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terça-feira, 9 de agosto de 2022

Mário Cesariny – Nasceu neste dia em 10 de Agosto de 1922 - O Poeta e pintor - Foi repórter surrealista num dia das marchas de Lisboa

 

Jorge Trabulo Marques - Jornalista 

Saudades do POETA E PINTOR MÁRIO CESARINY – Nasceu neste dia há 99 anos –Diálogo Surrealista no distante dia dos anos 80, em que ambos fizemos reportagem no desfile das Marchas Populares de Lisboa., num inesperado diálogo com a empregada de Natália Correia no emblemático Botequim, sobre as criancinhas de mãos ruidas por ratazanas na humilde casa de uma jovem mãe-cabo-verdiana, entre outras surpresas.

Faleceu aos 84 -Tive oportunidade e o prazer de ser amigo de Mário Cesariny de Vasconcelos, de ter partilhado com ele variadíssimos e inesquecíveis momentos de agradável convívio, com um dos mais singulares poetas pintores e do surrealismo português - "Passados 12 anos, sobre a sua morte - "é uma voz que ainda ecoa" e o seu surrealismo uma revolta que ainda não perdeu o sentido” - Entre os amigos mais chegados, a sua presença continua tão forte quanto antes. Como naqueles tempos passados em redor de uma mesa de café a falar de literatura, de política, de arte, de tudo.



Sempre certeiro onde quer que chegasse, a sua palavra Cesariny, era capaz de mudar a temperatura de uma sala, sobretudo de pensar fora da caixa porque ele nunca soube o que era estar dentro dela" In Observador. CESARINY ADMIRAVA O ESPÍRITO AVENTUREIRO DAS MINHAS ARRISCADAS TRAVESSIAS EM FRÁGEIS PIROGAS E EU ADMIRAVA-O POR SER UM POETA DE CORPO E ESPÍRITO INTEIRO

E também apreciava os meus apontamentos insólitos de reportagens e entrevistas na extinta Rádio Comercial RDP - Um dia haveria de ser ele a substituir o repórter com a empregada de Natália Correia, deslindando segredos, de almoços e jantares, no lendário Botequim e em sua casa e outras revelações - Quem haveria de imaginar tão inesperado acaso!

Mário Cesariny de Vasconcelos, nasceu em Lisboa, a 9 de Agosto de 1923 — faleceu nesta mesma cidade, no dia 26 de Novembro de 2006 - Poeta e pintor, considerado o principal representante do surrealismo português, além de antologista, compilador e historiador (polémico) das atividades surrealistas em Portugal.

OS POETAS NÃO MORREM... MÁRIO CESARINY - É UM DELES!  - Oh Meu Cesariny! Como o tempo corre? Como a vida foge! - E, todavia, até parece que foi ontem! 

Cesariny já não faz parte dos vivos.
Morreu ontem ás 5, 30 da manhã, em sua casa!
Ainda o estou a ver…
Quando à mesma hora desceu a avenida da Liberdade
Em madrugada fria de Dezembro

Madrugada já perdida
No silêncio do tempo.
Esquecida na memória dos dias.
Boina na cabeça.
Grossa gabardina de gola alta, cingida ao corpo,
Cascol escuro enrolado ao pescoço.
Defendiam – no da frieza húmida da noite.
Andar calmo e discreto.
Não de alguém que por ali deambulasse, sem destino

Ou por ali derivasse, sem propósito, nem rumo definidos 

(............) 

Meu Caro Cesariny:
Como sabe, na vida há um tempo para tudo:
Há-o para o amor, a sensualidade, a poesia - para tudo
há o tempo que o homem quiser fazer enquanto for vivo.
E, também, após a morte! – há um tempo para o repouso absoluto!
- Este agora é o seu tempo! O do indomável guerreiro
ter também o justo descanso! – O do luminoso poeta ,
ao descer, lentamente, à Terra, que o criou,
subir, em espírito e, talvez também, em corpo inteiro,
imediatamente ao Céu!


E, quanto a mim, amigo:
o meu tempo, pelo menos, por agora,
a estas tardias horas da madrugada,
em que a memória de novo me faz recuar
àquela fria noite de Dezembro,
é a de um longo momento de sentida emoção:
- tão só para recordar o belo poema,
os lindos versos, ditos palavra a palavra,
que tive o privilégio de gravar,
tal qual acabavam de ser criados,
por um inesperado poeta que, ali,
imerso em nevoeiro e névoa, quase irreal,
os dizia, com a mesma expressão
sublime e sagrada de quem diz uma oração!
(jtm)
Lisboa, 27 de Novembro de 2006

Publicado integralmente em https://templosdosol-chas-fozcoa.blogspot.com/2008/11/os-poetas-nao-morrem-mario-cesariny-e.html

 

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