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sábado, 10 de março de 2018

Foz Côa, em Festa – Dia 11 Neste Domingo - O Grande Desfile Etnográfico da 37ª Festa da Amendoeira em Flor e dois Patrimónios Mundiais – Assim as condições meteorológicas o permitam

Jorge Trabulo Marques - jornalista  -




“Com início agendado para as 14 horas, a iniciativa organizada pela autarquia mobiliza todas as freguesias, associações e coletividades locais que são desafiadas a representar motivos etnográficos ou temas relacionados com a cultura popular, história, tradições, usos e costumes, património construído, património cultural, paisagístico, ou outras manifestações culturais de carácter erudito ou popular do concelho. Normalmente, participam mais de quatro dezenas de carros alegóricos/etnográficos que enchem de cor e animação as principais ruas da cidade. Neste dia, este “palco” é aproveitado também para deixar alguns “recados” ao poder local e ao Governo.

O cortejo é o ponto alto das festividades da amendoeira em flor já que atrai anualmente milhares de espetadores e curiosos. Os participantes vão concentrar-se ao longo das ruas Poço do Olmo, Conde de Pinhel e Mouzinho da Silveira, sendo que o desfile começa na rotunda junto às escolas, segue pelas Avenidas Cidade Nova e Gago Coutinho, Rua de S. Miguel, Tablado e Praça do Município. Continua pelo Castelo, Praça do Município, Rua do Açougue, Largo do Bombeiros, Avenida Dr. Artur de Aguilar, Avenida Gago Coutinho e termina novamente na rotunda onde começou


Há prémios para os melhores carros alegóricos, com o primeiro classificado a receber 1.000 euros (mais uma taça), o segundo tem direito a 800 euros e o terceiro 600 euros, mais taças. A organização distinguirá também a qualidade da participação atribuindo 400 euros a uma avaliação de “muito bom”, 300 euros para “bom” e 200 euros para “regular”.- In O Interior - Diário da Guarda - 22-02-2018 - Amendoeiras em flor ...




HÁ TRÊS ANOS FOI ASSIM

TARDE INESQUECÍVEL


Foz Côa, que, na quase generalidade dos dias do ano, mais lembra uma pacata vila do interior, sim, onde a desertificação avança inexoravelmente, a passos largos, à semelhança do triste fadário  que ameaça o chamado país profundo, dir-se-ia que, neste último domingo, fez jus ao estatuto de cidade  - Agora, só lá para o mês de Agosto, é que as ruas poderão voltar  a conhecer  tão desusado movimento e alegria.



Lá vimos, ante  uma tarde soalhenta e brilhante, logo para animar a numerosa assistência que ladeava a avenida principal,   a  Banda Filarmónica de Freixo de Numão, abrindo o desfile – Atrás da qual se fazia representar Almendra, com um singular carro alegórico de  Nª Sraª do Campo e um outro com as artes dos antigos ferreiros.

 
Vem depois Castelo Melhor, com as suas compotas; Cedovim, com uma série de nove  alegorias: Fonte dos Amores; os antigos Pombais;   Cantares do Rancho Folclórico; "o  sabor" ditado pelo  Clube Caça e Pesca;   "Cedovim Terra de Poetas", com as capas dos livros   dos seus autores mais queridos, bem estampadas para que a verbe poética ali fosse devidamente homenageada  - E, ainda, para os amantes das emoções mais destemperadas dos anos 60,  o "Regresso das Motorizadas, bem como "O Barbeiro" tira dentes à moda antiga.

Depois da forte embaixada de Cedovim, veio o solitário carro nº 13 de "as desfolhadas" pelos idosos do Lar de Chãs. - Simples mas cada um deles, certamente, com muitas histórias para contar ou para recordar

Enfileirando os  números 14,15,16 e 17, surgiu Custóias, com os Ditos e Dizeres, o Artesanato,  Monumentos, Produtos Regionais. E, de uma forma algo vistosa, seguem-se as representações de Freixo de Numão, com a indispensável alegoria ao  Museu da Casa Grande; as Costureiras;  Apanha da Azeitona, com uns velhotes timidamente submersos por ramos de oliveiras -Por fim, a  Pastorícia e  os Trajes Típicos. 

Após o desfile de Freixo de Numão, veio a vizinha Horta (24 e 25), com alegria e o colorido  dos seus típicos cantares, atrás  dos quais vinham  "as lavadeiras" do Rio, que se esmeravam por mostrar  como se lavava a roupa a sério,  ao ponto  de atingir com alguns borrifos  quem se aproximasse das pedras onde   desabridamente batiam com a trouxa para a enxugar antes de ser exposta ao sol - Estava a ver que a máquina fotográfica não escapava de uma molhaça.

 –  Na sequência dessa exibição, é a vez da freguesia das Mós ( 26 a 30), mostrar o que vale, ostentando o   Milagre da Cura da Cólera  (no egoísmo dos tempos que correm, decerto que já não haverá milagres que nos salvem) mas salva-se ao menos o  "Enterro do Entrudo" para o qual nunca faltam foliões – E também  a "Pesca no Douro "– O rio já não têm as águas limpas de outros tempos, mesmo assim há sempre umas canas de pesca para lançar o anzol no estuário das barragens, em cujas margens não faltam excelentes laranjais, daí o tema da "laranjinha", empunhada com traje antigo e a rigor.


 
Muxagata (31 a 36) foi buscar a memória das antigas malhadeiras,  quando as encostas eram semeadas de centeio, aveia ou trigo - Ao mesmo tempo que  também nos mostrou uma  das suas antigas cozinhas e as suas tão artísticas rendas e bordados,  E, como não podia deixar de ser,  quis  fazer jus às suas famosas hortas de primores na Ribeira dos  Picos, onde, noutros tempos, se cultivava  o tão saboroso  feijão verde, a ervilha e a  fava rica, se colhiam  belos repolhos e  cedo amadureciam as tão apreciadas  "Tomatas" - Razão pela  qual era incontornável que as hortas ali  se fizessem representar a preceito: em regos de terra fértil, com alfaces, couves, que uma nora podia regar  e até um espantalho para afugentar  a passarada, ao lado do qual se plantava um pequeno mas valente cavador - Perfigurado  na ternura  de uma criança, que não largava a sachola do ombro -  Por certo alheio ao sentido poético das quadras ostentadas nos cartazes, que bordejavam os tapais caídos do trator .

Numão (37 a 42) vem recordar-nos as antigas Padeiras, as Costureiras, Britadeiras,  o tradicional Alfaiate, que praticamente caiu em desuso – E também a imagem da sua Fonte Grande, que, a água canalizada, ainda não logrou extinguir.

 

Santa Comba (43 a 45) – Mas que simpáticas e divertidas estavam aquelas velhotas a oferecer a quem ousasse aproximar-se uma garfada de compota  de doce de abóbora! Apetecível e amarelinho como ouro! - Outro do motivos veio dizer-nos  que  "Santa Comba é um Jardim" – Sim,  talvez seja a unica coisa natural  que,  ali reste, onde já há mais idosos no lar que gente ativa.
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Sebadelhe  (46 a 48) veio mostrar-nos também o antigo  o "Ferreiro", assim como a tradicional "Taberna";  tempo das "Cruzadas", alegremente representadas por uns miúdos bonitos e brincalhões que mais pareciam árabes de que cruzados.

Vila Nova de Foz Côa ( 49 a 78) – A sede do concelho, uma vez mais a fazer-se representar em peso – A começar pelo seu "Património de Peso" – A que não faltou uma Banda Rock Paleolítica, muito criativa, imaginativa e divertidíssima, com a decoração a fazer-nos lembrar os longínquos tempos pré-históricos, cujas personagens, servindo-se de fictícios escaletos  de auroques, não paravam de guitarrar  - Veio depois o carro alegórico da "Fogueira do Natal",  tema emblemático dos Passos do Município e ainda de muitos lares, quando se celebra o nascimento de Cristo.  

  
Logo de seguida um grupo de alegres e espalhafatosos jovens, vieram lembrar a saudosa memória do dinâmico Gustavo Filipe, que tantas lágrimas deixara no coração de seus pais e numerosos amigos, enfiados nuns charutos de plástico, que, apesar de remarem em seco, nem por isso se importavam de mostrar que uma calçada também pode fazer de pista de um rio.



Por sua vez, as casas do Benfica e do Sporting, também ali se fizeram representar, respetivamente, com as "Pedreiras do Poio" e as "Memórias da Festa de S. João" – 




Bom, e sem pretendermos pormenorizar demasiado a questão, vale a pena aqui citarmos outros temas, tais como a evocação ao Milagre de Nª Srª. da Veiga; os tempos da laboriosa e  combativa "Ferreirinha"; a "Extração do Xisto";  os Trabalhos da "Vinha" e  do "Sumagre"; o  "Jogo do Cântaro"; o fabrico do "Sabão Tradicional"; o foral de "D. Dinis", atribuído a Foz Côa; "A Sexualidade na 3ª Idade"  - Não vemos a que propósito para quem apenas aspira a tranquilidade dos dias que lhe restam. Enfim, no desfile a nota do humor é indissociável da coregrafia. Embora tema repetido mas obrigatório, quase no fim, lá vinham os carros alusivos às famosíssimas  gravuras rupestres  e ao Museu – Estes alguns dos motivos que  suscitaram  a imensa curiosidade dos milhares dos nativos e visitantes

 VERSOS SIMPLES MAS QUE DIZEM MUITO

Todavia, o que mais nos sensibilizou, foram os cartazes de poemas num dos carros alegóricos de Muxagata -  Que nos comoveram até às lágrimas, pela sua singeleza e crua realidade,  a redescoberta dos pombais, com pombinhas, que até aproveitaram para se ir beijocando ao longo do percurso ou a fazer as delícias de curiosos e participantes, cuja obediência e domesticidade, só possível nas habilidades circenses. 



O que não vimos - e nos surpreendeu, com algum desencanto, foi realmente a habitual prestação dos Bombeiros Voluntários, foscoenses, que, pelos vistos, só se lembram deles, quando os sinistros devastam os campos, tal como  só se lembram de Santa Bárbara, quando troveja. 


Muxagata -

"Ó aldeias do meu país
Onde estão os teus habitantes
Os velhos no cemitério
Os novos em terras distantes

Ó hortas de Muxagata
Estais mesmo acabar
Morrendo esta geração
Quem vos quererá cultivar

Os lindos vales que tínhamos
São agora silvedos e canaviais
Matéria fácil
Para incêndio provocar

Governantes do meu país
Que nesta situação nos colocaste
Por não haver quem trabalhe a terra
Grande parte do meu país
Num mato te tornaste

Terras das Tomatas
Quando se juntavam vizinhos
Para se aquecer e conviver
Eram serões divertidos
Tão difíceis de esquecer

A pequena fogueira de outrora
Aquecia muito mais
Aquecia o corpo e alma
Pois no fundo éramos iguais

Chego a ter muitas saudades
Dos meus tempos de criança
Vivia-se pobremente
Mas todos tínhamos confiança


PRÉMIOS ATRIBUIDOS 


 
A lista que lhe apresentamos, foi por nós organizada, linha a linha, feita a partir da transcrição do site da Câmara Municipal, a qual, para aqui a expormos, muito trabalho nos deu -  Classificação Final Desfile Etnográfico 2015




Foz Côa maioritária em número de concorrentes e nos melhores prémios
Na Classe A – Muito Bom -  - €600 . 



V..Nova de Foz Côa  - ACDR - Património de Peso - Banda Rock Paleolítico - Muito Bom; V. Nova de Foz Côa -CAS - Pombal - Muito Bom; V. Nova de Foz Côa - Rancho Folclórico  - A Ferreirinha - Muito Bom
No segundo escalão –  B-  Bom - A sede do concelho, voltou a arrecadar a maioria, com oito   Bons  - Seguidos de três para Muxagata e três para Sebadelhe; Santa Comba, Cedovim, Horta  e Freixo de Numão, Mós, com duas destas distinções – Depois com um único Bom, Almendra e  Chãs

 as imagens não seguem a ordem dos prémios)



Almendra - junta de freguesia - Arte de trabalhar o ferro - Bom; Cedovim - Centro Social e Paroquial - Fonte de Amores - Bom; Cedovim - Centro Social e Paroquial - Pombal - Bom;
Chãs - Centro Social e Paroquial - A Desfolhada - Bom, Freixo de Numão - ACDR -O Museu da Casa Grande -  Bom; Freixo de Numão - ACDR - As Costureiras - Bom; Horta - Comissão de Festas -  Os Cantares da Horta - Bom; Horta - Junta de Freguesia - As Lavadeiras – Bom;

Mós - Fábrica da Igreja - Enterro do Entrudo - Bom; Mós - Fábrica da Igreja - A Laranjinha - Bom; Muxagata - Ass.Cult. Recr. Terras das Tomatas - Cozinha Antiga - Bom; Muxagata - Ass.Cult. Recr. Terras das Tomatas - Malhadeira - Bom; Muxagata - Ass.Cult. Recr. Terras das Tomatas - Jardim de Crianças – Bom; 

Santa Comba - Junta de Freguesia - Doce Regional -  Bom; Santa Comba  - Ass.Bem-Fazer Santa Comba - Santa Comba é Jardim -Bom; Sebadelhe - Fábrica da Igreja - O Ferreiro - Bom; Sebadelhe - Fábrica da Igreja - A Taberna  - Bom; Sebadelhe - Fábrica da Igreja - As Cruzadas - Bom; V. Nova de Foz Côa - Ass. Pais Enc Ed de Escolas - Fogueira do Natal - Bom; V. Nova de Foz Côa - CDCI - Extração do Xisto - Bom; V. Nova de Foz Côa - Centro Social e Paroquial  - O Trabalho da Vinha - Bom; V. Nova de Foz Côa - Centro Social e Paroquial  - A Tosquia - Bom; V. Nova de Foz Côa - Centro Social e Paroquial  - D. Dinis em Foz Côa  - Bom; V. Nova de Foz Côa -Igreja Paroquial - O Milagre de Nª Srª da Veiga - Bom; V. Nova de Foz Côa - Rancho Folclórico  - Quarto Antigo  -  Bom; V. Nova de Foz Côa -Núcleo Sportinguista - Memória da Festa de S. João - Bom

Classe C - Satisfatório - €350,00

Almendra - Junta de Freguesia - Romaria de Nª Srª do Campo; Cedovim - Centro Social e Paroquial - Rancho Folclórico - ; Cedovim - Centro Social e Paroquial - Clube Caça e Pesca - ; Cedovim - Centro Social e desportivo - Terra de Poetas - ; Cedovim - Grupo Cultural e Desportivo -Regresso das Motorizadas - ; Cedovim - Junta de Freguesia - O Barbeiro -; Cedovim - Junta de freguesia - Música Sénior  - ; Custóias - Junta de Freguesia - Ditos -;
Custóias - Junta de Freguesia - Artesanato -  Custóias - Junta de Freguesia - Monumentos -  Custóias - Junta de Freguesia - Produtos Regionais -;
Freixo de Numão -Centro Social e Paroquial - Azeitona -  Freixo de Numão -Centro Social e Paroquial - Pastorícia - ; Freixo de Numão -Centro Social e Paroquial - Trajes Típicos  - ;

Mós - Centro Social e Paroquial - Milagre da Cura da Cólera - ; Mós - Fábrica da Igreja - Pesca no Douro - ; Muxagata - Ass.Cult. Recr. Terras das Tomatas - Horticultura - ; Muxagata - Ass.Cult. Recr. Terras das Tomatas - Rendas -  Numão - Centro Apoio Social e Cultural - As Padeiras -  Numão - Centro Apoio Social e Cultural - As Costureiras  - ; Numão - Centro Apoio Social e Cultural - As Britadeiras  -; Numão - Fábrica da Igreja  - Alfaiate - ; Numão - Fábrica da Igreja  - Fonte Grande - ; Numão - Fábrica da Igreja  - Máquina de Escrever  - Satisfatório;

 
V. Nova de Foz Côa -Ass Juv Gustavo Filipe - Centro de Alto Rendimento -; V. Nova de Foz Côa satisfatório; -Casa do Benfica - Pedreiras do Poio - Satisfatório; V. Nova de Foz Côa - Centro Social e Paroquial  - Baile da Paróquia - ; V. Nova de Foz Côa - Centro Social e Paroquial  - Jogos Tradicionais  - Satisfatório; V. Nova de Foz Côa - Centro Social e Paroquial  - Jogo do Cântaro -; V. Nova de Foz Côa - Centro Social e Paroquial  - Sabão Tradicional - ; V. Nova de Foz Côa - Centro Social e Paroquial  - A Estação do Côa - ; V. Nova de Foz Côa - Centro Social e Paroquial - A Sexualidade na 3ª Idade   -; V. Nova de Foz Côa - Centro Social e Paroquial  - Profissões -; V. Nova de Foz Côa - Rancho Folclórico  -O Albardeiro - ; V. Nova de Foz Côa - Rancho Folclórico  - Sou Uma Abelha -; V. Nova de Foz Côa - ACDR de Freixo de Numão - A Venda nas Freiras – Satisfatório

Classe E - Carros repetidos, (art. 7º) - €300,00 . N. de Foz Côa, 8 de Março de 2015 O Presidente do Júri

V. Nova de Foz Côa -CAS - Museu do Côa  - Repetido
 V. Nova de Foz Côa - Fundação Côa Parques - Gravuras - Repetido


Classe A - Muito Bom - €600
Classe B - Bom - €450,00
Classe C - Satisfatório - €350,00
Classe D - Carros repetidos - €250,00
Classe E - Carros repetidos, (art. 7º) - €300,00




De facto, há muito que não observámos tão lindos quadros de amendoeiras em flor, como este ano! Desta vez, tudo se conjugou para que a festa da amendoeira em flor, culimasse em beleza – Em condições meteorológicas, fantásticas, que, pelos vistos, prometem prolongar-se nos próximos dias. O mau é que as chuvas também fazem falta e os pastores já se queixam que a verdura dos pastos é escassa.

Já ao fim da tarde de sábado passado, ao deixarmos o comboio, em Vila Franca das naves, que nos trouxera de Lisboa,    uma das primeiras informações quem amavelmente, nos  prestou o nosso amigo António, proprietário do táxi que nos levaria à nossa aldeia, era de que havia acertado no tempo: dizia-me ele: “Sr. Jorge!  Hoje esteve um lindo dia! Mas olhe que, estes últimos dias, têm sido de um frio horrível, embora de sol, tem soprado um vento seco e muito frio – Bom, para um modesto reformado, que não pode dar-se a luxos de passeios a esmo, pelos vistos, acertou em cheio. Com um lindo fim-de-semana magnífico



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