MANUEL ALEGRE: O POETA DA NOSSA
LIBERDADE E DOS TEMPOS DE DESASTRE - Não retiro uma palavra ao texto e às
imagens que editei em Outubro de 2015, a propósito do lançamento do seu livro “O BAIRRO
OCIDENTAL.
Manuel Alegre, insatisfeito com a situação que Portugal atravessa, transformou-a em belos poemas: belos na sua componente estética e lúdica mas não destituídos de ironia e de alarme, reunidos num livro a que deu o título - "Bairro ocidental", apresentado, na Livraria LeYa Buchholz, pelo professor de Literatura Portuguesa, crítico e ensaísta António Carlos Cortez, tendo contado com a presença de Mário Soares, Jorge Sampaio e outras figuras históricas do partido Socialista, além de muitas pessoas que admiram a obra do poeta ou a sua atividade política.
RESGATE - Há qualquer coisa aqui de que não gosto.... - CASSANDRA E A TROIKA - Então Cassandra pareceu na rua...
Manuel Alegre é um desses poetas: poeta completo, na verdadeira aceção do termo. Ele não é dos que verseja ou faz quadras pelo simples prazer de juntar uns quantos versos e os fazer rimar – A sua poesia é muito sofrida, sentida e vivida – É ao mesmo tempo um apelo ao pensamento e ao sentimento. De libertação e de ousadia. Passado, presente e futuro. De feitos e adversidades, de perturbações, mágoas e alegrias.
Quem a percorrer, encontrará de tudo. É como que o retrato dos dias que se vão vivendo. Uma espécie de meteorologia emocional e social. Nos seus versos há variadíssimos motivos de inspiração, que, tanto impelem ao desassossego, como à mais inesperada emoção - Vasta temática em que o seu autor é ao mesmo tempo o observador e o ativo interveniente: reflexo de um viajante na sua pátria, mesmo quando a ditadura o força a exilar-se em terras de Argélia, mesmo lá longe, sente-a de perto, está no seu posto, qual sentinela vigilante.
Ele sabe, com certeza, que, Portugal, conquanto não esteja sob o açaime da mordaça ditatorial do salazarismo, está em vias de já nem sequer ser um pais soberano mas um simples bairro a ocidente da Europa da Srª Ângela Merkel, governada pelo liberalismo mais desumano e despudorado, sob o garrote de impiedosos FMIs e troikanos.
ARTE DE PONTARIA
Invadiram os séculos que estão dentro de nós
invadiram a língua o canto o ritmo
antes fossem exércitos fardados
antes as botas de um invasor visível
não estes missionários da nossa fé
com os seus mercados sobre os nossos ombros
e os seus discursos de sílabas pontiagudas
para gente de espinha de curvar.
Quando eles falam o céu fica cinzento
E há um rasto de cinza e desamparo.
Apetece pegar no poema
E disparar.
A sua poesia foi e é um hino à Liberdade e, talvez seja por isso que é lembrada por muitos resistentes que lutaram contra a ditadura. É considerado o poeta mais cantado pelos músicos portugueses, designadamente Adriano Correia de Oliveira, José Afonso, Luís Cília, Manuel Freire, António Portugal, José Niza, António Bernardino, Alain Oulman, Amália Rodrigues, Janita Salomé e João Braga”. Cantar a Liberdade - Manuel Alegre -
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