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terça-feira, 28 de julho de 2020

Benfica - Glórias do passado - Dos anos 40 e 50 - Francisco Moreira - 29-04-1915 – 11-11-1991 –“O Pai Natal” - Figura de proa e das mais velhas das hostes benfiquistas “Eu ganhava dois contos e quintetos; agora estão a ganhar 700, 800 mil e mais. Deixei de ver a bola, não me interessa a bola – Declarava-me, desapontado, em 1986, numa rara entrevista, que hoje aqui recordo, concedida num café do Barreiro, donde era natural e onde iniciara a carreia a brilhante carreira, ao mesmo tempo que trabalhava na Lisnave como operário


Jorge Trabulo Marques - Jornalista e foto-jornalista

13 anos a médio de defesa central -  Jogou na seleção Nacional e participou na conquista  seis campeonatos e uma Taça Latina para o Benfica

Foi uma das principais figuras  no ciclo dourado de 1947, quando Portugal bateu a Espanha pela primeira vez e se estreou a vencer na condição de visitante, na República da Irlanda. Reconhecido como um “Médio com enorme disponibilidade para a luta, fazia tudo em esforço sem preocupações de ordem estética. Em nome da paixão pelo jogo e do amor pelo Benfica.

Começou a jogar aos 14 anos no futebol de praia. E, mesmo quando jogava, no Barreirense,  trabalhava na Lisnave, “com um “revolver” nas mãos ( máquina de cravar rebites nos barcos)
Tinha 71 anos quando o entrevistei – Confessou-me que ainda podia até ter jogado mais tempo mas os adversários, nomeadamente do lado dos Sportinguistas, apodavam-no do Pai Natal, pois o que desejavam era vê-lo fora das quatro linhas: não tanto pelo seu desmérito ou redução das suas condições físicas mas por ser um dos mais talentosos jogadores, a meio-campo, um dos mais categorizados distribuidores de jogo, que mais contribuía para as vitórias benfiquistas
“Lá vai cavilha nas pernas” .- Era este, de algum modo, o lema dos pioneiros tempos do futebol, naquela altura, em que valia tudo; o que contava não eram as técnicas, as fintas ou os dribles artísticos , a disciplina mas marcar golos: De uma vez levou oito pontos.
Apelidado  de "Chico da Badana"  e pelo alcunha de Pai Natal – Por ser o jogador mais velho na equipa da luz - Quando deixou o Benfica, aos 37 anos, fizeram-lhe uma festa  de solidariedade – Com os fundos angariados  pôde então comprar uma casa.




Eu jogava “choco a choco” com a bola – Mas o jogo era aduro e, num jogo, em Coimbra -   Académica – Benfica , levou uma valente biqueirada, que lhe deixou maracas numa das pernas para o resto da vida

 Numa final da Taça de Portugal, Benfica- Sporting, o jogo terminou empatado a 4x4 – Dizia que “era bola para lá bola para cá. Nas penalidades, a equipa da Luz teve mais sorte, ganhou por 5x4

Depois de abandonar o futebol emigrou para a Holanda trabalhando para a KLM no aeroporto de Amesterdão.

Regressado a Portugal foi contínuo num Grémio onde se reformou.
Faleceu em Novembro de 1991,sendo sepultado em Vila Chã.
Nasceu no Barreiro Velho em 29 de Abril de 1915. E faleceu aos 76 anos, em 11 de Novembro de 1976

O QUE É DITO DA HISTORIA DO  BARREIRENSE – “No início do século XX, um grupo de aprendizes das oficinas dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste fundaram uma agremiação a que deram o nome de Sport Recreativo Operário Barreirense, que foi crescendo e beneficiando da extinção de outras coletividades para aumentar o número de sócios. No entanto, dificuldades financeiras levaram o clube a proceder a uma profunda reorganização interna e, em assembleia geral realizada a 11 de abril de 1911, foi decidido que tendo como base esse clube nascesse o Foot-Ball Club Barreirense.



Hoje nos campeonatos distritais, o Barreirense já foi um dos clubes mais importantes do futebol nacional. Na década de 1930, foi duas vezes finalista do Campeonato de Portugal, perdendo em 1930 para o Benfica no prolongamento e em 1934 para o Sporting.



Na I Divisão também foi presença assídua nos anos 1950, 1960 e 1970, tendo como melhor classificação o quarto lugar obtido em 1969-70, que valeu a qualificação para a Taça das Cidades com Feiras, precursora da antiga Taça UEFA e atualmente Liga Europa, em que defrontou o Dínamo Zagreb: 2-0 no Barreiro, 1-6 na Croácia.



Se olharmos aos craques que se formaram e passaram pelo Barreirense, dava para construir um plantel histórico de fazer inveja a muitos clubes portugueses. As faces mais visíveis foram o guarda-redes Bento, o médio Carlos Manuel, os extremos José Augusto e Fernando Chalana e mais recentemente o lateral direito João Cancelo. Mas há mais: Adolfo Calisto, Carlos Gomes, Frederico, Nelinho, Neno ou Arsénio. O treinador Paulo Fonseca também fez grande parte da formação e da carreira de futebolista profissional no clube, assim como o atual capitão do Belenenses SAD, Gonçalo Silva.



Em 24 presenças na I Divisão, foram mais de duas centenas os futebolistas que jogaram pelo Barreirense no primeiro escalão. Vale por isso a pena recordar os dez que o fizeram por mais vezes. https://davidjosepereira.blogspot.com/2020/04/barreirense-jogadores-faneca-bandeira-silvino-mira-vasques-jose-joao-faia-correia-pinto-ricardo-vale.html?spref=fb



António Variações – Entrevista antes de ser famoso “Visto-me da maneira como me sinto bem!... Mais nada! …Tenho preocupações estéticas mas nunca de modas!...” Declarou-me no final de um espetáculo na discoteca Trumps em 1982



  JORGE TRABULO MARQUES - JORNALISTA  - As fotos de António Variações foram extraídas da Net, onde nem sempre é fácil saber-se queM fez os registos.  - Outras dos álbuns  - Os meus agradecimentos aos seus autores

JTM - ANTÓNIO VARIAÇÕES,- Você que é cabeleireiro e também artista: por que é que não envereda pela carreira artistica? - - Eu quero!..... Isso, para mim, está cima de tudo! 
Agora, que se está a desenhar uma carreira, vou agarrá-la o mais que eu puder, claro!- 

Infelizmente, por pouco tempo: morreu há 36 anos - No dia 13 de Junho de 1984, em consequência de uma broncopneumonia bilateral grave 

UMA VIDA BREVE MAS INTENSA E CHEIA DE EMOÇÕES  - Chamou a si o apelido artístico de António Variações - De seu nome completo,  António Joaquim Rodrigues Ribeiro, filho de camponeses minhotos  – Nascido na  aldeia  Lugar do Pilar, freguesia de Fiscal em 3 de Dezembro de 1944, tal como muitas crianças da sua  em 1957, partiu para a capital  para se lançar na vida  - Tal como sucedeu  a quem não tinha posses para estudar ou não era aceite no seminário - Donde fui exluido ao cabo de 2 meses depois de uma dura experiências de marçano em Lisboa-



PERDEU-SE  DA  CANÇÃO PORTUGUESA,  UM LEGÍTIMO SUCESSOR DA AMÁLIA RODRIGUES  - AOS 40 ANOS 

A sua voz era calorosa e genuinamente Lusa, com as tonalidades da alegria minhota  - Se a morte, o não tivesse levado tão cedo, poderia ter hoje a projeção de Amália Rodrigues, de que se confessava  grande admirador tendo-lhe dedicado um dos seus mais populares temas musicais

Conheci-o, pela primeira vez, num espetáculo noturno do Ritz Club, na Rua da Glória, quando ainda ensaiava os caminhos da fama  -  E também o visitei na sua barbearia, tendo aproveitado para cortar o cabelo, que, geralmente, me era cortado por outro famoso cabeleiro, o Zé Carlos, numa loja do Hotel Sheraton, Metro de  Picoas, em Lisboa - Sim, porque, antes cuidar da imagem que desbaratar o salário em álcool ou em pópós - Que não tenho.

Era mais velho um ano, que eu - Falámos da nossa adolescência: ambos fomos marçanos  nas velhas mercearias de Lisboa - E, pelos vistos, ainda crianças - Tal como recordo neste ideo e em   http://www.odisseiasnosmares.com/2019/10/lisboa-dos-anos-50-marcano-aos-12.html



O tópico amolador na Calçada de Santana, onde aos 12 anos ali ouvia vários pregões.

ANTÓNIO VARIAÇÕES -  A  GRANDE ATRAÇÃO DE UMA "NOITE TROPICAL", EM NOITE FRIA DE DEZEMBRO DE 1982 -  Num ambiente de personagens burlescas, entre a alegoria ultramoderna e o fantasgórico: onde predominavam as cores brancas e negras - Algumas assumidamente dráculas ou travestidas de  andorinhas - Mas, onde a sua presença ainda mais se  destacava, tanto pela voz como pela sua imagem simpática, sigular e que nunca descaía para a banalidade e o trivial  rídiculo.  

Do lado direito  - O  Busto na terra natal de António Variações   - Foto registada pelo poeta e declamador Euclides Cavaco, quando ali fez a apresentação dum livro na terra Natal do Variações



 António Variações, o artista convidado para a abrilhantar a festa na discoteca Tramps, naquela noite destinada angariar fundos para uma instituição de caridade. “Questionado, no fim do espetáculo, se gostava deste ambiente noturno, respondeu-me:
"Gosto!...   Não tanto como gostaria, porque tenho outras atividades durante o dia e um horário a cumprir, que não dá para grandes noitadas!... Tenho de estar de manhã acordado!..  

JTM – António Variações: você apresentou aqui alguns temas que ainda não foram apresentados em disco

A. V. - Três temas que hoje aqui apresentei vão ser incluídos no meu próximo álbum em 3 de Fevereiro de 83: é o tema que eu dedico a Amália, que se chama  Voz-Amália-de-Nós, outro que se vai chamar “Nostradamus”  e outro tema, que se chama “O Corpo é Que Paga

JTM - Você que é cabeleireiro e também artista: porque é que não envereda pela carreira artista”

A.V. - Eu quero!  Eu queria! Isso, para mim, está cima de tudo! Agora que se está a desenhar uma carreira, vou agarrá-la o mais que eu puder, claro!

JTM – Você é um homem moderno!  Prá indumentária que enverga!... Considera-se mesmo um homem moderno?!
A.V. – Não, não! Eu não tenho preocupações para parecer uma figura moderna!... Eu arranjo-me para mim!.. Visto-me para mim!...Da maneira como me sinto bem!... Mais nada! …Tenho preocupações estéticas mas nunca de modas!...

JTM - Aliás, de uma forma original!... Será para chamar atenção  o é o esse o seu estilo?
A.V – É para me sentir bem comigo
JTM – Tivemos muito gosto! E votos para que continue a brilhar na sua carreira

 “SOU UMA CORUJA” - Disse o Gilberto, ator de telenovelas brasileiras 

O espetáculo  foi apresentado pelo  ator brasileiro, Gilberto, então muito conhecido por ter participado na telenovela Cabocla, que me declarou ter  sido “uma brincadeira que a gente fez papeis de travesti burlescos e cómicos para angariar fundos de caridade para um asilo de velhinhos: eles me convidaram e eu participei numa boa – Confessou-me que adora a noite: de dia durmo! Sou uma coruja!

Também o poeta e pintor, Jorge Rosa, se declarava “um amante da noite e desvendador dos seus mistérios”: “A noite diz-me tudo!... A noite conversa comigo! Segreda comigo! Namora comigo!... Faz amor comigo!... J
Jorge Rosa, artista plástico multifacetado, com uma obra invulgarmente extensa, considerando os variados campos da arte a que se dedicou, nasceu a 8 de Março de 1930 e morreu a 9 de Agosto de 2001https://salfino.blogs.sapo.pt/2506.html

Para o jornalista, Manuel Neto, “a noite diz-me mais que o dia!” Questionado se tivesse que descrever o ambiente da noite, como faria, respondeu: “diria que é um ambiente de negro ou funeral para comemorar um aniversário” – De facto, muitas das vestimentas da noite, eram ao estilo de dráculas”, se bem que também houvesse roupagens inspiradas no mais avançado glamour da moda
Experiências de um jornalista com pincel  Desde pequeno que gosta de pintar. Seguiu carreira como jornalista, mas recentemente descobriu que precisava de algo mais. Foi assim que, aos 53 anos, Manuel Neto trocou a caneta e o bloco de notas pelo pincel e pelo acrílico. .https://www.jn.pt/arquivo/2006/experiencias-de-um-jornalista-com-pincel-562146.html

Carlos Castro, ainda longe de sofrer o brutal homicídio em Nova Iorque, era outra das habituais presenças na mais famosa discoteca lisboeta, confessando que tinha tempo para estas festas e outras coisas. Como a cassete, estava no final da fita, foram escassas as palavras mas o bastante para fazer passar a sua mensagem.

 Carlos António Castro (Moçâmedes, 5 de Outubro de 1945[1] - Nova Iorque, 7 de Janeiro de 2011) foi um jornalista, escritor e cronista social português.[2] - No dia 7 de Janeiro de 2011, foi encontrado morto, sem roupa, com sinais de ter sido agredido na cabeça e sexualmente mutilado.[7] A defesa de Renato Seabra (10 de Setembro de 1989) alegou perturbações psiquiátricas, uma estratégia rara nos Estados Unidos e que não teve êxito - Excerto de https://www.sabado.pt/portugal/detalhe/carlos-castro-foi-assassinado-brutalmente-ha-oito-anos



 ANTÓNIO VARIAÇÕES  - INEGUALÁVEL  NA SONORIDADE DA VOZ CALOROSA E  ENÉRGICA
É P'ra Amanhã" ou "O Corpo É Que Paga"? Durante o Verão de 1983 Variações é muito solicitado para espectáculos ao vivo, sobretudo em aldeias por este país fora. Em Fevereiro do ano seguinte, António Variações entra em estúdio com os músicos dos Heróis do Mar para gravar o seu segundo longa duração que se intitulará "Dar e Receber". O tema mais conhecido deste disco é, sem sombra de dúvidas, "Canção De Engate" que, posteriormente, se tornará um imenso sucesso numa versão dos Delfins. Em Maio desse mesmo ano dá entrada no Hospital e, no dia 13 de Junho de 1984, morre em consequência de uma broncopneumonia bilateral grave. Será sepultado, dois dias depois, no cemitério de Amares (Braga), perto da sua aldeia natal, com a presença de poucos músicos acompanhando o funeral. Com a sua morte desaparece um dos maiores renovadores da canção portuguesa das últimas décadas. No entanto o seu espólio musical foi sendo aberto e Lena d'Água edita, em 1989, o disco "Tu Aqui" que inclui cinco composições inéditas de António Variações.


Em Janeiro de 1994 é editado um disco de homenagem a António Variações que reúne, em torno de versões do cantor, os nomes de Mão Morta, Três Tristes Tigres, Resistência, Sitiados, Madredeus, Sérgio Godinho, Santos e Pecadores, Delfins, Isabel Silvestre e Ritual Tejo. Isabel Silvestre incluirá no seu disco de 1996 "A Portuguesa" o tema "Deolinda de Jesus" de Variações. Este tema, uma sentida homenagem de Variações à sua mãe (que se chama exactamente Deolinda de Jesus) é o contraponto de qualidade a todas as "Mães Queridas" e quejandos deste país. Em 1997 é editado o CD "O Melhor de António Variações", o qual recupera material editado em todos os seus discos. Em 2006 é editada a compilação "A História de António Variações - Entre Braga e Nova Iorque https://www.fnac.pt/Antonio-Variacoes/ia6976/biografia

“ERA UM SELF MADE MAN” –
Escreve Miguel Cadete – Diretor  do Blitz - Expresso

(..) “Faleceu na noite de Santo António, em 1984, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde estava internado no serviço de doenças infecto-contagiosas. A certidão de óbito dá como certa uma broncopneumonia bilateral extensa como a causa da morte, mas os cuidados postos na selagem do caixão levam a crer que era seropositivo e que foi uma das primeiras vítimas de sida em Portugal, o que não foi confirmado pelos médicos. Teresa Pinto Couto alternava com Jaime Ribeiro as noitadas passadas no hospital e o irmão ofereceu-lhe uns auscultadores para que pudesse ouvir as suas novas músicas tocarem na rádio. Os Heróis do Mar levaram-lhe as provas da capa do álbum. Ele só pedia, confirmou Carlos Maria Trindade, "que o tirassem dali".es-

(...) Jaime Rodrigues Ribeiro é um dos nove irmãos de António Variações. Sete anos mais novo do que o cantor, tem escritório de advocacia em Lisboa e é um dos principais interessados na recuperação da memória de Variações. Defende o Variações "fiel às suas raízes rurais, religiosas e educacionais", mas compreende a transição de cariz urbano. "Como ele veio cedo para Lisboa, começou a cultivar outros gostos, outras formas de estar e atitudes. O António só tinha a 4ª classe mas era um 'self-made man'. Apenas tinha a instrução primária."

Chegado à capital aos 12 anos, António Joaquim Rodrigues Ribeiro foi acolhido em casa de uns primos e empregou-se como marçano ("distribuía mercearias em casa dos clientes") e mais tarde, depois de tirar um curso de tipografia, como escriturário. Mas não era isso que mais ambicionava, pois nas férias da Páscoa ou do Natal, quando subia ao Minho para rever a família, demonstrava o seu interesse pela música, o fado em particular. "Passou a ser amante do fado, sobretudo da Amália, o grande ídolo. Quando ia ao Minho, levava revistas onde se falava da Amália, foi ele que nos cultivou o gosto do fado, coisa que não se ouve no Minho. Cantava fados da Amália lá no quintal, o que para nós era desconhecido. O que é certo é que gostávamos de ouvir", continua Jaime Ribeiro quando discorre sobre o gosto pela música que então a família descobria em António.

Recordo-o também, quando ele já tinha vinte e tal anos, numa dessas férias, a compor uma canção relacionada com a aldeia. Lembro-me da letra - 'todas as manhãs, bem antes do sol na montanha despontar; era acordado pelos camponeses que passavam a cantar; sempre a mesma animação; e eu senti então uma vontade louca de os acompanhar'. Este é um quadro muito próprio da nossa aldeia, pois próximo da nossa casa existia uma quinta para a qual se dirigiam ranchos de jornaleiros que passavam muito cedo, cantando enquanto se dirigiam para o trabalho. Isto é um paradoxo porque hoje vivemos num mundo de tristeza em que as pessoas têm tudo mas andam sempre cabisbaixas." António Variações nunca viria a gravar esse tema.

Depois do escritório veio a tropa. Em 1964, António foi destacado para Angola, durante a guerra, onde veio a operar na retaguarda, como especialista em mensagens cifradas. Cumpriu a comissão de três anos e quando regressava a Portugal, mesmo depois de cumprir o serviço militar, não podia sair do país sem autorização da polícia política dado estar em posse do sistema de descodificação de mensagens confidenciais do Exército. É com um certo enlevo que o irmão mais novo descreve as fotografias que António enviava do Ultramar, em situações diversas como quando estava a banhos num rio ou, "o que me espanta muito - porque ele quando veio para Lisboa deixou de praticar a religião católica -, rodeado de meninos negros a dar catequese".
Cumprida a comissão, António regressou a Lisboa e começou a viajar para Londres - onde ainda hoje se encontra outro irmão, José, que também seguiu o ofício de barbeiro - e Amesterdão, onde viria a aprender essa arte. Nessas viagens "desenrascava-se a lavar pratos para arranjar alguns trocos" e quando chegou a Lisboa foi trabalhar para os salões de Isabel Queiroz do Vale, no Centro Imaviz, primeiro, e no Centro Comercial Alvalade, depois, onde trabalhou com Zé Carlos.
"Para a família foi uma surpresa ele enveredar por essa profissão - barbeiro, pois não admitia que lhe chamassem cabeleireiro", prossegue Jaime Ribeiro. Foi nessa altura que António comunicou ao irmão o seu gosto pela composição de canções. "Soube mais tarde que ele até tinha assinado um contrato com a Valentim de Carvalho, em 1977 ou 1978. Não sei em que contexto, penso que enviou uma maqueta e eles acharam que aquilo tinha pernas para andar." – Mais pormenores em https://blitz.pt/principal/update/2019-08-22-Quem-era-afinal-Antonio-Variacoes-


quinta-feira, 23 de julho de 2020

Amália Rodrigues – Centenário do seu nascimento – Recebeu-me há cerca de 40 em sua casa para me falar do seu primeiro amor

orge Trabulo Marques - Jornalista e investigador

Completam-se  hoje cem anos sobre o nascimento da rainha do fado  - Amália Rodrigues, uma das personalidades mais importantes da história da música do século XX, nasceu  a 23 de Junho de 1920, em Lisboa, faleceu aos 79, a 6 de Outubro de 1999.  A sua carreira internacional foi das mais longas e globais de todo o século XX.

TIVE QUE DESCER AS ESCADAS A CORRER PARA NÃO FICAR SEM O GRAVADOR 

 Telefonara-lhe na véspera e ela havia manifestado a sua concordância. Mas, às tantas da gravação, arrependeu-se e quis ficar-me com o gravador e a cassete. Ainda procurei sugerir-lhe uma segunda entrevista mas a Maluda, ainda veio complicar mais o diálogo   Eu não tive outro remédio senão tirar-lho da mão e precipitar-me numa corrida apressada  pelas escadas abaixo,   à frente dela e do grupo de  amigas, que se encontravam em sua casa.

E eu não tive outro remédio senão tirar-lho da mão e precipitar-me numa corrida apressada  pelas escadas abaixo,  depois de ter tentado uma segunda entrevista à frente dela e do grupo de  amigas, que se encontravam em sua casa.

Recebeu-me em sua casa, em 1981 – Era a terceira vez que me franqueava amavelmente a subida para a sala onde recebia as visitas – Desta  para me falar de amor e da sua primeira relação sexual, na sequência de uma série de entrevistas que estava a realizar para o Jornal Tal & Qual,  com várias personalidades da vida portuguesa, acerca da "primeira vez". ou seja, sobre a primeira  relação sexual - Foi no principio da década 80, num período em que, certos tabus,  acerca  da sexualidade,  se rompiam graças aos ventos da revolução de Abril - Entre as figuras entrevistadas, contam-se: Carlos Botelho, Graça Lobo, Simone de Oliveira, Raul Solnado, Vitoriano Almeida, Ary dos Santos, Narana Coixoró, Raúl Calado, Ivone Silva, Afonso Moura Guedes, entre outras figuras  - A Amália aceitou o desafio mas, a dada altura do momento da entrevista, arrependeu-se

Tal como se poderá ver na gravação, tentei fazer uma segunda gravação, com perguntas da sua concordância e respostas mais ponderadas: Mesmo assim, estava hesitante. 






CLIKE E OUÇA ESTE VÍDEO - PARTE DA ENTREVISTA E O REGISTO DA DISCUSSÃO, QUANDO A ENTREVISTA FOI ABRUPTAMENTE INTERROMPIDA - AS IMAGENS FORAM RETIRADAS DE FOTOS DOS SEUS ÁLBUNS

Ouça o Vídeo, dividido em duas partes - separadas por um breve separador musical - excertos da entrevista e a discussão As outras confissões ficam no segredo dos deuses


Divulgo apenas  uma parte da entrevista, não pelo facto que considere  as revelações escandalosas, longe disso, mas pelo respeito à sua vontade e à sua memória  -Andei dois anos sem aparecer à sua frente..Até que, por fim, fizemos as pazes, com uma troca de beijinhos e uma pose fotográfica  à frente do retrato da Severa, na Adega Machado  no final do lançamento do álbum biográfico: "UMA ESTRANHA FORMA DE VIDA" - 


 A MALUDA  - SUA AMIGA -  ARMADA EM MATRONA - AINDA COMPLICOU  MAIS O DIÃLOGO  

A pintora moçambicana era a mais danada e inconformada.   Estava um pouco afastada e junto `a janela com o Vicente, a Celeste e outra amiga, onde, aliás, também estive a participar em animada tertúlia e uma boa parte da tarde  -  Nisto, quando se apercebe das hesitações da  Amália,   deixa o grupo e vem  interromper, abruptamente,  o nosso diálogo - Quando lhe sugeria uma segunda gravação  com respostas mais ponderadas 


Mal eu dei ares de desandar, correu logo atrás de mim, como uma cavalona... "És mais parva do que ele!... Foste logo a falar da tua vida pessoal!..." A sua ira dava em recriminar a Amália .Já nem sequer eu era o mau da fita, mas a sua amiga.

Estou convencido que se me apanhassem, tiravam-me o gravador e ainda levava uma tareia. 
 A Amália, às tantas,  arrependeu-se e quis tirar-me a cassete e o gravador... "Sou uma figura pública!...Mas que tonta estou eu!... Que disparates estou eu para aqui a dizer?!..." Ainda tenho estes desabafos gravados. Ora, mas que culpa tinha eu de dizer aquilo que não lhe convinha dizer?!... Era adulta e crescida. De resto, até achava que não havia dito nada especial ou de escandaloso... Mas ela subitamente muda de opinião. 

Ainda lhe propus desgravarmos e começarmos outra entrevista, ainda anuiu mas acabaria por não aceitar. Eu é que não podia era ficar sem o gravador, porque não era meu mas da estação onde trabalhava - Tirou-mo das mãos. Tentou tirar a cassete do seu interior mas a mola estava partida e não saltava para fora.Eu disse-lhe: "Amáliatenha calma... Eu dou-lhe já a cassete... Dê-me o gravador por favor que não é meu ou então vamos começar de novo...

Eu já havia passado por uma experiência, com quase idênticos contornos, com as confissões de um elemento da ETA, em Las Palmas. Deu-me a entrevista à noite (contando-me como ele e o seu grupo haviam assassinado um general em Madrid - olhos vendados e de cano de pistola apontado aos ouvidos , jogando à roleta russa ), mas, o diabo do sujeito, pouco depois, arrependeu-se e foi bater ao meu quarto para que lhe devolvesse a cassete. Disse-lhe que lha entregaria de manha. Só que eu levantei-me mais cedo e mudei de pensão. Era das mais modestas da cidade onde não eram pedidos elementos de identificação pessoais.

EM VEZ DE UM REGISTO, PASSEI A DISPÔR DE DOIS 

Na sequência do inesperado diálogo, acabava por dispor, não  apenas  de um registo mas dois: o da entrevista, de que ela se arrependeu e depois os lamentos dela, as suas justificações, durante vários minutos. Foi então que me voltou apanhar gravador: "Você não leva o gravador!!!... Vá à sua vida que não leva o gravador!!... A mim não me engana!!..." Bom, nisto o grupo (que até aí se manteve indiferente junto à janela) pára de conversar e faz-se um silêncio sepulcral na sala... Já só se ouve então a Amália a dizer, meia arreliada: "Você não leva o gravador! Vá à sua vida!.."e eu a pedir-lhe, insistentemente, que mo devolvesse. E a Maluda, que já tinha olhado várias vezes para nós e parecia algo desconfiada de que havia por ali gato, pergunta, com voz alterada e meia zangada: "Amália!... o que se passa?!!...O que é que esse gajo te quer fazer?!....Eu já corro com ele!!!.. ...Já trato dele!!.."

Vendo a ameaça iminente da presença da Maluda, seguida pelo grupo, e quando ela lhe responde. "Eu disse umas coisas parvas e não quero que ele leve o gravador!.. Ele não vai levar o gravador!...Não vai levar o gravador!... quero que ele se vá já embora!" Pois bem, aproveitando então o instante em que ela olha em direcção à Maluda, sim, apanhando-a distraída, tiro-lho o gravador e desato a fugir escada abaixo.

Numa grande noite do fado, ao passar frente ao camarim, nos bastidores do Coliseu dos Recreios, ela viu-me: "Mas o que é que você anda para aqui a fazer?!!..." - Tive que me escapar imediatamente dali, antes que fizesse algum escândalo. Mais tarde fizemos as pazes: foi no lançamento do livro de Victor Pavão - "Uma Estranha forma de vida", que decorreu na Adega Machado. Autografou-me o livro e deu-me um beijinho muito querido. Depois pousou expressamente para mim, à frente do retrato da Severa – Obrigado Amália Rodrigues  por tão belo momento, cuja foto guardo como um relicário. Também fazia anos em Julho e era do signo Leão, tal como a Bethe. Já vi que cada biógrafo apresenta a sua data, mas creio que você me disse que fazia anos no dia 26 de Julho. Mas também já não estou bem certo...

Adorava ter sido seu conselheiro. Vi que tinha um fraquinho pela astrologia. E eu também sou um curioso dessas questões. Pois ainda falámos sobre o assunto. Fui o Rasputin de várias damas que me foram apresentadas pela bethe - a russa Ludmila, no Ritz, é que me catalogou desse alcunha. Elas queriam mais alguma coisa: que eu fizesse feitiços aos maridos... pelas mais diversas razões. Mas era consigo que eu me teria sentido um príncipe numa corte real. E olhe que gostaria apenas de ter estado no papel de um mero pajem ou animador de convívios. Marimbar-me-ia para o resto. Mesmo já com a idade que tinha. Sim, não era o sexo... Mas a presença fascinante da sua personalidade!... Nunca mais no mundo vai aparecer figura igual!.

ENTREVISTA OCORRE NUM PERIODO DA MINHA VIDA, EM QUE EU ERA CLASSIFICADO, COMO O RASPUTINI,  PELA ESPOSA DO DIRETOR DO RITEZ, DE NACONALIDADE RUSSA



Curiosamente esta entrevista coincidiu
num  tempo da minha vida em que (paralelamente à minha vida profissional) eu fazia o papel de Rasputin e vida de luxo, dando conselhos astrológicos, confortos às "tias ricas mas frustradas do Estoril e Cascais", por força dos muitos relacionamentos sociais da minha ex-companheira Elizabeth  -A que me referi em "Sexo amor e bruxaria de Rasputin II, com Damas, Marquesas, Tias, Lésbicas e Depiladoras http://www.vida-e-tempos.com/2011/03/sexoamor-e-bruxaria-de-raspustin-ii-o.html


Foram dias maravilhosos de sexo e amor, sauna, piscina, diversão  - Num dos hotéis mais luxuosos de Lisboa, com a mulher do ex-Director-Geral: a mais charmosa entre as charmosas - Inicialmente tencionava apenas homenagear uma grande amiga e companheira, com a qual vivi oito maravilhosos anos e passámos uma lua de mel de dois meses no Sheraton Lisboa .- Mas depois acabaram por surgir outras recordações por acréscimo. 

AMÁLIA a voz eterna e uma vida em construção – Escreve Nuno Pacheco, hoje o Público   - No centenário de Amália Rodrigues, nascida oficialmente no dia 23 de Julho de 1920, a par da voz eterna que jamais deixámos de escutar, vai-se estudando cada vez melhor a sua vida e obra, num longo caminho a percorrer “Sei que a minha história vai ser aquela que escolherem, aquela que é mais interessante, aquela que não é a minha.” Isto disse Amália ao seu biógrafo, Vítor Pavão dos Santos, e foi com estas palavras que ele encerrou a narrativa do livro Amália — Uma Biografia (Contexto, 1987). Mas não só durante a sua vida essa história foi sendo construída com entrevistas, gravações, filmes, depoimentos, como depois de ela se tornar uma unanimidade nacional esse material foi dando origem a narrativas e sínteses” – Penso que também posso dar o meu testemunho https://www.publico.pt/2020/07/23/culturaipsilon/noticia/amalia-voz-eterna-vida-construcao-1925314


 O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, por ocasião dos 20 anos sobre a morte da diva do fado, declarou que, considerou que Amália Rodrigues "continua a ser a voz de Portugal" quando passam 20 anos da sua morte" - Sim, continuará a ser  uma das  mais brilhantes cantoras do século XX - A nossa mais distinta embaixatriz  do fado e da língua portuguesa. A voz que, mesmo com a veloz mudança de costumes e a frivolidade de uma sociedade, mais voltada para o egocentrismo e as suas vaidades comezinhas e egoístas, tão cedo, as gerações que a conheceram,  que lhe ouviram a voz nos palcos e nas Tvs, dificilmente a poderão esquecer 


Está sepultada no Panteão Nacional, entre os portugueses mais ilustres. - De seu nome completo, Amália da Piedade Rodrigues, os pais eram da região de Castelo Branco mas nasceu em Lisboa, 23 de Julho de 1920, faleceu  na mesma cidade, que tantas vezes cantou e celebrou com a sua voz e timbre inigualáveis, em  6 de Outubro de 1999 - Além de fadista, escreveu também poemas e participou como atriz em vários filmes - Sem dúvida, a maior embaixadora da música portuguesa de todos os tempos.

 Como um gesto da minha singela homenagem à grande Diva do Fado, que, por três vezes me deu a honra de me receber em sua casa -  vou aqui dedicar-lhe  esta postagem em sua memória  - Com uma particularidade muito especial -  A de que, a entrevista inédita, que,  parcialmente, aqui reproduzo, em vídeo, possa também constituir-se  como mais um interessante contributo para  estudiosos e admiradores da mítica  personalidade da Rainha do Fado

AR  - Se a pessoa não  morre por amar alguém, é porque precisa de  viver!... Por vezes, há amores, que complicam de tal maneira a vida das pessoas, quase que  não é viver!

JTM – Começou amar muito nova?

AR – Comecei amar muito nova!... Estava convencida que amava!... Como toda a gente!... Tinha eu os 13 anos, 14 anos!... Como todas as raparigas!... Estava convencida, que era amor!... Era, como a gente  chama agora, e chamava naquela altura –  olhar para a sombra!

JTM – Eram namoricos!

AR – Era olhar para a sombra: a gente a pensar que já é mulherzinha!... E não sei quê!

JTM – E fazia isso, em segredo, sem a sua família saber ou, de facto, os seus pais não se opunham  ao namoro?

AR – Os meus pais?!... Era de tal maneira segredo!... Que os meus pais! E nem eu própria estava convencida!... Tal era a ideia! O criticável! Uma rapariga, com 13 anos, , dizer que gostava de alguém!... A minha família era da Beira-baixa! O meu avô e a minha avô, foram casados, setenta e tal anos!... Eu, aos 18 anos, quase 19, apanhei uma sova de toda a gente!... Porque, houve uma tia que me viu atravessar a rua com um namorado! Tocou-me no braço!... E apanhei, em casa, uma sova de toda a gente!.. Se eu me atrevesse a dizer que eu gostava de alguém?!... Matavam-me!" - Excerto da gravação.


Tal como já havia referido noutra postagem deste site, Naturalmente que não se tratou de uma fuga por agressão ou assalto. Mas de preservar um instrumento de trabalho.

AS PAZES...E A HOMENAGEM DE UMA FOTO EXCLUSIVA

A fotografia que aqui edito, com uma pose de fadista, da Amália, à frente do retrato da Severa, foi registada no dia do lançamento do livro, " Uma Estranha Forma de Vida", de autoria de Vítor Pavão dos Santos , que teve lugar na Adega Machado - A imagem é de minha autoria e trata-se de uma pose, espontaneamente da Amália,  selando, de forma gentil, artística e carinhosa,  o termo de um período de agastamento e distanciamento , depois da fuga precipitada de sua casa. A imagem foi obtida por uma pequena compacta de bolso.
Creio que houve mais uma pessoa que terá aproveitado a oportunidade para registar a mesma pose. Mas ela voltou-se, foi para mim e perguntou-me: "Você está aqui?!..." Eu respondi-lhe: "
Sim, estou aqui porque não hei-de estar aqui?!... Quem não deve não teme!... Amália, sabe dizer-me se alguma vez eu usei as suas palavras da entrevista? .. As transmiti ou as publiquei nalgum jornal?!...Desculpe não ter-lhe dado a cassete e tê-la deixado se calhar preocupada mas Amália também queria o gravador e eu não podia ficar sem ele

Porém, embora nesse reencontro, com o repórter,  reconhecesse que não havia razões para ficar preocupada, me autorizasse a divulga-la, mesmo assim decidi por enquanto não o fazer


-Isto passou-se já na ponta final da cerimónia, quando os repórteres fotográficos e a maioria das pessoas, haviam saído. Eu fizera outras fotografias mas andara por ali discretamente. Aguardei para o fim, cauteloso, pois não sabia como ela ia reagir à minha presença: surpreendentemente foi amistosa: "Vá... então dê cá um beijinho e tire-me aí uma fotografia!"....

Não cabia em mim de contente.... Até já parecia que estávamos mais à vontade que o resto da sua comitiva...Finalmente acabou-se o pesadelo.. Autografou-me a obra (a que se juntou o autógrafo de Victor Pavão) e parti dali como se fosse um velho amigo....

Amália sempre foi um coração de oiro, expansivo, alegre e frontal; muito generosa e soube perdoar. Mas o nosso país pequeno demais para a sua grandeza mas uma grande quinta para os invejosos. Tinha muitas razões para se acautelar....Não foi a queda do regime que a magoou mas certos extremismos e oportunismos . Aliás, foi até depois do 25 de Abril, que Amália recebeu as maiores homenagens e distinções. .Foi condecorada com o grau de oficial da Ordem do Infante D. Henrique, pelo então presidente da República, Mário Soares. Ao mesmo tempo, atravessa dissabores financeiros que a obrigam a desfazer-se de algum do seu património - In..Amália Rodrigues – Wikipédia,

Curiosamente as farpas vieram dos que se notabilizaram em boa parte à sua custa.. Foi alvo de boatos pelos jornais e por algumas pessoas de uma certa esquerda oportunista e extremista que se meteram na sua vida íntima e a  acusaram de gatos e lagartos. .

A ENTREVISTA FOI-LHE SOLICITADA POR TELEFONEMA DIRETAMENTE DO BOTEQUIM DE NATÁLIA CORREIA 

A entrevista foi congeminada e combinada no Botequim da Natália Correia - Aliás, tal como outras sobre o mesmo tema, publicadas no Tal & Qual. Tendo, até, por via disso, chegado a escrever no Diário de Notícias, em defesa de Afonso Moura Guedes, quando Vera Lagoa (Maria Armanda Falcão) o atacou nas páginas do Semanário O DIABO 

"Então porque não entrevista a Amália?!... Seria interessante sabermos como a nossa diva do fado se desvirginou!..." - A sugestão foi secundada por uma gargalhada geral. Pois a voz da Natália (mesmo que o Botequim estivesse cheio), distinguia-se perfeitamente entre a música do piano ou o barulho de outras vozes. Ainda conservo alguns registos gravados do ambiente e de ela a cantar: "Morte que Mataste Lira" - Em sua homenagem, aqui vai uma das canções que tanto gostava.
Nem mais um instante hesitei. Estava sentado junto ao balcão do bar. Fui à minha agenda, peguei no telefone, que estava mesmo ali à mão e disquei diretamente para casa de Amália. Era já um pouco tarde, pedi-lhe desculpa pelo adiantado da hora e disse-lhe que gostaria de lhe fazer uma pequena entrevista para o Tal & Qual - Acedeu “Já está combinada!... Vou lá amanhã!" - disse imediatamente à Natália "Parabéns!... Estou cheia de curiosidade" - remata a autora da Mátria 

Na tarde do dia seguinte, lá me apresentei no antigo solar da Amália, no 1º andar do nº 193 da Rua de São Bento - hoje transformado em Casa Museu - Amália  - Era a terceira vez que me dava o prazer de me receber em sua casa. Sim, na altura a concorrência da rádio e da televisão, não era como agora. Estava na companhia de Maluda e de um restrito grupo de familiares e pessoas amigas. A entrevista discorria sobre a primeira relação sexual. Mas a pergunta sacramental só viria depois do preâmbulo . E fui torneando a questão "mole e mole", como se diz em África: nunca lhe cheguei a dizer que o tema principal da entrevista era que me revelasse como tinha sido a sua primeira queca ou quem primeiro arranhou. Foi-se discorrendo... Houve que andar pelos preliminares... Até que, por fim, lá confessou o desgosto que a assolapada paixão lhe havia causado.


Recebeu-me de uma forma muito amável, no alto das escadas, muito sorridente, naquela sua expressão, a que o público também se habituou, sempre que aparecia em palco. Amália era íntegra, a hipocrisia e o fingimento não faziam parte do seu carácter. No fundo, era assim para toda a gente - para os amigos e gente anónima. Amália não tinha duas faces. Só quando cantava o fado, então é que o seu rosto era a dor ou a alegria das composições que interpretava.

Logo que transpus o último degrau, cumprimentou-me com um beijinho, levando-me de seguida para junto de um grupo de amigas, que estavam lá mais à frente, a um canto da casa do lado esquerdo e junto à janela, que corresponderam simpaticamente. E lá passei um grande bocado da tarde. Curiosamente, não se falava de outra coisa senão de sexo. Claro, de uma forma trivial: de fofoquices. Sem qualquer carácter obsceno. E foi com estas palavras que me apresentou às suas amigas: "
Você também gosta de falar de sexo?!... Elas são marotas!... Não faça caso que elas sabem muito mais do que eu!..." - "Estejam à vontade"- respondi. "Eu também gosto de conversar sobre essas coisas...

 E, de facto, mesmo reconhecendo que a conversa andava à volta de questões relacionadas com o amor, o sexo, episódios de namoricos, cenas de filmes românticos e coisas do género, tive a percepção de que, Amália, estava longe de imaginar a pergunta marota que eu levava engatilhada - Costuma-se dizer que as boas reportagens são aquelas que vêm ao encontro do repórter e não as programadas - E, em boa parte, foi o que sucedeu..


Não manifestei a menor pressa em fazer qualquer registo no gravador. Por algum tempo, quase me ia esquecendo que estava ali para entrevistar Amália. Direi que não fui um participante activo nos diversos diálogos mas um ouvinte muito atento - Pois, embora bem recebido, não fazia parte do seu núcleo íntimo das suas amizades . Mesmo, perante um ambiente, tão descontraído, tinha de saber ocupar o meu lugar - E, quando se está perante alguém que diz coisas engraçadas, que nos dão prazer, é preferível falar menos e ouvir
 mais. Foi esse o meu papel 

De resto, Amália, até nem era das pessoas que mais falava. Gracejava, divertia-se dando umas piadas para apimentar a conversa.

Pelo que me apercebi, aquela restrita tertúlia, reunia-se com Amália, não tanto para lhe ouvir as histórias ou desabafos, mas para lhe servir de corte - Tal como os bobos e as damas na corte dos réis. Adoravam Amália e reconheciam-na como a diva, como a rainha. Estava lá também o irmão Vicente, a sua irmã Celeste e a pintora moçambicana Maluda e mais duas amigas. Não as reconheci, mas pareceu-me que eram as visitas especiais daquela tarde. Mas quem se impunha era Maluda - Sentia-se tão à vontade, que parecia fazer parte da casa, tal como o irmão e a irmã da Amália.Maluda era de complexão forte - a saúde é que acabou por ser fraca e a levou cedo. Fazia parte do restrito grupo das pessoas íntimas de Amália - Também se promoveu à sua custa. Se não fosse essa relação estreita, estou convencida que as famosas janelas, pintadas pela artista moçambicana, teriam ficado no anonimato.Não tinha papas na língua. Era ela a moderadora, quem trazia os temas à baila. E também a voz mais troante, até parecia ser a governanta da casa. O Vicente ria-se muito mas quase não abria a boca. A Celeste, também sempre muito alegre e participativa. As outras duas amigas, riam-se como as crianças, por tudo e por nada: - Riam-se do que contavam e das risadas que provocavam

Amália, mesmo não sendo a que puxava pelas histórias, era a voz que mais sobressaía. Sempre bem disposta. E com os seus apartes. Mas não falava dela. Se, no pequeno grupo, imaginássemos, em vez de pessoas, instrumentos ou uma sessão de fados, dir-se-ia que, as demais presenças, eram simplesmente instrumento de cordas, as guitarras que acompanhavam, e, Amália, a eterna cantadeira - Amália denotava uma grande sensibilidade e curiosidade em ouvir as pessoas que faziam parte do seu núcleo de amizade e gostava de as pôr a falar. As pessoas inteligentes não gostam de perder tempo a expandir-se em trivialidades. Mas sabem ser socáveis. E gostam de ouvir.

Deixava falar as amigas . Mas não se distanciava do diálogo. Era participativa. E as suas palavras (mesmo não cantadas) soavam com a sonoridade, que lhe é própria, tal como só ela as sabia dizer: soavam à voz inconfundível da grande fadista - A voz da Amália era sonoramente bela, falada ou cantada. O falar de Amália era tão agradável como os fados cantados - Como ela, dificilmente surgirá algum dia quem a imite.Já ali havia estado por duas vezes, em sua casa, mas apenas durante o tempo tomado para as entrevistas - Agora, de forma algo inesperada, passava ali uma tarde. - Sentia-me como se fosse uma visita habitual da casa da Amália - Até que, por fim, e vendo-a tão bem disposta, achei estarem reunidas as condições para lhe colocar algumas questões(delicadas) sobre a sua vida pessoal - "Como havia sido a sua primeira relação sexual"

E, não querendo que o barulho das outras vozes, pudesse afectar a qualidade gravação (mas sobretudo para estarmos mais à vontade) - perguntei-lhe se não se importava de nos sentarmos nutro sítio - Fui então que me conduziu para o lado oposto da sala, próximo do último degrau da escadaria, onde nos sentámos junto a uma pequena mesa, com o gravador sobre a superfície da mesma.

"Então diga lá o que me quer?!..." - pergunta-me ela, visivelmente bem disposta. Respondi-lhe: "Vamos falar sobre o que estavam a falar... Umas palavrinhas da Amália...Diga o que quiser sobre o assunto...E seja sincera como costuma ser e estavam a ser..Eu gosto muito de a ouvir cantar e também falar". Tive o cuidado de não usar o termo sexo para não lhe criar alguns antagonismos. Pese o facto, como disse, da conversa se haver estendido, praticamente sobre fofoquices desse género.

Sem dúvida, deram-me muito prazer aqueles momentos de convívio- No entanto, o meu objectivo principal era a entrevista, que eu não queria perder. Não tirava da mente esse desejo porfiado. Diria que agi (sem falsa modéstia) um pouco como o prestigiador. E, antes de contar o resto da história, vou explicar de seguida - talvez as razões de algumas dessas propensões

Devo dizer que, na conversa prévia, que tivera de véspera com Amália Rodrigues, eu fora um pouco omisso. Mas também devo sublinhar que não a traí porque as perguntas foram sempre muito claras, só que progressivas... Ao mesmo tempo que não deixava de a fixar... Encantado pelo que me ia dizendo... Não tanto pelo facto das suas confissões mas pela sua sinceridade. Claro que ela estava absolutamente segura do que dizia....Longe de se poder afirmar que estivesse hipnotizada... Só que se esquecera que havia ali um gravador... Mas, às tantas, lá se deu conta para onde estava a resvalar... e despertou para outra realidade... Depois foi um grande bico de obra, como explicarei adiante... Tive que sair de lá a correr... - Quase me ia precipitando ao descer as escadas... ela e a sua "corte" correram todos atrás de mim. Vieram até à rua... Só descansei, quando apanhei um táxi... E até o taxista se apercebeu, perguntando-me o que é que se havia passado à porta da Amália.

A Maluda era a mais danada e inconformada...Mal eu dei ares de desandar, correu logo atrás de mim, como uma cavalona... "És mais parva do que ele!... Foste logo a falar da tua vida pessoal!..." A sua ira dava em recriminar a Amália .Já nem sequer eu era o mau da fita, mas a sua amiga.

Estou convencido que se me apanhassem, tiravam-me o gravador e ainda levava uma tareia. A entrevista ficaria a meio. Ficou aí nuns 10 minutos. A Amália arrependeu-se e quis tirar-me a cassete e o gravador... "Sou uma figura pública!...Mas que tonta estou eu!... Que disparates estou eu para aqui a dizer?!..." Ainda tenho estes desabafos gravados. Ora, mas que culpa tinha eu de dizer aquilo que não lhe convinha dizer?!... Era adulta e crescida. De resto, até achava que não havia dito nada especial ou de escandaloso... Mas ela subitamente muda de opinião. Ainda lhe propus desgravarmos e começarmos outra entrevista, ainda anuiu mas acabaria por não aceitar. Eu é que não podia era ficar sem o gravador, porque não era meu mas da estação onde trabalhava - Tirou-mo das mãos. Tentou tirar a cassete do seu interior mas a mola estava partida e não saltava para fora.Eu disse-lhe: "Amáliatenha calma... Eu dou-lhe já a cassete... Dê-me o gravador por favor que não é meu ou então vamos começar de novo..."

Ela ainda chegou a concordar... Só que depois apercebeu-se que eu não estava a desgravar a entrevista ... Amália tinha um sexto sentido muito apurado.... Só era enganada se queria... Era muito inteligente e muito sensível. Ela quase adivinhava o que ia na cabeça das pessoas com quem falava... Fiquei com essa impressão... Tive esse eco... Ela captou os meus pensamentos como se fosse um radar a captar as mensagens do inimigo... Eu não queria perder o primeiro registo...Até para não ficar sem nada... Sobretudo à medida que ela própria valorizava a entrevista, a que eu até aí não atribuía nada de especial E Amália apanhou-me a vibração... Grande mulher!...Tinha essa ideia fisgada e ela pressentiu-a.. Não tive a menor dúvida. E já não havia nada a fazer senão procurar recuperar ao menos o gravador. E mais se convenceu da marosca, quando eu lhe disse: "Bom mas temos que nos calar senão vai ficar tudo o que agora estamos a dizer..."

Ficou então duplamente ainda mais preocupada e com a sensibilidade à flor da pele.... Rapidamente fez a leitura de tudo o que ia na minha cabeça... Subitamente senti-me como que desmascarado... Mas também nunca dei o flanco e procurei sempre proteger o meu tesouro...Se há coisa que poderá deixar mais frustrado um jornalista é ficar sem a sua entrevista ou sem a sua reportagem. Quantos não recolhem importantes "furos" de gravador escondido ou câmara oculta, mas o meu gravador estava ali pousado sobre a mesa. Ambos estávamos sentados e não havia ali nenhum jogo escondido. Não estava a cometer nenhum atentado ou crime à honra da Amália.

Já havia passado por uma experiência, com quase idênticos contornos, com as confissões de um elemento da ETA, em Las Palmas. Deu-me a entrevista à noite (contando-me como ele e o seu grupo haviam assassinado um general em Madrid - olhos vendados e de cano de pistola apontado aos ouvidos , jogando à roleta russa ), mas, o diabo do sujeito, pouco depois, arrependeu-se e foi bater ao meu quarto para que lhe devolvesse a cassete. Disse-lhe que lha entregaria de manha. Só que eu levantei-me mais cedo e mudei de pensão. Era das mais modestas da cidade onde não eram pedidos elementos de identificação pessoais.


De facto, Amália tinha razão: ela já não confiava em mim nem no próprio gravador: terá pensado que, além da cassete, ele esconderia algum segredo. Estava muito desconfiada. E realmente já não havia apenas um registo mas dois: o da entrevista, de que ela se arrependeu e depois os lamentos dela, as suas justificações, durante vários minutos. Foi então que me voltou apanhar o gravador: "Você não leva o gravador!!!... Vá à sua vida que não leva o gravador!!... A mim não me engana!!..." Bom, nisto o grupo (que até aí se manteve indiferente junto à janela) pára de conversar e faz-se um silêncio sepulcral na sala... Já só se ouve então a Amália a dizer, meia arreliada: "Você não leva o gravador! Vá à sua vida!.."e eu a pedir-lhe, insistentemente, que mo devolvesse. E a Maluda, que já tinha olhado várias vezes para nós e parecia algo desconfiada de que havia por ali gato, pergunta, com voz alterada e meia zangada: "Amália!... o que se passa?!!...O que é que esse gajo te quer fazer?!....Eu já corro com ele!!!.. ...Já trato dele!!.."

Vendo a ameaça iminente da presença da Maluda, seguida pelo grupo, e quando ela lhe responde. "Eu disse umas coisas parvas e não quero que ele leve o gravador!.. Ele não vai levar o gravador!...Não vai levar o gravador!... quero que ele se vá já embora!" Pois bem, aproveitando então o instante em que ela olha em direcção à Maluda, sim, apanhando-a distraída, tiro-lho o gravador e desato a fugir escada abaixo.

Numa grande noite do fado, ao passar frente ao camarim, nos bastidores do Coliseu dos Recreios, ela viu-me: "Mas o que é que você anda para aqui a fazer?!!..." - Tive que me escapar imediatamente dali, antes que fizesse algum escândalo. Mais tarde fizemos as pazes: foi no lançamento do livro de Victor Pavão - "Uma Estranha forma de vida", que decorreu na Adega Machado. Autografou-me o livro e deu-me um beijinho muito querido. Depois pousou expressamente para mim, à frente do retrato da Severa – Obrigado Amália Rodrigues  por tão belo momento, cuja foto guardo como um relicário. Também fazia anos em Julho e era do signo Leão, tal como a Bethe. Já vi que cada biógrafo apresenta a sua data, mas creio que você me disse que fazia anos no dia 26 de Julho. Mas também já não estou bem certo...

Adorava ter sido seu conselheiro. Vi que tinha um fraquinho pela astrologia. E eu também sou um curioso dessas questões. Pois ainda falámos sobre o assunto. Fui o Rasputin de várias damas que me foram apresentadas pela bethe - a russa Ludmila, no Ritz, é que me catalogou desse alcunha. Elas queriam mais alguma coisa: que eu fizesse feitiços aos maridos... pelas mais diversas razões. Mas era consigo que eu me teria sentido um príncipe numa corte real. E olhe que gostaria apenas de ter estado no papel de um mero pajem ou animador de convívios. Marimbar-me-ia para o resto. Mesmo já com a idade que tinha. Sim, não era o sexo... Mas a presença fascinante da sua personalidade!... Nunca mais no mundo vai aparecer figura igual!.

Amália tinha também o seu lado de vespa quando subia aos arames... Que eu dei-me conta disso... Zangada era como uma leoa da selva... Mas, no fundo, ela era mesmo a grande diva: não apenas do fado mas como pessoa. Fora bela, sorridente e escultural, quando nova. E, mesmo quando os anos já avançavam, até parecia que nada nela havia mudado: mais ainda: firmara-se no seu rosto, no seu inigualável perfil, o sorriso, a expressão, o olhar entre o alegre e o triste, a candura e a natural beleza, tal como o escultor que eterniza o instante mais nobre e magnífico do busto de uma rainha ou de uma princesa.

Muito determinada e senhora do seu querer e das suas ideias. Era forte como uma padeira de Aljubarrota mas ao mesmo tempo tão frágil como a flor mais bela de um maravilhoso jardim. Esse é o tipo de mulheres que eu sempre mais admirei. Paradoxalmente, em vez de serem os seus namorados a perderem a cabeça por ela, afinal foi a Amália que chegou quase a suicidar-se por um deles...- E tanta vida ainda à sua frente!... - E logo num primeiro embeiçado!...Ele não merecia tão alto suplício, como, de resto, ela reconheceu. Que desastre, mais fatídico, não teria sido para ela, para o fado e para todos quantos ainda hoje a veneram e admiram!... Espero, todavia, que, quando reencarnar e decida cá voltar à companhia dos terrenos, para uma nova fase evolutiva, tenha aprendido melhor a lição...

Na verdade, a sua vida foi mesmo "Uma estranha forma de vida" - Mas que o destino felizmente soube preservar: "cantarei o fado até que a voz me doa" . E, de facto, só a morte lhe calou a voz mas não a memória e a fabulosa herança dos fados que nos legou.

Os milhões que a adoram e a continuam a idolatrar têm razão, porque ela era inimitável.. O seu nome e a sua voz, agora continuam ligados a uma estação de Rádio – A Rádio Amália,  em tão boa hora, lhe dedicaram. Ela partiu mas a sua voz é eterna. Não está connosco fisicamente mas eu estou receptivo às comunicações do seu espírito, quando ela quiser....Quando me apanhar, naquelas noites, lá pelos penhascos da minha aldeia, dialogue comigo, minha alma querida!

Repito o que disse: conservo a gravação mas até hoje nunca a divulguei e, por enquanto, não o tenciono fazer, por respeito à sua memória. Pessoalmente não vejo que me declarasse algo de especial ou de escandaloso. Ela mudou, porém, de opinião, que eu respeitei. Se um dia revelar alguma coisa - parcial ou totalmente, será todavia neste site - Mas nunca aquilo que eu considero que ela não gostaria que fosse além da sua intimidade.
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Foto do autor deste site

David Mourão-Ferreira E O SEU FILHO JOÃO DAVID -  LANÇAMENTO DO LIVRO "UMA ESTRANHA FORMA DE VIDA"
O POETA E ESCRITOR FEZ APRESENTAÇÃO DA OBRA E DISSE PALAVRAS MUITO BONITAS SOBRE O SORRISO E A VOZ DA AMÁLIA - EXISTE UM VÍDEO EDITADO NO YOUTUBE Amália Lançamento do livro estranha forma de vida

AMÁLIA É O HETERÓNIMO DE PORTUGAL - DISSE O POETA

"Este é o livro do sorriso da Amália. Eu creio que se podia fazer um estudo sobre o sorriso da Amália. Porque, o sorriso de Amália exprime, simultaneamente, o que em nós há de sorridente e de triste. Porque, mesmo por baixo do não sorriso, vislumbramos dentro, o sorriso que tem sido como a voz , evidentemente, e com todo o fascínio da sua presença, um dos grande segredos do mito que é a Amália, do milagre que é a Amália e da grande sorte de todos nós sermos seus contemporâneos"

"Este livro leva-nos até à infância de Amália. Revive os lugares, as pessoas e, sobretudo, é um documento indispensável para compreendermos precisamente o seu extraordinário percurso"

"Falar de Portugal ou dizer português em qualquer parte do mundo é imediatamente ouvirmos como um eco o nome de Amália. Eu já disse uma vez que Amália é um heterónimo de Portugal" - David Mourão Ferreira