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sexta-feira, 17 de julho de 2020

Cantor Pedro Barroso – Confissões, anos 80 - “Sou um individuo dialético. Não procuro um livro mas formas de comunicação que me emocionem”: Escrever só vale a pena se for para partir a loiça toda - Confissões anos 80 - “Sou um amante da natureza” – E procurava esse recolhimento na casa de família no Ribatejo - “Chego lá! Tenho os pavões a cantarem para mim ! E fico encantadíssimo a olhar para aquelas pedras antigas! Para aqueles espaços! E sinto-me a ganhar energias” -

-  JORGE TRABULO MARQUES - JORNALISTA - 


"Vocês vêm sacar o lado oculto da pessoa e parece que estão a conseguir"
Na escultura, dizia-me que assinava com o apelido de  Pedro Chora: “faço bichos esquisitos, cavalos com asas, hipopótamos maravilhosos! Aranhas com gafanhotos na boca, com pedaços de ferro, até com pedras misturado, de grande tamanho ou em coisas pequenas"

A entrevista data dos anos 80,  num  bar em Lisboa,  de que era proprietário, espaço esse que considerava  como  um ponto de encontro, um lugar de convívio e de meditação interessante, mais como espaço  de ensaios de que para criar, mas que apenas o absorvia à noite  -  Considerando ser  “normal que, um artista, tenha um ponto de encontro num bar em que podemos retribuir uma gentileza”





Completam-se, hoje, quatro meses, sobre a morte de Pedro Barroso, do Cantor, compositor, poeta, mas também artista plástico amador – Falecido, aos, 67 anos, na unidade de cuidados paliativos do Hospital da Luz, em Lisboa Ontem, quinta-feira, o  Presidente da República, quis distinguir, a titulo póstumo,  aquele que era considerado uma das míticas vozes da música de contestação do período do 25 de abril, com a distinção de Oficial da Ordem da Liberdade, em cerimónia que decorreu na Sala dos Embaixadores do Palácio de Belém, na presença do Presidente da Assembleia da Republica, Eduardo Ferro Rodrigues.
Aproveito para me associar à justíssima homenagem recordando o registo da interessante entrevista, que me concedeu para a extinta Rádio Comercial-RDP


Declarou-me que cultivava uma vida calma, procurando, sempre que possível, o recolhimento com a Natureza, no  Ribatejo,  onde tinha  uma casa da família,  dizendo que gostava de ver uma aurora, um pôr-do-sol, temas que também o inspiravam nas suas composições

Chego lá! Tenho os pavões a cantarem para mim ! E fico encantadíssimo a olhar para aquelas pedras antigas! Para aqueles espaços! E sinto-me a ganhar energias

De entre outras questões, abordadas espontaneamente, falou-me do seu convívio com o pintor e  escultor Fernando Conduto, referindo ter sido a primeira vez que fazia essa revelação

Sou tigre de ascendência na astrologia  chinesa e, sagitário, na horóscopo ocidental
Falamos das horas que reservava ao trabalho e ao que chamou de repossuo essencial para depois dar tudo, nos concertos, “rasgar a camisola”, seja    na Aula Magna, seja numa romaria, seja em “Santa Comba do Assobio” – Dos espetáculos absorventes do Verão”,  que  é de se trabalhar do Verão para o Inverno

Escrever só vale a pena se for para partir a loiça toda

Não procuro livro mas formas de comunicação: uma forma de comunicação que me emocione! Seja um quadro, seja uma escultura ou um livro! Seja uma banda desenhada, seja um vídeo ou um filme ! … Mas não vou à partida procura de qualquer tipo de coisa! Sou um individuo dialético!

É evidente que eu já escrevi mais de que um livro! Sou o autor de todos os poemas nos meus discos! Já editei discos suficientes para escrever um livro: quem tenha a coleção completa, já tem uma boa coletânea de poemas

A música aparece, como acidente de percurso, normalmente posterior ao próprio exercício poético

E em prosa, sou muito contundente! Acho que é preciso dizer as coisas que se pensam
O homem está a ser dominado pelo mundo, pela máquina! Por muitas coisas que são agressivas! Que são intensas! Deixou de sentir a intensidade do seu interior! Deixou de ter tempo para brincar! Para ser criança! … Está a perder esse espaço todo e isso é lamentável.

Contra isso, a palavra escrita tem uma função muito importante! E eu acho que anda para aí um marasmo enorme nas coisas, que se andam a escrever: sinceramente! Divirto-me imenso com Mário Zambujal, com um tipo de escrita se lê bem, mas suponho que anda para aí muito intelectual muito chato a escrever coisas que já ninguém lê
Apontaria ainda o Eça de Queirós, como o autor preferido  

Cada vez a nova geração, vai procurar a banda desenhada um vídeo e outras formas de comunicação: ou seja, nós estamos a viver e a educar para uma sociedade  a mudar. E temos que nos capacitar que a sociedade está e mudança todos os dias!   Preservando valores históricos, que são fundamentais: valores do património, valores da musica, valores da cultura, valores da própria contestação ao consumismo humano  
 Pedro Barroso, 67 anos, é uma das míticas vozes da música de contestação do período do 25 de abril. Quase meio século volvido, retirado do meio mediático e com a saúde a declinar, permanecem em Pedro Barroso as canções com história e as memórias daquele tempo em que se levou a boa música às massas isoladas e sem instrução. Colega de Zeca Afonso e de tantos outros que o acompanharam, resistiu à mudança dos tempos e de mentalidades, ao declínio da música ligeira e dos versos com subtexto em prol da superficialidade do espetáculo. A viver em Riachos, Torres Novas, Pedro Barroso tem mantido os concertos e a edição de discos, tendo inclusive publicado um livro de memórias. Reconhece-se, porém, no crepúsculo da vida. Ler mais: http://www.mediotejo.net/riachos-uma-...

 BIOGRAFIA  - De seu nome completoAntónio Pedro da Silva Chora Barroso (Lisboa, 28 de novembro de 1950 - Lisboa, 16 de março de 2020), artisticamente conhecido como Pedro Barroso,

Tendo nascido em Lisboa, Pedro Barroso cresceu em Riachos, terra natal do pai, professor do Ensino Primário.

Completou o curso de Educação Física em 1973, na Instituto Nacional de Educação Física, atual Faculdade de Motricidade Humana, e foi professor dessa disciplina no Ensino Secundário durante mais de 20 anos.

Em 1988, viria a obter um diploma de pós-graduado em Psicoterapia Comportamental, tendo trabalhado na área da Saúde Mental e Musicoterapia durante alguns anos. Foi, neste campo, pioneiro no ensino de crianças surdas, numa escola de ensino especial de Lisboa.

Membro ativo da comunidade artística e musical, integrou a direção do Sindicato dos Músicos e foi autor, em 2002, do polémico Manifesto sobre o estado da Música Portuguesa, que teve audições junto de todos os grupos parlamentares da Assembleia da República e do então Presidente da República, Jorge Sampaio.

Desde 2003, foi membro dos corpos gerentes da Sociedade Portuguesa de Autores, na direção presidida por Manuel Freire.

Barroso foi convidado a dar palestras sobre a cultura portuguesa nas universidades de Nijemegen, Estocolmo, Toronto e Budapeste.

Autor da larga maioria das letras e das músicas que interpreta, é possível encontrar entre as cantigas de Pedro Barroso, trabalhos de autores como Cesário Verde,[4] Sophia de Mello Breyner Andresen[4] e até José Saramago, Prémio Nobel da Literatura, no tema "Afrodite" ou "Nasce Afrodite Amor, Nasce o teu Corpo", incluído no álbum Água Mole Em Pedra Dura, de 1978, e no DVD 40 Anos de Música e Palavras, de 2009.[5] Cantou em praticamente todas as grandes salas portuguesas (Coliseu de Lisboa, Aula Magna, Fórum Lisboa, Teatro Rivoli, Pavilhão Atlântico, Teatro Diogo Bernardes, etc.), bem como em todo o país, e ainda na Alemanha, Bélgica, Brasil, Canadá, Espanha, EUA, França,[1] Holanda, Hungria, Luxemburgo, China, Suíça e Suécia. Em muitos destes países, atuou também em cadeias de televisão e rádios. A 3 de dezembro de 2009, num concerto no Teatro de São Luiz, Pedro Barroso despediu-se dos palcos, celebrando 40 anos de carreira.[6] No entanto, ainda partilhou o palco com Manuel Freire e Francisco Fanhais, num "(Re)Encontro", em Tondela, a 19 de junho de 2010.[7] Já em 2011, a 3 de maio, é lançado novo registo de atuação, agora na Aula Magna do Conservatório de St. Maur, Paris.[1] Em fevereiro de 2012, lança lançado o álbum Cantos da Paixão e da Revolta. Literatura

Entrando também na escrita, Pedro Barroso publicou vários títulos, desde Cantos Falados, editado pela Ulmeiro, em 1996. Da mão do autor saíram Das Mulheres e do Mundo (Mirante, 2003), as ficções A História Maravilhosa do País Bimbo (Calidum, 2005), com prefácio do maestro António Vitorino de Almeida[8], e Contos Anarquistas (Temas Originais, 2009[9]). Em fevereiro de 2012, foi editado o livro Memória inútil de mim e outros gritos na paisagem. Pedro Barroso assinou os prefácios de Quadras deste Lugar à Margem (Brasília, 1997), de Manuel de Varziela, e Educação ou Armadilha Pedagógica? (Papiro, 2006), de Manuel Cidalino Cruz Madaleno.[10]


Morreu aos 69 anos, de doença prolongada, na noite de 16 de março de 2020, em Lisboa.[3] https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Barroso

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