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sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Santa Comba , Foz Côa – Encerramento da Exposição Sobreviver no Mar dos Tornados e Tubarões 38 dias à deriva numa piroga

 JORGE TRABULO MARQUES 


ABRAÇO DE AGRADECIMENTO – A todos quantos me deram a honra e o prazer da sua presença na minha exposição, apresentada em Santa Comba, Vila N. de Foz Côa, de 19 a 23 de Agosto, intitulada "Sobreviver no Mar dos Tornados e Tubarões 38 dias à deriva numa piroga – Tal como já tive oportunidade de referir, trata-se de uma exposição, composta por uma série de fotografias e outros documentos das minhas aventuras em 
pirogas de São Tomé, iguais às dos pescadores nativos, escavadas em troncos de árvores, de experiências marítimas solitárias vividas no vasto Golfo da Guiné inaugurada no Padrão dos Descobrimentos em Março de 1999, e posteriormente no salão da junta de freguesia de Foz Côa e num dos espaços do Município da Guarda, bem como numa escola secundária na Amadora – Posteriormente, em 2015, foi exposta no Centro Cultural Português, em S. Tomé, expressando um dos exemplos: de que se vence quando não se perde a fé e a força de vontade ou se luta por um propósito nobre e não se cruzam os braços

Desta vez, na freguesia de Santa Comba, na sequência de uma iniciativa que me ocorreu espontaneamente, sem prévio agendamento, com o intuito de poder mostrá-la, especialmente aos emigrantes, que no mês de Agosto regressam ao seu torrão natal para matar saudades e retemperar forças para o resto do ano - Sim, porque , também eu fui um dos habitantes destas terras que cedo deixou o lar onde nasceu – Aos 12 anos como marçano em Lisboa, e, desde os 18 anos aos 30 em S. Tomé e parte do serviço militar em Angola. Tal como tantos outros que hoje guardam episódios de vida, recordações de dias difíceis, ousaram enfrentar sacrifícios e as mais inesperadas adversidades

Aqui expresso, pois, uma vez mais o meu sincero agradecimento a todos quantos me honraram com a sua presença - Nomeadamente , à Presidente da Junta de Freguesia, de Santa Comba, Paula Abreu, por me ter dado a oportunidade de apresentar esta minha exposição, num dos salões da sua autarquia, bem como à Presidente da Assembleia Adelaide Vicente e outros membros da autarquia, José Ramos, mais conhecido por Zé da Torrinha e da Sandra Sousa, que igualmente me prestaram a sua generosa colaboração

O meu Bem-haja, igualmente, às amáveis e honrosas presenças do Ex-Presidente da CM de Foz Côa, atual deputado na AR, Gustavo Duarte e dos sacerdotes José Fonseca e Diogo Martinho, bem como de Agostinho Soares, e, por último António Lourenço, Presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de V. N. de Foz Côa, antigo Presidente da Junta de Freguesia de Chãs, a minha aldeia, ao longo de 32 anos, que teve a gentileza de me ajudar a transportar os quadros na sua viatura. Além de Manuel Martins, a sua mãe Olimpia Martins, entre outras simpáticas presenças, que muito me alegraram com as suas amistosas palavras – Estou certo que outras pessoas aqui teriam vindo se lhes tivesse dado prévio conhecimento, o que não sucedeu por se tratar apenas de um exposição de mero e espontâneo simbolismo.

 

Os objetivos dessas minhas travessias foram vários: antes de mais, o fascínio que o mar exerceu em mim, desde o primeiro dia que desembarquei, do velho Uíje, ao largo da baía azulinha da linda cidade de São Tomé; o desejo de me encontrar a sós com a solidão e a vastidão do oceano e, de perante esse cenário, de me poder interrogar, ainda mais de perto, sobre a presença e os mistérios de Deus. Mas também por outras razões de carácter histórico-científico e humanitário. Tais como: evocar a rota da escravatura, ao longo da grande corrente equatorial, lembrar esses ignominiosos tempos do comércio de escravos e chamar atenção para esse grave problema que, sob as mais diversas formas, continua afetar a existência muitos seres humanos, na atualidade. Demonstrar a possibilidade de antigos povos africanos terem povoado as ilhas, situadas naquele imenso Golfo, muito antes dos nossos navegadores, ali terem chegado, contrariamente ao que defendem as teses coloniais, que dizem que as ilhas estavam completamente desabitadas - E a verdade é que, entretanto, já foram encontradas antigas cartas em arquivos, do tempo dos árabes que provam, justamente, esses contactos com povos que, de há muito, ali viviam.

Contribuir para a moralização de futuros náufragos, à semelhança de Alan Bombard. Segundo este investigador e navegador solitário francês, a maioria das vítimas morre por inação, por perda de confiança e desespero, do que propriamente por falta de recursos, que o próprio mar pode oferecer. Era justamente o que eu também pretendia demonstrar - Navegando num meio tão primitivo e precário, levando apenas alimentos para uma parte do percurso e servindo-me, unicamente, de uma simples bússola, sem qualquer meio de comunicar com o exterior, tinha, pois, como intenção, colocar-me nas mesmas condições que muitos milhares de seres humanos que, todos os anos, ficam completamente desprotegidos e entregues a si próprios - Porém, quis o destino que fosse mesmo esta a situação que acabasse por viver. E, felizmente, também quis a minha boa estrelinha e, creio, com ajuda de Deus, que pudesse resistir a tantos dias de angústia, de sobressaltos e de incerteza. Já se passaram vários anos, porém, essa minha experiência ainda está muito presente na minha memória – E duvido que algum náufrago, alguma vez possa esquecer os seus longos momentos de abandono e de infortúnio -

 

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

João Paulo II em Portugal -1982 Dias de Emoção e de fé - E a interpretação do 3º SEGREDO DE FÁTIMA por um filósofo português formado pela Universidade de Diara, Samatra – Diz que não é o FIM DO MUNDO MAS A PASSAGEM PARA OUTRA FASE DA TERRA”

Jorge Trabulo Marques - Jornalista 


Dr. Jaime Taveira dos Santos Rufino, formado em filosofia experimental pela Universidade de Diara, Samatra, antigo professor da instrução primária, do curso secundário e cursos técnicos, que, durante vários anos viveu em Moçambique, onde chegou a ser o representante da Santa Casa da Misericórdia,  prestou-me uma interessante interpretação   sobre o 3º Segredo de Fátima, naquele mesmo ano em que João Paulo II  esteve em Portugal  - Ouça e reflita nas suas palavras e nos sons emotivos, com que abro este vídeo

Um ano após os disparos do turco Ali Agca, João Paulo II veio à Cova da Iria reconhecer publicamente a sua convicção de que houve uma intercessão de Nossa Senhora de Fátima na sua recuperação.

A devoção à oração do Rosário e a preocupação com as “ameaças” ao mundo foram outros temas centrais das intervenções de João Paulo II, que proferiu uma oração de Consagração a Nossa Senhora, a 13 de maio, na qual deixou, entre outras, a seguinte invocação: “Da guerra nuclear, de uma autodestruição incalculável e de toda espécie de guerra, livrai-nos!”

Na Cova de Iria, viria a ser vítima de um novo ataque contra a sua vida, perpetrado pelo espanhol Juan Fernández Krohn, padre tradicionalista que usava um punhal.

Ao despedir-se do país, o Papa disse que “Fátima é sempre nova para quem repete a subida à Serra de Aire e procura penetrar, cada vez mais fundo, nos mistérios da Mensagem de Nossa Senhora, ‘a toda vestida de branco’, nas Aparições de 1917 aos três Pastorinhos”.

João Paulo II voltou a Portugal em 1991, passando, inevitavelmente, pelo Santuário de Fátima, nos dias 12 e 13 maio; durante quatro dias, proferiu 12 intervenções e enviou ainda uma carta, desde a Cova da Iria, aos bispos católicos da Europa, que preparavam uma assembleia especial do Sínodo dos Bispos, dedicada ao Velho Continente.

A 12 e 13 maio de 2000, já com um estado de saúde debilitado, João Paulo II regressou a Portugal, para presidir à beatificação dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto.

O texto relativo ao Segredo de Fátima (uma mensagem anunciada por Nossa Senhora aos Pastorinhos em julho de 1917 e escrita por Lúcia na década de 40 do século XX)

O QUE DIZIA O 3º SEGREDO DE FÁTIMA? “que, .embora abordasse o extermínio de todo o clero católico, a profecia foi tratada pelo Vaticano apenas como a salvação por interferência divina ao atentado que o papa sofreu na Praça de São Pedro, em 13 de maio de 1981, e, um ano depois, no santuário de Fátima

Um desses pontos era o da Conversação da Rússia! Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”, assim registrou Irmã Lúcia, falecida em 2005, nas suas ‘Memórias’.

Para assinalar a celebração dos 100 anos da aparição de Nossa Senhora em Fátima, que ocorreu no dia 13 de Julho de 1917, o santuário de Fátima recebeu uma peregrinação com cerca de 90 fiéis oriundos de vários países da ex-União Soviética está em Fátima.

DADOS HISTÓRICOS - Em 13 de maio de 1917, por volta do meio-dia, as crianças rezavam no pasto, junto do seu gado, quando foram surpreendidas por um forte clarão. Prestes a fugirem, viram flutuando sobre uma pequena árvore uma santa “mais brilhante que o Sol”. Ao se aproximarem, Virgem Maria teria lhes dito que deveriam orar pelo mundo e voltar àquele lugar todo dia 13 para receber três profecias sagradas.

A história parece quase repetir-se: do Segredo de Fátima do qual não se tem falado, mas já se escreveu: No dia 6 de abril de 1917, os Estados Unidos declararam guerra contra os alemães e seus aliados. Um grande volume de soldados, tanques, navios e aviões de guerra foram utilizados. Em pouco tempo, as tropas alemãs e austríacas foram derrotadas. Em novembro de 1918, o armistício de Compiègne acertou a retirada dos alemães e a rápida vitória da Tríplice Entente

Em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia lançou uma invasão militar em larga escala contra a Ucrânia, um de seus países vizinhos a sudoeste, marcando uma escalada acentuada para um conflito que começou em 2014. Vários analistas chamaram a invasão de a maior invasão militar na Europa desde a Segunda Guerra Mundial

É dito que “a Igreja revelou as duas partes do segredo pouco após a sua entrega. Intituladas respetivamente de “A visão do inferno” e “O imaculado

O imaculado coração de Maria”, descreviam a destruição das almas pecadoras e uma súplica à Rússia para que se convertesse à Virgem Maria. Do contrário, os erros dessa nação trariam guerras para o mundo e perseguições aos cristãos.

O terceiro segredo, “O atentado ao papa”, foi revelado só em 2000, a pedido de João Paulo 2º.


A pedofilia deve ser combatida e julgada mas veja-se o resultado: Seis mil participações em 10 anos e, afinal, os casos julgados, praticamente contam-se pelos dedos.

u abraço solidário e espiritual aos sacerdotes, que estão sofrendo, em silêncio, inocentemente tão vil e odiosa campanha em Portugal - Também me senti ultrajado e chocado, com tão vil e odiosa e descarada campanha pela media sensacionalista e não sou padre – Por via de provocações, do febril mimetismo dos media


Sou jornalista há mais de 50 anos, Entrevistei dezenas de prostitutos, chulos e prostitutas, incluindo as jovens crianças, além de entrevistas à nata do crime, além de centenas de entrevistas a figuras públicas, em todos os sectores da sociedade para um canal de rádio - Fiz manchetes, no Tal & Qual, num tempo em que ainda era tabu falar de sexo, com diferentes personalidades, incluindo Amália e um líder parlamentar, sobre a primeira relação sexual - Fui o primeiro repórter a denunciar a corrupio de pedofilia do Parque Eduardo VII - Tenho ainda cassetes que dariam para vários dias de reprodução e não me apercebi que os sacerdotes fossem os únicos a serem rotulados de devassos e provocadores – A pedofilia deve ser combatida e julgada mas veja-se o resultado: Seis mil participações em 10 anos e, afinal, os casos que são julgados, praticamente contam-se pelos dedos.

 

 





 

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Aniversário de Jorge Amado - O escritor brasileiro natural da Bhaía - 06-08-1922 - Faleceu aos 87, neste mesmo mês, em 06-08- 2001 - "

 Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador - 








Jorge Amado, nasceu a 10 de agosto de 1912, na fazenda Auricídia, no distrito de Ferradas, município de Itabuna, sul do Estado da Bahia. Foi um dos mais premiados e populares escritores brasileiros. Autor de  uma vasta obra, privilegiando a Bahia como cenário de suas narrativas, cativou o público com suas histórias que foram largamente adaptadas para a televisão.


BOMBA DE HIROXIMA -" Um crime terrível não só para a população japonesa mas contra a Humanidade!.." Mas que estranha coincidência! - Entrevista concedida no dia 6 de Agosto de 1981, Ironia do destino - Iria falecer 21 anos depois, no dia 6 de Agosto de 2001, aos 89 anos, a 4 dias de completar 69 anos. No dia em que passavam 56 anos sobre o lançamento da bomba de Hiroshima lançada no dia 6 de agosto de 1945

Excerto de uma das várias entrevistas que me concedeu 

Eis como ele me recorava essa trágica data  Jorge Amado: passam hoje 36 anos sobre o lançamento da bomba atómica sobre Hiroxima. Na altura o Jorge Amado, teria os seus?... Quantos anos?..

- Eu tinha 33 anos.
 "Eu me recordo perfeitamente. Foi durante a guerra; foi lançada sobre o Japão! No momento em que já não havia absolutamente necessidade de que a bomba atómica fosse lançada, a guerra estava ganha pelos aliados, foi um crime! Um crime terrível não só para a população japonesa mas contra a Humanidade!... Não havia absolutamente nenhuma necessidade de lançar a bomba atómica naquele momento sobre o Japão: o Japão já estava vencido."

BOMBA DE HIROXIMA -" Um crime terrível não só para a população japonesa mas contra a Humanidade!.."



- Jorge Amado: passam hoje 36 anos sobre o lançamento da bomba atómica sobre Hiroxima. Na altura o Jorge Amado, teria os seus?... Quantos anos?..

JA – Eu tinha 33 anos.
JTM – Recorda-se?....Tem alguma lembrança, dessa data, dessa data, tão trágica para a Humanidade?
JÁ – Eu me recordo perfeitamente. Foi durante a guerra; foi lançada sobre o Japão! No momento em que já não havia absolutamente necessidade de que a bomba atómica fosse lançada, a guerra estava ganha pelos aliados, foi um crime! Um crime terrível não só para a população japonesa mas contra a Humanidade!... Não havia absolutamente nenhuma necessidade de lançar a bomba atómica naquele momento sobre o Japão: o Japão já estava vencido.

JTM – No entanto, há quem pense o contrário; há quem diga que foi realmente uma maneira de  resolver o conflito!
JA -  Não acredito. Foi a fórmula de querer mostrar a superioridades, que, naquele momento os Estados Unidos, com aquela arma, passariam a ter para as negociações no após  guerra

JTM – Já que, ambos os blocos, as possuem: pois há também quem defenda que é uma maneira de se respeitarem mutuamente, de evitarem a guerra: o que é que pensa, Jorge Amado, a esse respeito?
JÁ – Eu sou pelo desarmamento: eu acho que a guerra se evita não tendo armas; se nós estamos  nós os dois, aqui  e não temos armas, é mais difícil que nos matemos de que você estiver aí com vários revólveres  e eu com armas brancas e revólveres, mais facilmente nos mataremos.

Eu acho que essa coisa das armas, incluindo as armas atómicas,  é um negócio sujo: é um negócio sujo, porque, por um lado envolve dinheiro, e não é uma maneira de chegar dinheiro à custa da morte!    À custa da desgraça dos demais!... E é realmente um crime!... Esta coisa dos grupos antagónicos de nações, se equilibram e isto evita a guerra, eu acho extremamente discutível!... Eu acho que isso  nos coloca sempre no perigo da guerra! Diante do perigo da guerra!... Eu acho que, se os homens que dirigem as nações, tivessem mais sentido de humanismo, pensassem mais na humanidade de que nos seus interesses pequenos e mesquinhos, nós teríamos o desarmamento - não é o desarmamento geral –que colocaria a guerra muito mais distante e muito mais difícil. É isso que eu penso.

JTM  - Haver paz sem se recorrer à existência de armas?
JA – Eu acho que sim; que haverá, realmente, no dia em que se deixar de recorrer às armas.

JTM – Acredita que, num futuro próximo ou distante, essas armas que são uma ameaça à Humanidade,
possam deixar de existir? Que sejam postas de lado, uma vez para sempre?
JA -  Eu sou otimista em relação ao futuro da humanidade; eu acredito no homem: o homem, apesar de tudo, evolui e marcha para diante e que chegará o dia em que, realmente, a humanidade  deixará de lado, todas essas armas  e que os homens do futuro pensarão: como foi possível esse acumular de armas! Que loucura! Deu na humanidade e nos homens! Nos dirigentes dos países, para que se ameaçasse a humanidade, com essas armas tão terríveis!... Note que não é o povo de nenhum país que deseja as armas: são sempre os grupos dirigentes, aqueles que estão no poder!... Os povos não desejam as armas, muito menos  as armas atómicas! Os povos desejam viver em paz! Tranquilamente, trabalhando.

JTM – Mas, a corrida ao armamento, parece cada vez mais aguerrida! As aramas aparecem cada vez mais aperfeiçoadas!... Como ver isto?
JA – Eu vejo, sempre como um perigo para a humanidade! Eu vejo como uma desgraça!... É uma desgraça e um crime! – É isso que eu penso.

JTM – A nível mundial, que é que, Jorge Amado, acha que devia ser feito para que as nações depusessem as armas e não apostassem nessas forças diabólicas? E que podem, de um momento para o outro destruírem a existência do homem na Terra?
JA – Eu acho que devia ser feito aquilo que a sua rádio está fazendo, mas a nível mundial! Por todos! Uma campanha contra as armas atómicas e contra todas as armas!... Uma campanha mundial de todos os homens, pelo desarmamento!... Mas não uma campanha feita com interesse desse ou daquele grupo, não: uma campanha que fosse de todos os homens e no interesse, sim,  da humanidade e não desta ou daquela superpotência, deste ou de outro grupo de nações!... Mas pela Humanidade!

JTM – Jorge Amado, falou da Humanidade mas os escritores também têm um importante papel na humanidade!
JA – Com certeza: os escritores, os artistas, sobretudo os cientistas, porque sabem que uma guerra atómica seria a destruição da vida sobre a Terra: não apenas da vida humana mas de toda a vida sobre a Terra! … Todos nós temos essa obrigação, é nosso dever! Todos nós: a luta contra  a corrida armamentista! A luta contra as armas atómicas!

JTM – Já agora, uma última pergunta, sobre o mesmo assunto: já alguma vez, Jorge Amado, nos seus livros abordou esta questão ou pensa abordá-la futuramente?

JA – Eu abordei essa questão, em inúmeros artigos! Em conferências! Em discursos no Parlamento, quando fui deputado… De todas as maneiras, lutando contra as armas atómicas, e, de certa maneira, eu diria que os meus livros refletem o desejo de Paz da Humanidade! 

Mesmo  que eu não tenha tido nenhum tema em nenhum deles, a luta contra as armas atómicas, porém, os meus livros refletem a luta do homem por uma vida melhor e de paz e uma vida mais feliz.


BIOGRAFIA -  Jorge Amado nasceu a 10 de agosto de 1912, na fazenda Auricídia, no distrito de Ferradas, município de Itabuna, sul do Estado da Bahia. Filho do fazendeiro de cacau João Amado de Faria e de Eulália Leal Amado.
Com um ano de idade, foi para Ilhéus, onde passou a infância. Fez os estudos secundários no Colégio Antônio Vieira e no Ginásio Ipiranga, em Salvador. Neste período, começou a trabalhar em jornais e a participar da vida literária, sendo um dos fundadores da Academia dos Rebeldes.
Publicou seu primeiro romance, O país do carnaval, em 1931. Casou-se em 1933, com Matilde Garcia Rosa, com quem teve uma filha, Lila. Nesse ano publicou seu segundo romance, Cacau.
A obra literária de Jorge Amado conheceu inúmeras adaptações para cinema, teatro e televisão, além de ter sido tema de escolas de samba em várias partes do Brasil. Seus livros foram traduzidos para 49 idiomas, existindo também exemplares em braile e em formato de audiolivro.
Jorge Amado morreu em Salvador, no dia 6 de agosto de 2001. Foi cremado conforme seu desejo, e suas cinzas foram enterradas no jardim de sua residência na Rua Alagoinhas, no dia em que completaria 89 anos -  Mais pormenores em http://www.jorgeamado.org.br/?page_id=75


GLAUBER ROCHA Um grande amigo meu, um amigo fraterno, meu irmão e um homem extremamente importante dentro da cultura do nosso país: dentro da cultura brasileira, dentro da cultura de Portugal, do mundo da língua portuguesa, pois que é um cineasta! E um escritor que tem realizado uma obra da mais alta importância!... Além de mais, é um homem extremamente lúcido na sua maneira de pensar, que tem lutado sempre ao lado do povo, contra os inimigos do Povo! Sempre ao lado dos interesses mais nobres da humanidade! Contra aqueles, exatamente, que querem a guerra, a opressão e a miséria! Os filmes de Glauber Rocha, são todos eles um elogio do Homem, do ser humano.”


BOMBA ATÓMICA EM HIROXIMA - "Eu me recordo perfeitamente. Foi durante a guerra; foi lançada sobre o Japão! No momento em que já não havia absolutamente necessidade de que a bomba atómica fosse lançada, a guerra estava ganha pelos aliados, foi um crime! Um crime terrível não só para a população japonesa mas contra a Humanidade!... Não havia absolutamente nenhuma necessidade de lançar a bomba atómica naquele momento sobre o Japão: o Japão já estava vencido."


Depois do 25 de Abril. Jorge Amado, deslocou-se várias vezes a Portugal: vindo, nomeadamente, de Paris, onde passava algumas temporadas, sobretudo na década de 80, numa fase, literariamente,  ainda muito ativa – Não era que gostasse mais de viver na Europa de que no Brasil; o motivo não era esse mas a falta de privacidade e o necessário isolamento, que não conseguia encontrar na sua cidade natal, onde era constantemente solicitado     - Nascido em Tabuna,  a 10 de Agosto de 1912, Estado da Baía, e, em cujas terras,  havia também de falecer:  Em Salvador, 6 de Agosto de 2001

Confessou-me que adorava o nosso país:   deliciar-se com a sua gastronomia, admirava o artesanato do Minho  (nomeadamente o da cerâmica),  as belezas naturais, o nosso sol,  nosso clima, a simpatia das nossas gentes, onde contava com  bons amigos, alguns dos quais, fonte de inspiração, como personagens nas suas obras: é o caso, por exemplo, de Nuno Lima de Carvalho, diretor da Galeria de Arte do casino Estoril

Tanto ele, como Zélia Gattai, sua esposa, deram-me o prazer de me concederem várias entrevistas, que aguardo no meu arquivo. Uma das quais feita por ocasião do Congresso de Escritores Portugueses, em 1988 (creio que o 2º), ou seja, dois anos antes da assinatura do então já  polémico acordo ortográfico – Obviamente, que o tema não deixou de vir à baila,  gerando acaloradas discussões, tal como, de resto, ainda hoje continua a suscitar, - Mais à frente o registo em vídeo dessa interessante entrevista



terça-feira, 9 de agosto de 2022

Mário Cesariny – Nasceu neste dia em 10 de Agosto de 1922 - O Poeta e pintor - Foi repórter surrealista num dia das marchas de Lisboa

 

Jorge Trabulo Marques - Jornalista 

Saudades do POETA E PINTOR MÁRIO CESARINY – Nasceu neste dia há 99 anos –Diálogo Surrealista no distante dia dos anos 80, em que ambos fizemos reportagem no desfile das Marchas Populares de Lisboa., num inesperado diálogo com a empregada de Natália Correia no emblemático Botequim, sobre as criancinhas de mãos ruidas por ratazanas na humilde casa de uma jovem mãe-cabo-verdiana, entre outras surpresas.

Faleceu aos 84 -Tive oportunidade e o prazer de ser amigo de Mário Cesariny de Vasconcelos, de ter partilhado com ele variadíssimos e inesquecíveis momentos de agradável convívio, com um dos mais singulares poetas pintores e do surrealismo português - "Passados 12 anos, sobre a sua morte - "é uma voz que ainda ecoa" e o seu surrealismo uma revolta que ainda não perdeu o sentido” - Entre os amigos mais chegados, a sua presença continua tão forte quanto antes. Como naqueles tempos passados em redor de uma mesa de café a falar de literatura, de política, de arte, de tudo.



Sempre certeiro onde quer que chegasse, a sua palavra Cesariny, era capaz de mudar a temperatura de uma sala, sobretudo de pensar fora da caixa porque ele nunca soube o que era estar dentro dela" In Observador. CESARINY ADMIRAVA O ESPÍRITO AVENTUREIRO DAS MINHAS ARRISCADAS TRAVESSIAS EM FRÁGEIS PIROGAS E EU ADMIRAVA-O POR SER UM POETA DE CORPO E ESPÍRITO INTEIRO

E também apreciava os meus apontamentos insólitos de reportagens e entrevistas na extinta Rádio Comercial RDP - Um dia haveria de ser ele a substituir o repórter com a empregada de Natália Correia, deslindando segredos, de almoços e jantares, no lendário Botequim e em sua casa e outras revelações - Quem haveria de imaginar tão inesperado acaso!

Mário Cesariny de Vasconcelos, nasceu em Lisboa, a 9 de Agosto de 1923 — faleceu nesta mesma cidade, no dia 26 de Novembro de 2006 - Poeta e pintor, considerado o principal representante do surrealismo português, além de antologista, compilador e historiador (polémico) das atividades surrealistas em Portugal.

OS POETAS NÃO MORREM... MÁRIO CESARINY - É UM DELES!  - Oh Meu Cesariny! Como o tempo corre? Como a vida foge! - E, todavia, até parece que foi ontem! 

Cesariny já não faz parte dos vivos.
Morreu ontem ás 5, 30 da manhã, em sua casa!
Ainda o estou a ver…
Quando à mesma hora desceu a avenida da Liberdade
Em madrugada fria de Dezembro

Madrugada já perdida
No silêncio do tempo.
Esquecida na memória dos dias.
Boina na cabeça.
Grossa gabardina de gola alta, cingida ao corpo,
Cascol escuro enrolado ao pescoço.
Defendiam – no da frieza húmida da noite.
Andar calmo e discreto.
Não de alguém que por ali deambulasse, sem destino

Ou por ali derivasse, sem propósito, nem rumo definidos 

(............) 

Meu Caro Cesariny:
Como sabe, na vida há um tempo para tudo:
Há-o para o amor, a sensualidade, a poesia - para tudo
há o tempo que o homem quiser fazer enquanto for vivo.
E, também, após a morte! – há um tempo para o repouso absoluto!
- Este agora é o seu tempo! O do indomável guerreiro
ter também o justo descanso! – O do luminoso poeta ,
ao descer, lentamente, à Terra, que o criou,
subir, em espírito e, talvez também, em corpo inteiro,
imediatamente ao Céu!


E, quanto a mim, amigo:
o meu tempo, pelo menos, por agora,
a estas tardias horas da madrugada,
em que a memória de novo me faz recuar
àquela fria noite de Dezembro,
é a de um longo momento de sentida emoção:
- tão só para recordar o belo poema,
os lindos versos, ditos palavra a palavra,
que tive o privilégio de gravar,
tal qual acabavam de ser criados,
por um inesperado poeta que, ali,
imerso em nevoeiro e névoa, quase irreal,
os dizia, com a mesma expressão
sublime e sagrada de quem diz uma oração!
(jtm)
Lisboa, 27 de Novembro de 2006

Publicado integralmente em https://templosdosol-chas-fozcoa.blogspot.com/2008/11/os-poetas-nao-morrem-mario-cesariny-e.html