Jorge Trabulo Marques - Jornalista
Foz Côa está de luto – Pois não há ninguém, nem na sede do concelho, nem
nas freguesias, que não tivesse pelo cónego José e pelo seu sacerdócio, uma
profunda amizade e simpatia e sinta a mágoa da sua ausência – Nasceu em Penude em 13-02-1927, em cujo cemitério foi
hoje sepultado, com a presença do Bispo de Lamego e de vários sacerdotes,
tendo-se associado, ao cortejo fúnebre centenas de pessoas, muitas das quais
ido diretamente da sua última paróquia.
A população de Foz Côa, freguesias e terras vizinhas, de vários concelhos, estiveram presentes, acompanhando-o uma grande parte da verdadeira multidão até ao cemitério da sua terra natal - Penude".
Eram cinco horas da tarde, de ontem dia 24, esperava-se que o Cónego José se deslocasse, como habitualmente, à redação do jornal OFOZCOENSE, de que era seu dedicado e dinâmico diretor. Estranhando-se a sua ausência e, não atendendo o telemóvel, nem abrindo a porta, foram encontra-lo caído junto à sua cama. Depois do almoço, era costume ir descansar um pouco, porém, desta vez o coração traiu-o, estava inanimado e com sinais de vida. Levado para o hospital da cidade da Guarda, pelo helicóptero do INEM, já não foi possível a sua recuperação. Tendo falecido às 4 da manhã do dia 24 de Abril.
Segundo soubemos através do Dr. Manuel Daniel, grande amigo do Cónego José, “O funeral teve início na Igreja Matriz de Foz Côa, seguindo o féretro para Penude, em cuja Matriz se celebrou Missa sob a presidência do Sr. Bispo de Lamego, D. António Rocha Couto
Não quis ser outra coisa senão ser Padre e nunca se arrependeu de ter seguido a vida de sacerdote - . “Eu não procurei ser outra coisa. Procurei ser Padre. Procurei cumprir o meu dever. Quando me ordenei, eu tinha um primo, em Barcelos, que era director de um colégio e convidou-me para ir para lá como professor. Eu respondi-lhe: ordenei-me não para ser professor mas para ser padre. Agradeci-lhe por se ter lembrado de mim mas eu nasci para ser padre, não aceitei o convite
E Deus fez-lhe a vontade, durante mais de seis décadas ao serviço da igreja. Filho único mas de pais humildes. A mãe queria que ele fosse para o seminário, porém, seu pai, receando ficar sozinho na velhice, chegou a deslocar-se a pé a Lamego para demovê-lo a voltar para casa. A mãe tinha opinião diferente do marido e ficou contente pela sua determinação.
Uma vida de um longo sacerdócio
Em 1941, após a 4º classe ingressa no seminário
de Rezende.Três anos depois frequenta o Seminário Maior de Lamego e é
ordenado padre em 1953 – Nesse mesmo ano, em Setembro, o Bispo destaca-o
para uma freguesia da diocese onde se manteve 31 anos e meio. Foi para lá em 6
de Setembro de 53 e saiu em 13 de Março de 85 para pároco das freguesias de Foz
Côa e chãs.
Gostava de lá estar. Pois, durante esse tempo
estabelecera profundos laços de afeto com os seus paroquianos. Casara pais e
filhos. Por isso, é com muita pena que vai ter que deixar a
paróquia que abraçou mas as ordens superiores são para se cumprir e o cónego
José quis ser sempre obediente ao seu Bispo, respeitador da doutrina da
igreja e das leis eclesiásticas.
- “O que o fez ficar em Foz Côa?”....- perguntei-lhe.
" Foi as ordens..... Quando a gente
se ordena, promete ao Sr. Bispo obediência. E a coisa que mais me custou na
vida, depois da morte dos meus pais, bem entendido, foi sair de lá …Já estava muito habituado com aquela
gente; conhecia pais, conhecia filhos…porque, durante 31 anos e meio, fiz
muitos casamentos, conheci os filhos. E casei pais e filhos”.
- Custou-lhe
muito....Mas não está arrependido de ter vindo para Foz Côa?
- “Não estou arrependido, porque, quando a gente
faz aquilo que deve, e, como o padre promete ao Bispo obedecer-lhe, de maneira
que eu não podia dizer ao Sr. bispo que não vinha .Portanto, viu que era
preciso aqui; vi que era preciso obedecer ao Sr. Bispo e é evidente
- Quantos anos já tem em Foz Côa?
- 28 anos
- Já está com 86 anos: vai continuar aqui
até ao resto da sua vida?
- E o resto é já, com certeza, muito
pequeno.
Declarou-me,
numa breve entrevista, em Agosto de 2013, no Café do José Pilério, em mais um dos agradáveis momentos convívio, que
pude
estabelecer com um dos sacerdotes mais admirados e respeitados da diocese da Lamego
e do Distrito da Guarda. Naquele dia
para lhe comunicar que era desejo da
Comissão Organizadora das Celebrações do Solstício e dos Equinócios, convidá-lo
a não ser apenas mero espetador mas a aceitar a ser um dos homenageados que
costumámos ali distinguir, ao fim da tarde do dia mais longo do ano. Conversador
e simples como era, e também por gostar daquela aldeia e daqueles montes, aceitou
honrar-nos mais uma vez com a sua presença, prometendo-nos que, se a saúde não
lhe faltasse, tinha muito gosto em estar presente
.
Mas a vida tem destas coisas: troca-nos a voltas
quando menos se espera.
Dois dias antes da sua morte, desloquei-me à redação
do OFOZCOENSE para voltar a falar com ele sobre o assunto mas já tinha saído.
Estava apenas o Padre Ferraz, a quem aproveitei para expor a nossa intenção, tendo-nos respondido que achava a ideia interessante.
7 comentários:
O Sr Cónego Zé era um verdadeiro amigo, um bom conversador e um bom ouvinte, que convivia com toda a gente.
A sua memória perdorará. Vai continuar nos nossos corações. Os seus muitos amigos não o esquecem.
É pena não haver muitos homens e sacerdotes como o Cónego Zé.
Foz Côa viu partir um verdadeiro Fozcoense.
O Rev. Cónego José da Silva merecia tudo.
Paz à sua alma. Foz Côa não o vai esquecer.
Partilho da mesma opinião. Cónego José, sem dúvida, um homem bom e um sacerdote digo da doutrin de Cristo
Faço minhas as palavras dos comentadores anteriores ,pois tudo o que se possa dizer sobre esta boa alma é muito pouco.Acredito que não haverá ninguém que possa dizer seja o que for deste SANTO HOMEM QUE TIVEMOS A SORTE DE CONVIVER COM ELE TODOS ESTES ANOS.Foi uma grande perda para FOZ_CÔA .Bom amigo ,bom conversador,bom ouvinte, alegre sempre com um sorriso para dar a quem dele precisasse e se encontrasse com ele e aqueles que não podiam ir até ele ia ele ter com ele .Onde estivesse um doente aí estava o Cónego Zé em casa ou em qualquer hospital do país .Muito generoso sabendo distribuir com os outros daquilo que tinha Convivios fraternos e amigos era rara a instituição e grupos particulares que o não convidavam porque a sua alegria irradiava luz predispondo bem e tinha até um certo jeito para algumas anedotas pelo meio . Como sacerdote cumpriu sempre até ao fim o seu ministério sacerdotal. A sua falta de visão o limitava um pouco mas graças a outra figura boa e generosa ,Dr,Manuel Daniel lhe ampliava a santa missa que o ajudava a celebrar em foz Côa e todos os domingos na SRa. da Veiga .Homem muito viajado conhecendo grande parte do globo e a alguns amigos e seus primos os presenteava com alguns passeios Foz Côa nunca o esquecerá porque é impossível isso acontecer . Foi outro Jõao Paulo Segundo que amanhã a igreja o irá canonizar . Agora já está noutra dimensão junto do Pai porque conseguiu ganhá-la cá em baixo. Façamos o bem porque só isso vale lá para cima .Sigamos o seu exemplo . Peço que meditemos bem neste grande homem que não muito muito grande em estatura tinha UM NOBRE CORAÇÂO. GENTE DE FOZ CÔA NÂO PODEMOS ESQUECER ESTE GRANDE AMIGO .É pena que muitos continuem a espalhar ,o ódio ,a vingança ,a mentira a prepotência a arrogância , a guerra depois de verificarmos que não é gente dessa que estamos a homenagear ,que estamos a chorar ,que estamos a recordar ,mas ao contrário gente boa ,humilde ,serena amigo do amigo e não traidor apunhalando seja quem for pelas costas .Precisamente o oposto.Muitos terão que repensar a sua postura ,porque o mal não pode prevalecer sobre o bem .Aqui ainda podem enganar e pressionar alguns mas a Deus não enganam e o dia de cada um de nós vai chegar . Façam o que a vossa consci~encia mandar e serão continuadores deste nosso irmão Cónego Zé da Silva. Lembra_te de todos nós junto do Pai . Eternamente grata .Bem haja P.Zé e até um dia .
Obrigado pelas suas palvras, que nunca serão de mais para recordar um homem que dedicou toda a sua vida a bem do próximo e em nome da sua igreja
O Sr Cónego Zé da Silva esteve mais de 1/4 de século ao serviço dos Fozcoenses. MERECE uma homenagem e uma forma de o tornar presente, com o nome de uma rua, a colocação de 1 busto, ou ...
Quem quer avançar com estas ou outras sugestões?
Concordo inteiramente com a sua sugestão - O Cónego José, homem bom e tolerante, com o qual era possível falar de todos os temas, sem preconceitos, excelente conversador e atento ouvinte - É exemplar o seu sacerdócio, em Foz Côa e Chãs, pelo que se justifica que o seu nome seja perpetuadamente recordado, através de um busto ou de um rua, ou mesmo das duas formas- Obrigado pelo amável comentário
Postar um comentário