A
criação do Estado de Israel para o retorno da grande diáspora judaica às terras
bíblicas de Canaá, na Palestina, surgiu nos finais do século XIX,
pelo chamado movimento sionista, que defendia o regresso a uma região que já
haviam habitado há milénios e da qual haviam sofrido várias perseguições.
"Expulsos
da Judeia (actual Palestina) pelos romanos, em 70 d.C., os judeus nunca
abandonaram a ideia de um dia regressarem à sua Terra de origem. As
sistemáticas perseguições religiosas que foram vítimas, durante toda a Idade
Média, tiveram o condão de manterem viva a ideia deste regresso à
Palestina" Que viriam alcançar, em 27 de Novmbro de 1947, depois da ONU ter aprovado
a partilha da Palestina em dois estados: um palestiniano (muçulmano) e outro
judaico.
–
Porém, tal sonho podia não ter-se concretizado se Salazar não se tivesse oposto
à instalação do colonato Judaico, na zona planáltica do Bié, ao sul de Angola –
A proposta, apresentada pela primeira vez, em 1912, sob a égide da
Sociedade das Nações (organização que antecedeu a ONU) ao então novo
regime republicano, e se bem que mais tarde aprovada pelo Parlamento da
Ditadura do Estado Novo, acabaria por esbarrar com o não do nativo de
Santa Comba Dão, receando que tal cedência pudesse abrir caminho a outras
brechas maiores - Possivelmente o curso da descolonização, na
região da África Austral, teria sido outro, a segunda guerra
mundial, talvez pudesse ter sido evitada, assim como os conflitos no
médio-oriente - Tais hipóteses foram levantadas pelo jornalista e investigador,
Álvaro Henriques do Vale, na sessão de lançamento do seu livro “ do Mapa
cor-de-rosa à Europa do Estado Novo, uma das grandes novidades literárias
da semana, que teve lugar no auditório do bar-livraria “Desassossego”
em Lisboa, da Chiado Editora, situado na rua de São Bento . Numa
cerimónia, atentamente seguida, com muitos curiosos, amigos e admiradores da carreira
do jornalista e escritor, com vários cursos de formação académica - Trabalhou na redação do semanário Tempo (Tempo Económico), editor-adjunto de
Vida Empresarial e da edição Tempo
Internacional . Assim como um dos profissionais na revista EXAME, tendo ainda, em 1992, ingressado na secção de
economia da Agência LUSA, à qual tem vínculo de pós-aposentado.
Trata-se, com efeito, de uma
aprofundada abordagem histórica, que abarca o período entre 1871 e
1939, que levou três anos de aturadas pesquisas ao seu autor no Arquivo Histórico- Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros, mas que agora,
finalmente, vê o seu trabalho editado e com rasgados elogios - Pois foi esta a
impressão que nos ficou das palavras de apresentação de Fernando Dacosta e de Ernesto Rodrigues – personalidades sobejamente conhecidas no panorama literário português
Mas outra das importantes revelações desta obra,
é, sem dúvida, a questão do chamado Mapa Cor-de-rosa, que ainda hoje
continua a suscitar muitas interrogações e viva polémica, como
espinha cravada nos nacionalismos mais exacerbados, havendo quem culpabilize o
Rei D. Carlos I pelo facto de se ter rendido ao ultimato inglês, desconhecendo
(tal como este livro esclarece) que, afinal, por detrás estava toda uma política de Berlim, bastante mais agressiva, "agendada e prevista para
o século que se avizinhava", as ambições dos homens do Kaiser e de
Bismarck, de uma Alemanha que pretendia rivalizar com a expansão
ultramarina da Grã-Bretanha
Este é, pois, um dos um temas abordados, logo num dos primeiros capítulos, do
qual tomamos a liberdade de aqui transcrever alguns excertos: - “O Mapa cor-de-rosa e o sonho
africano da Alemanha”
"O sonho alemão de um grande império colonial em grande império colonial
transformou-se em obsessão quando o kaiser Guie II subiu ao poder em 1888.
Herdeira e resultante unificação dos principados em órbita da velha Prússia, a
Alemanha apesar do seu formidável exército, não tinha, porém, uma tradição naval,
nem ultramarina .E se ser potência ultramarina era necessário dispor de os
navais ou antecedentes históricos e alianças; ter inclusivamente potência naval
como foi Portugal nos séculos XV e XVI; como também a Holanda que, ombreou com
Portugal no século XVII, ao lado da Espanha. Portugal continuaria a ter
preponderância devido ao know-how naval militar e mercante até à Batalha de
Matapan, no tempo de D. João V (1689-1750), em vésperas da Revolução
Industrial, cuja tecnologia do vapor ia a revolucionar por completo os navios e
respectivos armamentos. Portugal perde o "comboio" dos novos navios e
das novas artilharias de bordo, mas continua a ter possessões ultramarinas pela sua
presença histórica e também mercê da aliança tradicional com a Inglaterra, va
grande potência marítima, a partir de meados do século XVIII
.
O Mapa cor-de-rosa estava condenado à partida a ser fracasso, porque
colidia com os interesses da Inglaterra de algum modo a entente secreta entre
Portugal e Alemanha pode ser interpretada como uma traição ao tratado
luso-britânico de Portugal. O Mapa cor-de-rosa foi também uma alternativa à
política de Andrade Corvo (1824-1890), ministro dos Estrangeiros, que propunha
investimento estrangeiro na África portuguesa (14), refere o embaixador José
Calvet de Magalhães.
Considerado um dos maiores estadistas portugueses do século XIX, Corvo seria fortemente
censurado pela sua política liberal, contribuindo para o fim da sua carreira
política (15).
Esta abertura
ao capital estrangeiro, era no fundo a demarcação da influência alemã tão
patente na corte portuguesa, que a inteligentsia portuguesa se atrelou mais por
entusiasmo e romantismo, do que por sensatez ou conhecimento técnico da
economia real e das relações internacionais. De facto, Andrade Corvo
interpretava a "mobilidade de capitais internacionais" (juntamente com
quadros técnicos e operariado especializado, quase inexistentes em Portugal) que
se estava a verificar como a oportunidade de abertura ao investimento
estrangeiro no ultramar português, nomeadamente Angola e Moçambique, um sinal
contrariado pelos seus adversários políticos, já então, sem qualquer visão
macroeconómica dos tempos.
Portugal estava
em crise há décadas, na sequência de lutas e facções liberais, E, ao não
possuir grandes grandes bancos ou grupos económicos,
não dispunha de capitais próprios. Por isso pouco ou nada podia dinamizar com uma burguesia doméstica, bem instalada, provincianista e sem horizontes.
Restava-lhe em alternativa ter outra jogada na manga, ou seja , o caminho mais
fácil, que se abria com a emergência política da Alemanha de Bismark."
Noutro passo da referida obra, e ainda
sobre a mesma questão "-4. O Ultimato inglês
de 1890 e a viragem da diplomacia
portuguesa"
"Ao
ultimato da Inglaterra a Portugal em Janeiro de 1890, segue-se um mutismo
absoluto da nossa legação Berlin em matéria de assuntos políticos e coloniais
.
Nunca mais se
ouviu falar de ultramar e colónias. Assunto encerrado. A Alemanha nem reage ao
ultimato, infere-se pela ausência de conteúdo sobre a matéria. Sente-se um
arrefecimento nas relações luso-alemãs. Termina aqui o “reinado” de Barros
Gomes, que vai ocupar a pasta da Marinha e Colónias. Há uma viragem na política
externa portuguesa, que passa a ser liderada por D. Carlos I e com grande apoio
de Luís de Soveral, embaixador em Londres.
É
precisamente em 1890 que Luís de Soveral vai para Londres chefiar a legação
portuguesa, onde ficará até à queda da monarquia portuguesa, passando a ser
íntimo família real inglesa, e desempenhando um papel importante na diplomacia
lusa, de tal forma que por duas vezes graças à acção concertada entre ele e D.
Carlos I, a diplomacia portuguesa evita o deflagrar de um conflito à escala
mundial entre britânicos e alemães em Lourenço Marques e na Baía dos Tigres, no
sul de Angola” – Excerto
"7.2 – Colonato Judeu para Angola em 1912 ou
embrião do Estado Israelita
"Mal passada a exuberância do novo regime do 5 de
outubro de 1910, os responsáveis do governo republicano cedo perceberam que não
seria pela mudança ideológica de regime, só pelo espírito filosófico dos
valores libertário-republicanos que se resolveria a questão da dívida externa,
acrescida da contínua despesa pública, quer em funcionários da Administração,
quer em regalias. O problema era muito mais bicudo e seria preciso atender à
coisa pública com espírito científico, olhando para os factos práticos
passíveis de uma resolução.
Por isso, a tentação de alienar uma parcela do vasto
território ultramarino continuava subjacente. Houve sempre vozes defensoras da
alienação de alguns territórios ultramarinos, por falta de recursos para gerir
tantas parcelas numa tão grande dispersão geográfica, para evidentemente
arranjar uma almofada financeira que alimentasse os défices e contas públicas.
Quase não fazia· sentido o vasto território ultramarino espalhado por três continentes,
que se manteve aticamente incólume até ao 25 de Abril de 1974, e projectos de
desenvolvimento arcaicos e ambíguos, que reflectiam uma burguesia nacional
passiva, sem uma iniciativa privada
arrojada e sempre protegida pelo
Estado; um Estado que ironicamente no pós Segunda Guerra, mesmo sem ter aceite
o Plano Marshall passou a ter um superavit bastante interessante nas suas
contas públicas.2 - excerto
Atente-se na análise que, Álvaro Vale, faz de como ia Portugal no principio do século XIX - 1.2. Liberalismo
português: uma burguesia passiva e sem horizontes.
"O atraso e a decadência de Portugal eram evidências,
e já no século XIX pagaria caro a sua factura país periférico, sem quadros
políticos, com uma burguesia doméstica saída das facções liberais e voltada p o
seu umbigo, acomodada e sem horizontes, apesar possuir um vasto império
ultramarino. Andrade Corvo homem que tenta fazer a diferença. Mas o problema da
periferia portuguesa, que afasta a sociedade portuguesa do importante debate de
ideias por essa Europa f o sobrevém evidentemente da falta de universidades e
empreendorismo privado, num país, onde os engenheiros militares são pau para
toda a obra, como Barros Gomes, o homem do Mapa cor-de-rosa, engenheiro
militar, que além de liderar vários ministérios, foi também director dos
Caminhos de Ferro e do Banco de Portugal; ou Fontes Pereira de Melo
(1819-1887), também engenheiro militar, mas que seria essencialmente um
brilhante primeiro-ministro deixando a sua chancela ligada às infra-estruturas
de transportes e comunicações, conheci por fontismo. Mas uma andorinha não faz
a Primavera, o grande génio de Fontes acabaria por ser µma ilha nu meio
empresarial tacanho, provinciano e egocêntrico". – Excerto
Sinopse – Exposta na contracapa
"Do Mapa cor-de-rosa à
Europa do Estado Novo abarca o período
entre 1871 a 1939, com um tronco comum – a unificação da Alemanha por
Bismarck e a sua emergência , procurando ser contrapoder à pax britânica . Até
1913, esta Alemanha verá as suas exportações aumentarem 250%, o triplo da
Grã-Bretanha! Mais 60% deste estudo baseia-se
em despachos diplomáticos
investigados no Arquivo Histórico- Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros, e passa em análise o último quartel do século XIX peninsular , a
nova geopolítica de África saída da conferência
de Berlim em 1885 e, as influências prussianas no dossiê Mapa cor-de-rosa.
Fala-se da banca rota portuguesa de 1892
e das repúblicas do Transval e Orange pretenderem comprar parte da dívida pública portuguesa… Surge
entretanto a guerra anglo-bóer, onde o jovem Winston Churchill é prisioneiro de Pretória , na
qualidade do Morning Post. O tema tem implicações transversais à doutrina Monroe, quando os EUA Monroe, quando os EUA
despojaram a Espanha de Cuba, Porto Rico e Filipinas… enquanto os bóeres
perdiam a independência . Mas continuava a disputa pela Baía dos Tigres (sul de angola), e pela Delagoa
Bay (Lourenço Marques), onde por duas vezes esteve iminente um conflito á
escala mundial. A paz seria salva pela acção diplomática do rei D. Carlos I e Luís
Soveral, seu embaixador em Londres. Destaque para o dossiê internacional sobre o colonato judeu para Angola, aprovado
pelo parlamento da República em 1912 e suspenso devido à Primeira Guerra …e
retomado nos Anos 30 pela Ditadura Militar. Descobre-se as figuras de Armindo Sttau Monteiro e Rui Ennes Ulrich,
professores de Finanças Públicas e grandes pilares de Oliveira Salazar , tanto
em matéria legislativa como no campo ministerial e diplomático.
Fomos encontrar César Sousa Mendes (irmão gémeo de Aristides
Sousa Mendes) como ministro dos
Estrangeiros em 1932 e mais tarde
embaixador de Varsóvia … quando a
Polónia pretendia administrar o hipoctécio colonato judaico no planalto do Bié! Depois é a diplomacia portuguesa
durante a guerra civil de Espanha, a
acção do Ministro Armindo Monteiro, anglófilo e estratega na política externa
portuguesa , ostracizado … por divergências com Salazar . Inclui também items sobre a Espanha de Afonso XIII, as duras criticas
do economista Keynes ao Tratado de Versalhes; a reconversão do marco alemão em
1923 pelo génio Schacht, que recusaria ser chanceler da Alemanha; a Frente Popular
e ascensão de Franco e, a sua visão macroeconómica quanto ao futuro de Espanha, fechando com os
elefantes brancos do império e o programa Kennedy para Angola
Recomendamos também a analise a
esta obra pelo jornalista Jorge Heitor, no seu blogue, MÁXIMO:
“A Alemanha esteve por trás do Mapa
Cor-de-Rosa Em 1873, Portugal apresentava-se em Angola e Moçambique, como chave
da diplomacia alemã, de uma Alemanha potência emergente, que se unificara há
pouco e que queria grandes negócios para os seus banqueiros, comerciantes e
armadores. – Ler mais em Mapa cor-de-rosa: Portugal ao serviço da Alemanha ..
Dedicatória especial de um jornalista aos
jornalistas:
“A todos os jornalistas independentes que às vezes
dizem algumas heresias entre aspas, procurando, sem sofismas, contribuir para
melhorar as sociedades e torná-las mais justas e coerentes. Uma palavra à
memória de João XXIII, João Paulo II e Nelson Mandela pelos seus esforços em
prol da paz, do diálogo e da concórdia entre todos os povos. Também a Prem
Rawat, paladino da paz que nos últimos 40 anos tem sido uma referência singula
Iniciou a sua carreira em 1975 no República, e foi
colaborador do Diário Popular , e nas delegações em Lisboa do Primeiro de
Janeiro, Jornal de Notícias e Comércio
do Porto. Actualmente é responsável pela revista digita Correio dos Vinhos"
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