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O dia 13,
seja qual for o mês - mas especialmente o 13 de Maio - assume sempre para mim
uma simbologia muito especial - Neste aproximar da meia-noite e final do dia.
não quero deixar de recordar a carta que escrevi à Irmã Lúcia -
Independentemente da crença, seja qual for, há que admirar uma vida
inteiramente dedicada à oração, numa clausura permanente
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Eu sou o chorão - Dos seis, só dois: eu e o do colo |
Ainda hoje
me interrogo por não ter morrido afogado tanto em terra - aos 11 anos , como no
mar - Mas antes disso, aos 12 anos, no Tejo, quando vim a trabalhar, como
menino marçano em Lisboa e, num domingo de Verão, me pus a nadar desde a praia
de Carcavelos pelo rio Tejo a fora. O que me valeu foi o vigilante da
praia se ter apercebido e ido ao meu encontro com o seu pequeno barco.
Depois, aos
25 anos, na travessia de S. Tomé ao Príncipe, em 3 dias, sobretudo quando a
meio da noite do 2º dia, adormeci de cansaço e a canoa se voltou
Numa piroga
escavada num tronco de árvore, de 40 cm de altura por 60 cm de largura - Se bem
que tivesse 3, 5 metros de comprimento - Do que não me pude livrar foi dos
espancamentos que recebi como prémio nos calabouços da PIDE-DGS - por ter feito
a viagem sem dar conhecimento às autoridades.
Cinco
depois, em fevereiro de 1975, ao vencer a travessia de 13 dias de S. Tomé
à Nigéria, como fuga para me livrar das perseguições e espancamentos de que
estava sendo alvo por parte de alguns colonos por dar cobertura jornalística ao
movimento pró-independência, pois era então, correspondente da revista angolana
Semana Ilustrada
E, ainda nesse mesmo ano, após ter regressado a S. Tomé e decidido empreender a travessia oceânica até ao Brasil. De seguida o relato ao 33ª dia do meu diário de bordo, que pude preservar num vulgar caixote de plástico, igual aos do lixo caixote do lixo, ao 33ª dia: https://canoasdomar.blogspot.com/2019/11/perdido-no-golfo-da-guine-33-dia.html
Por via de uma violenta tempestade, acabei por perder o remo principal e
ficado à deriva ao longo de 38 dias, até acostar na Ilha de Bioko, Guinè
Equatorial, onde fui tomado por espião e conduzido para umas cadeias mais
sinistras de África. Felizmente, lá me livrei de ser enforcado, quando já
via a forca à minha frente - A que me refiro em https://canoasdomar.blogspot.com/2019/11/perdido-no-golfo-27-de-nov-1975-38-dia.html
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Anos 80 - Com o poço, já emparedado |
Sim, naquele já distante 13 de Maio, quente e ensolarado, quando, então, contava apenas 11 anos e alguns meses, podia ter sido o último dia da minha vida: - Meus pais, encarregaram três dos seus quatro filhos de irem regar a horta do Vale Cardoso: a Conceição, de 15, eu Jorge, de 11 e o Fernando, de 9 anos, enquanto o José, de 13 , ia acompanhá-los noutras tarefas.
2014 - A casa em ruinas |
Porém, antes de nos deslocarmos àquela propriedade agrícola, decidimos ir assistir à procissão da festa de Nª Srª de Fátima, em Tomadias, uma povoação anexa da freguesia de Santa Comba: bastava um pequeno desvio, pois ficava perto do caminho, que íamos tomar.
Ao terminar a procissão, para lá nos dirigimos, felizes e encantados pelos momentos festivos, a que assistimos, longe de imaginarmos o pesadelo que íamos enfrentar mas de que, milagrosamente, nos salvamos.
A horta já não é cultivada |
A minha irmã, encarregou-se de tirar a água com o picanço, o Fernando foi para junto dos regos da horta encarreirar a água, que ali ia chegar, à medida que os baldes iam sendo despejados na pia
Eu, desci por uma estreita vereda do poço, agarrado a uns juncos e fui-me colocar de cócoras sobre uma pedra, que ficava por baixo do estrado de madeira onde a minha irmã, puxava o varal do picanço: a missão era desviar o balde dessa pedra, a única que ali existia e que estorvava a extração da água..
Passados, uns quantos baldes ou caldeiros erguidos, nisto só me dou conta quanto a minha irmã, se despenha sobre mim e ambos somos arrastados para o meio do poço. Sim, o varal soltou-se da haste mais pesada e ambos mergulhámos, com a água a entrar-nos pelo nariz e ouvidos adentro e a asfixiar-nos a respiração.
Eu procurava gatinhar numa das margens, mas esta era barrenta e escorregadia e não conse
Eu não dizia uma única palavra, até para evitar que a água me entrasse pela boca, estava mais ou menos resignado, se bem que nunca desistindo de gatinhar, enquanto a minha irmã, ao mesmo tempo que procurava cravar os dedos na lama da margem, não parava de implorar:
“Nossa Senhora de Fátima! Nossa Senhora de Fátima, socorrei-nos! -Esse episódio marcaria para sempre a minha vida, que tem sido um MILAGRRE - E creio que aquele foi o primeiro milagre que eu conheci - Na imagem de família, eu chorei no dia em que a minha irmã fez a 1ª comunhão - Não sei porquê
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A casa onde nasci |
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Mais tarde com a primeira filha |
Só quem navega sozinho à flor do mar, enfrentando as mais severas ameaças e adversidades, como eu as enfrentei ao longo de 38 penosos dias, numa frágil piroga, sob as mais cerradas trevas da noite ou sob a inclemência e a pino do sol equatorial da vastidão do Golfo da Guiné, sente verdadeiramente o místico e poético apelo da crença ou da fé: se deslumbra com a solar plenitude do milagre de um amanhecer cintilante e esplendoroso – Experiências estas que me permitiram viver várias vidas, como se tivesse morrido e ressuscitado através de algumas eternidades
Por isso, a fé que me conduz e guia, é mais aprendida na intensa experiência da minha vida de que em quaisquer ensinamentos doutrinários –
Todavia, muito admiro quem faz da sua existência um devotado e perene sacerdócio de devoção e de fé, dedicado à palavra de Cristo – É o exemplar legado da irmã Lúcia, a quem dirigi uma singela carta, pouco antes de ser chamada para outra missão.
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Em mais uma das centenas de orações, como expressão artística |
QUERENDO, TAMBÉM NÓS SOMOS A FACE DE DEUS E NÃO A IMAGEM DO LIBERALISMO DEMONÍACO E MERCANTILISTA ! – E a meditação é a via mais adequada para despertar em nós a presença do divino, o sentimento capaz de no proporcionar o caminho que nos conduzirá a uma maior elevação espiritual e a percepção do mundo exterior e dos sentido da própria vidao
Com o escritor Vergilio Ferreira |
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É preciso entrar nos mistérios da nossa mente e devassá-la - Pois dizem os mitólogos que apenas se faz uso de 10% do nosso cérebro - Certo que pensar dá trabalho à gente mas não hesite: Puxe pelo seu caco e pense - De entre as figuras a quem dirigi as minhas cartas: umas por admiração, outras apenas por impulsos inexplicáveis
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Nuns casos enviei, noutros, simplesmente, acabaram por figurar no arquivo das minhas elucubrações do foro mediúnico e espírita.- Alguns excertos foram editados num dos meus blogues mas remetidos para arquivo, sem visibilidade pública, aguardando oportunidade de serem trazidos à luz, com a data em que foram redigidos, quando se achar oportuno. - E assim tem sido
Nasci nesta aldeia, e aos seus espaços, devo-lhe o que sou |
Como é do conhecimento público, no dia 13 de maio de 1917, três crianças, que guardavam o gado, anunciaram ter visto Nossa Senhora nos campos inóspitos de Fátima, em Portugal: - Lúcia dos Santos e dois de seus primos mais novos, os irmãos Francisco Marto e Jacinta Marto, disseram ter visto um clarão, seguido de uma visão de “Nossa Senhora” sobre uma azinheira, . Que lhe recomendou que rasassem o rosário para salvar o mundo. e.
Em criança, quando meu pai foi caseiro da Quinta do Muro, sobranceira ao maravilhoso Vale da Ribeira Centeeira, atualmente em ruinas, tínhamos também a nosso cuidado, um rebanho de ovelhas – Não era o meu pai, que as guardava e apascentava, mas o Zé Rebaldo, que vivia com a mulher e os filhos na mesma quinta. E, de vez em quando, lá me calhava também a vez de ir levar a marmita do almoço ao nosso pastor, subindo e descendo os penhascos e as graníticas vertentes do maciço dos Tambores
O meu saudoso pai, além de ter de se dedicar à vida de feirante, compra e venda de vacas, cavalos e machos, pelas feiras dos concelhos vizinhos, tínhamos também de cuidar da nossa lavoura, dos terrenos, que a minha família herdara dos meus avós paternos e maternos, um dos quais era a nossa courela da ribeira, onde possuíamos algumas latadas de vinha e uma bonita horta, regada com uma velha nora.
Quem fazia os queijos em casa era a minha mãe e a mulher do pastor – E que saudades tenho daqueles dias, do soro fervido do leite que sobrava do coalho dos queijos!
Era, então, tal o meu fervor religioso, que , como ali havia junto à eira da quinta e na curva da estrada, do lado esquerdo de quem sobe, um veio de argila, eu aproveitava até para fazer imagens de Nª Srª de Fátima, que depois levava comigo, erguendo os meus altares, na esperança de que também pudesse ser contemplado com a mesma aparição dos pastorinhos de Fátima
O culto mariano, estava, então, muito intensificado, ao ponto da festa aos padroeiros, vir a ser substituída pelo das padroeiras, eu também me senti influenciado, sobretudo pelo culto a Nª Srª de Fátima. Na velha igreja da minha aldeia, entre outras imagens, existia também a de Nº Srª de Fátima, mas a imagem que havia sido passada a venerar era a que estava na capela, a de Nª Srª de Assunção, ao invés do padroeiro São Caetano.
Era na povoação das Tomadias, anexa da freguesia de Santa Comba, aldeia que faz termo com a minha, que as gentes das redondezas, costumavam ir ao 13 de Maio, pois nem todas as pessoas tinham possibilidade de se deslocarem ao emblemático santuário de Fátima
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Desprovido de saberes científicos, a sua vida assemelhar-se-ia, porventura, a uma espécie de permanente sonho acordado .A sua mente ocupar-se-ia mais com o receio das feras que o atacavam ou do raio que o poderia fulminar do que com a permanente obsessão a um Deus Desconhecido, Dominador ou Castigador... Por isso, o que haveria nele de primitivo, talvez fosse apenas o sistema arcaico e simples da sua ligação à terra, o estar perto das origens, das quais apenas se afastara, tal como outros seus longínquos antepassados, pela posição erecta de Homo Sapiens... Pois a designação de homem selvagem não é sinónimo de brutalidade e de crueldade; não é um comportamento exclusivo do homem primitivo. Talvez nas sociedades actuais, em muitos indivíduos considerados letrados e cultos, se tomem atitudes mais brutais e se comentam actos mais bárbaros.
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