JORGE TRABULO MARQUES - Jornalista -
Margarida Tengarrinha, 92 anos - Um exemplo de resistência de ideal e de vida – Autora do livro «Memórias de uma Falsificadora» - Com o substitulo « A luta na clandestinidade pela Liberdade em Portugal» - Além de outras obras dos seus 20 anos de resistente antifascista. .
O livro
da professora Margarida Tengarrinha, foi lançado, há dois anos no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa - Encontramo-la na
Feira do Livro de Lisboa, o ano passado, no stand das Edições Colibri,
responsável pela edição. com a qual
tivemos oportunidade ter um breve mas muito expressivo e algre diálogo, que hoje temos
muito gosto de aqui divulgar .
Fez 92 no dia 7 de Maio – Algarvia de gema, natural de
Portimão, uma figura de destaque, entre as mulheres que se baterem pela luta
contra o fascismo.
Recorda ter sido uma boa falsificadora na clandestinidade
para falsificar documentos para os seus
camaradas do partido poderem passar pelas malhas da PIDE sem serem reconhecidos,
identificando-os com nomes diferentes dos que tinham, inclusivamente a do próprio Álvaro Cunhal, que também chegou a ter uma outra identidade aquando
da
fuga de Peniche
Apesar de ter sido autora 4 livros,
diz que não é escritora: escrevo memórias – Sim, nomeadamente dos 20 anos em que militou na clandestinidade,
depois de ter sido expulsa da ESBAL, em meados de 1952, proibida de frequentar todas as Faculdades
do país, impedida de lecionar na Escola
Preparatória Paula Vicente, onde era professora, pela sua ativa participação na
luta pela Paz
Em 1955 passou à militância clandestina do PCP com o seu companheiro, o pintor José Dias Coelho, brutalmente assassinado a tiro pela PIDE em 19 de dezembro de de 1961.
De 1962 a 1968 trabalhou com Álvaro Cunhal e depois como redatora da Rádio Portugal Livre.
Depois do 25 de Abril foi membro do Comité Central do PCP e deputada do PCP pelo Algarve.
Em 2016 recebeu o Prémio Maria Veleda da Direção Regional de Cultura do Algarve.
Continua a ser Professora de História de Arte na Universidade Sénior de Portimão, pinta, é um elemento activo no Grupo de Amigos do Museu",
Diz
o PÚBLICO, , que “Margarida Tengarrinha foi uma das “meninas burguesas” do seu tempo
que deixou o Algarve para prosseguir os estudos em Lisboa, onde encontrou
outros jovens algarvios. De entre os elementos do seu grupo de amigos de infância,
conta-se o ex-cônsul do Reino Unido na região, José Manuel Teixeira Gomes
Pearce de Azevedo, já falecido, neto do antigo Presidente da Republica,
Teixeira Gomes. “As famílias burguesas foram todas estudar para Lisboa”,
recorda. Dessa época, destaca ainda Estela Avelar, médica, de 93 anos, também
ainda no activo nas Termas das Caldas de Monchique
O
pai da pintora, José Manuel Tengarrinha, exerceu o cargo de gerente do Banco de
Portugal em Portimão. O avô Tengarrinha, de Loulé, foi construtor civil. “Foi ele
que abriu a antiga estrada do Algarve para Lisboa, passando pelo Barranco do
Velho [serra do Caldeirão]”, recorda. Prosseguindo na viagem às recordações da
meninice, lembra-se, durante a 2.ª Guerra Mundial, de ver os batelões
carregados de cortiça ou latas de conserva para os “barcos alemães atracados ao
largo de Portimão”. O Algarve nessa altura, evoca, vivia um período de
prosperidade. As exportações com os negócios da guerra fizeram fortunas. Na
fábrica de conservas Feu & Hermanos (actual Museu de Portimão),
exemplifica, quem controlava a produção era um alemão. “O senhor Dirks estava
cá para garantir a exportação e eu era amiga da filha, Ilse Dirks”. Quando frequentava
a casa da família germânica, nada lhe parecia estranho. “Não sabia o que era
aquilo que ensinavam às crianças, a saudação Nazi, pois, tinha seis ou sete
anos”.
O
início da actividade política organizada dá-se em 1948, quando passa a integrar
o MUD Juvenil na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL).
A
partir dos anos 1960 surge o turismo e o Algarve entra numa nova época. Com o
fim da guerra, as conservas que alimentavam as tropas e a cortiça que era usada
no isolamento térmico dos tanques, particularmente na frente oriental de
combate, perdem valor de mercado. Os empresários mudam de ramo. “Os donos das
fábricas de conservas entraram na indústria do imobiliário”. Surgem então as
torres da praia da Rocha, Armação de Pêra e noutros sítios ao longo da costa.
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