Jorge Trabulo Marques
No Heterónimo de Peregrino da Luz
Peregrino de Luz, da terra e do mar me confesso
em plena liberdade de solitárias navegações e caminhadas
Peregrinando imerso na paz que este meu chão sagrado me dá
Em busca de um invisível Deus que não se vê mas que nos escuta!
Deslumbrado com o fulgor silencioso que nos purifica e liberta!
Sinto pairar em torno de mim e acima dos meus olhos, um fluido
num crescendo volume de imensidade e plenitude de lúcida esfera!
De vibrátil quietude flutuante que se me abre num silêncio musical
Longe do bulício e do tumulto confuso da Terra, de todo o Mundo!
Caminhando por trilhos e caminhos, sem programa e sem destino!
Aspirando o perfume dos fetos, das ervas e das urzes e das giestas!
Que pacifica e tranquiliza em pacifico júbilo melodioso, imortal!
Sobre um chão de pedras, em que, cada um dos meus passos
ganha o alvor sublime de um sentido de eternidade, sem igual!
A sensibilidade perfeita e silvestre dum cristal luminoso e divino!
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Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
Manuel Alegre
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