(atualização) Imagens em vídeo da Festa do Solsticio 2013
- Solstício de Verão - Dia 21 de junho de 2013 - Vai ser celebrado na Pedra do Sol, também conhecida como a Pedra do Solstício, com cortejo alegórico, cerimónia mística com gaiteiros e violinos, leitura de poemas alusivos à estação, bem como várias homenagens na Pedra dos Poetas,
Não perca esta
oportunidade: venha contemplar os últimos raios desse tão auspicioso dia, em
perfeito alinhamento com o horizonte a ocidente, rasando o alto da curvatura de
uma autêntica esfera solar e armilar (a Pedra do Sol, oh! sim mas que símbolo
mais genuíno, fascinante) e o pequeno círculo, incrustado um pouco mais a
ocidente, sobre a superfície rochosa do pequeno anfiteatro, que se destaca da
granítica vertente que se eleva, lá desde o fundo do fertilíssimo vale
maravilha, oferecendo-lhe uma panorama única, verdadeiramente singular: - Um
pôr-do-sol que a sua retina (estamos certos) jamais esquecerá, matizado de
magia e misticismo, prenhe de nostalgia e de um radiante e terno esplendor,
capaz de lhe vibrar a alma, de ternura e paz, lha encher de luz da mais sublime
candura e espiritualidade
Depois não deixe de ver a postagem anterior - Onde encontrará mais informação
Pelas 20h44
horas, os participantes na ação podem testemunhar a passagem dos raios solares
sobre o eixo da Pedra do Solstício - também já conhecida pelo Stonehenge
Português - numa imagem de grande simbolismo histórico e místico - Trata-se de
um imponente bloco granítico de forma arredondada, com três metros de diâmetro
e a configuração do globo solar e da esfera celeste, que se supõe ter sido
posto de observação astronómico e local de culto por antigos povos que
habitaram a área - Desde o neolítico e calcolítico, civilizações de que existem
abundantes vestígios
O "STONHENGE PORTUGUÊS"
FESTA DO SOLSTÍCIO DO VERÃO NA PEDRA DO SOL E PEDRA DOS POETAS, EM CHÃS, COM HOMENAGEM A FIGURAS GRADAS DA NOSSO CONCELHO -
As festas em sudação ao dia maior do ano, junto à Pedra do Solstício,
pretendem evocar antigas tradições ligadas aos ciclos da Natureza e ao culto
solar - Do programa, consta o cortejo
alegórico, cerimónia mística com gaiteiros e violinos, leitura de poemas
alusivos à estação, bem como homenagens na Pedra dos Poetas, ao investigador Adriano
Vasco Rodrigues, aos poetas Manuel Daniel e Hamilton Tavares, figuras gradas do
concelho e da região, que ao longo das
suas vidas, muito se têm empenhado em prol da cultura e do progresso
da nossa terra e das nossas gentes –E ainda ao antigo jornalista da TSF, Fernando Cepeda, falecido em Angola,
em Janeiro - Um transmontano de Bragança, que se apaixonou pelos Templos do
Sol, desde o primeiro dia em que aqui veio em reportagem.
Nascido em Bragança, em 23 de Julho
de 1955, Fernando Cepeda, trabalhou em vários órgãos de comunicação social
regionais como a Rádio Onda Livre, onde foi diretor de programas, a Rádio
Brigantia e Rádio Bragançana (RBA) e Jornal o Mensageiro Noticias e a revista
Loa. Além disso foi correspondente da TSF e do Diário de Notícias. Fernando
Cepeda também pioneiro da televisão na região transmontana através do
lançamento da TV Nordeste, Trabalhava,
ultimamente, em funções de assessoria, em Angola. Faleceu no
passado dia 9 de Janeiro, aos 57 anos
Não deixe de nos
acompanhar em mais uma festa da entrada do Verão – A beleza do
lugar, justifica a visita - Já nos referimos no post anterior - Mas é nossa
intenção dedicarmos, nesta postagem alguns dados biográficos dos nossos
homenageados - Se bem que, qualquer um deles, dispense apresentação.
18.30 –
Concentração no adro da Igreja
18.45 – Cortejo
druida – Do adro à Pedra da Cabeleira e Pedra do Sol,
com a presença
dos gaiteiros de Mogadouro - Grupo Lua Nova e dueto de violinos constituído por Gustavo Delgado e Olena Sokoloska, que já participou na Celebração do Equinócio da Primavera, em 2009
20.00 – 20.45 –
A celebração do Solstício – com início das homenagens aos poetas: Dr. Manuel
Pires Daniel e Hamilton Tavares – Ao arqueólogo e prof. de história de
arte, Adriano Vasco Rodrigues. E ainda ao Jornalista Fernando Cepeda, antigo
correspondente da TSF em Bragança, falecido aos 57 anos em Angola, no dia 9 de Janeiro
- E que, por várias vezes, se havia deslocado em reportagem a este local , bem
como feito a cobertura de vários eventos no nosso concelho.
22.00 horas –
Noite Sanjoanina na aldeia – Com os comes e bebes tradicionais
Apoios: Junta de
Freguesia de Chãs e Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa - E ainda a
colaboração da Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Chãs; Associação Banda
Cultural e
Recreativa de São Caetano;Clube Caça e Pesca de Muxagata e Chãs; Foz Côa Friends Associação e
dos proprietários dos sítios onde se situam os dois monumentos pré-históricos.
MONUMENTOS ÚNICOS EM
PORTUGAL - ALINHADOS COM OS EQUINÓCIOS DA PRIMAVERA E OUTONO E DOS SOLSTÍCIOS
DE VERÃO E DO INVERNO - DAÍ NÃO HAVER LUGAR MAIS APROPRIADO PARA SE SAUDAR O
DIA MAIOR DO ANO
Os calendários solares, existentes no Monte dos
Tambores e Mancheia, aldeia de Chãs, que a astroarqueologia classifica como alinhamentos sagrados, situam-se no afloramento granítico
dos Tambores e Mancheia, na vertente superior e no planalto da margem
direita ao Vale da Ribeira Centieira, em cujo curso, a jusante, se situam
as gravuras dos Piscos, um dos principais núcleos da arte rupestre paleolítica,
Património da Humanidade - Trata-se, com efeito, não apenas de
fantásticos observatórios astronómicos pré-históricos, como também de locais de
culto e de centros energéticos - Tom Graves, radiestesista e o autor de Agulhas de Pedra - A Acupunctura da
Terra , famoso livro de investigação, sobre a influência da terra na alma e
vida do ser humano, no estudo que ali fez, em Outubro de 2008, vindo propositadamente
da Austrália, conclui que os referidos megálitos se encontram na confluência de
vários veios de água subterrânea - Mais informação da sua visita em http://www.vida-e-tempos.com/2008/10/tom-graves-veio-da-australia-para.html
..
.TOM GRAVES VEIO DA AUSTRÁLIA PARA ESTUDAR AS PEDRAS DO SOL - E ATÉ DEU UMA AULA DE RADIESTESIA NA ESCOLA SECUNDÁRIA, EM FOZ CÔA.
..
Esta é a maravilhosa terra
dos templos do sol e do Sagrado Vale do Côa - Estes são os lugares onde os
homens primitivos, ergueram fabulosos calendários solares em gigantes pedras de
granito - E também a área (perímetro) onde os homens do Paleolítico superior,
inscreveram fantásticas gravuras em placas de xisto - Património da
Humanidade. As Gravura
This is the wonderful land of the temples of
the sun and the Sacred Valley Coa - These are the places where primitive men,
erected fabulous solar calendars on giant granite boulders - and also the area
(perimeter) where men of the Upper Paleolithic, they entered fantastic pictures
on slate plaques – As Gravuras Paleolíticas
do Vale do Côa - World Heritage Site...
ADRIANO VASCO RODRIGUES – INVESTIGADOR, ESCRITOR, ETNÓGRAFO, ARQUEÓLOGO, DEPUTADO, PEDAGOGO, FUNDADOR E DIRETOR DE VÁRIAS REVISTAS – PUBLICOU MAIS CEM LIVROS E SEPARATAS.
“Vasco da Fonseca Rodrigues nasceu na Guarda, freguesia da Sé. A sua infância decorreu em Longroiva (Mêda), onde fez a escolaridade básica. Frequentou o liceu da Guarda até 1945, transferindo-se para o Porto. Ali frequentou a Escola do Magistério Primário, vindo a exercer a docência naquela Cidade, ao mesmo tempo que, como aluno voluntário, seguia Ciências Históricas e Filosóficas na Universidade de Coimbra, onde fez também o curso de Ciências Pedagógicas.
Obteve bolsa de estudo para se especializar em História da Arte Medieval na Universidade de Santiago de Compostela e também o Curso de Língua e Cultura Espanhola.”
Casou em 1956, com, Maria da Assunção Carqueja e Adriano Vasco Rodrigues, também ela uma reputada investigadora, ano em que ambos foram colocados no Liceu da Guarda. Em 1959 era professor no Liceu Normal D.Manuel II, no Porto, e regia o curso de Arqueologia Peninsular na Universidade do Porto.
“No começo da década de 1960 frequentou como bolseiro da Universidade de Bona o Instituto de Pré-história, onde estagiou em técnicas arqueológicas. Em 1965 partia para Angola, sendo nomeado Inspector Provincial Adjunto de Educação e ficando também a trabalhar no Instituto de Investigação Cientifica de Angola, repartindo a sua actividade pela formação de professores e actualização do Ensino e pela pesquisa arqueológica.
Regressando a Portugal no período da Abertura Marcelista foi incumbido de organizar e ser reitor do Liceu Piloto Garcia de Orta. Depois do 25 de Abril foi eleito deputado independente pelo CDS para a Assembleia da República (1976-83) e ali também eleito para a Assembleia do Atlântico Norte com os deputados Dr. Jaime da Gama, Dr. José Luís Nunes e Eng. Ângelo Correia. Naquela Assembleia foi designado relator da Comissão de Direitos Humanos. Foi Governador Civil do Distrito da Guarda (1982-83); Director-Geral do Ensino Particular e Cooperativo (1983-86) e, por concurso internacional, Director da Schola Europaea (U.E.) de 1988-89-1996), sendo até agora o único português a ocupar este cargo. Professor – associado de História da Arte na Universidade Livre e na Universidade Portucalense, de que foi um dos dez fundadores.
Escreveu ainda as monografias de várias vilas e cidades do distrito (Guarda, Pinhel, Valhelhas, Mêda, Celorico da Beira, Trancoso, entre outras). Tem uma vasta obra publicada, repartida pelos campos da História e da Arqueologia” O Dr. Adriano Vasco Rodrigues é Director Jubilado da Schola Europaea, foi agraciado com vários louvores e condecorações, nomeadamente com a Comenda da Ordem do Infante D: Henrique” – Excertos recolhidos na Net
Adriano Vasco Rodrigues é uma referência nos Templos do Sol. Para além do arqueólogo, etnógrafo e historiador, atrevo-me mesmo a dizer que é também o místico, o profeta e o adivinho. Foi ele que, em 1982, trouxe à luz do conhecimento científico o Santuário Rupestre da Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora, no Monte dos Tambores, em Chãs, nos arredores da minha aldeia.
Por essa altura, o atual professor da universidade portucalense, incumbido de elaborar uma monografia sobre a História Remota de Meda, apresenta à estampa a primeira alusão ao imponente megálito, ao qual, uns vinte anos antes, se deslocara com um grupo de amigos. É certo que o povo já tecia à volta do misterioso fraguedo, as mais díspares lendas e conjeturas. Sim, havia o pressentimento de que não era uma pedra qualquer. Dizia-se que a sua gruta havia servido de abrigo a Nossa Senhora, ao fugir do Egipto, com o menino Jesus ao colo para evitar ser degolado pelo Rei Herodes. E que, ao encostar os seus cabelos, no pequeno nicho, que se situa logo à entrada do pequeno portal que a atravessa, os mesmos cabelos negros, se haviam gravado para sempre, como que a perpetuar a sua apressada e atribulada viagem – Pois é, as lendas, por vezes, têm o seu cunho de verdade, outras, é necessário ir mais longe: decifrar-lhes como que os seus códigos. Foi o que fez o Prof. Adriano Vasco Rodrigues
“Em 1957, tive oportunidade de estudar a fraga conhecida com o nome da Cabeleira de Nossa Senhora, que classifiquei como santuário pré-histórico, integrado cronologicamente na revolução neolítica। Pelas suas características sugere a existência de um culto ao crânio, característico, na Península Hispânica, da transição do Paleolítico para o Neolítico, segundo o Prof. Pericot. A identificação com uma entidade feminina, que sofreu consagração à Virgem Maria, acompanhada de lenda popular, sugere um culto inicial à Deusa Mãe, símbolo da fertilidade”.- Excerto
Pois bem, creio que, se não fosse, o Prof. Adriano Vasco Rodrigues, ter-lhe atribuído valor arqueológico, nem sei mesmo se a dita pedra, ainda hoje estaria no mesmo sítio. É que, quando eu era garoto, a laje em que assenta, só não foi toda cortada a fogo de pedreira, talvez por uma qualquer intervenção miraculosa. Quem passar ao lado da face do curioso megálito, voltado a sul, vê perfeitamente até onde chegaram os golpes da marra de pedreiro. Se porventura, ele não lhe tivesse dado visibilidade histórica, classificando-a como local de culto, uma segunda investida, por mais uns escassos metros, teria ditado o fim do seu desafio às leis da gravidade: que é o que parece demonstrar, tal a inclinação em que se encontra a testa do gigante pedregulho no periclitante apoio em que assenta e sobressai o seu frontispício, debruçado de oriente para ocidente. Oh, sim, Deus criou a Terra, o Universo, mas foi o saber do Homem (concebido à imagem da sua semelhança), que o aperfeiçoou e o moldou – Embora, quantas vezes, o culpado da sua destruição. Mas não é o caso do Prof. Adriano Vasco Rodrigues, pelo contrário: ele desterrou e valorizou património, soterrado e perdido por sedimentações dos séculos e milénios, classificando-o, recuperando-o e trazendo-o à luz do conhecimento dos nossos dias, não o destruiu nem sepultou e muito menos foi seu coveiro, que é o que certa incúria e insensibilidade tem cometido.
Estou absolutamente seguro de que foi a sua visão intuitiva, a sua sensibilidade poética e artística, de um verdadeiro mago e profeta, que evitou a perda de um dos mais antigos e belos calendários solares. Pelo menos, eu não teria sido tentado a desvendar-lhe os últimos segredos: quando, em Setembro de 2002, um feliz acaso me levaria a aperceber-me de que havia justíssimas razões que corroboravam com as teses que defendia, no seu livro, História Remota de Meda – Ele foi o meu guia e orientador – desde a instrução primária que me lembro de ouvir falar do professor que, um dia, se deslocou às míticas fragas dos Tambores, atraído pelas lendas que o povo contava, acerca da Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora, e, certamente, também dos fabulosos contos, que eram narrados em torno do Castelo Velho, da Cova da Moura e do Curral da Pedra, antigos castros - pois, como é sabido, a voz do povo é a voz de Deus e nunca se engana. Ele sabe, com certeza, que “devemos ouvir, mais do que ler a palavra de Deus, porque a Fé vem pelo ouvido”.
Jorge Trabulo Marques
O HOMEM PERANTE O UNIVERSO
MANUEL DANIEL – UMA VIDA INTENSA E
MULTIFAÇETADA – ADVOGADO, POETA, ESCRITOR, DRAMATURGO E O HOMEM AO SERVIÇO DA
CAUSA PÚBLICA
É outra das
figuras que vamos homenagear na Festa do Solstício. Manifestamos-lhe esse
desejo, em nome da Comissão das Celebrações, agradeceu-nos a intenção mas não
foi fácil convencê-lo - A sua vida tem sido pautada pela dedicação mas também
pela descrição. Ao saber que lhe íamos publicar o seu currículo no OFOZCOENSE,
chegou a contatar-nos através do Pedro Daniel, seu filho - pois nesse
dia, ia ser operado à vista - para desistirmos da publicação. Mas já
estava no prelo. E, sem com isto pretendermos desrespeitar a sua
vontade, entendemos que era um ato inteiramente justo e merecido: pois, nada do
que escrevemos, e que aqui vamos transcrever, é senão (mesmo assim, muito
sumariamente), apenas alguns pormenores de uma vida intensa - No plano
profissional e no intelectual. Pelos seus versos perpassa o que de melhor têm a
poesia portuguesa - Domina com mestria os mais diversos géneros poéticos
e neles se expressa, a par de um profundo sentimento de religiosidade, o
amor à terra, à natureza, aos espaços que lhe são queridos, suas
inquietações e interrogações, sobre a efemeridade da vida e o destino do
Homem - Em Manuel Pires Daniel, não há jogo de palavras mas palavas que vêm do coração, que brotam
naturalmente, como água da melhor fonte, que corre das entranhas do xisto ou do granito da nossa terra.Também não poderia haver dia e local mais adequado de que na celebração
do solstício para lhe exprimirmos publicamente
a nossa admiração.
Manuel Joaquim Pires Daniel, nasceu em Vila
de Meda (hoje cidade) em 18 de Novembro de 1934. Sem dúvida, um
admirável exemplo de labor e de tenacidade, de apaixonado pelas letras e
de sentido e dedicação ao bem comum. Mal concluiu a instrução primária, aos 11
anos, ei-lo a fazer-se à vida - Era ainda uma criança mas já
tinha de começar a pensar no futuro.
Uma vida intensa e preenchida - A partir dos
20 anos de idade , propôs-se e fez os exames do ensino secundário e
frequentou, como voluntário, o curso de 1973-1978 da Faculdade de Direito da
Universidade de Coimbra, por onde veio a ser licenciado.
Advogado, escritor, poeta, dramaturgo,
estudioso, um homem de cultura, tendo dedicado muitos anos da sua
vida à função pública e à vida autárquica. A par de vários
livros de poesia, colaborações de artigos e poemas na imprensa regional e
nacional, bem como em jornais brasileiros, prefácios e a
coordenação em várias obras, é também autor de 40 peças de teatro, nomeadamente
para crianças, 20 das quais ainda inéditas. Muitos dos seus poemas foram lidos
por Carmem Dolores e Manuel Lereno, aos microfones da extinta Emissora
Nacional, em “ Música e Sonho”, de autoria de Miguel Trigueiros –
Considerado, na época, o programa radiofónico mais prestigiado - Mesmo
assim objeto de exame censório, tal como atestam os arquivos.
Mas não menos relevantes são as letras que vêm a
ser musicadas e gravadas em discos e cassetes - Interpretadas
por Ramiro Marques, em EP nas canções “Amor de Mãe” e “Amor
de Pai”, pela Imavox, em 1974 – E, também, anos mais tarde, as letras para um “Missa
da Paz” e coletâneas temáticas sobre “Natal e Avós” E, com música de
Carlos Pedro, as “Bolas de Sabão”, “Ciganos”, “Silêncio” e outros pomas.
Manuel Daniel, atualmente, mais dedicado à
advocacia, lá continua com a mesma entrega de sempre às causas que lhe são
confiadas, gozando do mesmo prestígio e seriedade, que tem tido desde o
principio da sua carreira.
Depois de breves passagens por Pombal, S. João da
Pesqueira e Reguengos de Monsaraz , em 1971, fixou-se na cidade de Vila
Nova de Foz Côa, que adotou de alma e coração, Grande devotado à vida
municipal e ao estudo e divulgação do património cultural e histórico das
nossas gentes, personalidade bem conhecida e respeitada no nosso concelho e na
região. Tendo o município fozcoense, do qual foi Presidente da Assembleia
Municipal, durante 12 anos, e, durante 23, na qualidade de provedor
da Santa Casa da Misericórdia, lhe atribuído o “ Diploma de Mérito”
- Distinção inteiramente merecida e aprovada por unanimidade.
Indubitavelmente, se há homens que dedicam a sua
vida à causa pública, com total entrega, honestidade, inteligência e dedicação,
Manuel Daniel, é um desses raros exemplos – Sim, e num tempo em que vão
escasseando exemplos dignos de referência: ele pode olhar para o seu passado,
com orgulho e de cabeça erguida - De uma longa carreira, com
desempenhos nas tesourarias e repartições de Finanças da Meda, Pombal, S.
João da Pesqueira, Reguengos de Monsaraz, Vila Nova de Foz Côa e Guarda,
culminando como dirigente superior da Direção Geral do Tesouro, no Ministério
das Finanças, onde foi responsável pelos serviços técnicos e financeiros das
Tesourarias da fazenda Pública.
A par da sua vida profissional, foi ao mesmo
tempo desenvolvendo o gosto pela literatura e manifestando o seu apego ao
jornalismo - Lendo as obras dos melhores autores, escrevendo poemas, contos e
peças infantis - Em 1960, lança o seu primeiro livro de poemas, “Caminhada
Imperfeita”. Seguem-se as peças de teatro, “Auto da Juventude” e
“Loures”. Depois , em 1965, vê editadas as obras: “A História da Carrocinha”
(versão para BD); Grão de Bico/Arado; Ac.Cat. Rural; “Auto Sacramental do
Baptismo” – Revista Catequista. - Em 1970, surge com o jogo
cénico “Eram Meninos como nós”. Mais tarde, em 1983, publica na Revista Altitude,
“ O galo canta à meia-noite” e “Entremez da Ribeirinha”. Em 1999, profere uma
conferência na C.M. de Meda, sobre “O feriado Municipal de Meda e S. Martinho”,
que é editado pelo Município. Tem inéditas, cerca de uma vintena de peças de
teatro, a maior parte das quais para crianças e jovens e um conjunto de contos
que intitulou “Histórias ao Espelho”.
Muitos são os títulos das suas obras literárias,
pelo que, numa breve resenha, seria difícil enuncia-los a todos,
além de que, alguns permanecem inéditos – E oxalá um dia possamos ter o
prazer de os ver publicados. Mas, já agora, não deixarei de citar “A
Porta do Labirinto”, um belo livro de poemas e vários textos, que
amavelmente nos autografou no seu escritório, edição da C.M de Foz Côa,
2004 . Pois, além da belíssima poesia, conta ainda com vários contos de ficção
e verídicos (“O primeiro milagre das rosas”, “O LOLA”, “A morte da bezerra”) ;
intervenções públicas, Um prefácio, de “O Jogo – uma constante da vida”, de
Maria de Lurdes Vieira Lobão Lourenço, ed. C.M de Meda, 1991; Textos de
teatro: “Teatro às vezes”; “Lar doce Lar”; “O AUTO DA ÁGUA”, em um acto e em
verso; “Auto de Natal”; “A MÙMIA
Recuando ainda no tempo, Manuel Daniel,
coordenou as várias obras editadas pelo município, nomeadamente
“Foz Côa Solidária, em 1977. E, por ocasião do centenário do nascimento
do Dr. José Silvério de Campos Henriques Salgado Andrade, em 2002, coordena uma
publicação lembrando o médico, o autarca, o poeta e o homem solidário, seguida
de uma conferência.
E, além do prefácio, atrás citado, “O Jogo,
uma constante da vida”, escreveu também outros para “Ex-votos” – livro de
Hamilton Tavares; em 1997, “Amargo e doce, meu poema” - de Emília
Faustino Baptista; em 2003, “O Mal” – peça de teatro sobre o “Homem
Macaco”, de Américo Rodrigues.
Em termos jornalísticos, iniciou a suas primeiras
colaborações, em 1954, em “Luz da Beira”, jornal da sua terra natal, que
ajudaria também a fundar, colaboração que manteve durante 20 anos, creio
que até à sua extinção. Nesse recuados anos, estendeu ainda o seu
contributo jornalístico aos jornais a ”Palavra”, de Reguengos de Monsaraz –
1964-1968. Em Moura, colabora com a “Planície”- 1961- 1962. Foi também cofundador
e diretor do boletim intermunicipal “ Terras e Gentes” dos municípios de Meda,
S. João da Pesqueira e V.N. de Foz Côa, de 1986 a1995; Colaborou na Rádio
Altitude, da Guarda (1973-74), com a crónica dominical “O jornal da casa,
um palito e um copo de água”;
Posteriormente, já com residência em Foz Côa, publica
vários artigos na “Coavisão” edição do município. Foi colaborador da “Capital”,
na “Defesa” e na revista “Solidariedade” – Continuando a ser um dos mais
considerados e ativos colaboradores do jornal “O Fozcoense”
CAMINHO
Não procures em riquezas em lugar
onde ninguém as deva procurar.
A riqueza é só uma. Quem procura
fortuna jamais vive com ventura.
Há tanto engano nesta vida errada!
Para quê seguir o que não brilha nada?
Segue caminho em busca de outra luz...
A estrela de Belém leva a Jesus...
Manuel Daniel – In A Porta do Labirinto
Hamilton Tavares, professor, natural de Vila Nova de Foz Côa,
autor de vários livros de poesia e colaborador da imprensa regional - Atualmente
com a saúde fragilizada, mas não vencido. É um poeta regionalista, é certo,
mas, com um
pensamento que ultrapassa o espaço e o tempo. Ele vai buscar motivos de inspiração a tudo
quanto o rodeia e sensibiliza: às nossas gentes e aos seus costumes e tradições,
ao clima, às belezas naturais do nosso
concelho.
Nada passa despercebido ao seu olhar atento e à sua sensibilidade poética –E, como poeta que é, inteiramente ligado à natureza, não
poderia haver melhor lugar do que, nos Templos do Sol, para aqui lhe prestarmos
uma singela homenagem – Confessa ter “o gosto de subir aos palcos, para recitar
poemas da sua lavra e de autores portugueses, que os há, tão belos como
abundantes!” – Mas nós também gostamos de ler os seus versos – E é o que vamos ali fazer.
O autor de “Ex-Votos”, livro exclusivamente dedicado à devoção à Senhora da Veiga, e o livro “Gravuras e pedras que falam”, entre outras obras. Mais de que os títulos que deu à estampa, que logrou editar graças ao apoio do Município, escreveu muitos poemas – Foi muito diversificado, bastante prolífero na sua criatividade.
“(...) Ora quando as Gravuras
Rupestres deixaram o seu prolongado isolamento e
solidão para subirem às luzes
da ribalta, como fozcoense e, talvez também por, de
certa maneira os palcos estarem metidos de permeio, rejubilei! Sem dúvida que
tão belo evento teve em mim grande influência. E nasceu a ideia de associar os
seus belos perfis e atitudes, os versos dos meus sonetos que, sendo neles
inspirados, traduziram a sua própria poesia, “pensamento” e “verve”... Já que
não poderia ser eu o principal protagonista, enfim, do mal a menos.
(...) Reconheci depois que na parte abrangente do
Vale do Côa, ou melhor, no Concelho de Vila Nova de Foz Côa, para
não ir mais longe... existem também outros valores, outras “pedras” que não
poderiam ficar esquecidas, porque muitas delas, além de falarem, até sabem
ler... e filosofar, tendo cada uma sempre uma história a contar, quantas vezes,
velhinhas de séculos! São as freguesias, as suas gentes, os seus valores.
Alcandoradas pelos outeiros, coloridas, humanizam os campos deste “jardim à
beira mar plantado.”
Os motivos que lhe serviram de inspiração, e tão diversos foram, cuja fonte embebeu das coisas simples: que viu, sentiu, viveu, observou, religiosas ou pagãs, da sua afinidade e identificação com as gentes e as terras que o viram nascer, dir-se-ia situarem-se no plano universal, visto nos transportarem, simultaneamente, a uma consciência mundividente. Tal como Camões cantou a epopeia marítima, Hamilton versejou as gravuras rupestres (Património da Humanidade) quase da mesma maneira, como se de uma autêntica epopeia, se tratasse – Enquanto, os arqueólogos, praticamente se limitam a descobrir a datação, a representação, o estilo, se é uma cabra ou é um touro, ave, peixe ou veado e dificilmente entram no domínio dos sentimentos, ele encontrou, em todas as aqueles desenhos, em todos aqueles rabiscos, mais ou menos estilizados ou figurativos, com dimensões pequenas ou grandes, verdadeiros episódios ou fabulosas comédias de vidas.
Pois, vá-se lá ver por que razão haveria de descobrir “nas gravuras que os
nossos antepassados plasmaram no xisto” o “Amor fértil” ou os “Prelúdios do
amor”; de “Sadismo” ou de “ Fogo Paleolítico”; motivos
de “Alma danada” ou do “Churrasco paleolítico” – Estes apenas alguns
dos muitos temas que lhe serviram de inspiração. Mas, também , em cada uma das
povoações do concelho, na sua cidade, ao lugarejo mais esquecido ou
perdido, por onde quer que andarilhou, não se esqueceu de
poetizar as amendoeiras, as videiras, as figueiras, as sementeiras,
as colheitas, as pescarias no Côa ou no Douro, os monumentos, o
moinho de vento ou do rio, o lagar de azeite, os fornos
comunitários, a matança do porco, as fontes, o foguetório, a fauna, a
flora, o clima, os homens, as mulheres e as crianças.
Nada escapou ao seu olhar atento e à sua sensibilidade
poética. E não se julgue que apenas por meros devaneios
imaginativos: “Recordo quanto custou, e transpirou, a subida do morro do
castelo de Castelo Melhor; mais ainda uma íngreme encosta... (...) “apenas
algumas escoriações e uma perna a doer, protegido pela sorte ou por algum anjo
da guarda, levantei-me, para continuar...Porém, uma decisão bastante forte
passou para o subconsciente: no próximo livro, nada de fotos, nem figuras; na brancura do papel/letras pretas a granel... E
será tudo.
Diz, Manuel Joaquim Pires Daniel e Sotero Francisco Mariano Monteiro, no
final do prefácio de as “Gravuras e as pedras que falam” que “É
nossa convicção que se trata de uma obra bastante original, na sua concepção e
na sua realização, e que, ao longo destas páginas, o leitor poderá peregrinar
com muito proveito pelas terras deste município, quer acompanhando o Autor no
ritmo do seu entusiasmo, quer deleitando-se nas palavras com que, em prosa e
verso, o Prof. Hamilton Tavares descreve cada uma das povoações e
nos ajuda a contemplar o seu património e as belezas das suas
paisagens”
ENREDO
No enredo das nossas próprias linhas,
Nós lembramos dos Cosmo a miniatura:
O autor, sempre presente, sem figura;
Constelações de muitas estrelinhas;
Largos espaços, linhas bem juntinhas;
A incerteza de uma noite escura;
Buracos negros, nesta pedra dura
E o purgatório triste das alminhas.
A envolver-nos, o azul do céu,
O Omnipotente, o Criador Eterno;
Nossa Via-Láctea feita névoa – um véu...
E o frio sideral, o do inverno,
- Coitadas! pobrezinhas! sempre ao leu”
Queimadas pelo sol do nosso Inferno!
Hamilton Tavares – In Gravuras e pedra que falam
Foi em Outubro de 1995. Estava-se em plena polémica das gravuras. Encontrei-o a meio da tarde desse dia, em Foz Côa, e já de regresso do Vale do Côa, para onde fora destacado, em reportagem, pela revista Visão. Embora visivelmente cansado da jornada, saudou-me com um ar de muita satisfação e alegria, parecendo não dar por perdido o esforço da sua missão, cujo contentamento acentuou ainda mais quando me perguntou se eu era daqui. Respondi-lhe que era natural de uma aldeia que também tinha bonitas gravuras, no seu termo, as da Quinta da Barca, junto ao Côa, e uma fragas muito curiosas, nas proximidades, que gostaria que visitasse.
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