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sexta-feira, 3 de julho de 2020

Margarida Tengarrinha, 92 anos - Um exemplo de resistência de ideal e de vida – Autora do livro !Memórias de uma Falsificadora» - Com o substituo « A luta na clandestinidade pela Liberdade em Portugal» - Além de outras obras dos seus 20 anos de resistente antifascista. .


JORGE TRABULO MARQUES - Jornalista - 

Margarida Tengarrinha, 92 anos -   Um exemplo de resistência de ideal e de vida –  Autora do livro «Memórias de uma Falsificadora» - Com o substitulo « A luta na clandestinidade pela Liberdade em Portugal»  - Além de outras obras dos seus 20 anos de resistente antifascista. .

O livro da professora Margarida Tengarrinha, foi  lançado, há dois anos no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa - Encontramo-la na Feira do Livro de Lisboa, o ano passado, no stand das Edições Colibri, responsável pela edição.  com a  qual tivemos oportunidade  ter  um breve mas muito expressivo e algre  diálogo, que hoje temos muito gosto de aqui divulgar .  

Fez 92 no dia 7 de Maio – Algarvia de gema, natural de Portimão, uma figura de destaque, entre as mulheres que se baterem pela luta contra o fascismo.




Recorda ter sido uma boa falsificadora na clandestinidade para falsificar documentos  para os seus camaradas do partido poderem passar pelas malhas da PIDE sem serem reconhecidos, identificando-os com nomes diferentes dos que tinham, inclusivamente a do  próprio Álvaro Cunhal, que  também chegou a ter uma outra identidade aquando   da fuga  de Peniche

Apesar de ter sido autora 4   livros, diz que não é escritora: escrevo memórias – Sim, nomeadamente  dos 20 anos em que militou na clandestinidade, depois de ter sido expulsa da ESBAL, em meados de 1952, proibida de frequentar todas as Faculdades do país,  impedida de lecionar na Escola Preparatória Paula Vicente, onde era professora, pela sua ativa participação na luta pela Paz

Em 1955 passou à militância clandestina do PCP com o seu companheiro, o pintor  José Dias Coelho, brutalmente  assassinado a tiro pela PIDE em 19 de dezembro de  de 1961.

De 1962 a 1968 trabalhou com Álvaro Cunhal e depois como redatora da Rádio Portugal Livre.
Depois do 25 de Abril foi membro do Comité Central do PCP e deputada do PCP pelo Algarve.
Em 2016 recebeu o Prémio Maria Veleda da Direção Regional de Cultura do Algarve.
Continua a ser Professora
de História de Arte na Universidade Sénior de Portimão, pinta, é um elemento activo no Grupo de Amigos do Museu",

"Retalhos da vida de uma menina burguesa"     
Diz o PÚBLICO, , que “Margarida Tengarrinha foi uma das “meninas burguesas” do seu tempo que deixou o Algarve para prosseguir os estudos em Lisboa, onde encontrou outros jovens algarvios. De entre os elementos do seu grupo de amigos de infância, conta-se o ex-cônsul do Reino Unido na região, José Manuel Teixeira Gomes Pearce de Azevedo, já falecido, neto do antigo Presidente da Republica, Teixeira Gomes. “As famílias burguesas foram todas estudar para Lisboa”, recorda. Dessa época, destaca ainda Estela Avelar, médica, de 93 anos, também ainda no activo nas Termas das Caldas de Monchique

O pai da pintora, José Manuel Tengarrinha, exerceu o cargo de gerente do Banco de Portugal em Portimão. O avô Tengarrinha, de Loulé, foi construtor civil. “Foi ele que abriu a antiga estrada do Algarve para Lisboa, passando pelo Barranco do Velho [serra do Caldeirão]”, recorda. Prosseguindo na viagem às recordações da meninice, lembra-se, durante a 2.ª Guerra Mundial, de ver os batelões carregados de cortiça ou latas de conserva para os “barcos alemães atracados ao largo de Portimão”. O Algarve nessa altura, evoca, vivia um período de prosperidade. As exportações com os negócios da guerra fizeram fortunas. Na fábrica de conservas Feu & Hermanos (actual Museu de Portimão), exemplifica, quem controlava a produção era um alemão. “O senhor Dirks estava cá para garantir a exportação e eu era amiga da filha, Ilse Dirks”. Quando frequentava a casa da família germânica, nada lhe parecia estranho. “Não sabia o que era aquilo que ensinavam às crianças, a saudação Nazi, pois, tinha seis ou sete anos”.

O início da actividade política organizada dá-se em 1948, quando passa a integrar o MUD Juvenil na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL).

A partir dos anos 1960 surge o turismo e o Algarve entra numa nova época. Com o fim da guerra, as conservas que alimentavam as tropas e a cortiça que era usada no isolamento térmico dos tanques, particularmente na frente oriental de combate, perdem valor de mercado. Os empresários mudam de ramo. “Os donos das fábricas de conservas entraram na indústria do imobiliário”. Surgem então as torres da praia da Rocha, Armação de Pêra e noutros sítios ao longo da costa.

A história da economia da região é familiar a Margarida Tengarrinha, não apenas pela experiência vivida, mas também pelo trabalho desenvolvido nesta área enquanto membro da direcção regional do PCP. “Já em Moscovo, estava habituada a interpretar números e gráficos quando trabalhava de perto com o Álvaro [Cunhal]”, explica.


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