urbanizou-se, divorciou-se do seu meio natural, Mudou muita coisa à face da Terra - E o sol?!... Talvez já perdesse algum do seu brilho. Já não seja o mesmo de há milhões de anos, pois também ele, haverá de se apagar um dia, contudo, continuará a ser o seu disco esplendoroso, a regular todas as formas de vida - Sejam à superfície dos continentes, sejam no mais fundo  dos abismos dos mares. Por isso, há que o saudar, celebrando o dia em que, no hemisfério Norte, nos presentei-a com o seu arco mais luminoso ao longo do ano.Foi o que fizemos 



PEDRA DA CABELEIRA DE NOSSA SENHORA  - E AS HOMENAGENS ANUNCIADAS AO JORNALISTA FERNANDO CEPEDA, AO INVESTIGADOR ADRIANO VASCO RODRIGUES E AOS POETAS MANUEL DANIEL E PIRES DANIEL

Depois do cortejo "druida", animado pelo acompanhamento dos gaiteiros de Mogadouro, grupo Lua Nova (evocando as antigas tradições celtas, a que, por certo, estas penedias e vales, não terão passado despercebidos, dada à existência de alguns vestígios da sua passagem, nomeadamente sepulturas), eis-nos perante o frontispício e o recinto do Santuário Rupestre da Pedra da Cabeleira de Nossa senhora, onde começaram as primeiras cerimónias solsticiais e homenagens anunciadas.


Na qualidade de jornalista, e sendo também o coordenador deste evento, comecei por abrir as cerimónias solsticiais, com palavras de admiração e reconhecimento, ao antigo jornalista da TSF, Fernando Cepeda, falecido em Angola, no principio do ano - Aos demais homenageados,  Adriano Vasco Rodrigues e aos poetas Manuel Daniel e Hamilton Tavares, coube a palavra a João Paulo Donas Botto, Vereador da Cultura da Câmara Municipal de V.N. de Foz Côa, e a António Loureço, que durante mais de três décadas, serviu exemplarmente esta nossa freguesia - As suas intervenções, foram registadas, por mim, em vídeo, pelo que. não tendo podido fazer o mesmo à de Fernando Cepeda, passo de seguida a transcrever o discurso que então  pronunciei:

"O HOMEM PERANTE O UNIVERSO"


“No fundo, com tudo isto, nós queremos interrogar o Universo para saber quem somos e o que fazemos aqui. Em todo este esforço à volta da contemplação do sol, do fenómeno da vida e dos movimentos dos astros, em tudo isto há uma interrogação latente: que é o homem que se está a perguntar a si mesmo, quem é ele e o que faz sobre a terra. Queremos saber através destas celebrações, ainda que o não pensemos, a nossa total identidade” Palavras do Dr. Manuel Daniel, pronunciadas, há dois anos, na abertura do colóquio “Os Templos do Sol “ – É justamente com o objetivo de refletirmos nestas mesmas interrogações, que hoje aqui estamos de novo a celebrar o Solstício deste Verão e prestarmos justíssimas homenagens a quatro figuras admiradas no nosso concelho e na  nossa região – Obviamente, que há outras que mereciam igual destaque – Mas, se Deus assim o permitir, não deixaremos de o fazer em próximas celebrações.“

 É justamente com o objetivo de refletirmos nestas mesmas interrogações, que hoje aqui estamos de novo a celebrar o solstício deste verão e prestarmos justíssimas homenagens a quatro figuras admiradas  do nosso concelho e  da nossa região – O investigador Adriano Vasco Rodrigues, os poetas Manuel Pires Daniel, e o falecido jornalista Fernando Cepeda – Obviamente, que há outras personagens da nossa terra, que mereciam igual destaque – Mas, naturalmente, não deixaremos de o fazer em próximas celebrações.

Antes de passar a palavra a outros intervenientes, e sendo também jornalista, vou começar por aqui recordar, Fernando Cepeda – Curiosamente, depois de termos homenageado o poeta e jornalista, Fernando Assis Pacheco, que também passou por aqui, um mês antes da sua morte, na sequência de uma reportagem ao Vale do Côa, eis que o destino, assim ditou, que agora aqui recordássemos a memória de outro grande homem da imprensa e da rádio: Fernando Cepeda, falecido no passado dia 9 de Janeiro, em Angola.a.



Só soube da notícia, há poucos dias, no 2º Festival de Vinhos de Foz Côa, quando perguntei ao repórter da TSF, por ele. Tinha-lhe enviado um e-mail por ocasião do Equinócio da Primavera, e, como ele, geralmente me respondia, não o tendo feito, confesso que fiquei com um pressentimento algo estranho – Longe, porém,  de imaginar que já nos havia deixado para sempre. Mas não a sua memória. É por isso mesmo, que hoje, aqui o recordo, e com inteira justiça.


Ele, um transmontano de Bragança, que se apaixonou pelos Templos do Sol, desde o primeiro dia que aqui veio em reportagem – Ele, o saudoso Fernando Cepeda, que, com especial dedicação, pôs o seu talento ao serviço destas terras transmontanas e durienses – Infelizmente, já não vive entre nós. No entanto, tenho a certeza, que, quem o conheceu ou  ouviu na rádio, tão cedo esquecerá a sua voz.


Sim, foi neste local que conhecei, pela primeira vez, Fernando Cepeda. Um surpreendente encontro, amistoso e cordial, que marcaria o princípio de uma excelente camaradagem e amizade – Há muito conhecia a sua voz, os seus apontamentos, as suas entrevistas. Sabia, que, de  volta e meia, ele vinha ao nosso concelho, dando o eco e a divulgação através de vários serviços de reportagem. Mas, só aqui, neste local, pude ter o prazer de o conhecer pessoalmente. Afável, simpático, extrovertido, comunicativo. – Sem dúvida, um grande profissional. Nele a palavra, fluía naturalmente, com entusiasmo e serenidade – Tinha o seu estilo e dava gosto conversar com ele ou ouvir os seus trabalhos
.

Lembro-me, perfeitamente, que, uma das primeiras pessoas, a quem ele dirigiu o microfone, foi ao Prof. Fernando Baltazar. Sim, também ele, já falecido e um dos filhos admirados e estimados desta nossa aldeia e um grande entusiasta pelas celebrações, aqui realizadas. Depois, entrevistaria o pastor José Júlio, junto das suas ovelhas, cujo rebanho trouxera para o recinto da Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora. E falara com outras pessoas, dando uma nota viva das primeiras celebrações, aqui realizadas.


Como é sabido, os tempos não vão fáceis em Portugal – A profissão de jornalista, não é exceção. Além de extremamente desgastante, também sofre das mesmas incertezas que outras atividades. Pois não basta ser bom no exercício da sua profissão, tem de se ser também novo – E, na ótica empresarial-liberal, aos 40 e tais ou 50, já se é velho. Desconheço as razões que o levaram a mudar de profissão e aceitar, em Angola, o cargo de assessor – Certamente, a pensar acautelar o resto da sua vida, que o seu país, aqui não lhe garantia.


Mas trabalhou muito; merecia que não tivesse de emigrar. Pois deu o melhor do seu esforço e saber à sua região e ao seu país. Foi diretor de programas na Rádio Brigantia e Rádio Bragançana (RBA), colaborador de o Jornal O Mensageiro Notícias e da revista  Loa. Além disso, correspondente da TSF e do Diário de Notícias. Fernando Cepeda, foi ainda considerado como o pioneiro da televisão na região transmontana através  do lançamento da TV Nordeste.


Mas de que valerá, tanta dedicação, se depois vem cedo  a morte e tudo rouba?!...
Ao terminar estas minhas palavras, peço um aplauso de palmas em memória desse grande jornalista, Fernando Cepeda, pedindo a António Lourenço, que também o conheceu, que leia este poema de Manuel Pires Daniel




PEDRA DO SOL OU PEDRA DO SOLSTÍCIO


Receávamos que pudéssemos chegar atrasados ao sítio onde se ergue o fantástico megálito, em forma de esfera, prefigurando o astro solar e a própria esfericidade terrestre, mas tudo decorreu,  dentro do previsto,  com muito entusiasmo, espiritualidade e alegria - Houve momentos para poesia e  também para ouvir as belíssimas intervenções dos violinistas,  bem assim dos gaiteiros Lua Nova -  Que corresponderam com uma brilhante atuação, em todos os momentos em que  participaram: desde a arruada pela aldeia, visita ao Lar de Nossa Senhora de Assunção, cortejo e celebrações na Pedra da Cabeleira, Pedra do Sol e dos Poetas - 









PEDRA DOS POETAS



 
Como já vai sendo tradição, o último ato evocativo terminou na Pedra dos Poetas, uma pequena fraga em forma de altar, onde o jornalista e poeta, Fernando Assis Pacheco, ergueu os braços, depois de ter visitado a Pedra da Cabeleira e o Castro do Curral da Pedra, ali próximos, como forma de agradecimento aos deuses que foram venerados nestes lugares, Um mês depois, e quando por ali deambulávamos, ao ouvirmos num pequeno transístor, a notícia da sua morte, pegámos um cinzel, com que habitualmente por ali esculpíamos alguns desenhos (muito antes de se falar das gravuras rupestres, já ali tínhamos centenas de  desenhos gravados no granito de carácter místico e iniciático), sim, com a mesma ferramenta, cinzel e maceta,  fixamos  naquele caprichoso e rústico altar, no espaço configurado por um  pequeno triângulo,  as iniciais do seu  nome - A homenagem,  com a presença da esposa e filhos, sucederia anos mais tarde. Depois desta cerimónia, todos os anos, ali  evocamos nomes grados da cultura da nossa região ou do país - E, ali estivemos, pois, uma vez mais, num misto de recolhimento e de contemplação, no tão singelo como já mítico altar, distinguindo figuras queridas destas terras, a cujas biografias nos referimos em postagens anteriores.



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HOMENAGENS AOS POETAS MANUEL DANIEL E HAMILTOM TAVARES, AO INVESTIGADOR ADRIANO VASCO RODRIGUES E AO JORNALISTA FERNANDO CEPEDA

Não podemos contar com as presenças dos homenageados, por razões de saúde,  mas ficamos com a certeza de que partilharam, connosco, em espírito, o momento que ali vivemos – E talvez mesmo, olhando-nos, lá das alturas ou lá pelos confins do Universo, até o do Fernando Cepeda, infelizmente, falecido em Janeiro  

Excetuando o discurso da homenagem ao antigo jornalista da TSF, a que nos propusemos fazer na qualidade de profissional do mesmo ofício, era  nosso desejo que a leitura dos poemas e as homenagens a Manuel Daniel, Adriano Vasco Rodrigues e Hamilton Tavares, tivessem a colaboração das entidades mais representativas da Câmara Municipal e da autarquia local. - Pelo que fizemos diligências nesse sentido, pedindo a sua colaboração. -
 

O município foi representado pelo Dr. João Paulo Donas Botto – À noite, no convivio que decorreu no adro da igreja, deu-nos também a honra da sua presença, O Presidente, Eng. Gustavo Duarte. 


Pela  Junta de Freguesia, a Presidente DrªTeresa Marques, não pôde deslocar-se aos Templos do Sol (de resto, sitos na sua propriedade)  uma vez ter chamado a si a responsabilidade de organizar  a festa  sanjoanina. 


Encontrando-nos ainda em Lisboa, dirigimos-lhes o pedido por e-mail “Vão ser lidos poemas de Manuel Pires Daniel e de Hamilton Tavares - Gostaria de contar com a sua colaboração para a leitura de alguns poemas de Hamilton Tavares, pelo que lhe envio várias cópias. Pedi a António Lourenço para ler alguns de Manuel Daniel - Por isso, gostaria de contar com a sua participação

A que amavelmente nos respondeu:
Boa tarde.
Estou com falta de pessoal no Centro de Saúde e vou ter pouca disponibilidade p/ a festa de amanhã. Terá que dirigir o pedido que me fez a outra pessoa. Em dias de trabalho de semana para mim é muito complicado fazer melhor.
Até amanhã.
Teresa






TAL COMO ATRÁS NOS REFERIMOS, NÃO PUDEMOS TER O PRAZER DE CONTAR COM O DR.MANUEL DANIEL, QUE AMÁVEMENTE NOS JUSTIFICOU A SUA IMPOSSIBILIDADE


Bom Amigo Sr. Jorge:

Já o meu filho Pedro o terá informado do azar que nos pregou uma partida: ontem, na consulta ao oftalmologista, em Coimbra, que seria de rotina foi-me considerada urgente e necessária uma nova intervenção, (...) 


Pedro vai levar-lhe um excerto do Auto do Rio Côa, de que já lhe havia referido. Ainda se encontra inédito-  e essa será a primeira leitura parcial pública. Juntei mais um poema sobre "Os Meus" (sobre os meus mortos - sempre vivos...) para usar como achar conveniente.

O Pedro leva ainda o Cântico das Criaturas (Cântico do Irmão Sol), que considerando o autor (S Francisco de Assis), deve ser lido por si, talvez antes de tudo, nesse momento da Poesia ou no acto de celebração do Solstício.


O Sr. Prof. Dr. Adriano Vasco Rodrigues tinha-me pedido para o representar, mas dada a minha impossibilidade, queria pedir-lhe o favor de incumbir dessa tarefa o Sr. Lourenço, que é também um dos amigos. Ele desejava que lhe fosse feita uma ligação  nesse momento, para o telemóvel (...)  para que, se ele puder naquele momento, diga uma palavra que depois poderiam repetir às pessoas presentes. O Sr. Lourenço poderia fazer mais  esse favor? Agradecia...

Lamento duplamente (por si e por mim...) não poder corresponder pessoalmente à sua especialíssima gentileza. Por tudo lhe fico muito grato."

Obrigado, Caro Dr. Manuel Daniel, claro, ficaríamos muito contentes com a sua presença, que, por várias vezes, ali nos deu esse prazer, mas compreendemos a sua impossibilidade – Agora, o mais importante, é a recuperação da sua vista, é o que sinceramente lhe desejamos do coração.

QUEM NOS MANDA PASSAR PARA MÃO ALHEIA O QUE SÓ DEVIA SER PASSADO NO MOMENTO CERTO  
(o neto do Dr. Daniel - Observando do alto e à sua maneira) 

Temos pena não  ter  lido nem os textos inéditos do  Auto do Rio Côa, nem os versos de Manuel Daniel, que teve a amabilidade de nos enviar pelo seu filho Pedro Daniel, cuja participação muito nos sensibilizou, como, de resto, a presença dos seus netos. 

Entregamos os textos a uma pessoa, que nos foi apresentada, como experiente na arte teatral e de dizer poesia (e não é mentira alguma) mas, ao que  parece, terminada a cerimónia na Pedra do Sol, pensando que as celebrações solsticiais, tivessem terminado, não se dirigiu à Pedra dos Poetas, mas à Festa Sanjoanina. Soubemos pelo próprio que desconhecia mais esse evento. Azar nosso:  No entanto, como o Sr. António, vinha prevenido, lá pudemos superar, de algum modo o embaraço da situação – Lamentamos, porém, , não ter correspondido inteiramente à sua cortesia e ao que era também nosso propósito, até porque, embora tendo cópias de alguns poemas, que extraímos de um dos seus livros, também estas já não estavam em nossas mãos..Por esse facto, acabaram por ser lidos mais poemas de Hamilton Tavares de que  Manuel Daniel - Prometemos, lê-los no Equinócio do Outono  ou no da Primavera, na Pedra da Cabeleira,  se o tempo o permitir.






O nosso sincero agradecimento  ao Município e à Junta de Freguesia, bem assim uma palavra de muito apreço aos nossos amigos da  Foz Côa Friends Associação , que ali esteve bem representada por Maurício Lobreiro, participando, ativamente,  no cortejo  "druída" e lendo  um poema de Hamilton  Tavares - E  também uma palavra de sincero agradecimento a António Lourenço, que leu poemas de Manuel Daniel e uma vez mais se revelou um excelente colaborador. E, como não podia deixar de ser, um abraço de muita simpatia e carinho ao Cónego José da Silva, que, apesar da sua bonita idade e de alguns problemas locomotores, nos deu também alegria e a honra de participar na nossa festa do solstício e de se associar às  homenagens de Manuel Daniel, Vasco Rodrigues e Hamilton Tavares  - Na qualidade de coordenador, e sem com isto pretender adiantar-me, vou propor à Comissão das Celebrações, o seu  nome para o próximo ano - Espírito aberto e tolerante, também ele já foi o pároco da freguesia de Chãs - É sem dúvida, uma das figuras da igreja da diocese  de Lamego, mais admiradas e respeitadas.

Jorge Trabulo Marques
Natural de Chãs - Jornalista 


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