Aproveito neste dia dedicado ao Pai, aqui postar algumas imagens de pais dedicados e devotados aos seus amados filhos destes espaço onde também conheci a luz do dia Aproveitando para os saudar e aqui editar um belo poema, em video, de Manuel Daniel, lido por António Lourenço, com expresso afecto, além de um outro poema, em texto, que aqui reproduzo, com muito prazer
Manuel Daniel, actualmente invisual - Natural de Meda mas que tem passado grande parte da sua vida em Foz Côa- Actualmente, debatendo-se com problemas invisuais, que, desde há algum tempo, têm limitado a sua independência mas não a sua criatividade, visto ter já no prelo mais um novo livro - Que vem juntar-se a mais de dezena e meia de obras que publicou, nos vários géneros literários
Assim Deus o pensou. E assim marcado
ficou o meu destino certo dia.
Neste recanto sobre tudo amado,
neste vale de lágrimas gerado,
E docemente os olhos se me abriram
e amorosamente os mais sentidos,
de tudo se apossando, descobriram
as mesmas maravilhas que outros viram
feitas de mil virtudes amassadas,
vivem comigo as suas incertezas,
as suas alegrias e tristezas
e a beleza das suas madrugadas.
Vive nas minhas veias o seu mundo
feito de luta a cada hora incerta
e pressinto o seu querer forte e profundo,
mar de vontade firme em que me fundo
numa nova e continua descoberta.
Gente feita de sangue e nervo e aço.
Alma feita de sonho e de luar.
A semente é um gesto do seu braço,
como o sonho é o germe do espaço
que se há-de possuir e cultivar.
Mais alto do que a dor sobe a esperança.
Mais alto do que a Morte sobe a Vida.
na aventura maior e se abalança
à conquista da terra prometida.
Tinha que ser aqui. Tinha que ser.
A alma que possuo, grande e forte,
tinha que se formar, que se fazer
à semelhança desta - de nascer
entre a força da Vida e a da Morte.
Um coração de poeta, muito admirado e querido, onde a sua obra literária que é numerosa e perfeita, é reconhecidíssma, em todos os géneros literários em que se tem expressado, perfeitas maravilhas de naturalidade , de graça, finura e sensibilidade, que encanta, sorri e toca profundamente quem glosa a sua poesia ou a sua prosa.
O paisagista inspirado, por genuíno temperamento de artista, que soube conservar e realçar todo o encanto da graça virginal da alma campesina e do realismo forte destas terras; o panteísta nato que extasia e enche de ternura, de empolgante enlevo e emocionante saudade, o espírito de quem o lê, sulcado por emoções, lavradas por suave harmonia e o doce e inebriante perfume de terra virgem, plena de misticismo e de mistérios sedutores e fecundos
O autor dos maravilhosos espectáculos rurais e da natureza envolvente, que mais terão impressionado a retina dos seus olhos, enquanto a mesma não foi toldada pelas trevas do fatalismo cruel da cegueira, com a qual tem agora de conviver as 24 horas do dia, valendo-se da memória, mas que, mesmo assim, tão minuciosamente continua a descrever, entremeando-os de episódios encantadores e de uma saudável originalidades bem genuína
O Douro Maravilhoso e Agreste, que Miguel Torga poetizou e cantou, é também, a seu modo, o de Manuel Daniel, com quem tivemos o prazer de nos reencontrarmos, recentemente, no seu escritório em Foz Coa, no coração da cidade, junto ao largo do velho pelourinho, do edifício municipal e da igreja matriz, onde, durante vários anos exerceu o oficio de conceituado advogado, a par da sua devoção à causa pública, mas onde agora só vai, pela mão da esposa, filhos ou netos, mais por uma questão de quebrar a rotina e de não perder de todo os laços ou vínculos, com um espaço, onde deu o seu apoio jurídico a muitas pessoas, onde recebeu muitos amigos e onde, nos momentos mais disponíveis e inspirados, aproveitou para escrever alguns dos seus belos livros, sim, foi justamente a meio da tarde, dois dias depois de termos celebrado o equinócio da Primavera, nas tradicionais celebrações aos ciclos da natureza, nas quais também chegou a dar-nos o prazer de colaborar, sim, que amavelmente ali nos recebeu e nos recordou o fascínio que o Douro Maravilhoso, lhe transmitiu na sua vida e na sua poesia, da obra literária, que tem já no prelo, pestes a editar, assim como das recordações que guarda dos encontros que teve com Miguel Torga. -
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