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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Escritor Vergílio Ferreira – conta-corrente: “17 de Setembro, 1989 - ...o Outono mandou já o seu aviso sob a forma de uma forte chuvada. Curiosamente não tenho em mim melancolia condizente para a receber” – Mas “um dia em que não escreva parece-me um dia esbanjado”

De 1969 a 1992, Vergílio Ferreira manteve um diário pessoal que designou como Conta-Corrente. Nele registou com regularidade o seu quotidiano enquanto homem comum e enquanto escritor. Mas Conta-Corrente não revela apenas aspetos menos conhecidos ou mais íntimos de Vergílio Ferreira - oferece, outrossim, ao leitor a experiência extraordinária de ver o País, o Mundo e uma Época através do olhar de um dos grandes pensadores e prosadores do século XX português -  Neste post poderá ler as notas que o autor da Manhã Submersa, escreveu no dia 17 de Setembro, em quatro desses anos.



O Verão ainda não se despediu completamente mas os longos dias de Junho, Julho e Agosto, já lá vão. O outono está à porta e já se fez anunciar com alguns aguaceiros que tornaram as manhãs e tardes chuvosas e cinzentas. As árvores dos parques e dos jardins da capital também já começam a revestir-se de alguns tons amarelos. O cair da folha, virá na etapa seguinte, lá mais para Outubro, Novembro.

Em noite chuvosa mas tranquila, passada em minha casa,  lembrei-me de Vergílio Ferreira e de pegar nalguns dos seus diários.  De reler o que ele tinha escrito neste dia e em anos diferentes. Não alusivos ao dia de ontem  mas ao de hoje, ao que começa. Porém,  só às tantas da noite, tive esta lembrança - Ou seja, de saber o que escrevera em 17 de Setembro, nalgumas páginas da sua conta-corrente - Tenho vários livros da sua vasta obra, pelo que tive a tarefa facilitada  - 

Mas desta vez optei pela sua escrita diarística - 

Nomeadamente, alusivos aos anos, 1982; 1983; 1989; 1990  - Entre outras abordagens, queria saber se havia alguma referência ao Outono, que já está à porta  e ao tempo atmosférico, cinzento e chuvoso destes últimos dias. 

Curiosamente, há algumas coincidências. E  a do seu gosto de escrever também à noite. 

Hoje cultiva-se mais o hábito das pessoas escreverem os seus diários nos blogues ou  nas redes sociais. Pessoalmente também cultivo esse hábito  -Inicialmente, fi-lo  com algumas reservas mas acabei por aderir - E de forma até talvez excessiva- Pois estou   convencido que, se publicasse em livros o que já editei na Internet em vários sites (a maioria não estão atualmente acessíveis) em nome próprio ou sob pseudónimo, daria para várias centenas de livros.

Mas, enfim, não quis andar atrás de editores, optei por outro caminho e,  por enquanto, não vejo razões para mudar de rumo. - Todavia, o tempo do escritor Vergílio Ferreira, era outro. Nos últimos anos da sua vida, se quisesse, até podia usar o computador mas sei que não se desviou dos seus hábitos, escrevendo sobretudo à mão. Creio que teria escrito bastante mais livros se usasse as novas  tecnologias - Em  todo o caso, foi vasta a obra do autor de "Onde Tudo Foi Morrendo", "Aparição", "Cântico Final", "Manhã Submersa", "Aparição", "Cântico Final", "Estrela Polar", "Alegria Breve", "Nítido Nulo", entre outros títulos.

 

 OUTONO ESTÁ À PORTA  - TEMPO PROPENSO À NOSTALGIA E À MEDITAÇÃO

A noite foi de chuva e vento, com alguns intervalos serenos. Gosto do silêncio retemperador e inspirador da noite- Em Lisboa só o encontro em minha casa. Na minha aldeia, é ao contrário: sou tentado a sair à noite e a peregrinar pelas fragas até de madrugada - Na busca de um silêncio misterioso e ao mesmo tempo telúrico e energético. É certo que no interior da aldeia as noites até costumam ser muito sossegadas  -e, às tantas, até bem mortas, visto não se ver vivalma. Se não fosse o ladrar dos cães e as badadas do sino a bater as horas, dir-se-ia que a vida ali tinha morrido. Ora, esse também não é o silêncio que me interessa - Nesse caso, prefiro passar ao lado do cemitério e deter-me por alguns momentos na brancura silenciosa que emana dos jazigos e sepulturas, visto ser mais irreal e
sidério.

Tal como referi noutro post,Vergílio Ferreira não era apenas o grande escritor mas o existencialista, o pensador. Deu-me o prazer de me receber várias vezes em sua casa – Algumas das quais no próprio dia do seu aniversário. É uma data que dificilmente me pode passar despercebida. Nasceu em Melo, no dia 28 de Janeiro, tendo como fundo a Serra da Estrela, ambiente e paisagem que iria moldar a sua personalidade e influenciar a sua vasta obra - Os seus romances, ensaios, diários e também  alguns poemas. "Este homem reuniu em si diversas facetas, a de filósofo e a de escritor, a de ensaísta, a de romancista e a de professor. Contudo, foi na escrita que mais se destacou, sendo dos intelectuais contemporâneos mais representativos. Toda a sua obra está impregnada de uma profunda preocupação ensaística. Vergílio Ferreira

 Faleceu na sua casa de campo, em Fontanelas, no dia  1 de Março de 1966, pouco depois da hora do lanche. Quando a sua esposa (Regina Kasprzykowski) entrou na sala para ir buscar a chávena e bule, encontrou-o estendido de costas sobre o tapete no chão e com rosto voltado para a janela. Ele, que tanto interrogara a morte, pelos vistos, respondeu ao seu apelo da forma mais pacífica e tranquila

 NOTÍCIA DO "PRÉMIO DA CASA MATÉUS" - REPARTIDO COM PEDRO TÁMEN - RECEBIDA SEM EURORIA MAS "COM UM GOSTAR CALMO"


1982
17 - Setembro (sexta). Acabaram de me comunicar de Lisboa que me foi atribuído, e ao Pedro Tamen, o Prémio da Casa de Mateus. A ele pelo seu livro de poesia Horácio e Coriáceo; e a mim pelo Conta-Corrente. Prevaleceu, portanto, no caso dúbio de um diário, o parecer que atrás exponho. Não é disso, portanto, que eu desejo falar, mas só da impressão que fez em mim o ter sido premiado. Gostei muito é indubitável. Mas é um gostar calmo, já longe da excitação 'que me deu o F:émio Camilo, quando ainda era caloiro. Quando Faulkner soube que conquistara o Prémio Nobel, estava a rachar lenha. Continuou a rachar. Não posso ter essa medida de grandeza e se um prémio desses me apanhasse a rachar lenha, deitava fora a podoa. Estava às voltas com o romance, quando o telefone tocou. Tive força para vir acabar uma frase. E tenho força para vir dar aqui a notícia. Em todo o caso, vai uma certa diferença da casa de Mateus ao Nobel. Mas mesmo assim, não se pode dizer que eu seja desprovido de total autodomínio. Estou tranquilo, não sou histérico. Mas como eu dizia na frase que estava escrevendo, e de acordo com a dialéctica que me funcionava na juventude, «toda a vitória se ganha com a própria derrota».  A minha derrota agora é o discurso que terei de fazer. Vai ser um osso. E tenho maus dentes.


VIVIA ABSORVIDO PELA ESCRITA MAS RECONHECIA QUE "ERA IMPOSSÍVEL SER SEMPRE EXCEPÇAO"

1983

17 - Setembro (sábado). Porque a questão é esta: um dia em que não escreva parece-me um dia esbanjado, um dia que não paguei, por ser um dia de vida, em qualquer coisa que isso equilibre e que no meu caso é escrever. E todavia, a parte maior desse dia vivido é uma fracção inútil do viver. Nessa fracção inútil o que vivemos e pensamos e sentimos é baixamente ridículo. Imagine-se que um grande homem dava conta de tudo o que pensou e sentiu enquanto não estava a ser grande. Seria uma coisa incrível de banalidade, corriqueirice e até de perversão. Que ideias ocorreram a um pensador ou a um santo ou a um herói enquanto não estava a ser nada disso? Quando viu uma formiga, um grão de pó no fato, um papel ou livro fora de ser livro ou papel, uma mulher com quem se cruzou na rua e ele observou instantaneamente na sua condição de mulher, ou qualquer ridicularia que lhe prendeu um momento a atenção? E impossível ser-se sempre na excepção que se é, sem um instante em que se não seja nada disso para ser um distraído, um desocupado, um imbecil. Mas quando é tempo de ser-se, reabsorve-se no que se é de excepcional e cumpre-se aí em ;excepcionalidade. E é isso que conta para a posteridade que o redimiu. Contas da mercearia, uma constipação, uma comichão em sítios impróprios de se manifestar, um trecho breve paisagem que só se vê para nem se pensar nele, e milhentas formas de se ser pequeno e tonto que nem me ocorrem ou julgo repressivamente não dizíveis. 



Ter uma ideia aproveitável é raro. Um entusiasmo que nos levante. É raro. Um acto, um gesto, uma palavra que vêm a tempo e nos concilia connosco e com a vigilância que nos impomos. É excepcional. A grande maior parte que vivemos, mesmo descontando o tempo de dormir é absolutamente inútil e inclassificável e abominavelmente sem significado nenhum. Mas a que propósito digo eu isto? Não sei Hoje esteve cá o Gilo e a Helena que vieram trazer os miúdos e regressam amanhã. Almoçou-se em patriarcalidade, falou-se futilmente, gastou-se com a tarde a maior parte do dia. Que fiz? Que pensei? Que fui? Não me lembro de nada. Excepto que, imóvel já na idade a que cheguei, todos eles vieram subindo e ultrapassando-me e eu ficando para trás onde a diferença a haver não desce de mim para eles mas desce deles para mim É isto coisa de se pensar? De se dizer? Talvez não seja. Mas é o máximo que de dizer sou agora capaz.

 ÉVORA E MELO - UMA EVOÇÃO MUITO PRESENTE NA SUA CONTA DIARÍSTICA

Contei há dias (ou não contei?) a súbita imagem que me assaltou de uma tarde em Évora, de o liceu à tarde, já perto do Natal, e os cânticos claros dos rapazes repercutindo no espaço do claustro. Mas já de outras vezes eu referi o poder de evocação que têm para mim certas horas do dia em certas estações do ano, como Proust refere o sabor da madeleine e outros motivos. E reparo agora que é fundamentalmente isso que me desencadeia o evocar. Lembro assim da infância em Melo sobretudo o tempo do Verão à hora ele uma grande lua nascer. Ou na Guarda, coberta de neve, o ar coalhado e gélido na face ou as manhas subitamente descobertas num grande nevão. Ou em Coimbra um timbre de guitarra abrindo uma névoa de legenda. Ou em Évora, além das tardes já referidas, o mormaço das tardes ~e Verão em exames. Ou no Liceu Camões de Lisboa, a manhã de Outubro, com uma luz límpida e pequena e os plátanos (?) dos pátios desfazendo-se das folhas mortas. Toda a vida assim a marquei de certas horas de certas estações para o poder evocador de um dia. Mas o que é estranho é que nunca eu registei essas horas no tempo de acontecerem. Mas qualquer coisa delas me marcou e ficou aguardando o instante de emergirem da são em que nasceram. E uma vez mais eu penso que uma inteira se reduz a breves momentos de ser, como para 10 os grandes homens, a breves indicativos do que foram  - um triunfo (e aí talvez um pequeno pormenor que ninguém ficou a saber), um livro (e aí talvez uma frase, um adjectivo), ,_ fórmula (e ai o desconhecido instante em que ela surgiu). É assim espantosa a desproporção entre a massa brutal de superfluidades em que uma vida se consumiu e o quase nada que sobrou a resumi-la toda. 


 A MEANCOLIA DO OUTONO E OS LITERATOS

1989

17 - Setembro (domingo). E o Outono mandou já o seu aviso sob a forma de uma forte chuvada. Curiosamente não tenho em mim melancolia condizente para a receber. Farto de tudo, mesmo da melancolia, é o caso. Neste momento, estou. Olho a chuva na janela do escritório e o escuro sorumbático do céu. Mas nada em mim se põe em movimento no seu impulso. Terei esgotado a capacidade de ser humano? Passo os olhos pelo que escrevo e o que me apetece, no meio da chuva, é dizer ainda duas palavras sobre o amigo Guedes. Foi o caso que há tempos dizia ele, com a farófia e a irresponsabilidade tão típicas do cabotino audacioso (com a ajuda do meio em que cabotiniza) que na literatura portuguesa actual só X dava uma «imagem» do nosso tempo. É verdadeiramente espantoso como qualquer pícaro ousa ter opiniões sobre o que vai pela literatura e de que não faz a mínima ideia. Só os «entendidos» dão pareceres sobre a música, pintura, etc. Mas quanto à literatura, admite-se, sem mais satisfações, que é um baldio. Quem disse ao Guedes o que é uma «imagem» de? Em que é que Kafka, Beckett, etc. são a «imagem» de um qualquer país? Guedes aprendeu a coisa no que a coisa era há cem anos e ficou com a sua opinião centenária e desdentada. O amigo Guedes tem primeiro de meter explicador e só depois, feitos alguns ensaios na imprensa de Cebolais, ter opinião mais centralizada no mapa.



Mas deixemos o Guedes e voltemos ao Outono. Ele está aí e ainda não estamos preparados. Eu, pelo menos, não estou. Mas na realidade não sei para o que estou excepto o enrolamento em mim, na dificuldade de ser vivente, talhado, calcado por toda a sorte de misérias da fisiologia em que a cabeça vai tendo só o préstimo para se desenroscar e deitar ao caixote1 E é pena. Porque o Outono é a mais bela estação do ano para os que como eu não têm peitaça a fazer para o desafio do futuro. Que se coza. De todo o modo, que se lixe. 

MANHÃ CINZENTA  COM TABACO DE ENROLAR
1990
Boa Noite.

17 - Setembro (segunda). A manhã está enevoada, a ver vem chuva e o meteorologista da TV tem razão. Como vai sendo hábito, a Regina levantou-se cedo, tomou o pequeno almoço e meteu-se outra vez na cama. A estratégia costuma dar-lhe sono até quase à hora de almoço e eu tenho de lhe abrir as janelas e noticiar-lhe que temos um horário a cumprir. Hoje aliás, temos de ir à Praia das Maçãs cumprir um correio nos corrreios. Portanto, nuvens baixas com o seu saco de chuva para despejar. Mas talvez o sol a tome como pequeno-almoço ou desimpedimento digestivo, como é da utilidade higiénica praticada por muita gente, inclusive, ao que os jornais um dia disseram, pelo Presidente da República. Eu sou republicano, até ver, mas não Presidente e pratico assim o preceito de vez em quando. Hoje não fiz aguada e depois de ir tirar o carro da garagem, acomodei o cu no sofá e aproveitei as tréguas do histerismo para fumar um cigarro. Como é possível ter já dito, por· que é um facto histórico, ao exemplo do marido da Gabriela Llansol, voltei à juventude e ao «tabaco de enrolar». Com a difusão do «tabaco feito» até ao proletariado, é possível que haja ignorantes do processo e do engenho e ritual para isso. 



No meu tempo chamava-se-lhe «tabaco de onça» que eu hei-de ver ainda existe. Fora um tabaco «Kentucki» que era pólvora e vinha em pacotes de cigarros com as pontas embrulhadas a desembrulhar quando se fumavam depois de se lhes correr a cuspo a banda sem cola, e traziam uma cinta a segurar-lhes o seu explosivo para cavadores. Eram três as onças, custando a mais cara quinze tostões e a mais barata dez. Era esta = mente a da minha necessidade. Agora a onça é uma 1~ A que me convinha e é de uso do Augusto Joaquim, custa 08 escudos. Mas é um tabaco carrascão, que me encatarra  os brônquios e me troca o passo ao miolo. Recorro assim agora a uma outra bolsa (de tabaco holandês) que me contende  com a bolsa portuguesa mas é mais afável, como era talvez de esperar. São 370 escudos, mas como dá aí uns 60 cigarros, em especas sensatas corresponde a dois maços e meio. E dois maços e meio do tabaco humilde que eu fumava, são 420 escudos. e diferença é para as «mortalhas» e alguns cafés. Mas sacar o tabaco da bolsa, distribuí-lo pela mortalha, aplicar o engenho no enrolá-lo, dar-lhe cuspo na banda gomada para ser tudo pessoal, é um rito de uma nossa oração da manhã que o Hegel rezava com a leitura do jornal. E pronto. Olho o céu que se não decide, entalado de hesitação. Decido eu, não olhando mais para ele e estando-me nas tintas para o que ele vier a decidir. Em todo o caso é irritante «olhar o astro», como se diz na minha aldeia, mesmo quando não há astro para olhar, adiantar mesmo uma profecia para se ser profeta pelo barato, e os arranj05 celestiais marimbarem-se-nos para o visionarismo e mandarem-nos ser profetas para a casa de banho - onde, como se sabe, as nossas certezas são por vezes só boato.


QUANTA FUGIDIA ILUSÃO...

Uma vida. Quantas humilhações te rebaixaram e a lama cobriu? Quantas ameaças terroristas do teu corpo de perfídia? Quantas se cumpriram para outras terem vez? Quantas dessas se executaram para outras avançarem? Quantas imbecilidades cometidas e que só eram imbecis quando cá fora já dela? Quantos vexames no teu ser sensível para o escárnio alheio? Acaso imaginas quanto foste desprezível até à piedade dos que te desprezaram ou o souberam? E quantas ofensas tuas aos outros, interpretadas pelo mais alto, que é o orgulho que não tens e foi apenas o cansaço e a necessidade de estares sempre no lugar da tua fadiga. E no silêncio de não valer a pena teres que dizer. Quanta ilusão fugidia no acerto que por vezes te calhou  e se investiu no risível de ti, mas no outro de ti que nada tem a  ver com ele. E quantos mortos até ao horizonte já longínquo da tua vida, para qualquer lado que te voltes. Estás só, quase só.. A extensão do que te ligava aos mortos que ficaram disseminados pelo campo do teu ser vivo é agora a do teu olhar vazio e parado. Quantos fios te restam dos que te ligaram Para outros e te mantinham de pé? Quantos são ainda resistentes para te manterem? Uma vida. Um incontável do que nela foi e com ela aconteceu. E tudo isso para ser fechado com uma pequena chave no que se chamam quatro tábuas e são seis . E o silêncio infinito que se segue e ninguém mais saberá sequer que é disso o silêncio. (…)



Em 1997, a família de Vergílio Ferreira doou o espólio do escritor à Biblioteca Nacional e, por sua sugestão, foi criada uma equipa para o estudar dirigida pelo académico Helder Godinho, seu aluno e amigo, que fez a tese sobre a sua obra. Como Vergílio Ferreira preparou o futuro - PÚBLICO


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