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segunda-feira, 30 de março de 2015

Portugal 2 Sérvia 1 – Cristiano Ronaldo não marcou mas brilhou à sua maneira, com dribles, mímica e muita emoção



Cristiano Ronaldo - Apesar de não ter estado nos dias de maior inspiração (não tanto por sua culpa mas de outros problemas táticos da equipa), mesmo assim encantou, nem assim deixou de ser espetáculo: pela magia e pela mimica - Pelo génio da sua arte e da intensidade das suas emoções - Sempre tão diferentes, tão variadas - Só por esse facto vale a pena vê-lo jogar.

 Se o que conta são os resultados, então a seleção portuguesa está de parabéns:  os dois golos de Ricardo Carvalho e de Cointrão, guindaram-na  para  o topo da sua série e abrem-lhe mais facilmente as portas  para a entrada no europeu de 2016 a decorrer  em França. Todavia, a continuar com este desempenho, tal não significa que possa depois ali fazer algum brilharete. Bom, mas até lá ainda há de correr muita água debaixo da ponte. Se o importante era também proporcionar aos 60 mil adeptos um bom espetáculo de futebol, cremos que esse objetivo não foi conseguido. Portugal venceu os servos, com mérito, é certo, mas também por muita sorte. Houve momentos de festa mas também lugar para alguma ansiedade. Pois o adversário mostrou que não é inferior e podia ter arrecadado a vitória ou empate e gelado o Estado da Luz - Bom, desta já nos safámos. . 





domingo, 29 de março de 2015

“Sibilam Pedras na Encosta” – Poesia de “Sons de Sol” de Mel de Carvalho – A Bela Surpresa no final da tarde de sábado na feira do livro dos alfarrabistas do Chiado - em Lisboa - Que terminaria com um espraiar sereno e nostálgico na margem do Tejo


O livro é de autoria de Mel de Carvalho  (Maria Amélia de Carvalho). Desconhecia o seu nome e a sua poesia mas ainda bem que o caso me proporcionou uma bonita surpresa  - Não escreve poemas como quem fabrica versos mas escreve versos como quem cultiva diamantes ou pérolas. Não consta na internet que a imprensa lhe dedicasse algumas linhas, senão apenas as da sua editora  (CORPOS)  e as referências que a própria autora faz no seu blogue. Mas creio que devia ser um nome a promover e a reter. Sim, seguramente, neste seu pequeno livro de 91 páginas, não há poesia hermética ou que precise da muleta do calão para só intelectual perceber ou se impressionar,  mas poemas da mais belíssima verve, intensamente sentidos e vividos. Pena que, à semelhança de tantas obras literárias, acabem numa banca (aliás, na banca daquelas centenas livros baratos, também só lá descobri um único exemplar - o desta autora) pelo módico preço de 1 euro, conquanto o preço inscrito continuasse a cinco euros. 

De vez em quando dou um giro pela feira do livro dos alfarrabistas do chiado, ali uns metros abaixo da Brasileira, numa transversal da Rua Garrett, com a esquina da livraria Bertrand,  mais propriamente na Rua Anchieta, onde é possível encontrar livros (os mais variados), bons e  baratos, aos sábados.   Cheguei ao local, já quase ao fim da tarde. Mesmo assim ainda tive tempo de visitar todas as bancas e descer ao Cais Sódre para esprairar o olhar pelo Tejo, que já não via a algum tempo, seguindo pela marginal até ao Terreiro do Paço, onde pude assistir a um magnifico pôr-do-sol, com alguns casais de namorados rendidos à doce magia do momento.
Desta vez trouxe  seis livros por 7,5 euros, incluindo o que me custou 2,5 euros, na banca de outro alfarrabista. Ou seja: Sibilam Pedras na Encosta, de Mel de Carvalho; Últimos Sonetos,  de Sidónio Miguel (1942); Antologia da Poesia Brasileira, por José Vale de Figueiredo; O Livro Negro, de Giovanni Papini; Sexta-Feira ou a Vida Selvagem, de Michel  Tournier; Enigmas do Passado,  de Kurt Benesch

Se fosse no tempo do escudo, dir-se-ia que não era  nenhuma anormalidade, nenhuma pechincha, visto os livros serem bem mais baratos. A bem dizer, foi justamente no sector livreiro, que, com a introdução do euro, houve maiores índices de inflação – Não creio que a favor do autor  - e até mesmo do editor – mas sobretudo no circuito da distribuição, onde ficam com a fatia de leão. Daí haver editoras que deixam essa tarefa ao autor.

Bom, mas do que eu venho falar, especialmente, é do livro de poemas de Mel de Carvalho,  “Sibilam Pedras na Ecosta” – Poesia que me fala das pedras, que tanto amo, do sol, que contemplo, em rituais solsticionais e equinociais, do amor, do tempo do céu e do mar, das noite estreladas ou de luar, do infinito cósmico, deuses e constelações – Sim, quem é que não sente a força destes elementos no dia a dia da sua vida?!.

Na pesquisa que fiz, na Web, fiquei a saber que “a primeira apresentação decorreu no dia 15 de Dezembro de 2007 (Sábado) no "Santiago Alquimista"(situado na Rua de Santiago nº19 1100-493 Lisboa), pelas 22h30m. A segunda no dia 22 de Dezembro de 2007 (Sábado), Grémio Lisbonense (situado na Rua dos Sapateiros Nº 226 1º 1100-581 Lisboa) pelas 16.30H. - Também pude saber que já editou um segundo livro e que paassou a constar de algumas antologias.

O QUE A AUTORA COMEÇA DIZER NO SEU LIVRO

“Nunca percebi esta compulsão que me faz escrever. Nunca entendi a necessidade de me metamorfosear, de me recrear em múltiplas personagens, na maior parte das vezes "sombrias". Existe um "Eu" em mim que me é alheio e que me dita as linhas que vos deixo neste trabalho. A esse "Eu", companheiro de todos os dias, o meu obrigado.
A todos, familiares e amigos que tornaram possível este livro, um enorme e profundo agradecimento.'' 

Não fazemos parte desse restrito grupo, que tornou possível o sonho de Mel de Carvalho, contudo, depois de lermos gostosamente os seus maravilhosos versos, obviamente que nos sentimos como que irmanados na constelação dos seu núcleo de amizades e admiradores.

“Sibilam Pedras na Encosta” - Deu o título ao livro mas foi remetido para a última página. Que  aqui tomamos a liberdade de o transcrevermos  como o primeiro:

Sibilam pedras na encosta quando a noite vermelha
se anuncia desnuda de sentido.
Quando a alma insana vareja entre a plana planície
e a árida bainha marítima.
E as vozes dos gestos detonados nos rumorejam
a força intempestiva do desejo.

Num jogo de espelhos envelhecidos - a ponto sombra e
a ponto luz-, a cidade adormecida antes de nós,
reabilita-se no oiro bruxuleante de candeeiros antigos.
No cais de onde não partem ou chegam barcos,
elevam-se nos mudos bicos das Gaivotas, dores, gritos ...
Ondulam-se na Planície os Sobreiros e aqui na orla,
seculares Palmeiras. Corvos coreógrafos encenam
 novas coreografias em madrugadas infinitas,
para além do que a vista alcança. Voláteis dançam.

Sibilam pedras, rolam destemidas na encosta,
afundam-se em quedas abissais.
Rebolam bojudas em prantos ausentes de fragrâncias
.

Sons do Sol

Não sei que és, de onde surges.
Escuto-te nos vibrados, nos sons ... nos meios-tons.
No clangor.
Fluis ardência
dentro do verde efervescente dos meus olhos.
Clarões, lamparinas em ondas de calor. Luminárias.
Tal Hélios ou Magec  (1) avanças,
(és tango, és valsa), ... danças
em mil cores acres de broteantes matizes sobre
sobre Teide [21, o Vulcão.
Emerges
conduzindo uma quadriga em fogo
pela anilada, condensada atmosfera.
Vislumbro-te num plano para além da vida.
Sei-te sequestrado (3), algemado.
Em prece, suplico ao Deus supremo do céus,
Achamán, que te liberte
e que, sobre esta ilha que eu sou,
se faça de novo doutrina, vidência, claridade.

Busco-te, na essência e na disparidade
busco-te intensamente
na autoridade e na dominação que tu imanas.
Busco-te, para que me reveles do Cosmos feição,
incandescente regulação
do meu próprio
relógio biológico.
Busco-te, tal planta, para que sobre o teu capuz
(manto de Luz) desabroche e cresça - floresça fêmea.
Busco-te, faúlha de incessante inspiração.
Não sei quem és, de que sono acordas.
Vindo do escuro, desembocas no traçado dum caminho.
Invades a retina, tocando um a um
todos os seus bastonetes.
Atravessas a córnea e o cristalino.
És um Deus menino. Hélios, Deus do meu destino!
Abro-me crisálida e tombo simplesmente no seio do teu regaço
e menina, te abraço.
Escuto-te nos vibrados, sons felinos, e nos meios-tons.

[1) Deus do Sol dos povos aborígenes
[2]Teide na língua dos aborígenes canários significa "morada do diabo". [3]Segundo a tradição o diabo sequestrou o Deus do Sol, Magec, e levou-o com ele interior do Teide. Então as trevas cobriram a ilha até que o povo pediu ajuda ao D: supremo do Céu, Achamán, que fechou o diabo para sempre na montanha e libertou o Sol. 

"Mel de Carvalho, poeta, escritora e socióloga, é o pseudónimo literário de Maria Amélia de Carvalho, nascida em Lisboa a 23 de Janeiro de 1961. 

Licenciada pela Universidade Técnica de Lisboa, encontra-se neste momento a realizar doutoran1ento em Ciências da Educação, na Universidade Nova de Lisboa.

- A par com as diferentes actividades profissionais, quer como Socióloga (Técnica Superior de Emprego), quer como Formadora, a escrita surge desde cedo na sua vida. Inicialmente em forma de prosa. A admiração pelos poetas levou-a, no entanto, a aventurar-se na escrita poética, tendo dedicado, nos últimos anos, a sua inspiração à poesia Escreve· frequentemente em alguns blogs pessoais e sites colectivos. Nos seus blogs, ilustra normalmente os seus trabalhos. com as suas próprias fotografias, outro dos seus interesses. Em 2008 a edium editores publicou o seu trabalho em poesia “No princípio era o sol”,que passa a integrar a Antologia de Poesia e Prosa Poética Portuguesa Contemporânea"