Reportgem de Jorge Trabulo Marques - Footballdream
Rostos felizes, sorridentes e carinhosos com todos os que lhe são queridos Rúben Amorim, Pote e o internacional sueco Viktor Gyökeres, os reis da festa, os mais aplaudidos pelos milhares adeptos e simpatizantes, que receberam os seus amados leões, colorindo de verde e branco, complemente a histórica praça do coração de Lisboa, pela conquista do 20º campeonato.
Rúben Amorim, rodeado também dos seus mais entes queridos, a lançar um desafio: "Disseram que jamais seremos bicampeões outra vez. Vamos ver..." Ao mesmo tempo que se ouviam pedidos e aplausos para continuar no Sporting. Aliás, em perfeita sintonia com Frederico Varandas e Hugo Viana mostraram grande comunhão e o técnico – Sem dúvida, merecidos aplausos e troféu a coroar uma das mais brilhantes épocas do futebol da 1ª liga nacional.
Aqui, na imobilidade da pedra, sob a vasta unidade do Universo, onde o corpo ascende das pétreas cúpulas à consagração da Terra! Aqui, sob arcadas que desafiam leis do equilíbrio e da gravidade! O dia tem a limpidez dos amplos espaços, como livro aberto! Aqui, abro meus braços, rendido à atmosfera pura e unificada! Habitando o esplendor de uma morada imaterial e desnudada! Absorto no silencio da minha intimidade e das minhas preces, na miragem de um sonho transparente, tangível e imaculado! Completamente tranquilo e liberto de quaisquer estranhos ruídos!
3 de Maio - Dia Internacional da Liberdade de Imprensa – Há 50 anos fui massacrado por alguns colonos de S. Tome por dar voz à liberdade de expressão. Furaram os pneus do meu carro à navalhada, assaltaram-me a casa e dependuraram uma forca à minha porta _ O ano 2023 foi o mais mortífero da década para os jornalistas: 140 mortos
Segundo o relatório anual da organização não governamental Press Emblem Campaign (PEC), trata-se de um aumento anual de mais de 20% em relação a 2022, quando 116 jornalistas foram mortos
O. A Declaração Universal dos Direitos Humanos diz: “todos os homens são livres e iguais – Mas a liberdade de expressão, mesmo nos denominados regimes democráticos, onde os principais órgãos da comunicação social estão sob a alçada do poder económico, sob o domínio da informação domesticada, não passa senão de uma grande ilusão: - De um descarado colete de forças a permitir um enorme buzinão de uma nota só, sem direito ao contra-ponto ou oposta argumentação.
O 25 de Abril de 1974, restaurou a liberdade e permitiu aos povos africanos colonizados expressarem livremente as suas posições face ao domínio colonial. No entanto, em S. Tomé, o jornalista teve que arrotar-se com intempestivas agressões por parte daqueles que não queriam abdicar dos seus privilégios. Não foi tarefa fácil
Por ter acompanhado, fotografado e divulgado as manifestações, vim a sofrer fortes represálias por alguns colonos. A bem dizer, estou vivo por milagre de Deus .
Fizeram-me a vida bem difícil, com agressões e provocações de vária ordem: tendo-me colocado uma forca pendurada à porta da minha residência, num modesto anexo da Casa Lima & Gama, depois de me a terem assaltado e até o colchão da cama, mo terem esfaqueado, o mesmo fazendo por duas vezes aos pneus do meu carro.
Mas as represálias, não iriam ficar por aqui - Quando os colonos das roças avançam sobre a cidade e invadem o Palácio do Governador, com provocações a Pires Veloso. manifestação essa que podia ter acabado numa tragédia: havia o desejo de pegar em armas e atacar os defensores da Independência Total. Estes depressa galvanizaram as populações e o movimento do pró era imparável. Só se matassem o povo inteiro. Houve quem estivesse quase a perder as estribeiras.
Ao saírem do recinto do palácio, ao verem-me, ali junto à esplanada do Palmar, correm ao meu encontro. Se me apanhassem, naquele momento, estou convencido que me tinham esmagado e linchado. - Mesmo assim ainda levei com uma pedra nas costas e na cabeça. E o que me valeu foi ter subido por umas escadas e me ter refugiado num telhado. À noite foi socorrido por um santomense, o Constantino Bragança, que me levou para sua casa, onde estive escondido quase duas semanas
Constantino Bragança - Recorda neste video o que então se passou e como me acolheu em sua casa
Como não me apanharam lá no seu interior, deixaram-me à porta o laço da prometida forca de corda. Pelos vistos, em qualquer parte do mundo, os jornalistas são sempre as primeiras vítimas. É neles que descarregam todos as iras e ódios. Ainda hoje, ao escrever estas linhas, se me toldam os olhos, tal os maus momentos por que passei. Ao meu modesto carro, por duas vezes, lhe furaram os pneus à navalhada.- Não me importo de ser confrontado com os elementos da natureza mais hostil, mas ser atingido pelo ódio humano é mil vezes pior!...Não é medo é um sentimento de profunda tristeza e revolta.Os jornalistas são sempre as primeiras vítimas, os bodes-expiatórios da ira popular, das guerras e conflitos -
Jorge Nuno Pinto da Costa, soube fazer boas contratações e foi ele que deu o grande arranque a José Mourinho - Estive a fazer a reportagem no dia da inauguração do Dragão, com o Barcelona, onde os fotografei ao lado um do outro, já que, Pinto da Costa, gostava também de estar perto do relvado e dos jogadores.
Mourinho, creio, jamais esquecerá o quanto lhe deve este clube - e, por sua vez, ele é já uma legenda que o Dragão jamais olvidará Só que, a gratidão, em futebol nem sempre rola como a bola. Também é à cabeceada.
O liberalismo selvagem entendeu promover e lá colocar uma das suas alavancas, que abandonou o clube ,a meio de uma temporada atraído pelos milhões de um oligarca russo " 2011 - André Villas-Boas abandona o FC Porto para treinar o Chelsea pelos milhões de É a transferência mais cara de sempre de um treinador da história do futebol e, em Londres, André Villas-Boas é agora esperado com muita expectativa. https://www.rtp.pt/noticias/futebol-internacional/andre-villas-boas-abandona-o-fc-porto-para-treinar-o-chelsea_v453916
O meu clube é a fotografia e a espiritualidade . Mas este comportamento, que a seguir foi objeto de noticia, parece-me ser deveras desumano.
André Villas-Boas acusado de pagar ao ‘Dr. Milagres’ para não tratar jogadores do Benfica Eduardo Santos é um conhecido fisioterapeuta que se notabilizou no tratamento rápido e eficaz de lesões complicadas, o que lhe valeu o epíteto de ‘Dr. Milagres No entanto, segundo adianta o Correio da Manhã, Eduardo Santos recusa-se a tratar de jogadores do Benfica. De acordo com a mesma publicação, esta decisão surgiu desde os tempos em que trabalhou com André Villas-Boas, no Zenit e no Shanghai SIPG https://adeptosdebancada.com/villas-boas-acusado-de-pagar-ao-dr-milagres-para-nao-tratar-jogadores-do-benfica
Médico Fernando Monteiro Girão, nasceu em Coimbra, dia 25 de Abril, de 1956 Aquele que
viria a ser um dos mais devotados médicos ao nosso concelho e distrito -
Completou, ontem, dia 25 de Abril, os seus 68 anos- É o coordenador da Unidade
de Cuidados de Saúde Personalizados de V. N de Foz Côa, onde é Assistente
Graduado Sénior da especialidade da Medicina Geral e Familiar. Casado com a
jornalista Dina Aguiar, outra grande figura do nosso concelho, sim, com o
médico que viria a prestar assistência médica ao seu saudoso pai, nos últimos
anos da sua vida.
Detentor de um prestigiado currículo - Licenciado em Medicina pela
Universidade de Coimbra. Foi nomeado em comissão de serviço, presidente do
conselho de administração do Hospital Sousa Martins - Guarda, por despacho do
Ministro da Saúde de 16 de Junho de 2005, tendo iniciado funções em 21 de Junho
de 2005 até 30 de Setembro de 2008.
(…) Em 1 de Agosto de 1985 foi colocado na ARS da Guarda, Centro de Saúde de
Vila Nova de Foz Côa, em regime de prestação eventual de serviço, como clínico
geral da carreira médica de clínica geral. Por se encontrar a prestar serviço
militar obrigatório só iniciou funções em 1 de Janeiro de 1986.
Iniciou funções em 1 de Julho de 1983, em regime de prestação eventual de
serviço, como clínico geral, nos Hospitais da Universidade de Coimbra, onde se
manteve ao serviço até 12 de Março de 1984, data a partir da qual interrompeu
funções por motivos militares
Cónego José da Silva - Uma Vida ao Serviço da
Igreja -Não quis ser outra coisa senão ser Padre e nunca se arrependeu de ter
seguido a vida de sacerdote - Nasceu em Penude em 13-02-1927, - Faleceu, em Foz
Côa no dia 24 de Abril, 2014, em cujo cemitério foi sepultado, com a presença
do Bispo de Lamego e de vários sacerdotes, tendo-se associado, ao cortejo
fúnebre centenas de pessoas.
. “Eu não procurei ser outra coisa. Procurei ser Padre. Procurei cumprir o
meu dever. Quando me ordenei, eu tinha um primo, em Barcelos, que era director
de um colégio e convidou-me para ir para lá como professor. Eu respondi-lhe:
ordenei-me não para ser professor mas para ser padre. Agradeci-lhe por se ter
lembrado de mim mas eu nasci para ser padre, não aceitei o convite E Deus
fez-lhe a vontade, durante mais de seis décadas ao serviço da igreja.
Filho único mas de pais humildes. A mãe queria que ele fosse para o
seminário, porém, seu pai, receando ficar sozinho na velhice, chegou a
deslocar-se a pé a Lamego para demovê-lo a voltar para casa. A mãe tinha
opinião diferente do marido e ficou contente pela sua determinação. Em 1941,
após a 4º classe ingressa no seminário de Rezende.
Três anos depois frequenta o Seminário Maior de Lamego e é ordenado padre
em 1953 – Nesse mesmo ano, em Setembro, o Bispo destaca-o para uma freguesia da
diocese onde se manteve 31 anos e meio. Foi para lá em 6 de Setembro de 53 e
saiu em 13 de Março de 85 para pároco das freguesias de Foz Côa e chãs. Gostava
de lá estar. Pois, durante esse tempo estabelecera profundos laços de afeto com
os seus paroquianos. Casara pais e filhos. Por isso, é com muita pena que vai
ter que deixar a paróquia que abraçou mas as ordens superiores são para se
cumprir e o cónego José quis ser sempre obediente ao seu Bispo, respeitador da
doutrina da igreja e das leis eclesiásticas.
A mãe queria que ele fosse para o seminário, porém, seu pai, receando
ficar sozinho na velhice, chegou a deslocar-se a pé a Lamego para demovê-lo a voltar
para casa. A mãe tinha opinião diferente do marido e ficou contente pela sua
determinação. Em 1941, após a 4º classe ingressa no seminário de Rezende.Três anos depois frequenta o Seminário Maior de Lamego e é ordenado padre em 1953 –
Nesse mesmo ano, em Setembro, o Bispo destaca-o para uma freguesia da diocese onde se manteve 31 anos e meio. Foi para lá em 6 de Setembro de 53 e saiu em 13 de Março de 85 para pároco das freguesias de Foz Côa e chãs. Gostava de lá estar. Pois, durante esse tempo estabelecera profundos laços de afeto com os seus paroquianos. Casara pais e filhos. Por isso, é com muita pena que vai ter que deixar a paróquia que abraçou mas as ordens superiores são para se cumprir e o cónego José quis ser sempre obediente ao seu Bispo, respeitador da doutrina da igreja e das leis eclesiásticas.
25 de Abril 1974 – Adelino Palma Carlos “ Está uma revolução na rua!!....– Testemunho gravado para a História de Portugal
Foi a este prestigiado advogado de ideias que o general António de Spínola, nomeado presidente da República, recorreu para chefiar o primeiro governo provisório saído da revolução de 25 de Abril de 1974 - Tomou posse a 16 de Maio de 1974, sucedendo nas funções governativas à Junta de Salvação Nacional formada no dia da revolução, e teve como ministros personalidades como Mário Soares e Francisco Sá Carneiro, com quem tinha uma relação social de grande empatia e cordialidade
Adelino Palma Carlos – Primeiro-ministro do Iº Governo Provisório (de 16 de Maio a 18 de Julho de 1974, nomeado pelo General Spínola – Nesta parte da entrevista que me concedeu em sua casa, editada no vídeo deste post, Palma Carlos, fala da Revolução de 25 de Abril, que o fez chorar de alegria até às lágrimas e do Governo que formou com a participação de Álvaro Cunhal (um ministro consensual E também do seu ideal republicano. da sua oposição ao Salazarismo e dos revolucionários que defendeu, como advogado.
Professor, advogado e político. Destacou-se como primeiro-ministro do I Governo Provisório -(Faro, 3 de Março de 1905 — Lisboa, 25 de Outubro de 1992 (Faro,
Dou-me a honra e o prazer de me receber em sua casa e de ali me conceder uma interessante entrevista acerca de alguns dos mais importantes passos da sua vida profissional e politica, nomeadamente, como opositor ao regime ditatorial de Salazar, defensor dos presos políticos, da alegria que sentiu - até às lágrimas - quando tomou conhecimento do golpe vitorioso da Revolução do 25 de Abril, assim como de vários episódios relacionados com a sua participação como 1º Ministro do 1º Governo Provisório Adelino da Palma Carlos – Wikipédia,
Adelino Palma Carlos – Primeiro-ministro do Iº Governo Provisório (de 16 de Maio a 18 de Julho de 1974, nomeado pelo General Spínola – Nesta parte da entrevista que me concedeu em sua casa, editada no vídeo deste post, Palma Carlos, fala da Revolução de 25 de Abril, que o fez chorar de alegria até às lágrimas e do Governo que formou com a participação de Álvaro Cunhal (um ministro consensual E também do seu ideal republicano. da sua oposição ao Salazarismo e dos revolucionários que defendeu, como advogado.
Professor, advogado e político. Destacou-se como primeiro-ministro do I Governo Provisório -(Faro, 3 de Março de 1905 — Lisboa, 25 de Outubro de 1992 (Faro,
Dou-me a honra e o prazer de me receber em sua casa e de ali me conceder uma interessante entrevista acerca de alguns dos mais importantes passos da sua vida profissional e politica, nomeadamente, como opositor ao regime ditatorial de Salazar, defensor dos presos políticos, da alegria que sentiu - até às lágrimas - quando tomou conhecimento do golpe vitorioso da Revolução do 25 de Abril, assim como de vários episódios relacionados com a sua participação como 1º Ministro do 1º Governo Provisório Adelino da Palma Carlos – Wikipédia,
Considerado como "personalidade forte, inteligente, culto e de extraordinária capacidade de trabalho, foi primeiro-ministro do I Governo Provisório (de 16 de Maio a 18 de Julho de 1974). Como 11.º bastonário da Ordem dos Advogados Portugueses teve um importante papel na consolidação institucional e na internacionalização daquela corporação. Foi grão-mestre doGrande Oriente Lusitano, a principal organização da maçonaria portuguesa. E fundador do escritório de advogados actualmente designado de G&F Palma Carlos
COMO ELE VIU A REVOLUÇÃO DE ABRIL
«…fiquei contente!...Chorei, quando soube que era a Revolução!.. Que era para acabar com a ditadura!... Chorei! Chorei comi uma criança!... Não tenho vergonha nenhuma de dizer: chorei!!..
JTM - Entretanto, chegou o 25 de Abril: o Sr. Prof. foi nomeado Primeiro-Ministro!
APC – Olhe… Essa história é engraçadíssima!... Eu não fazia ideia nenhuma de que ia haver a Revolução… Aliás, eu era Presidente das companhias reunidas de gás e eletricidade: tinha sido convidado pelo General Gaspar dos Santos e era Presidente das Companhias… Quando eu vim para as Companhias, encontrei lá instalado, um coronel na Reserva, que era o coordenador de segurança das Companhias de Gás e Eletricidade, da Sacor, da Companhia das Águas, da Companhia Nacional de Eletricidade e da Petroquímica… Bom, esse homem, estava perfeitamente a par de tudo o que se desenrolava!... E até tinha uma coisa engraçada!... Sabendo que eu era uma pessoa, contra a situação, ele recebia todos os panfletos (não sei da onde) que saíam contra a situação e dava-mos para eu ler!... Ele é que fazia propaganda, junto de mim, contra a situação!... E estava sempre a par!... Quando foi da reunião dos capitães, em Évora, na Intentona de Março, ele disse-me: “Isto está mau!!..Agora o Movimento de Oficiais, em Évora!... Não se o que isto vai dar!...
Bem , continuámos, pacatamente!... No dia 25 de Abril de Madrugada!... Estava a dormir!...Aparece-me uma das empregadas, com o telefone, dizendo-me: “Sr. Douro! É o engenheiro da Companhia do Gás, que tem muita necessidade de falara consigo!..” -Então traga lá o telefone!
Era o homem a dizer: “Sr. Presidente! Rebentou a Revolução?!...”
- Rebentou a Revolução?!...
- “Rebentou a Revolução!!”
- E então o coronel, o que é que faz?!...
- “O Coronel, não está cá!... Não se sabe do coronel!...
Telefonei para o coronel, que eu tinha aí o número de telefone dele (que morreu, coitado, dois ou três meses, depois da revolução) … estava a dormir, como um anjo!...
- Então, Sr. Coronel!... Está uma revolução na rua!
- “Esta uma revolução na rua?!...”
- Está!... E então o Sr. não sabe de nada?!...
Está a ver!... Fui eu que informei o Coordenador de Segurança, que tinha rebentado a revolução!...
Bom, eu fui para a Companhia, juntámo-nos lá os Membros da Comissão Executiva, que cá estávamos, que éramos cinco só, e passamos o dia, ali… Veio uma Ordem do Ministério do Interior, por intermédio da Direção Geral dos Serviços Elétricos (a que nós estávamos subordinados) para que se interrompesse a corrente elétrica, lá para cima, par o Parque Eduardo VII… E o Engº da Companhia disse: se nós interrompemos a corrente elétrica, nós ganhamos nada com isso!... Eles têm geradores e continuam a emitir da mesma maneira!
- E então eu disse: há alguma ordem escrita?!..
- Não há nenhuma ordem escrita!
- E então diga-lhe que mandem a ordem por escrito!... Nós estávamos subordinados ao Governo!... Era uma companhia concessionária!... Mandaram a ordem escrita… E então interrompeu!... Até que, às tantas, à tarde, eu mandei ligar!... Porque, já não havia Governo!... Não havia nada!..
Bom, estivemos ali todo o dia, sem saber o que se passava, com a televisão aberta!... Com a telefonia aberta!... Almoçámos, mesmo lá, na cantina da Companhia!. E olhe, nos dias seguintes, fiquei contente!...Chorei, quando soube que era a Revolução!.. Que era para acabar com a ditadura!... Chorei! Chorei comi uma criança!... Não tenho vergonha nenhuma de dizer: chorei!!..
JTM – Depois, foi entretanto nomeado Primeiro-ministro!...
APC – E depois… aí é que a coisa, começa a ter um certo pitoresco, começaram a ouvir dizer-me que eu ia ser nomeado Primeiro-Ministro!... Não sejam tontos!... Porque é que eu havia de ser nomeado Primeiro-ministro?... Que ideia é essa?!...
- Mas eu acho que você é que vai ser o Primeiro-ministro!.. Você é que vai ser o Primeiro-ministro!..
Até, que, um domingo (tenho este telefone, que não está na lista) e ligara-me por este telefone (era confidencialíssimo) as era da Presidência da República, era ali de Belém); era o Capitão António Ramos, a dizer-me: - Ó Sr. Dr.! O Sr. General Spínola, tem muita necessidade de falar consigo!” - Então está bem
Eu conhecia o Spínola, já há bastante tempo: “então quando é que ele quer que eu vá falar com ele?”
- “Amanhã às quatro horas! – No dia seguinte, às quatro horas eu fui lá, e ele disparou:
- Tenho um Governo pronto! Falta-me o Primeiro-ministro!... Você tem de ser o Primeiro-ministro!
- Não me fale nisso!.. Não tenho a minha vida organizada para isso!... Vivo da minha profissão!.. Não pode ser!... Deixe-me pensar!...
- Então pense até amanhã!...
Eu resolvi pensar dois dias mas não pude!... No dia seguinte, telefonava-me ele outra vez!..
JTM – E teve que aceitar!
APC – E tive que aceitar!.. Pronto!...
JTM – Foi um tempo agitado, na altura?
APC – Olhe!... Foi o pior tempo da minha vida!.. Foi o pior tempo da minha vida!... Extremamente agitado!... O Governo era um Governo não homogéneo!... Porque tinham querido fazer um Governo de coligação - Quem fazia o Governo não era o Primeiro-Ministro: o que estava na Lei Constitucional nesse tempo: era o Presidente da República e o Primeiro-Ministro, só fazia trabalhos num Governo, que lhe tinham oferecido!...
E eu dizia: façam um Governo de Gestão, que é o que é preciso, nesta altura.
-“Ah mas é melhor fazer um Governo de coligação….”
- “Então façam um Governo de coligação” – Eu tive lá, desde o Álvaro Cunhal, até esse homem monárquico, que aí anda, o Ribeiro Teles!.. A Pintassilgo!... Estava no meu Governo!..
JTM - Havia então alguma confusão…
APC- Devo-lhe dizer que, nas reuniões do Conselho de Ministros, havia às vezes divergências… Pois cada um tinha a sua opinião sobre os problemas que se colocavam… Havia muitos problemas a resolver... Havia divergências!... Eu tentava soluciona-las mas elas … mas é uma justiça que eu nunca deixo de fazer ao Cunha, é esta: é que, quando a coisa estava numa situação quase de impasse, o Cunhal encontrava sempre uma solução de equilíbrio, que todos acabavam por aceitar!... É um político extraordinário!...
JTM – Acha que o Partido Comunista Português devia ser chamado também a contribuir, também no Governo?
APC – Quando eu era Primeiro-ministro, veio cá, o Mitterrand e o d’Ferry, vieram cá: fora-me visitar. Estava um bocado preocupados por haver comunistas no Governo; era o Álvaro Cunhal e mais o Adelino Gonçalves, Ministro do Trabalho, que era um sindicalista bancário, o Porto, que tinham metido lá… O Mitterrand, às tantas, disse-me: - “mas você não se preocupa pelo facto de ter comunistas no Governo?”
- Bom, não sei porque é que você me faz essa pergunta, quando, você, agora, constitui em França, a União de Esquerda, de Socialistas e de comunistas!... Se você lá, anda de braço dado com eles, não sei porque estranha que eu tenha aqui dois ministros comunista, num Governo!... Onde estão numa minoria flagrante!...
JTM – Olhe, na altura quais foram os problemas mais difíceis que teve de enfrentar nesse período?
APC - Tive logo de entrada uma greve dos correios… Passados, dois ou três dias, não havia correios, não havia telefones, não havia coisa nenhuma… E eu disse: isto não pode ser!... Não podemos estar sem comunicações… Chamei o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, que era o Costa Gomes, e disse-lhe: ó Sr. General! Nós temos de ocupar militarmente os correios para acabar com isso!...
- Oh diabo! Isso é uma coisa complicadíssima!"
NOTAS BIOGRÁFICAS -Adelino Hermitério da Palma Carlos nasce a 3 de Março de 1905, em Faro, vindo a falecer a 25 de Outubro de 1992, em Lisboa. Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, com a nota final de 18 valores, foi delegado da Faculdade de Direito à Federação Académica. Conclui o doutoramento em Ciências Histórico-Jurídicas, também na Universidade de Lisboa, em 1934. Advogado reconhecido, defendeu inúmeras figuras oposicionistas à ditadura, como Norton de Matos, Bento de Jesus Caraça e Vasco da Gama Fernandes. Foi também professor na Escola Rodrigues Sampaio, no Instituto de Criminologia de Lisboa e, como Catedrático, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, da qual viria a ser director. Foi jubilado em 1975. Em 1949, foi mandatário da candidatura do general Norton de Matos à Presidência da República. Em 1951 exerceu funções como Bastonário da Ordem dos Advogados portugueses. A 16 de Maio de 1974 é nomeado primeiro-ministro do I Governo Provisório, pedindo a demissão a 18 de Julho desse ano. Em 1975 funda o Partido Social-Democrata Português. Foi mandatário e membro da comissão de honra da candidatura do general Ramalho Eanes à Presidência da República (1979). Pertenceu ao conselho consultivo do Partido Renovador Democrático. Em 1986 recebe a insígnia de Advogado Honorário.Adelino da Palma Carlos | 1905-1992 - Memórias da .
Reportagem sonora de uma das noites de caloroso convivo e de boémia do Botequim da Natália Correia, no Largo da Graça, Lisboa, anos 80 – Naquele espaço, as surpresas da noite já faziam parte do cardápio da casa, do habitual convívio e diversão.
Foto obtida pelo autor deste blogue à saída de uma festa de gala no Casino Estoril - Natália Correia e a sua corte - Na qual está também - no primeiro plano Dórdio Guimarães, o fiel companheiro de todas as horas de Natália, de costas voltadas para o fotógrafo; um pouco mais à esquerda, está Fernando Grade, e, quase a servirem de guarda-costas, Francisco Baptista Russo e Fernando Dacosta, agora de novo com mais uma bela surpresa literária - Não me ocorre o nome das outras suas amigas.
Se Natália Correia fosse viva e ainda liderasse o Botequim, por certo, alguns dos frequentadores deste famoso Bar já tinham desencadeado uma revoluçãoUma das habituais presenças, ao pino do Botequim, era o Mastro António Vitorino de Almeida, mas, que muitas vezes, podia ser usado por outras músicas
A noite que aqui recordo, contou a presença de Zeca Afonso, A VOZ DA UTOPIA E DA LIBERDADE, que se associou ao coro das vozes, onde a da Natália Correia, era geralmente a voz que liderava os Cânticos que ali se faziam ouvir. -
Zeca Afonso, a emblemática voz do 25 de Abril, da revolução dos cravos, imortalizada por , “Grândola, Vila Morena”
José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos – ou simplesmente Zeca Afonso, como viria a ser eternizado – nasceu a 2 de agosto de 1929, em Aveiro. Em miúdo passou algumas temporadas em Angola, onde o seu pai exerceu a função de delegado do Procurador Geral da República. Por motivos de saúde, o pequeno Zeca dividiu o seu tempo entre África, que aprendeu a amar e a respeitar, e Portugal. As suas raízes familiares não representam propriamente o ‘proletariado’. Contudo, quando se fez homem, Zeca cantou e defendeu, como poucos, o povo – antes deste ir ‘de carrinho’, como viria a cantar na década de 80, no álbum Como Se Fora Seu Filho, um disco paradoxo, dividido entre a utopia e o desalento da realidade política:
Vídeo elaborado a partir da cassete de um pequeno gravador, que utilizava como repórter da Rádio Comercial, que pude registar numa das noites inesquecíveis de boémia no Botequim, que tive o prazer de frequentar muitas vezes - Hoje lembrei-me de ir buscar esses sons ao meu vasto arquivo - Onde ainda guardo (entre cerca de três centenas de cassetes de áudio, inúmeras reportagens e entrevistas, entre as quais,, Fernando Namora, Vergílio Ferreira, José Gomes Ferreira, Moreira das Neves, Amália Rodrigues, Cupertino de Miranda, Azeredo Perdigão, Costa Gomes, etc..etc
Sim, outros sons e outras vozes, gravadas no Botequim, que espero vir a editar no You Tube, pois tenho a certeza que não deixarão de ser apreciadas e de comover até às lágrimas, todos quantos o frequentaram e ali viveram momentos que perdurarão para o resto das suas vidas. Botequim - Pequeno no espaço mas grande como bar aglutinador das mais diferentes sensibilidades - Centro de tertúlias políticas, literárias e artísticas, palco de conspirações e acesos debates na presença de figuras, como Ramalho Eanes e esposa, Sá Carneiro, Nuno Krus Abecassis, Helena Roseta, Oliveira Marques, Ary dos Santos, Mestre Martins Correia, Francisco Relógio, David Mourão Ferreira, Dórdio Guimarães (o companheiro inseparável de todas as horas da autora da Mátria), Manuel da Fonseca, Urbano Tavares Rodrigues,Césariny, Cruzeiro Seixas, José Augusto-França, Amélia Vieira, Fernando Dacosta, José Manuel dos Santos, Amélia Muge, Tomás Ribas, Gilberto Madail, Afonso Moura Guedes; Narana Coissoró, deputados de todos os partidos, cartomantes, videntes e astrólogas, aspirantes a poetas, a pintores, a músicos, a escritores ou a políticos, homossexuais e lésbicas assumidos ou disfarçados, jornalistas, empresários, generais na reforma e no ativo, vários capitães de Abril.
E tantas outras personalidades (até do estrangeiro, sobretudo do Brasil) provenientes das mais diferentes atividades ou, simplesmente, pessoas anónimas que admiravam o perfil e o estilo inconfundível de Natália, que ali iam todas as noites, ao Largo da Graça, movidas pela curiosidade de a conhecer pessoalmente, de partilhar a alegria, a truculência, a frontalidade, o fascínio e o saber do seu inigualável convívio. "Mulher forte, irreverente, contraditória - e de beleza extraordinária. Com intensa versatilidade, dedicou-se a vários géneros literários.
Natália Correia sempre se recusou a ser uma figura decorativa, peça que entrava e saía do palco segundo as regras da compostura. Ao longo da vida escreveu intensamente. E ainda marcou presença na política e na imprensa. A indignação foi uma constante na sua vida e obra - motivada pela censura que a amordaçava ou por uma insurreição natural a todos os engodos ideológicos da sociedade. "Uma mulher imperial", diz a jornalista Clara Ferreira Alves." "Natália Correia é uma mescla de anjo e demónio. Muito do seu encanto vem desta mistura explosiva. É conhecida pela personalidade livre de convenções sociais, vigorosa e polémica, que se reflete na escrita.
Em Memória de Natália Correia e do Botequim - Em Noites Loucas, de alegria, música, convívio e poesia
Natália Correia (1923 - 1993), mulher de paixões, casou quatro vezes ao longo dos seus 70 anos. Fez televisão, foi jornalista, dramaturga, poetisa e estreou-se na ficção com o romance infantil «Aventuras de um Pequeno Herói», em 1945.
Nasceu nos Açores em 1923 e aos 11 anos desloca-se para Lisboa. Foi jornalista no Rádio Clube Português e colaborou no jornal Sol. Ativista política: apoiou a candidatura de Humberto Delgado; assumiu publicamente divergências com o Estado Novo e foi condenada a prisão com pena suspensa em 1966, pela «Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica».
Deputada após o 25 de Abril , fez programas de televisão destacando-se o “Mátria” que apresentava o lado matriarcal da sociedade portuguesa.
Fundou o bar “Botequim”, onde cantou durante muitos anos, transformando-o no ponto de reunião da elite intelectual e política nas décadas de 1970 e 80.
Organizou várias antologias de poesia portuguesa como “Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses” ou “Antologia da Poesia do Período Barroco”.
Natália Correia foi uma versejadora de êxito, uma mulher carismática com uma vida social intensa, não fez concessões à mediania e notabilizou-se por uma vasta obra intelectual.
Começo por recordar um recente passeio na
companhia do santomense, meu amigo Elísio Sacramento e de sua esposa, que se
maravilharam com estes amplos e belos espaços, bem como da visita dos
fotojornalistas, Arlindo Homem e António Vale, além de Manuel Goncalves e sua
esposa, em anos anteriores, que igualmente daqui partiram maravilhados, bem
como de todas as encantadoras panorâmicas agrícolas, que puderam desfrutar, ao
longo dos cerca de 6 Km, em calçada à portuguesa, da aldeia de Chãs àquela
propriedade.
.
A Quinta, há muito denominada Quinta de Santa Maria, situa-se em pleno Parque Arqueológico do Vale do Côa, estendendo os seus 200 ha pelas freguesias das Chãs e Muxagata, na margem esquerda deste
rio..
.É administrada pela firma Adriano Ramos Pinto (Vinhos)S.A, entidade a quem coube a feliz iniciativa de associar ao interesse económico, a defesa do Património Natural, Arqueológico. Etno-arqueológico e Vitivinícola, tendo ali erguido um interessante museu do sítio.
Naturalmente que, para que tudo isto fosse possível, pelo menos duas boas vontades e de modo muito especial, se empenharam: os proprietários da Quinta e as equipas de trabalho coordenadas pelo arqueólogo, Gonçalves Guimarães. E, naturalmente, para que a mesma não fosse submersa pela projetada barragem, o envolvimento dos arqueológos do Vale do Côa e do movimento estudantil e cível em defesa de todo o antiquíssimo património arqueológico e paisagístico.
Pessoalmente, sou dos que tenho pelas margens deste rio, um amor quase ilimitado - Por ali caminhei, muitas vezes, em criança, e até lá dormi umas quantas vezes, na casa da Quinta (hoje museu), no tempo das debulhas, que duravam várias semanas, ou quando o meu pai ali ia crestar os cortiços que lá tínhamos, junto à horta, uma herança do meu avô paterno, deixada a todos os filhos. A terra não era da família, mas ali perdurou, como rendeiros, durante mais de dois séculos.
Sim, foi lá que nasceu o meu pai, e já o pai do seu pai, ou seja, o meu avô e o meu bisavô paternos. No fundo, uma dinastia que se perpetuou, quase até aos nossos dias, herdada dos pais para o filho mais