Nasceu em Penude em 13-02-1927, faleceu em 24 de Março de 2014, tendo
sido sepultado, no dia seguinte, 25 de Março desse mesmo ano, no cemitério da sua terra natal, com a presença do Bispo de
Lamego e de vários sacerdotes, tendo-se associado, ao cortejo fúnebre centenas
de pessoas, muitas das quais ido diretamente da sua última paróquia.
Eram cinco horas da tarde, do dia 24, esperava-se que
o Cónego José se deslocasse, como habitualmente, à redação do jornal
OFOZCOENSE, de que era seu dedicado e dinâmico diretor. Estranhando-se a
sua ausência e, não atendendo o telemóvel, nem abrindo a porta, foram
encontra-lo caído junto à sua cama. Depois do almoço, era costume ir
descansar um pouco, porém, desta vez o coração traiu-o, estava inanimado e com
sinais de vida. Levado para o hospital da cidade da Guarda, pelo helicóptero do
INEM, já não foi possível a sua recuperação. Tendo falecido às 4 da manhã
do dia 24 de Abril.
A população de Foz Côa,
freguesias e terras vizinhas, de vários concelhos, estiveram presentes,
acompanhando-o uma grande parte da verdadeira multidão até ao cemitério da sua
terra natal - Penude". –
Pois não há ninguém, nem na sede do concelho, nem nas freguesias, que não
tivesse pelo cónego José e pelo seu sacerdócio, uma profunda amizade e simpatia
e sinta a mágoa da sua ausência
Não quis ser outra coisa senão ser Padre e nunca se arrependeu de ter seguido a vida de sacerdote - . “Eu não procurei ser outra coisa. Procurei ser Padre. Procurei cumprir o meu dever. Quando me ordenei, eu tinha um primo, em Barcelos, que era director de um colégio e convidou-me para ir para lá como professor. Eu respondi-lhe: ordenei-me não para ser professor mas para ser padre. Agradeci-lhe por se ter lembrado de mim mas eu nasci para ser padre, não aceitei o convite
E Deus fez-lhe a vontade, durante mais de seis décadas ao serviço da igreja. Filho único mas de pais humildes. A mãe queria que ele fosse para o seminário, porém, seu pai, receando ficar sozinho na velhice, chegou a deslocar-se a pé a Lamego para demovê-lo a voltar para casa. A mãe tinha opinião diferente do marido e ficou contente pela sua determinação.
Uma vida de um longo sacerdócio
Em 1941, após a 4º classe ingressa no seminário de Rezende.Três anos depois frequenta o Seminário Maior de Lamego e é ordenado padre em 1953 – Nesse mesmo ano, em Setembro, o Bispo destaca-o para uma freguesia da diocese onde se manteve 31 anos e meio. Foi para lá em 6 de Setembro de 53 e saiu em 13 de Março de 85 para pároco das freguesias de Foz Côa e chãs.
Gostava de lá estar. Pois, durante esse tempo estabelecera profundos laços de afeto com os seus paroquianos. Casara pais e filhos. Por isso, é com muita pena que vai ter que deixar a paróquia que abraçou mas as ordens superiores são para se cumprir e o cónego José quis ser sempre obediente ao seu Bispo, respeitador da doutrina da igreja e das leis eclesiásticas.
- “O que o fez ficar em Foz Côa?”....- perguntei-lhe. " Foi as ordens..... Quando a gente se ordena, promete ao Sr. Bispo obediência. E a coisa que mais me custou na vida, depois da morte dos meus pais, bem entendido, foi sair de lá …Já estava muito habituado com aquela gente; conhecia pais, conhecia filhos…porque, durante 31 anos e meio, fiz muitos casamentos, conheci os filhos. E casei pais e filhos”.
- Custou-lhe muito....Mas não está arrependido de ter vindo para Foz Côa?
- “Não estou arrependido, porque, quando a gente faz aquilo que deve, e, como o padre promete ao Bispo obedecer-lhe, de maneira que eu não podia dizer ao Sr. bispo que não vinha .Portanto, viu que era preciso aqui; vi que era preciso obedecer ao Sr. Bispo e é evidente
- Quantos anos já tem em Foz Côa?
- 28 anos
- Já está com 86 anos: vai continuar aqui até ao resto da sua vida?
- E o resto é já, com certeza, muito pequeno.
Declarou-me, numa breve entrevista, em Agosto do ano passado, no Café do José Pilério, em mais um dos agradáveis momentos convívio, que pude estabelecer com um dos sacerdotes mais admirados e respeitados da diocese da Lamego e do Distrito da Guarda. Naquele dia para lhe comunicar que era desejo da Comissão Organizadora das Celebrações do Solstício e dos Equinócios, convidá-lo a não ser apenas mero espetador mas a aceitar a ser um dos homenageados que costumámos ali distinguir, ao fim da tarde do dia mais longo do ano. Conversador e simples como era, e também por gostar daquela aldeia e daqueles montes, aceitou honrar-nos mais uma vez com a sua presença, prometendo-nos que, se a saúde não lhe faltasse, tinha muito gosto em estar presente
.
Mas a vida tem destas coisas: troca-nos a voltas quando menos se espera.
Dois dias antes da sua morte, desloquei-me à redação do OFOZCOENSE para voltar a falar com ele sobre o assunto mas já tinha saído. Estava apenas o Padre Ferraz, a quem aproveitei para expor a nossa intenção, tendo-nos respondido que achava a ideia interessante.
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