Jorge Trabulo Marques - Jornalista - A minha vida continua serena, quase com os mesmos hábitos do costume: de sair à rua só quando é preciso - Pois, quando preciso de apanhar sol, a minha mansarda de água furtadas, dispõe de um pequeno terra. Mas, naturalmente, preocupo-me com o que vai lá fora. quer no interior de Portugal, quer pelo mundo a fora: só por esse facto, de angústia, de ansiedade, não me posso sentir inteiramente alegre
QUEM NÃO SE REVÊ NA DOR
EXPRESSA DESTA IMAGEM NOS DIAS QUE CORREM OU O NÃO FAÇA
MEDITAR?..Interdependente da sua crença, raça ou cor . Esta beatifica imagem de
sofrimento e martírio expressa no Senhor dos Passos, é também a imagem do
calvário universal que assola a humanidade inteira - O seu andor deveria
desfilar na passada noite e na tradicional procissão pelas ruas e avenidas de
V. Nova de Foz Côa, mas que, pelas razões bem conhecidas,em sua substituição, o
pároco da freguesia tomou a iniciativa levar a
imagem do Senhor pelas ruas da cidade para confortar quem a desejasse ver da
sua varanda ou janela
"sol nulo dos dias vãos
Cheios de lida e de calma
Aquece ao menos as mãos
A quem não entras na alma
Cheios de lida e de calma
Aquece ao menos as mãos
A quem não entras na alma
Que ao menos a mão, roçando
A mão que por ela passe,
Com externo calor brando
O frio da alma disfarce!
A mão que por ela passe,
Com externo calor brando
O frio da alma disfarce!
Senhor, já que a dor é nossa
E a fraqueza que ela tem,
Dá-nos ao menos a força
De a não mostrar a ninguém"
E a fraqueza que ela tem,
Dá-nos ao menos a força
De a não mostrar a ninguém"
Fernando Pessoa.
CRUZ DA MINHA VIDA NA "ETHEREA
IMENSIDADE " NESTA NOITE DE SEXTA-FEIRA SANTA COM O POETA António de
Azevedo Castelo Branco (Vila Real, Vilarinho de Samardã,1842 - 1916) .- CADA UM
TERÁ DE LEVAR A CRUZ DA VIDA AO SEU CALVÁRIO - A minha já conheceu várias
cruzes e várias eternidades mas ,graças a Deus, ainda cá estou, porventura para
outras vidas -
"
"VIDA ETHEREA"
Desfeita a ilusão do pavoroso nada,
Consoladora a Fé promette à humanidade
Depois de noite horrenda a luz da
madrugada
D'uma vida imortal na etherea
imensidade.
Chimera não será de mente alucinada
Crer que não fique em pó virtude e
santidade.
E que aos justos e bons esplendida
morada
Nos orbes sideraes conceda divindade..
Mas, se, n'um vôo feliz, eu fôr ao
firmamento
Para gosar também uma perpétua glória
Embora convertido em cherubim alado
A glorificação terei como tormento,
Se a morte produzir a perda da memória
Do tempo em que na terra amei e fui
amado.
António D'Azvedo Castelo Branxo
Do livro Meridionaes
Livro póstomo - 1925
Diz a sua biografia que "foi
Inspector da Penitenciária, bacharel formado em direito pela Universidade de
Coimbra, escritor, poeta, antigo deputado, ministro da Justiça, etc.
Nasceu em Vilarinho de Samardã a 23 de
dezembro de 1843. É filho de Francisco José de Azevedo e de D. Carolina Botelho
Castelo Branco, irmã do falecido romancista Camilo Castelo Branco, visconde de
Correia Botelho.
Cursou com distinção a faculdade de
direito, em que se formou, e já então se tornara notável como escritor e poeta.
Entrando na carreira politica, o primeiro cargo oficial que desempenhou foi o
de administrador do concelho de Murça.
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