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quarta-feira, 29 de abril de 2020

Dia Mundial da Dança - 2020 - Dança nos Templos do Sol, aldeia de Chãs, V. N. De Foz Côa, faz parte das celebrações dos Equinócios e Solsticios -

Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador 



Além de danças, que espontaneamente surgem na alegria do esplendorosos momentos, que ali celebramos,também já pudemos contar   com Amalgama - Companhia de Dança e com um grupo de bailarinos da Companhia de dança de Lisboa, junto dos monumentos pré-históricos, existentes no Maciço dos Tambores, nos arredores da aldeia de Chãs, de Vila Nova de Foz Côa, alinhados com o nascer do sol dos equinócios da Primavera e do Outono, e com o pôr-do-sol e o nascer do sol, no solstício do verão e do Inverno.



Retratar o belo, a graciosidade de um movimento,  a harmonia de uma expressão. Estes os ideais dos bailarinos que integram a Companhia de Dança de Lisboa – Mas também este o mesmo espírito que ali levou a Amalgama Companhia de  
Dança - Que aceitaram trocar o bulício da capital para rumarem quase ao Norte do país e associarem-se a uma celebração que pretende  evocar tradições antigas, aproximar o homem do fluxo das energias da Terra, dos  verdadeiros ritos da Natureza. 






É um local mágico e faz parte dos poucos lugares da terra onde  a beleza e o esplendor solar se podem repetir à mesma hora e com a mesma imagem contemplativa de há vários milénios.






terça-feira, 28 de abril de 2020

coronavírus-19 parece 'menos grave' do que a SARS, diz médico francês

JORGE TRABULO MARQUES - Jornalista


Gripe vs Coronavírus-19: Qual deles é mais perigoso?  Muitos profissionais de saúde estão justamente preocupados com o novo coronavírus, apelidado pela OMS como "COVID-19". É uma realidade totalmente nova para todos. Mas em termos de números reais, a gripe comum representa uma ameaça maior à saúde do resto do mundo do que o novo coronavírus, dizem especialistas do CDC



 
EMERGÊNCIA DE SAÚDE: A OMS declarou com razão o coronavírus como uma "emergência de saúde pública de interesse internacional".  A CDC dos EUA, em um boletim de 31 de janeiro de 2020, alertou o público para não baixar o aviso contra a gripe - que causou pelo menos  9 a 45 milhões de doenças, entre 140.000 a 810.000 hospitalizações e entre 12.000 a 61.000 mortes anualmente desde 2010. Fonte:  https://www.cdc.gov/flu/about/burden/index. htm

NÃO SE DEIXE DERROTAR - PELO DESÂNIMO  - O Poeta e Declamador Português, Euclides Cavaco, dá-lhe algumas dicas neste belo vídeo





As maiores consequências da atual pandemia,  além dos que adoecem com a doença e morrem, também há muitos danos colaterais. O desemprego está subindo rapidamente. As contas de assistência médica estão se acumulando. As empresas estão dispensando ou demitindo trabalhadores
.
Dado tratar-se de uma nova doença, que ainda continua a suscitar mais dúvidas de que certezas, com reflexos inesperados não só aos que apresentam sintomas mas também aos que podem ser portadores e se revelarem assintomáticos,   fenómenos estes que  têm vindo a provocar estados de ansiedade e de pânico nas populações, bem como a ignorar outras doenças não menos perturbadoras e perigosas, que parecem agora passar despercebidas nas estatísticas. 

Há, pois, que seguir as recomendações médicas manter a serenidade  e até o bom humor , até porque, os estados de depressão, também matam severamente, enquanto as pessoas bem humoradas ou confiantes nas suas crenças, reforçam mais facilmente as suas defesas.

COVID-19 “Como as pessoas estão espalhando coronavirus sem sintomas?” - Governo santomense, também se preocupa com os assintomáticos.   Esta a questão colocada por especialistas  “Sabemos que nem todo mundo que entra em contato com o novo coronavírus acaba ficando doente. Mas quantas pessoas por aí têm o vírus e estão se sentindo bem - e talvez o estejam espalhando sem saber para outras pessoas?

Os espalhadores silenciosos estão desempenhando um papel significativo na pandemia, alertam especialistas – Mas este é também o mesmo problema da Gripe e de outras doenças infecto-contagiosas


Novo coronavírus parece 'menos grave' do que a SARS, diz médico francês
O médico responsável pelo tratamento de dois pacientes hospitalares de Paris para o novo vírus da China disse no sábado que a doença parece menos grave do que surtos comparáveis ​​do passado e que a chance de uma epidemia européia parece fraca nesta fase.

Ainda assim, a França continuava preocupada com seus cidadãos em Wuhan , a cidade chinesa agora fechada onde o surto começou. O Ministério das Relações Exteriores da França disse no sábado que autoridades francesas e chinesas estão estudando "eventuais opções que permitiriam aos nacionais que desejam sair".

O consulado francês em Wuhan está em constante contato com os cidadãos, disse o Ministério das Relações Exteriores, sem dizer quantos deles estão na cidade.


A partir de domingo, as equipes médicas estarão nos aeroportos da França, principalmente Charles de Gaulle, em Paris, para ajudar os passageiros que chegam de várias cidades chinesas com perguntas, preocupações ou necessidades médicas, disse Salomon, chefe de saúde.



Esta doença é muito menos grave - e não dizemos isso com base em dois pacientes, mas conversando com nossos colegas internacionais - do que, por exemplo, a SARS", disse Yazdanpaneh, referindo-se ao surto de 2002 da síndrome respiratória aguda grave que matou centenas de pessoas.


Atualmente, acredita-se que a taxa de mortalidade pela doença viral identificada na China no mês passado seja inferior a 5%, enquanto era o dobro da SARS, disse ele.


Ele disse que o mers coronavírus na Arábia Saudita também parece mais grave do que o vírus na China.

O homem e a mulher que receberam atendimento em Paris foram levados para Bichat na manhã de sexta-feira e

os testes para o coronavírus eram positivos à noite, disse Yazdanpaneh.

As duas salas em que estão sendo atendidas são as chamadas salas de pressão negativa que o ar entra, mas não pode escapar para se proteger contra a transmissão. Bichat tem sete desses quartos. https://www.france24.com/en/20200125-new-coronavirus-appears-less-serious-than-sars-says-french-doctor



Este era o aviso lançado o ano em Setembro do ano passado, pela OMS

LONDRES (Reuters) - O mundo está enfrentando uma ameaça crescente de pandemias de doenças que podem matar milhões e causar estragos na economia global, alertou um painel internacional de especialistas, e os governos devem trabalhar para se preparar e mitigar esse risco.

"A ameaça de uma pandemia que se espalha pelo mundo é real", afirmou o grupo em um relatório divulgado na quarta-feira. "Um patógeno de movimento rápido tem o potencial de matar dezenas de milhões de pessoas, perturbar economias e desestabilizar a segurança nacional."

Gro Harlem Brundtland, ex-chefe da OMS que co-presidiu o conselho, acrescentou que as abordagens atuais para emergências de doenças e saúde são "caracterizadas por um ciclo de pânico e negligência".

O relatório citou a pandemia de "gripe espanhola" de 1918, que matou cerca de 50 milhões de pessoas. Com um grande número de pessoas atravessando o mundo em aviões todos os dias, um surto aéreo equivalente agora poderia se espalhar globalmente em menos de 36 horas e matar cerca de 50 a 80 milhões de pessoas, destruindo quase 5% da economia global. disse.

No caso de uma pandemia, muitos sistemas nacionais de saúde - particularmente nos países pobres - entrariam em colapso
.
"A pobreza e a fragilidade exacerbam os surtos de doenças infecciosas e ajudam a criar as condições para que as pandemias ocorram", disse Axel van Trotsenburg, diretor executivo interino do Banco Mundial e membro do painel.
Convocando os governos a “seguirem as lições que esses surtos estão nos ensinando” e a “consertar o teto antes que a chuva chegue”, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, disse que deveriam investir no fortalecimento dos sistemas de saúde, aumentar os fundos para pesquisas em novas tecnologias, aprimore os sistemas de coordenação e comunicação rápida e monitore o progresso continuamente.
A OMS também alertou no início deste ano que outra pandemia de gripe - causada por vírus transmitidos pelo ar - é inevitável e disse que o mundo deve se preparar para isso. https://www.reuters.com/article/us-health-pandemics/world-at-risk-of-pandemics-that-could-kill-millions-panel-warns-idUSKBN1W22T4


Qual a diferença entre esse coronavírus (COVID-19) e a gripe?
O COVID-19 é um novo tipo de coronavírus, surgindo no final de 2019. Por ser um novo vírus, os profissionais de saúde pública ainda estão aprendendo mais sobre sua transmissão, sintomas e gravidade. Até o momento, é mais provável que a gripe apareça com rápido início de doença, febre alta e dor de cabeça e dores no corpo proeminentes. Por outro lado, o COVID-19 pode apresentar início mais lento da doença, dor de cabeça leve e dor no corpo e febre leve / ausente.
.Qual a diferença entre esse coronavírus (COVID-19) e a gripe?
O COVID-19 é um novo tipo de coronavírus, surgindo no final de 2019. Por ser um novo vírus, os profissionais de saúde pública ainda estão aprendendo mais sobre sua transmissão, sintomas e gravidade. Até o momento, é mais provável que a gripe apareça com rápido início de doença, febre alta e dor de cabeça e dores no corpo proeminentes. Por outro lado, o COVID-19 pode apresentar início mais lento da doença, dor de cabeça leve e dor no corpo e febre leve / ausente.
Coronavírus versus gripe: qual é a maior ameaça?
Esta é uma pergunta muito difícil de responder, pois não há resposta universal. Com base no que sabemos atualmente sobre a gripe (influenza) e a doença COVID-19 (coronavírus), sobre a qual continuamos a aprender mais, ambos podem apresentar problemas para os mais jovens, idosos e pessoas com condições médicas subjacentes. https://www.ynhhs.org/patient-care/urgent-care/flu-or-coronavirus


sábado, 25 de abril de 2020

25 de Abril -1974 – Há 46 anos – Controle da RTP pelo Capitão Teófilo Bento – 72 Longas Horas, apoiado por um pequeno grupo de soldados, apenas vocacionados para os serviços internos do quartel – Houve muita ansiedade, alguma confusão e disparos, com a entrada de uma patrulha da PSP por uma das portas laterais

Jorge Trabulo Marques - Entrevistado, em 2016, na Feira do livro de Lisboa, - A editar

Teófilo Bento, então Capitão, foi o herói da tomada das instalações da RTP, às 03.05 da manhã do dia 25 de Abril  -    Foram 72 longas horas, de ansiedade e até de alguma confusão disparos, apoiado por um pequeno grupo das chamadas tropas logísticas, mais conhecidas por “padeiros”, vocacionadas para serviços internos no quartel de que a intervir em operações, portanto, sem a preparação da que têm tropas operacionais. Na breve entrevista que nos concedeu, confessa-nos  o que ele considerou  ter sido um autêntico “jogo de poker”, tendo a sua vida chegado a estar a linha de fogo por um dos seus próprios soldados, quando uma patrulha da policia de Segurança Pública, logrou entrar por uma das portas laterais da instalações  – Horas desgastantes e de risco, que, no final, o levariam a ser conduzido para o hospital
ATUAL CORONEL DO EXÉRCITO - UM TRANSMONTANO DE ORIGEM HUMILDE E UMA VIDA SUBIDA A PULSO 
Natural de  Picote, concelho de Miranda do Douro.  – Eis alguns passos da sua vida, contados numa entrevista concedida ao Jornal Nordeste, em 2011
"Até aos seis anos vivi em Picote, depois transferi-me para Sendim, ou seja, os meus pais é que se transferiram. O meu pai era Guarda Fiscal. Podia começar já por dizer que pertencia a uma família em que havia dinheiro, porque a maior parte das famílias, como se sabe, nessa altura, não conhecia a cor do dinheiro.
 Eram tempos difíceis nessa altura. O dinheiro era escasso, o que potenciava muitas famílias necessitadas…

UM TRANSMONTANO DE ORIGEM HUMILDE E UMA VIDA SUBIDA A PULSO
Natural de  Picote, concelho de Miranda do Douro.  – Eis alguns passos da sua vida, contados numa entrevista concedida ao Jornal Nordeste, em 2011
"Até aos seis anos vivi em Picote, depois transferi-me para Sendim, ou seja, os meus pais é que se transferiram. O meu pai era Guarda Fiscal. Podia começar já por dizer que pertencia a uma família em que havia dinheiro, porque a maior parte das famílias, como se sabe, nessa altura, não conhecia a cor do dinheiro.
 Eram tempos difíceis nessa altura. O dinheiro era escasso, o que potenciava muitas famílias necessitadas…


UM TRANSMONTANO DE ORIGEM HUMILDE E UMA VIDA SUBIDA A PULSO


Eram famílias necessitadas na generalidade. Em Sendim havia duas ou três famílias ricas, havia depois estas ditas remediadas, em que o chefe de família poderia ser Guarda Fiscal, tinha uma remuneração e, já tinham possibilidades de adquirir coisas com dinheiro que a maior parte das pessoas não tinha. Sem querer, isso faz-me lembrar que, li uma história da evolução económica da Europa, em que dei por mim a fazer uma comparação muito estreita entre a economia, a sociedade da idade média e a sociedade que eu conheci quando miúdo, em Picote e em Sendim. Eram os mesmos instrumentos de trabalho, os mesmos sistemas de troca de bens; trocavam-se sardinhas por ovos, por exemplo. Recordo-me de a minha mãe me contar que levava dois sacos de trigo a Carviçais, primeiro ao Pocinho e depois a Carviçais; isto é, onde chegava o comboio, para trazer sal. Isto, só para dizer, como era a situação nessa altura agora, se quiserem, comecem a fazer comparações com os dias de hoje.

Que outras recordações é que guarda da sua meninice, da sua juventude?

Além das dificuldades referidas que eram muito notórias, principalmente antes de as barragens aparecerem e começaram a dar algum trabalho, o que potenciou que algum dinheiro começasse a circular, fez com que as pessoas despertassem e descobrissem a existência de outros mundos e, também contribuiu para que nos apercebêssemos do mundo fechado em que vivíamos, o que levou, precisamente, a que milhares de transmontanos emigrassem para a França, clandestinamente, isto é, sem autorização. Quando eram apanhados, eram devolvidos, muitas vezes, em condições extremamente difíceis, porque até as pessoas da minha idade se lembram. Chamavam-se passadores as pessoas que auxiliavam esses indivíduos a dar “o salto”, assim se chamava o transferir-se para França, tentando, portanto, ganhar algum dinheiro.

Muitos transmontanos deram “o salto", realmente…

Sim, é verdade! Há pouco disse-me que esta entrevista tinha um nome que era “À procura da Liberdade”; deixe-me falar sobre isso. 
É evidente que a liberdade, como a fome, como outras situações extremas, como a guerra por exemplo, só quem a viveu… ou melhor, no caso da liberdade, só quem não a teve é que sabe o que é não ter liberdade. Por mais metáforas, por mais palavreado, por mais frases que se utilizem, é difícil caracterizar uma situação extrema e a falta de liberdade é realmente uma situação extrema. 
Já dei algumas entrevistas em que dizia que, só com o passar do tempo, me fui apercebendo do que era a falta de liberdade; a privação de liberdade para ganhar o seu pão, a sua vida, levou tanta gente a emigrar, clandestinamente, porque não lhes era permitido sair livremente. As pessoas não tinham liberdade para procurar melhores condições de vida.

Senti, por volta dos anos 60, ao acabar o curso na academia militar, onde era aspirante, uma necessidade premente de sair daqui, de conhecer outras culturas e resolvi fazer uma coisa que era habitual: viajar para o estrangeiro, normalmente França, Inglaterra… recorríamos a algumas associações que nos arranjavam trabalho. Trabalhava-se durante as férias o que nos dava o suficiente para viver, não diria que dava para pagar as despesas todas, mas auxiliava muito e era uma nova experiência. 
Eu fui para Inglaterra. Estamos no ano de 69, precisamente no ano que apareceu a minissaia, tínhamos tido notícia dela, é evidente que em Lisboa não havia, em Portugal não havia mas, tínhamos tido notícia dela. Foi nessa altura que fui para a Inglaterra onde trabalhei num hotel. Inicialmente pensei que era para trabalhar como porteiro para ganhar umas boas gorjetas, mas afinal era trabalho não especializado, internamente, lá no hotel. 
Foi uma experiência interessantíssima mas, o que mais me impressionou e, era esta a ideia que queria vincular, foi que eu tive a sensação de que tocava na liberdade. A liberdade via-se em tantas coisas… na minissaia, via-se na forma das pessoas trajarem, Londres já nessa altura era um cidade muito cosmopolita, havia indianos, havia tudo. Enfim, faziam o que queriam, cada um vestia-se como queria vivenciando os seus usos e costumes, havia “speakers corners” onde se reunia muita gente e se falava contra tudo e contra todos. Pegavam no caixote, subiam para cima dele, expunham as suas ideias livremente, de tal maneira que, se tinham audiência estava bem, se não tinham, não havia problema; às vezes, via-se um indivíduo a falar para três ou quatro pessoas, outras vezes a falar para um conjunto de pessoas. Realmente, todas essas coisas e, mesmo a actuação da polícia, ensinavam liberdade.

Assisti, sem querer, a uma cena que me impressionou. Uma altura em que eu passava peloPiccadilly's Circus, um sítio em que se juntavam os hippies que, também nessa altura, estavam na moda. Eu passava muitas vezes por ali e via esse pequeno largo cheio deles; tinha umas escadas internas e o pessoal sentava-se por ali, de qualquer maneira e, houve um dia em que passei e percebi que devia ter havido uma decisão da polícia para evacuar. Já tinham evacuado, praticamente, a praça toda, estavam apenas dois casais, que estavam instalados, rodeados por dois polícias, notoriamente, a tentar convencê-los a saírem de lá e eles, provavelmente, inventando explicações e mais explicações, estou a dizer inventando, porque eu estive, sem exagero, meia hora a assistir à cena e dizia para mim próprio: isto, em Portugal, seria impossível. Verifiquei, sei lá, qualquer má resposta que ofendeu a polícia, ou que a polícia achou mais incorrecta. Pegaram neles pelas costas e meteram-nos em duas carrinhas e foram embora, primeiro impressionou-me a eficácia da polícia. Isto só para dizer que tudo era diferente e tudo me dizia que era quase como se tocasse a liberdade, o que não existia em Portugal.

Realmente, essa sua experiência deve tê-lo marcado profundamente. Temos, no entanto, que voltar um pouco atrás no tempo para lhe perguntar de que forma o marcou o facto de ter nascido nesta região?

Penso que o ter participado no “25 de Abril” teve um pouco que ver, ou talvez muito, com o ter nascido nesta região. Como disse, sou filho de um guarda-fiscal, sou um filho já tardio, tinha dois irmãos muito mais velhos que, por acaso, estiveram em África mas, tinham regressado antes dos acontecimentos que se verificaram, os acontecimentos relacionados com a guerra ultramarina. O regresso, de pelo menos um deles, deveu-se ao falecimento do meu pai. A minha mãe viu-se com um miúdo de oito anos para criar. A única coisa que sabia fazer era a lida da casa. Como o meu pai era guarda-fiscal e, numa aldeia, isso significava mais que ser remediado, quase significava ser duma classe alta, porque havia dinheiro, a minha mãe fez das tripas coração, virou-se como se costuma dizer. Ela ainda está viva, tem 98 anos, está num lar em Miranda, mas foi sempre uma pessoa que me marcou muito porque fez realmente um esforço fabuloso para conseguir educar-me com aquilo que ficou. Quase diria que teve de inventar formas de fazer dinheiro para me educar. Tive o azar de ser de uma aldeia, de não ter feito o exame de admissão na devida altura, o que me obrigou a ir para um colégio em vez do liceu que ficava mais caro e, assim, estudei em Miranda e diga-se de passagem que ao fim do primeiro ano já estava a dizer que não queria estudar mais, porque via os miúdos que estavam a trabalhar na barragem e não tinham que ir preparar as lições para casa. Aí valeu o meu irmão, regressado de África por causa da morte do meu pai que disse: se tivesses tirado más notas, talvez, assim como tiraste boas notas tens de continuar a estudar. Também lhe devo muito a ele, como é evidente, por causa disso. Fui criado de maneira a perceber as dificuldades que existiam em casa. Fiz o 2.º e 5.º anos, vim fazer exames a Bragança e, depois do 5.º, tive de mudar para o Porto. 

Eu não podia vir para o liceu, como disse e tudo isso ficava bastante caro. Fiz os estudos equivalentes ao terceiro ciclo e aí voltei a Bragança. Tive sempre uma ligação com Bragança e quando chegou a altura de ir para a universidade escolhi a academia militar fundamentalmente por questões económicas. Percebia, perfeitamente, que não podia ir para a universidade. Até gostaria de ter ido para engenharia, mas percebia perfeitamente que não tinha condições financeiras para tal. Ouvi dizer que na academia militar pagavam um salariozinho, enfim, davam subsídio, davam alimentação e não pagava pensão. Foi isso que condicionou a minha ida para a vida militar, não foi efectivamente a minha vocação especial. Foi mais uma condição económica que, diga-se de passagem, aconteceu a muita gente que depois veio a participar no “25 de Abril”, vieram a ser capitães de Abril. Temos que nos lembrar que nessa altura já tinha começado a guerra. A frequência na academia era alimentada, fundamentalmente, por classes ricas. Enfim toda a tradição da nobreza, mas quando começou a guerra deixaram isso para os pobres e os pobres preferencialmente, do interior, por isso é que nessa altura a frequência na academia militar era de Trás-os-Montes e das Beiras.as que me está a impressionar - Excerto de  

Entrevista com Coronel Teófilo Bento - Capitão de Abril

nordestecomcarinho.blogspot.c

sexta-feira, 24 de abril de 2020

ADELINO PALMA CARLOS - Primeiro-Ministro do primeiro do Governo Provisório - Desde muito novo adepto fidelíssimo do ideal republicano .Como ele soube da Revolução dos Cravos, a sua vida antes depois do 25 de Abril, quando se retirou da política: "Materialmente estou afastado mas fervo a pensar na política.


JORGE TRABULO MARQUES  - JORNALISTA -  ENTREVISTA PARA A HISTÓRIA DE PORTUGAL  CONCEDIDA  EM SUA CASA POR ADELINO PALMA CARLOS


Adelino Palma Carlos –  Primeiro-ministro do Iº Governo Provisório (de 16 de Maio a 18 de Julho de 1974, nomeado pelo General Spínola  – Palma Carlos, falou-me   da Revolução de  25 de Abril, que o fez chorar de alegria  até às lágrimas  e do Governo que formou com a participação de Álvaro Cunhal (um ministro consensual E também do seu ideal republicano. da sua oposição ao Salazarismo e dos revolucionários que defendeu, como advogado.

Desde muito novo adepto  fidelíssimo do ideal republicano .Como ele soube da Revolução dos Cravos, a sua vida antes depois do 25 de Abril, quando se retirou da política: "Materialmente estou afastado mas fervo a pensar na política.

ADELINO PALMA CARLOS - Entrevista para a História de Portugal


Por lapso na montagem - Ficaram algumas partes da entrevista repetidas
e outras omissas 

Professor, advogado e político. Destacou-se como primeiro-ministro do I Governo Provisório -(Faro, 3 de Março de 1905 — Lisboa, 25 de Outubro de 1992 (Faro

Dou-me a honra e o prazer de me receber em sua  casa e de ali me conceder uma interessante entrevista acerca de alguns dos mais importantes passos da sua vida profissional e politica, nomeadamente, como opositor ao regime ditatorial de Salazar, defensor dos presos políticos, da alegria que sentiu  - até às lágrimas - quando tomou conhecimento do golpe vitorioso da Revolução do 25 de Abril, assim como de vários episódios relacionados com a sua participação como 1º Ministro do 1º Governo Provisório 


Considerado como "personalidade forte, inteligente, culto e de extraordinária capacidade de trabalho, foi primeiro-ministro do I Governo Provisório (de 16 de Maio a 18 de Julho de 1974). Como 11.º bastonário da Ordem dos Advogados Portugueses teve um importante papel na consolidação institucional e na internacionalização daquela corporação. Foi grão-mestre do Grande Oriente Lusitano, a principal organização da maçonaria portuguesa. E fundador do escritório de advogados actualmente designado de G&F Palma Carlos

COMO ELE VIU A REVOLUÇÃO DE ABRIL

 «…fiquei contente!...Chorei, quando soube que era a Revolução!.. Que era para acabar com a ditadura!... Chorei! Chorei comi uma criança!... Não tenho vergonha nenhuma de dizer: chorei!!..

JTM  - Entretanto, chegou o 25 de Abril: o Sr. Prof. foi nomeado Primeiro-Ministro!
APC – Olhe… Essa história é engraçadíssima!... Eu não fazia  ideia nenhuma de que ia haver a Revolução… Aliás, eu era Presidente das companhias reunidas de gás e eletricidade: tinha sido convidado pelo General Gaspar dos Santos e era Presidente das Companhias… Quando eu vim para as Companhias, encontrei lá instalado, um coronel na Reserva, que era o coordenador de segurança das Companhias de Gás  e Eletricidade, da Sacor, da Companhia das Águas, da Companhia Nacional de Eletricidade  e da Petroquímica… Bom, esse homem, estava perfeitamente a par de tudo o que se desenrolava!... E até tinha uma coisa engraçada!... Sabendo que eu era uma pessoa, contra a situação, ele recebia todos os panfletos (não sei da onde) que saíam contra a situação e dava-mos para eu ler!... Ele é que fazia propaganda, junto de mim, contra a situação!... E estava sempre a par!... Quando foi da reunião dos capitães, em Évora, na Intentona de Março, ele disse-me: “Isto está mau!!..Agora o Movimento de Oficiais, em Évora!... Não se o que isto vai dar!...
Bem , continuámos, pacatamente!... No dia 25 de Abril de Madrugada!... Estava a dormir!...Aparece-me uma das empregadas, com o telefone, dizendo-me: “Sr. Douro! É o engenheiro da  Companhia do Gás, que tem muita necessidade de falara consigo!..” -Então traga lá o telefone!
Era o homem a dizer: “Sr. Presidente! Rebentou a Revolução?!...”
- Rebentou a Revolução?!...
-  “Rebentou a Revolução!!”
- E então o coronel, o que é que faz?!...
- “O Coronel, não está cá!... Não se sabe do coronel!...
Telefonei para o coronel, que eu tinha aí o número de telefone dele (que morreu, coitado, dois ou três meses, depois da revolução) … estava a dormir, como um anjo!...
- Então, Sr. Coronel!... Está uma revolução na rua!
- “Esta uma revolução na rua?!...”
- Está!... E então o Sr. não sabe de nada?!...
Está  a ver!... Fui eu que informei o Coordenador de Segurança, que tinha rebentado a revolução!...

Bom, eu fui para a Companhia, juntámo-nos lá os Membros  da Comissão Executiva,  que cá estávamos, que éramos cinco só, e passamos o dia, ali… Veio uma Ordem do Ministério do Interior, por intermédio da Direção Geral dos Serviços Elétricos (a que nós estávamos subordinados) para que se interrompesse a corrente elétrica, lá para cima, par o Parque Eduardo VII… E o Engº da Companhia disse: se nós interrompemos a corrente elétrica, nós ganhamos nada com isso!... Eles têm geradores e continuam a emitir da mesma maneira!
- E então eu disse: há alguma ordem escrita?!..
- Não há nenhuma ordem escrita!
- E então diga-lhe que mandem a ordem por escrito!... Nós estávamos subordinados ao Governo!... Era uma companhia concessionária!... Mandaram a ordem escrita… E então interrompeu!... Até que, às tantas, à tarde, eu mandei ligar!... Porque, já não havia Governo!... Não havia nada!..
Bom, estivemos ali todo o dia, sem saber o que se passava, com a televisão aberta!... Com a telefonia aberta!... Almoçámos, mesmo lá, na cantina da Companhia!. E olhe, nos dias seguintes, fiquei contente!...Chorei, quando soube que era a Revolução!.. Que era para acabar com a ditadura!... Chorei! Chorei comi uma criança!... Não tenho vergonha nenhuma de dizer: chorei!!..




JTM – Depois, foi entretanto nomeado Primeiro-ministro!...
APC – E depois… aí é que a coisa, começa a ter um certo pitoresco, começaram a ouvir dizer-me que eu ia ser nomeado Primeiro-Ministro!... Não sejam tontos!... Porque é que eu havia de ser nomeado Primeiro-ministro?... Que ideia é essa?!...
- Mas eu acho que você é que vai ser o Primeiro-ministro!.. Você é que vai ser o Primeiro-ministro!..
Até, que, um domingo (tenho este telefone, que não está na lista) e ligara-me por este telefone (era confidencialíssimo) as era da Presidência da República, era ali de Belém); era o Capitão António Ramos, a dizer-me: - Ó Sr. Dr.! O Sr. General Spínola, tem muita necessidade de falar consigo!” - Então está bem
Eu conhecia o Spínola, já há bastante tempo: “então quando é que ele quer que eu vá falar com ele?”
- “Amanhã às quatro horas! – No dia seguinte, às quatro horas eu fui lá, e ele disparou:
- Tenho um Governo pronto! Falta-me o Primeiro-ministro!... Você tem de ser o Primeiro-ministro!
- Não me fale nisso!.. Não tenho a minha vida organizada para isso!... Vivo da minha profissão!.. Não pode ser!... Deixe-me pensar!...
- Então pense até amanhã!...
Eu resolvi pensar dois dias mas não pude!... No dia seguinte, telefonava-me ele outra vez!..

JTM – E teve que aceitar!
APC – E tive que aceitar!.. Pronto!...
JTM – Foi um tempo agitado, na altura?
APC – Olhe!... Foi o pior tempo da minha vida!.. Foi o pior tempo da minha vida!... Extremamente agitado!... O Governo era um Governo não homogéneo!... Porque tinham querido fazer um Governo de coligação  - Quem  fazia o Governo não era o Primeiro-Ministro: o que estava na Lei Constitucional nesse tempo:  era o Presidente da República e o Primeiro-Ministro, só fazia trabalhos num Governo, que lhe tinham oferecido!...
E eu dizia: façam um Governo de Gestão, que é o que é preciso, nesta altura.
-“Ah mas é melhor fazer um Governo de coligação….”
- “Então façam um Governo de coligação” – Eu tive lá, desde o Álvaro Cunhal, até esse homem monárquico, que aí anda, o Ribeiro Teles!.. A Pintassilgo!... Estava no meu Governo!..

JTM - Havia então alguma confusão…
APC- Devo-lhe dizer que, nas reuniões do Conselho de Ministros, havia às vezes divergências… Pois cada um tinha a sua opinião sobre os problemas que se colocavam… Havia muitos problemas a resolver... Havia divergências!... Eu tentava soluciona-las mas elas … mas é uma justiça que eu nunca deixo de fazer ao Cunha, é esta:  é que, quando a coisa estava numa situação quase de impasse, o Cunhal encontrava sempre uma solução de equilíbrio, que todos acabavam por aceitar!... É um político extraordinário!...

JTM – Acha que o Partido Comunista Português devia ser chamado também a contribuir, também no Governo?
APC – Quando eu era Primeiro-ministro, veio cá, o Mitterrand e o d’Ferry, vieram cá: fora-me visitar. Estava um bocado preocupados por haver comunistas no Governo; era o Álvaro Cunhal e mais o Adelino Gonçalves, Ministro do Trabalho, que era um sindicalista bancário, o Porto, que tinham metido lá… O Mitterrand, às tantas, disse-me: - “mas você não se preocupa pelo facto de ter comunistas no Governo?”
- Bom, não sei porque é que você me faz essa pergunta, quando, você, agora, constitui em França,  a União de Esquerda, de Socialistas e de comunistas!... Se você lá, anda de braço dado com eles, não sei  porque estranha que eu tenha aqui dois ministros comunista, num Governo!... Onde estão numa minoria flagrante!...

JTM – Olhe, na altura quais foram os problemas mais difíceis que teve de enfrentar nesse período?
APC -  Tive logo de entrada uma greve dos correios… Passados, dois ou três dias, não havia correios, não havia telefones, não havia coisa nenhuma… E eu disse: isto não pode ser!... Não podemos estar sem comunicações… Chamei o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, que era o Costa Gomes, e disse-lhe: ó Sr. General! Nós temos de ocupar militarmente os correios para acabar com isso!...
- Oh diabo! Isso é uma coisa complicadíssima!"

NOTAS BIOGRÁFICAS  -Adelino Hermitério da Palma Carlos nasce a 3 de Março de 1905, em Faro, vindo a falecer a 25 de Outubro de 1992, em Lisboa. Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, com a nota final de 18 valores, foi delegado da Faculdade de Direito à Federação Académica. Conclui o doutoramento em Ciências Histórico-Jurídicas, também na Universidade de Lisboa, em 1934. Advogado reconhecido, defendeu inúmeras figuras oposicionistas à ditadura, como Norton de Matos, Bento de Jesus Caraça e Vasco da Gama Fernandes. Foi também professor na Escola Rodrigues Sampaio, no Instituto de Criminologia de Lisboa e, como Catedrático, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, da qual viria a ser director. Foi jubilado em 1975. Em 1949, foi mandatário da candidatura do general Norton de Matos à Presidência da República. Em 1951 exerceu funções como Bastonário da Ordem dos Advogados portugueses. A 16 de Maio de 1974 é nomeado primeiro-ministro do I Governo Provisório, pedindo a demissão a 18 de Julho desse ano. Em 1975 funda o Partido Social-Democrata Português. Foi mandatário e membro da comissão de honra da candidatura do general Ramalho Eanes à Presidência da República (1979). Pertenceu ao conselho consultivo do Partido Renovador Democrático. Em 1986 recebe a insígnia de Advogado Honorário. Adelino da Palma Carlos | 1905-1992 - Memórias da .


Adelino Hermitério da Palma Carlos - Faro, 3 de Março de 1905 — Lisboa, 25 de Outubro de 1992-  Professor universitário, advogado e político português. Personalidade forte, inteligente, culto e de extraordinária capacidade de trabalho, foi primeiro-ministro do I Governo Provisório (de 16 de Maio a 18 de Julho de 1974). Como 11.º bastonário da Ordem dos Advogados Portugueses teve um importante papel na consolidação institucional e na internacionalização daquela corporação. Foi grão-mestre do Grande Oriente Lusitano, a principal organização da maçonaria portuguesa. Foi fundador do escritório de advogados actualmente designado de A.Palma Carlos.

Adelino Hermitério da Palma Carlos foi um professor universitário, advogado e político português. Antifascista desde a juventude, cidadão de grande estatura intelectual, era uma personalidade forte, inteligente, culto e de extraordinária capacidade de trabalho. Apesar da sua assinalável competência como jurista, foi afastado compulsivamente de todas as funções no Estado, em 1935, apenas por perfilhar opiniões políticas divergentes, e sem que lhe fosse imputada qualquer infracção disciplinar ou menor dedicação ou competência no exercício dessas funções.
Fez parte de um afastamento colectivo de 33 funcionários públicos, demitidos das funções que exerciam, em 14 de Maio de 1935, ao abrigo do DECRETO-LEI N.º 25:317 assinado por Carmona e Salazar, (“Diário do Governo”, I Série, n.º 108, de 13 de Maio de 1935), nos seguintes termos: «Os funcionários ou empregados, civis ou militares, que tenham revelado ou revelem espírito de oposição aos princípios fundamentais da Constituição Política, ou não dêem garantia de cooperar na realização dos fins superiores do Estado, são «aposentados ou reformados, se a isso tiverem direito, ou demitidos em caso contrário», não podendo ser «nomeados ou contratados para quaisquer cargos públicos nem admitidos a concurso para provimento neles.» - EXCERTO DE  https://www.facebook.com/FascismoNuncaMais/photos/adelino-da-palma-carlos-1905-1992adelino-hermit%C3%A9rio-da-palma-carlos-foi-um-profe/716643091778406/



quinta-feira, 23 de abril de 2020

HOJE É DIA MUNDIAL DO LIVRO – Tempo para recordarmos os nosso autores e seus livros - Destacamos neste dia dois nomes - O escritor Jorge Amado e o poeta, advogado e político António Arnaut

Jorge Trabulo Marques   - Recordando neste dia, o escritor Brasileiro, Jorge Amado,  e o poeta e politico António Arnaut -  Pai do Serviço Nacional de Saúde  



Comemora-se, hoje o dia  Dia Mundial do Livro e do Direito Autoral, o livro como a materialização física e simbólica da criatividade humana. Por meio do livro, compartilha-se conhecimentos sistematizados por todas as ciências — exatas, biológicas e humanas —, o que possibilita o desenvolvimento da humanidade em múltiplos aspectos: económicos, científicos, sociais, políticos, sociológicos, históricos, antropológicos.”  Oportunidade para recordar alguns autores da lingual portuguesa

DIA MUNDIAL DO LIVRO - Lembrando Jorge Amado - Um dos mais famosos escritores brasileiros da segunda geração do Modernismo. Com obras traduzidas para a maioria dos idiomas, recebeu vários prémios e títulos honoríficos.
Nasceu em 10 de agosto de 1921 no município de Itabuna, na Bahia. Era filho de fazendeiros do cacau e foi enviado para estudar no Colégio António Vieira, em Salvador. E foi em Salvador que passou sua adolescência de forma livre, convivendo com os mais variados tipos de pessoas e situações, fato que influenciaria a temática de suas obras.
Considerado também um dos maiores representantes da ficção regionalista que marcou o Segundo Tempo Modernista. Sua obra é baseada na exposição e análise realista dos cenários rurais e urbanos da Bahia



PORTUGAL - ROTA OBRIGATÓRIA DAS VIAGENS DE JORGE AMADO


Depois do 25 de Abril. Jorge Amado, deslocou-se várias vezes a Portugal: vindo, nomeadamente, de Paris, onde passava algumas temporadas, sobretudo na década de 80, numa fase, literáriamente,  ainda muito ativa – Não era que gostasse mais de viver na Europa de que no Brasil; o motivo não era esse mas a falta de privacidade e o necessário isolamento, que não conseguia encontrar na sua cidade natal, onde era constantemente solicitado     - Nascido em Tabuna,  a 10 de Agosto de 1912, Estado da Baía, e, em cujas terras,  havia também de falecer:  Em Salvador, 6 de Agosto de 2001

Confessou-me que adorava o nosso país:   deliciar-se com a sua gastronomia, admirava o artesanato do Minho  (nomeadamente o da cerâmica),  as belezas naturais, o nosso sol,  nosso clima, a simpatia das nossas gentes, onde contava com  bons amigos, alguns dos quais, fonte de inspiração, como personagens nas suas obras: é o caso, por exemplo, de Nuno Lima de Carvalho, diretor da Galeria de Arte do casino Estoril

Tanto ele, como Zélia Gattai, sua esposa, deram-me o prazer de me concederem várias entrevistas, que aguardo no meu arquivo. Uma das quais feita por ocasião do Congresso de Escritores Portugueses, em 1988 (creio que o 2º), ou seja, dois anos antes da assinatura do então já  polémico acordo ortográfico – Obviamente, que o tema não deixou de vir à baila,  gerando acaloradas discussões, tal como, de resto, ainda hoje continua a suscitar,

JORGE AMADO E O SEU AMIGO GLAUBER ROCHA




Entrevista concedida por Jorge Amado, em 6 de Agosto de 1981, a escassos dias do seu aniversário e da morte do seu grande amigo, o cineasta, Glauber Rocha, um dos cineastas mais notáveis do chamado Cinema Novo Brasileiro, iniciado no começo dos anos 60. – Esta entrevista, feita no dia em que se completavam 36 anos sobre o lançamento da bomba atómica sobre Hiroxima, assunto que também é colocado ao escritor Jorge Amado, foi transmitida na então Rádio Comercial – RDP e escutada por Glauber, então enfermo no Hospital da CUF, a quem telefonei, dando-lhe conhecimento, a pedido de Fernando Namora, com o fim de lhe dar ânimo.a

ANTÓNIO ARNAUT  - O CAVADOR DE SONHOS QUE DEU SAÚDE E PROLONGOU A VIDA A MUITA GENTE: - “Agora que disseste adeus para sempreé que sei o que é a eternidade” -  Deixem-me sonhar ,  à procura / dos sinais ocultos do caminho / é nas asas do sonho que a loucura faz o ninho – Da Voz do Poeta, António Arnaut, que partiu a caminho da eternidade


Os meus antepassado eram cavadores
da terra e vento, sonhos e presságios
Deles me ficou apenas esta enxada
com que procuro na bruma outros adágios
Deles apenas me ficou esta enxada
Com que procuro na bruma outros adágios"


António Duarte Arnaut GOL, nasceu em (Penela, Cumeeira, em  28 de janeiro de 1936 – Coimbra, faleceu  em Santo António dos Olivais, 21 de maio de 2018, aos 59 anos, vitima de cancro


Advogado, político e escritor. Ativista contra a ditadura, foi membro da Ação Socialista e candidato a deputado pela Oposição Democrática (1969). Fundador e atual presidente honorário do Partido Socialista, foi deputado e ministro dos Assuntos Sociais do II Governo de Mário Soares. É autor da lei que criou o Serviço Nacional de Saúde, em cuja defesa se tem empenhado, o que lhe valeu várias distinções e prémios. A Universidade de Coimbra conferiu-lhe o título de Doutor Honoris Causa, pela sua ação cívica em defesa do SNS, e o Presidente da República atribuiu-lhe a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, em 25 de abril de 2016. Tem mais de 30 títulos publicados, de poesia, ficção, ensaio e intervenção cívica (especialmente em defesa do SNS e do Estado social). https://www.wook.pt/autor/antonio-arnaut/4074750

Desde jovem se envolveu na oposição ao Estado Novo. Participou na comissão distrital da candidatura presidencial de Humberto Delgado, em Coimbra, em 1958, foi arguido no processo resultante da carta dos católicos a António de Oliveira Salazar, em 1959, candidato à Assembleia Nacional, pela Comissão Democrática Eleitoral, no círculo de Coimbra, nas eleições legislativas de 1969.
Militante da Acção Socialista Portuguesa desde 1965, foi cofundador do Partido Socialista, em 1973, na cidade alemã de Bad Münstereifel, tendo sido seu dirigente até 1983.

Ministro do II Governo Constitucional, formado por coligação entre o PS e o CDS de Diogo Freitas do Amaral, coube-lhe a pasta dos Assuntos Sociais, tendo nessa qualidade lançado o Serviço Nacional de Saúde[1]

Exerceu diversos cargos na Ordem dos Advogados, nomeadamente o de presidente do Conselho Distrital de Coimbra[2]. É autor de um Estatuto da Ordem dos Advogados Anotado, bem como de um ensaio intitulado Iniciação à Advocacia, destinado a estudantes e jovens advogados. Em 2007, recebeu a Medalha de Honra da Ordem dos Advogados.[3]. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Arnaut

Tive o prazer de o entrevistar na altura do lançamento do seu livro de poemas, Miniaturas e outras Sinais,  em Novembro de 1987  - Os poemas, de ambos os capítulos, não estão intitulados mas numerados poemas  encontram  - No dia da sua morte fui à minha extensa biblioteca procurar o maravilhoso livro, que me deu o prazer de me autografar e cuja leitura é sempre o convite para uma viagem de pensamentos e de sonhos – Não de quem, mercê da sua cultura, procura versejar e rimar, mas do profundo pensador e humanista