“Jorge Trabulo Marques - Jornalista
Poeta norte-americano
(1819-1892), nascido em Long Island. A sua obra poética centra-se na colectânea Leaves of grass (Folhas de Erva), revista e
completada ao longo da vida do autor. A técnica inovadora dos seus poemas
influenciou todo o lirismo moderno.
TODOS SOMOS FILHOS
DA TERRA E DE DEUS, A ÍNFIMA PARTÍCULA DA INTELIGÊNCIA UNIVERSAL ,O MUNDO NÃO VAI ACABAR E TALVEZ SEJA MAIOR O PÂNICO DE QUE A
AMEAÇA - TODAVIA, A HORA DE ANGÚSTIA E DA DÚVIDA, É TODA A HUMANIDADE - Não
distingue cores, credos e países - Leia e reflicta nos belos versos de Walt
Whitamn
e o que eu assumo deveis assumir,
pois cada átomo que me pertence a vós pertence também.”
“Não sou uma terra nem função de terra alguma,
sou o colega e companheiro de pessoas,
todas elas tão imortais e inesgotáveis como eu próprio
(não sabem quão imortais, mas eu sei).”
“E eu sei que a mão de Deus é a minha promessa,
E eu sei que o espírito de Deus é meu irmão,
E que todos os homens que nasceram também são meus irmãos, e as mulheres minhas irmãs e amantes,”
"Folgo e convido minha alma,
deito-me e folgo à vontade vendo
uma lança de capim no estio.
Minha língua, cada átomo do meu sangue,
formado deste solo, deste ar,
nascido aqui de pais aqui nascidos de pais semelhantes nisso e os pais deles também,
eu, agora com trinta e sete anos, começo em plena saúde, contando não parar até à morte.
Crenças e escolas em potencial,
afastadas um pouquinho que basta para o que são,
embora não esquecidas,
dou guarida ao bem e ao mal,
permito-me falar em qualquer circunstância,
natureza seu confronto com a força original.
Folga comigo na grama, afrouxa o nó da garganta,
nem palavras nem música nem rimas estou querendo, nem costume nem lição, nem mesmo do melhor,
quero só o acalento, o murmúrio de tua voz valvar.
Eu creio em ti minha alma, o outro que sou não deve
rebaixar-se a ti, e nem precisas rebaixar-te ao outro.
Penso em como uma vez nos espichamos
deitados certa manhã de verão transparente,
como forçaste a cabeça nos meus quadris
e gentilmente te viraste sobre mim
e me rasgaste a camisa no osso do peito
e enfiaste a língua em meu coração nu
e foste assim até sentir-me a barba
e foste assim até sentir-me os pés.
Docemente cresceu e em torno a mim se espalhou a paz
E conhecimento além de todo argumento da terra,
e eu sei que a mão de Deus é a promessa da minha,
e sei que o espírito de Deus é o irmão do meu
e que todos os homens já nascidos também
são meus irmãos,
e as mulheres irmãs e amantes minhas,
e que um reforço da criação é o amor,
e ilimitadas são as folhas secas ou caindo nos campos,
e acastanhadas formigas n0s buraquinhos
por baixo delas,
placas de limo na cerca bichada, pilhas de pedras,
flores silvestres, musgo e espinheiro.
Alguém terá julgado uma sorte ter nascido?
Apresso-me a informar a ele ou ela
que sorte igual é morrer, e isto sei eu.
Eu passo a morte com os que estão morrendo
e o nascimento com os bebês recém-lavados,
e não me sinto contido entre o chapéu e os sapatos,
e manuseio objetos de diversas formas,
nem dois iguais e cada qual melhor,
a terra boa e boas as estrelas,
bom tudo o que vai por elas.
Não sou uma terra nem função de terra alguma,
sou o colega e companheiro de pessoas,
todas elas tão imortais e inesgotáveis como eu próprio
(não sabem quão imortais, mas eu sei).
Cada espécie por si e para si mesma,
para mim macho e fêmea,
para mim os que já foram meninos e amam mulheres,
a mim o homem que tem seu orgulho
e sabe como doi ser desconsiderado,
a mim a namorada e a virgem velha,
as mães e as mães de mães,
a mim os lábios que já deram riso,
olhos que já deram lágrima,
a mim crianças e criadores de crianças.
Descubram-se! Não são culpados, para mim,
nem maus, nem postos à margem,
vejo através da roupa de lã ou de algodão se sim ou não,
e fico em volta, pertinaz, aquisitivo, infatigável,
e não posso ser mandado embora.
Vinte e oito moços tomando banho na praia,
vinte e oito moços e todos tão amigáveis;
vinte e oito anos de uma vida de mulher
e todos tão solitários.
E dona da linda casa na subida do barranco,
ela se esconde simpática e bem vestida
por detrás das bandeiras da janela.
ver mais em
https://www.recantodasletras.com.br/poesias/3304019
.
Walt Whitman (1819-1892) foi um poeta,
ensaísta e jornalista norte-americano. Foi considerado um dos maiores poetas
dos Estados Unidos, uma voz a serviço da democracia.
Walt Whitman (1819-1892) nasceu em West Hills, Huntington, no
estado de Nova Iorque, Estados Unidos, no dia 31 de maio de 1819. Foi o segundo
filho de Walter Whitman e Louisa Von Velsor, recebeu a rígida educação dos
quakers, comunidade que sua mãe frequentava. Na infância e adolescência viveu
no Brooklyn e em Long Island. Com 12 anos começou a trabalhar como aprendiz de
tipógrafo.
Entre os anos de 1836 e 1838, lecionou no East Norwich, em Long
Island. Entre 1838 e 1839 editou o semanário Long Island, de Huntington. Em
1841 foi morar em Manhattan. Trabalhou como jornalista no Broadway Journal,
onde assinava crítica de ópera e teatro, relatos de jogos de baseball, crônicas
do dia a dia, artigos sobre a questão escravagista, pequenos contos, etc. Em
1842 publicou o livro “Franklin Evans”.
Em 1845, Walt Whitman regressou para o Brooklyn e durante um ano
escreveu para o Long Island Star. Entre 1846 e 1848 trabalhou como editor do
Daily Eagle. Ainda em 1848 editou o Freeman Brooklyn, e no ano seguinte
instalou uma tipografia e uma papelaria. Em 1855 publica “Leaves of Grass”, um volume
de poesias, com 100 páginas que não traz o nome do autor nem do editor.
Criticada por uns e elogiada por outros, a obra foi considerada obscena para
seu tempo.
Ao longo de sua vida, o escritor se dedicou a rever e completar
o livro de poesias, que teve oito edições. Na segunda edição, em 1856, a obra
já apresentava o nome do autor na capa. Com 32 poemas, entre eles estava o
poema (Song of Myself) “Canção de Mim Mesmo”. Em 1860, um autor já reconhecido,
vai a Boston para o lançamento da 3ª edição, com 154 poemas.
Em 1862, ao recebeu a notícia do ferimento de seu irmão, que
havia se alistado como voluntário na Guerra Civil e partiu imediatamente para
Washington. Fez uma busca exaustiva e em vão, nos hospitais de campanha.
Dirigiu-se então para o front onde encontrou George, cujo ferimento não era
grave. O relato dessa experiência é mais tarde publicado em “Memoranda During
The War” (1875). Em 1865, com a morte trágica do presidente Abraham Lincoln,
Whitman escreve “When Lilacs Last in The Dooryard Bloom’d”, uma elegia sobre o
efeito da tragédia.
Em 1871, ano da emancipação dos negros e da publicação da XIV
Emenda à Constituição, que lhes dá o direito ao voto, Whitman declama, na
Exposição Internacional de Nova Iorque, alguns poemas inéditos, publicados na 5ª
edição de Leaves of Grass. O livro já contava com 273 poemas. Nesse mesmo ano,
publica “Democratic Vistas”, onde questiona a corrução social e política
daquele tempo.
Em 1872, Walt Whitman vai para Hannover, a convite da Dartmouth
College, uma universidade de tradições liberais, onde leu “As a Song Bird on
Pinions Free”. Em janeiro do ano seguinte, Whitman sofreu uma paralisia que lhe
afeta o lado esquerdo do corpo. Em maio perde sua mãe, e se muda para casa de
seu irmão, em Camden, New Jersey.
Ainda fisicamente debilitado, não desiste, e publica a 6ª edição
de “Leaves of Grass” (1876), em dois volumes. Em 1882 publica a 7ª edição e
também “Collect”, que inclui relatos da Guerra Civil. Em 1888 sofre novo ataque
de paralisia. Com o apoio de Horace Traubel, vê publicado seus dois novos
livros: “November Boughs”, que reúne 62 poemas inéditos, e “Complete Poems and
Prose of Walt Whitman”. A 8ª edição de “Loves of Grass” (1889), se esgota
rapidamente. Em 1892 sai a 9ª edição.
Walt Whitman faleceu em Camden, New Jersey, Estados Unidos, no
dia 26 de março de 1892. https://www.ebiografia.com/walt_whitman/
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