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quarta-feira, 24 de setembro de 2014

"As religiões devem unir-se" Ultrapassar as divergências entre os cristãos e entre estes e os muçulmanos e as demais religiões – Defende o jornalista Jorge Heitor – Mas talvez seja mais fácil observar “o milagre do sol”, junto à Sé de Lisboa, na tarde de Santo António de que acabar com a intolerância religiosa


Por Jorge Trabulo Marques


"As religiões devem unir-se e ultrapassar divergências", lembrando que "A Terra é demasiado pequena, na complexidade de um Universo em permanente expansão, para que se possa permitir o luxo de travar cruzadas religiosas; e de atirar os seus filhos uns contra os outros, em nome de Deu",  .escreve o  jornalista Jorge Heitor, num artigo que teve a amabilidade de me enviar.  



Defender a aproximação ou o entendimento humanista entre os diferentes credos, é  um pensamento positivo,  bem-vindo: tudo que aproxime os homens pela harmonia e concórdia e os distancie dos ódios, da barbárie  e da intolerância é sempre uma mais valia em prol da paz no Mundo
 

- Só  que essa aproximação esbarra com enormes preconceitos, ficções sociais e obstáculos.  Em  que, cada religião, procura impor e defender a sua doutrina. Além disso, embora as principais religiões se possam contar pelos dedos, estão  também a atravessar o momento da descrença, a fragmentar-se em múltiplas seitas, ante a era do vazio e a ausência de valores espirituais sólidos, face ao galopar do egoísmo, do individualismo desregrado, ausência de solidariedade e desamor, do liberalismo selvagem transnacional, que cada vez  se torna mais desumano e agressivo.

Sim, tal como escrevia Vergílio Ferreira, ainda muito antes do fim do século XX, "multiplicam-se as seitas religiosas neste fim de milénio. É a hora da morte e à hora da morte tudo é possível ser-se. É a hora da morte e jamais o homem morreu como hoje. (…)As seitas são formas de religiões novas, com o seu brilho fresco de juventude e sem o podre a ser visível. Quando a doença é sem remédio é que o curandeiro tem a grande oportunidade. “


 A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA ASSENTA NA INCOMPREENSÃO E NA DIFICULDADE EM RESPEITAR  AS DIFERENÇAS 

O homem sente necessidade do sagrado como do alimento para a boca. O que diverge nas crenças são os caminhos não a essência. Para uns, a entidade suprema, é o Alá, para outros, é Deus, Krishna, Shiva ou Brahma e tantas outras entidades, sol, a Natureza. Todavia, a tolerância não é o entendimento geral do ser humano nos domínios da fé, em que, muitas vezes, esse sentimento é cego, em que a paixão se sobrepõe à razão.

 Não sem grande alegria chegou ao nosso conhecimento que nosso dileto filho infante D. Henrique, incendido no ardor da fé e zelo da salvação das almas, se esforça por fazer conhecer e venerar em todo o orbe gloriosíssimo de Deus, reduzir  à sua fé não só os sarracenos, inimigos dela, como também quaisquer outros infiéis. Guinéus e negros tomados pela força, outros legitimamente adquiridos foram trazidos ao reino, o que esperamos progrida até a conversão do povo ou ao menos de muitos mais 

Ignóbeis torturas e espancamentos,  amputação das mãos, apedrejamentos, lançados às feras,  tal como fazia César aos católicos no Coliseu de Roma, uso da forca e da fogueira, cabeças roladas, fuzilamentos,  massacres, campos de nazismo, guerras santas mas que acabam por ser terrivelmente infernais, todo um vasto campo de barbaridades e prepotências em nome de uma justiça divina, enquanto a pobreza, a fome, os desastres naturais, o combate às doenças, quase se reduz a nada, comparado à destruição e aos custos de vidas provocados pela  intolerância religiosa ou étnica.

 
Jorge Heitor, antigo jornalista do PÚBLICO, meu distinto amigo, teve a gentileza de me enviar um texto, defendendo a união das religiões, aludindo ao facto desse desentendimento estar na origem dos maiores conflitos e guerras da Humanidade - Sem dúvida, é uma verdade indiscutível. A tolerância nunca morou e continua a não morar nos credos religiosos, cujo radicalismo  se manifesta, atualmente, sobretudo  nas mais  fundamentalistas

 
Em todos os credos e religiões, sem exceção,  tem prevalecido, ao longo dos tempos, com maior ou menor incidência, a intolerância e a segregação, sob o pretexto de que a sua religião é a da verdade absoluta, a única que se dirige ou representa Deus na Terra, e todas as demais são profanas ou hereges, estão no caminho errado. Os exemplos são abundantes e do conhecimento público.


Por parte da igreja católica, tem havido alguns sinais de aproximação mas que acabam por esbarrar em preconceitos historicamente enraizados.


Bento XVI elegeu como prioridade a aproximação às outras confissões cristãs, tendo defendido, na sua viagem à Turquia,  a aproximação com a Igreja OrtodoxaAproximação de católicos e ortodoxos é prioridade – 

Por seu tuno, o Papa Francisco, reconhece que os preconceitos racial e religioso são "cruzes" que o mundo atual carrega Papa cita racismo e intolerância religiosa como "cruzes - 


Em julho passado, o Papa Francisco, “Conhecido por seu discurso de unidade entre cristãos, Francisco pediu perdão aos evangélicos por conta da perseguição feita contra eles por muitos católicos" 

De recordar também os pedido de desculpas ao Povo Hebraico pelos dois últimos Papas: “pelos terríveis sofrimentos que lhe foram impostos na Segunda Guerra Mundial, ao tempo em que tentava defender as atitudes do papa Pio XII, acusado por muitos historiadores de não ter denunciado com maior energia as perseguições aos judeus por parte do nazismo alemão e do fascismo italiano, que culminaram no Holocausto. O texto levou mais de onze anos para ficar pronto, tendo sido encomendado pelo papa João Paulo II, que era o pontífice na data de publicação do documento"

João Paulo II, no último dia de sua peregrinação a Israel foi ao Kotel, colocando, entre suas pedras milenares, a seguinte mensagem: "D'us de nossos pais, escolheste Abraão e seus descendentes para levar Teu nome às nações. Estamos profundamente tristes com o comportamento daqueles que, ao longo da História, fizeram sofrer esses Teus filhos. A visita do Papa João Paulo II a Israel

"Desde que foi escolhido para o trono de São Pedro, em 1978, por quase uma centena de vezes o papa João Paulo II mencionou erros históricos cometidos pela Igreja Católica e pediu o perdão divino para a culpa que a instituição e seus seguidores acumularam ao longo dos temposPapa pede perdão pelos pecados da Igreja

PARECE QUE É  MAIS FÁCIL ASSISTIR À "DANÇA DO  SOL" (milagres de Santo António) DE QUE ERRADICAR  OS FUNDAMENTALISMOS RELIGIOSOS

 

Dizia eu, num artigo publicado, em 13 de Junho passado,   em vida-e-tempos.com, sob o título "Lisboa – Santo António do “Milagre do Sol” – Milhares de fiéis assistiram hoje à tradicional procissão do padroeiro da cidade e dos namorados – Depois do andor recolher à sua igreja, muitas pessoas quiseram testemunhar o já conhecido “fenómeno solar”:



 "Mesmo tendo como protetor as cabeças das pessoas, era-nos difícil encarar o seu esplendoroso feixe de luz - Vimos uma auréola luminosa em torno de quem o fixava, é tudo quando pudemos acrescentar. Pois não quisemos correr o risco de  causar danos irreparáveis à objetiva da máquina fotográfica. De manhã ou ao pôr, ainda se pode fixar - e é o que temos feito nos Templos do Sol, nas celebrações do Equinócio e do Solstício - mas com ele elevado no céus, é demasiado brilhante para a sensibilidade do nosso olhar. Se é ou não efeito de ótica ou uma questão de fé, preferimos ouvir a  comentar"

De seguida, tomo a liberdade de aqui  transcrever o interessante artigo de Jorge Heitor, agradecendo a gentileza que teve de mo enviar, certo de que o tema que aborda mantem oportuna atualidade.


"As religiões devem unir-se"

"Um visitante que de Marte ou de paragens mais longínquas chegasse à Terra estranharia, talvez, a proliferação de templos que por aqui há: igrejas, sinagogas, mesquitas, pagodes...E perguntaria porquê tanta religião, tanta divisão da espécie humana numa série de credos.

Jorge Heitor

Esta estranha coisa de haver uma Igreja Católica sedeada na cidade de Roma, uma Igreja Anglicana, Igrejas Evangélicas, Assembleias de Deus, judeus, muçulmanos xiitas e sunitas, budistas, hindus e praticantes de uma série de outras fés pode-nos deixar algo confusos.

Se o Homem realmente acredita, em algo que está para além dele, a que chama Deus, Javé, Jeová, Alá ou qualquer outra coisa, por que é que não acredita todo da mesma maneira, para não ter de se dividir, perdendo assim a sua força?.

As guerras religiosas têm sido uma das coisas mais tristes da História, por colocarem uns contra os outros seres humanos que em princípio só deveriam querer praticar a Bondade e o Bem.

Ultrapassar as divergências entre os cristãos e entre estes e os muçulmanos e as demais religiões deveria ser meio caminho andado para um Mundo Melhor, em que nos sentíssemos muito mais à vontade, muito mais realizados.

Querer forçar alguém a ser cristão ou muçulmano parece ser uma grande estupidez, pois que tudo aquilo a que o Homem deveria aspirar era a ser feliz, cada um à sua maneira, como muito bem entendesse, sem nunca dizer que uma igreja é melhor do que uma mesquita ou vice-versa.

Jesus Cristo, São Paulo, Maomé, São Bernardo, São Francisco de Assis, Lutero e Inácio de Loyola devem ser referências comuns de toda a Humanidade; e não de forma alguma apenas as bandeiras deste ou daquele grupo.

Aproxima-se o tempo em que teremos de dialogar com criaturas de outros pontos do Universo, sejam eles os satélites de Júpiter e de Saturno ou planetas muito mais distantes, pelo que não fará qualquer sentido que nessa altura nos apresentemos divididos, em católicos, protestantes, judeus, xintoístas ou outra coisa qualquer.

O ideal será, porventura, constituir em todo o planeta Terra uma comunidade monoteísta, crente na existência de algo superior, algo para além das questiúnculas que há muitos milhares de anos nos têm divididos.

Quando daqui a 60 ou 70 anos houver que dialogar com alguém de outras paragens, teremos de sintetizar num só conceito aquilo que ao longo dos séculos foram os ideais humanos dos gregos da Antiguidade, dos chineses, dos japoneses, dos judeus, dos romanos, dos indianos e de tantos outros povos e civilizações que por aqui andaram nestes últimos 4.500 ou 6.000 anos.

A Terra é demasiado pequena, na complexidade de um Universo em permanente expansão, para que se possa permitir o luxo de travar cruzadas religiosas; e de atirar os seus filhos uns contra os outros, em nome de Deus.

As religiões, ou a Religião, terão de afirmar o nosso mundo, este mundo dos terrestres. Terão de nos ajudar a escapar, unidos, aos cataclismos. E terão de nos transformar numa parcela coesa da grande Comunidade Universal, aquela que passa por Marte, Io, Europa, Ganimedes, Titã e tantos outros recantos do Cosmos onde porventura haverá uma qualquer forma de vida." - Jorge Heitor

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