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quinta-feira, 24 de abril de 2014

Miguel Portas partiu há dois anos – O andarilho do Vale Sagrado, no auge da polémica das gravuras do Côa – “Para mim Abril será sempre apenas ele. E a saudade dele”. Disse hoje sua mãe, Helena Sacadura Cabral, autora do livro “Aquilo em que Eu Acredito”





Faz hoje dois anos que morreu, Miguel Portas, na sequência de um cancro do pulmão.” Um rosto difícil de esquecer, de um grande lutador e democrata, quer para quem o conheceu através das suas intervenções políticas, mas  sobretudo para os seus familiares, camaradas  e amigos :

  “Faz exactamente neste minuto em que escrevo, dois anos que a sua e a nossa dor começou. Para mim Abril será sempre apenas ele. E a saudade dele. Nada mais!" Palavras de sua mãe, Helena Sachadura Cabral, reproduzidas hoje em  fio de prumo 







MIGUEL PORTAS - UM CRAVO COM CHEIRO A ROSMANINHO PARA UM ANDARILHO DO CÔA – VEIO AQUI VÁRIAS VEZES PARA DEFENDER AS GRAVURAS RUPESTRES - FALECEU MAS CONTINUARÁ VIVO NA MEMÓRIA DO VALE SAGRADO E DE QUEM O CONHECEU - Este o título do post que editamos neste site, um dia após a sua morte - Dizíamos nós:



Uma vida intensa e  dedicada à democracia, à cultura e às causas nobres. Foi um corajoso combatente – Morreu Miguel Portas mas não morre a sua memória. – Faleceu, nas véspera do 25 de Abril, vítima de doença prolongada – Desde 2010, que ele lutava contra um cancro,  ele sabia que a vida lhe podia escapar em qualquer momento – Mesmo assim, nunca abandonou o seu posto, como eurodeputado  - Nunca deixou de intervir e de dizer o que pensava.

Já lá vão uns anos, mas até me parece que ainda o estou a ver, com outros amigos e companheiros das mesmas jornadas no Vale do Côa – No auge da polémicas das Gravuras: - Ele foi um dos que esteve a primeira linha da barricada, em prol da preservação do património milenar das gravuras dos homens do paleolítico – Ele residia em Lisboa e, vir lá de tão longe, só por muito amor à nossa cultura e arte ancestral – Também esteve frente ao Mosteiro dos Jerónimos, num acampamento organizado pelo Movimento da Salvaguarda da Arte Rupestre do Vale do Côa – Onde pontilhava, então, a dinâmica Mila Simões.

 
Curiosamente, o primeiro dia, coincidiu com o Casamento do Dom Duarte Nuno de Bragança – E não é que conseguimos levar, junto dos nossos cartazes, alem do próprio nubente,  personalidades, como Marcelo Rebelo de Sousa, entre outras figuras do PSD, do CDS e do PPM – Foi, de facto, uma excelente oportunidade para se despartidarizar  a causa – Felizmente que, muitos daqueles que, naquela altura se opunham, já reconheceram a sua importância e batem-se pela sua defesa



 Foto de Helena Sacadura Cabral  - feira do Livro 2013

Tenho uma grande admiração por Helena Sacadura Cabral – Quer como escritora, quer como jornalista. Pela sua frontalidade, pela forma calorosa e bem-humorada como escreve e também como personagem.  É das tais pessoas de quem se guarda sempre a imagem de um sorriso e de um rosto que infunde natural simpatia e ternura.

"Um mês depois do falecimento de Miguel Portas, a mãe, Helena Sacadura Cabral, apresentou o livro Aquilo em que Eu Acredito, na Fnac do Chiado, no qual fala dos valores, atitudes, sentimentos e lições inspiradoras que tem tido ao longo da vida e que nunca a fizeram deixar de sorrir e dizer o que pensa." 

"Há muito tempo que eu pensava fazer um livro destes, mas depois surgiam outras coisas e fui adiando, até que chegou uma altura em que decidi que não adiaria mais. Este livro é um produto de dois anos de coisas que fui fazendo avulso e de textos que acabei por reescrever”,explicou  a escritora”.



Foto de Helena Sacadura Cabral  - feira do Livro 2011


SIMGELA HOMENAGEM À ESCRITORA, À MULHER E MÃE - A  QUEM ACREDITA NOS VALORES PERENES -

Num dia que não é de sorrisos mas de evocação dolorida, de um sofrimento que dificilmente o tempo tão cedo apagará, sim,  ao mesmo tempo que  aqui lembramos a memória de seu amado filho Miguel, queremos também prestar a nossa singela homenagem a Helena Sacadura Cabral, transcrevendo, justamente,  alguns textos, do livro  "Aquilo em que Eu Acredito, que a autora nos honrou com o seu autógrafo


AQUILO QUE EM QUE ACREDITO  provém do que me ensinaram, do que vi e ouvi e, sobretudo, daquilo que vivi.
Não são grandes os princípios, nem tão-pouco utopias filosóficas. São mais interpretações do mundo que nos rodeia e códigos de carácter.
Nunca me furtei a dizer aquilo que penso e terei por isso pago preço que lhe está associado. Creio na família que é o meu suporte e sem o qual não existo. Creio nos amigos cujos braços e abraços são fonte de permanente inspiração. Creio na solidariedade e na coragem que nos obrigam a pensar nos outros. Creio na competência e na ética como fundamentos do labor. Creio no inconformismo responsável  porque é o motor das transformações sociais. Enfim, creio em Portugal, o país onde nasci e onde quero morrer.

Helena Sacadura Cabral, Abril 2012.


AUTO-RETRATO

Tenho sempre alguma dificuldade em fazer um auto-retrato. Sei analisar-me por áreas comportamentais, mas sinto dificuldade no somatório delas, ou seja, a panorâmica geral não é fácil. Aliás, ninguém é bom juízo em causa própria , como se sabe.
Por isso, quando me pediram que descrevesse, que dissesse quem era , recorri a uma amiga que costuma dedicar-se à filosofia do quotidiano – que é a que mais aprecio, confesso -, e esta sugeriu-me que seriasse sete coisas de que gosto e outras tantas que não gosto. Essas respostas constituíram o meu retrato. Aqui tem, para vosso juízo, o que lhe respondi.

Sete coisas de que gosto

da família
dos amigos
de trabalhar
de ler
de ouvir música
de silêncio
do meu amor

Sete coisas que detesto

a mentira
a hipocrisia
a inveja
a tristeza
a estupidez
a política
a maledicência

Pronto aqui está a prova do que sou . E também do meu gosto de clareza nas respostas que dou.
Tente agora, caro/a leitor/a, fazer o mesmo exercício  e ver se é muito diferente de mim. Sorrio, porque acredito que não! Acertei?

UMA FAMÍLIA QUE GOSTA DE RIR

Num sábado, aproveitando ter cá a família alargada e para espantar a diatribe do dia seguinte, dei um jantar para sete. Filhos, neto, irmão mais novo, cunhada e uma amiga do Miguel, da esquerda radical, de quem gosto muito.
 Os infantes estavam ligados à electricidade  e dedicaram-se todo o repasto a contar as vicissitudes da vida parlamentar. Um de esquerda, europeu e com rica vida. O outro de direita, com o salário cortado.
A partir daqui o guião foi o relato das bolandas por que ambos passam nas campanhas dos respectivos partidos.
Uma, de morrer a rir, foi o Miguel ter revelado que havia recebido vinho  e um queijo de um apoiante do CDS para “entregar ao Dr. Paulo, seu irmão”, com um abraço da gente da terra. E, depois, a confissão descarada de que a caravana, esfomeada, decidira, por maioria absoluta, apropriar-se do presente, que, evidentemente, marchou todo.
Como esta, outras histórias se seguiram, passadas em mercados e feiras, sobretudo no Norte, cuja graça está no vocabulário usado e que não posso, claro, aqui reproduzir.
Quem assistisse a este jantar, dificilmente acreditaria  que aqueles irmãos iriam, no dia seguinte, votar em campos tão diferentes.
Não há dúvidas que jamais – ai, o incómodo desta expressão … - me poderei queixar  de a minha vida ter sido, alguma vez, sensaborona. Mas, apesar disso, daqui a uma semana, piro-me para descansar a linda cabecinha!


FAZER ANOS


Fazer anos tem sempre, a partir da idade adulta, dois lados.
Um positivo, expresso no “aqui já eu cheguei”, e outro negativo, que é contar mais um na idade e menos um no tempo de vida.
Enquanto a minha Mãe foi viva, fazer anos era homenagear o seu amor por mim, que estendia do meu Pai, embora em moldes diferentes. Com efeito, foi no ventre materno que deambulei, comodamente, com os nove meses da minha risonha existência, e do seu leite que me alimentei outros tantos.
Agora, por um qualquer mistério da existência, são os amigos e os que me amam que me lembram e celebram o meu aniversário. Com uma curiosa característica: é que o fazem duas vezes, porque, como nasci  à meia-noite de 7 para 8 de Dezembro, acabo por festejar os dois dias.
Felizmente para mim que os anos não contam a dobrar…

PORTUGAL VISTO DE FORA

Numa recente edição da revista francesa L’EXPRESS,veio um longo artigo sobre a génératinon fanchée  de Portugal. Vale a pena ler. Não traz nada que não saibamos, mas tem a vantagem de ser um olhar de fora para dentro de nós.
Aliás, esta publicação tem sempre manifestado grande interesse pelo que se passa neste rectângulo à beira-mar plantado, sobretudo a partir da Revolução dos Cravos.
Está lá tudo o que é importante: os desempregados, em que cerca de 30 por cento têm entre os 18 e os 24 anos; o que a divida pública já representa; o défice público; o recuo do BPN salvo com o dinheiro dos contribuintes e, finalmente, o resultado eleitoral. Nenhuma novidade, portanto. Já sabíamos de tudo isto.
Mas quando se lê esta análise feita por outros, em que as palavras têm, ocasionalmente, a entoação que menos desejaríamos, parece que dói mais, que o retrato fica mais perto.
Se aconselho a leitura, não é por masoquismo, mas apenas por que se detetam, no arrigo, algumas subtilezas a que convém estar atento.

MAIS RESPEITINHO, POR FAVOR


O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, apelou aos portugueses para serem “mais exigentes”, “menos complacentes” e “menos piegas”.porque só assim será possível ganhar credibilidade e criar condições para superar a crise.

Começo a andar muito cansada com este tipo de conselhos. Depois de arcarmos com uma série de sacrifícios, o menos que se pode pedir  é que quem nos governa  tenha por nós mais respeitinho.
Gostaria muito de saber – já não estarei entre os vivos – se Passos Coelho, na minha idade, alguma vez trabalhará 12 horas que trabalho, sem me queixar.
Por isso, e porque estou longe de ser a única, jugo que o primeiro-ministro deve ter algum cuidado com as palavras que usa  e com o  modo como avalia os portugueses.
Porque este discurso levantou muito celeuma , decidi ouvi-lo, na íntegra, na Net. Embora a frase esteja fora do contexto, o conteúdo não foi, a meu ver, adulterado. Por isso mantenho que o primeiro-ministro tem de mostrar pelos portugueses, muito apreço, nomeadamente quando lhe pede sacrifícios que, para muitos, são insuportáveis. E respeitinho, sim, porque o merecemos, mais do que ninguém. 


 Helena Aires Trindade de Sacadura Cabral, , jornalista e escritora, nasceu em Lisboa, onde reside, mas tem raízes na Guarda, por parte de seu pai, Zeferino de Sacadura Freire Cabral, e do Alentejo,  Beja, por lado de sua mãe, Ivone Marinho Aires da Silva Trindade

Sobrinha do comandante e aviador Artur de Sacadura Freire Cabral, do lado paterno. “Recebeu uma educação tradicionalista e prosseguiu estudos universitários, contra a vontade do seu pai. Licenciada em economia pelo Instituito Superor de Ciências Económicas e Financeiras, tendo sido a melhor aluna do seu curso e a primeira mulher portuguesa a ser admitida nos quadros técnicos do Banco de Portugal..   Colunista de diversos jornais e revistas  e da televisão. Autor de duas dezenas de livros, nomeadamente"O amor é difícil", em (2013), "Os nove Magníficos", em (2012), “Coisas que sei... ou julgo saber,” em 2010. “As nove magníficas, em 2008”.  “Porque é que as mulheres gostam dos homens”, em 2007. “Bocados de nós, em 2006;  “Um certo sorriso, em 2005. 

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