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sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Santa Comba , Foz Côa – Encerramento da Exposição Sobreviver no Mar dos Tornados e Tubarões 38 dias à deriva numa piroga

 JORGE TRABULO MARQUES 


ABRAÇO DE AGRADECIMENTO – A todos quantos me deram a honra e o prazer da sua presença na minha exposição, apresentada em Santa Comba, Vila N. de Foz Côa, de 19 a 23 de Agosto, intitulada "Sobreviver no Mar dos Tornados e Tubarões 38 dias à deriva numa piroga – Tal como já tive oportunidade de referir, trata-se de uma exposição, composta por uma série de fotografias e outros documentos das minhas aventuras em 
pirogas de São Tomé, iguais às dos pescadores nativos, escavadas em troncos de árvores, de experiências marítimas solitárias vividas no vasto Golfo da Guiné inaugurada no Padrão dos Descobrimentos em Março de 1999, e posteriormente no salão da junta de freguesia de Foz Côa e num dos espaços do Município da Guarda, bem como numa escola secundária na Amadora – Posteriormente, em 2015, foi exposta no Centro Cultural Português, em S. Tomé, expressando um dos exemplos: de que se vence quando não se perde a fé e a força de vontade ou se luta por um propósito nobre e não se cruzam os braços

Desta vez, na freguesia de Santa Comba, na sequência de uma iniciativa que me ocorreu espontaneamente, sem prévio agendamento, com o intuito de poder mostrá-la, especialmente aos emigrantes, que no mês de Agosto regressam ao seu torrão natal para matar saudades e retemperar forças para o resto do ano - Sim, porque , também eu fui um dos habitantes destas terras que cedo deixou o lar onde nasceu – Aos 12 anos como marçano em Lisboa, e, desde os 18 anos aos 30 em S. Tomé e parte do serviço militar em Angola. Tal como tantos outros que hoje guardam episódios de vida, recordações de dias difíceis, ousaram enfrentar sacrifícios e as mais inesperadas adversidades

Aqui expresso, pois, uma vez mais o meu sincero agradecimento a todos quantos me honraram com a sua presença - Nomeadamente , à Presidente da Junta de Freguesia, de Santa Comba, Paula Abreu, por me ter dado a oportunidade de apresentar esta minha exposição, num dos salões da sua autarquia, bem como à Presidente da Assembleia Adelaide Vicente e outros membros da autarquia, José Ramos, mais conhecido por Zé da Torrinha e da Sandra Sousa, que igualmente me prestaram a sua generosa colaboração

O meu Bem-haja, igualmente, às amáveis e honrosas presenças do Ex-Presidente da CM de Foz Côa, atual deputado na AR, Gustavo Duarte e dos sacerdotes José Fonseca e Diogo Martinho, bem como de Agostinho Soares, e, por último António Lourenço, Presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de V. N. de Foz Côa, antigo Presidente da Junta de Freguesia de Chãs, a minha aldeia, ao longo de 32 anos, que teve a gentileza de me ajudar a transportar os quadros na sua viatura. Além de Manuel Martins, a sua mãe Olimpia Martins, entre outras simpáticas presenças, que muito me alegraram com as suas amistosas palavras – Estou certo que outras pessoas aqui teriam vindo se lhes tivesse dado prévio conhecimento, o que não sucedeu por se tratar apenas de um exposição de mero e espontâneo simbolismo.

 

Os objetivos dessas minhas travessias foram vários: antes de mais, o fascínio que o mar exerceu em mim, desde o primeiro dia que desembarquei, do velho Uíje, ao largo da baía azulinha da linda cidade de São Tomé; o desejo de me encontrar a sós com a solidão e a vastidão do oceano e, de perante esse cenário, de me poder interrogar, ainda mais de perto, sobre a presença e os mistérios de Deus. Mas também por outras razões de carácter histórico-científico e humanitário. Tais como: evocar a rota da escravatura, ao longo da grande corrente equatorial, lembrar esses ignominiosos tempos do comércio de escravos e chamar atenção para esse grave problema que, sob as mais diversas formas, continua afetar a existência muitos seres humanos, na atualidade. Demonstrar a possibilidade de antigos povos africanos terem povoado as ilhas, situadas naquele imenso Golfo, muito antes dos nossos navegadores, ali terem chegado, contrariamente ao que defendem as teses coloniais, que dizem que as ilhas estavam completamente desabitadas - E a verdade é que, entretanto, já foram encontradas antigas cartas em arquivos, do tempo dos árabes que provam, justamente, esses contactos com povos que, de há muito, ali viviam.

Contribuir para a moralização de futuros náufragos, à semelhança de Alan Bombard. Segundo este investigador e navegador solitário francês, a maioria das vítimas morre por inação, por perda de confiança e desespero, do que propriamente por falta de recursos, que o próprio mar pode oferecer. Era justamente o que eu também pretendia demonstrar - Navegando num meio tão primitivo e precário, levando apenas alimentos para uma parte do percurso e servindo-me, unicamente, de uma simples bússola, sem qualquer meio de comunicar com o exterior, tinha, pois, como intenção, colocar-me nas mesmas condições que muitos milhares de seres humanos que, todos os anos, ficam completamente desprotegidos e entregues a si próprios - Porém, quis o destino que fosse mesmo esta a situação que acabasse por viver. E, felizmente, também quis a minha boa estrelinha e, creio, com ajuda de Deus, que pudesse resistir a tantos dias de angústia, de sobressaltos e de incerteza. Já se passaram vários anos, porém, essa minha experiência ainda está muito presente na minha memória – E duvido que algum náufrago, alguma vez possa esquecer os seus longos momentos de abandono e de infortúnio -

 

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