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terça-feira, 15 de abril de 2014

Os Marçais e o Massacre dos Judeus, em Foz Côa, em 1808, acusados de colaboracionistas nas Invasões Francesas: Alguns dos que sobreviveram refugiaram-se nas grutas e no cume do Monte do Fariseu, nome conotado aos fariseus, grupo de judeus devotos ao Torá, surgidos no século II a.C.


 Jorge Trabulo Marques, jornalista e investigador 

FOZ CÔA - ATUAL CAPITAL DE DOIS PATRIMÓNIOS DA HUANIDADE - Mas, até aos anos 70, era mais conhecida como a Vila dos Judeus  -

 A  perseguição e  morte aos Judeus, em Portugal, que culminou com a sua expulsão, é ensombrada por vários episódios negros ao longo dos tempos. - Desde as crianças que foram arrancadas ao colo das mães e enviadas  para S. Tomé, passando pela matança da Páscoa, em Lisboa, em  1506,  no Largo da Igreja de S. Domingos, em Lisboa, quando uma multidão perseguiu e matou milhares de judeus (mais de 4 000, segundo o relato contemporâneo de Garcia de Resende[, acusados de serem a causa de uma seca, fome e peste que assolavam o país a outro não menor morticínio, em Vila Nova de Foz Côa, em  1808. 

A MATANÇA DA PÁSCOA E A MATANÇA DE FOZ COA -- A  mesma intolerância religiosa – Em ambos os casos , na origem os mesmos boatos propalados por exacerbado fanatismo O que aconteceu com a Matança  dos Judeus em Lisboa de 1506, é quase a cópia tirada a papel  químico, do que, três séculos depois, viria a suceder com a Masaacre dos Judeus em Vila Nova de Foz Côa - Apenas com a diferença de que, desta feita, o ódio era também associado ao invasor francês.

"Cerca de 93 mil judeus refugiaram-se em Portugal nos anos que se seguiram à sua expulsão de Espanha em 1492 pelos réis católicos. D. Manuel I mostrou-se mais tolerante com a comunidade judaica, mas, sob a pressão de Espanha, também em Portugal, a partir de 1497, os judeus foram forçados a converter-se para não serem mais humilhados e mortos em praças públicas".


E, todavia,  foram os judeus, desde cartógrafos, cosmógrafos  a banqueiros,  os principais impulsionadores e financiadores  das chamadas descobertas marítimas - Portugal superou as demais nações europeias - Num tempo em que os ingleses se debatiam em lutas internas, matando-se  à machadada, quase como na pré-história, os  navios portugueses eram já considerados os mais rápidos e melhor apetrechados, que até  os da vizinha Espanha - Refugiados na Holanda, seria este país a tirar partido - na sua expansão colonial - através da capacidade de engenho e de ousadia dos cérebros que acolheu.

Capela de Santa Quitéria, no centro Histórico de Vila Nova de Foz Côa - ´Antiga Sinagoga 




Felizmente que os tempos agora não são os de Lisboa do século XVI  - Contudo, dir-se-ia que não eram assim tão diferentes do século IXX - Já que, o  massacre dos judeus de Foz Côa, em 1808,   foi quase pelas mesmas razões heréticas ou blasfémicas: fanatismo e intolerância  -

Rafael Marçal, no seu livro "Os Marçais e Foz Côa, alega que, em 1808, o então pároco  "José Maria Leite, convenceu a plebe a exterminar os jacobinos ou pedreiros-livres", sob o pretexto de que "tinham, como soldados de Junot, ofendido a religião - E depois eis o que sucedeu : Desenvolveu-se, então, durante dias, uma formidável perseguição, que encontrou campo asado nas doutrinas religiosas de que aquele infeliz e inculto povo estava eivado. Os populares, transformados em ferinos vândalos, arremeteram selvaticamente  contra os indicados  como culpados e, assim, arrombaram as portas das habitações, espancaram e trucidaram homens, mulheres e crianças, roubando e incendiando algumas casas"


A PERSEGUIÇÃO E A MATANÇA DOS JUDEUS EM   FOZ CÔA EM 1808  E AS PERPETRADAS PELA INQUISIÇÃO, 


É referido por alguns autores, citado no site do município fozcoense, que  "Estão identificados mais de 130 processos inquisitoriais por judaísmo contra naturais ou moradores de Vila Nova de Foz Côa, tendo decorrido entre 1541 o primeiro e 1763 o último em que já não houve sentença. Quanto a Freixo de Numão os processos são ainda em número mais elevado 156 e decorreram entre 1569 e 1763 -Vila Nova de Foz Côa - Rede de Judiarias de Portugal  Mas não foi só nesse período - A matança dos judeus, em 1808, foi outro dos episódios negros - Porventura, ainda mais devastador que o ódio desencadeado pelas Cruzadas e os julgamentos sumários nos pelourinhos, consumados pela Santa Inquisição, e é praticamente ignorado.


Entrada prá gruta acesso difícil, dissimulada por uma figueira

Monte do Fariseu  - No sopé do qual, nas vertentes voltadas para o Rio Côa e num dos seus afluentes, a Ribeira dos Piscos, os homens do paleolítico, do tempo era lascada, nos legaram alguns dos mais belíssimos e originais  painéis artísticos em placas de xisto 


Para quem venha de V. Nova de Foz Côa, pela EN 102,, ao deixar o cruzamento do Parque das Merendas, indo e viatura de todo terreno,

 pode encontrar um acesso fácil, se bem que, parte dele de terra batida, que o poderá levar ou a contornar o Monte do Fariseu,  tanto do lado Norte,  como do voltado a sul, ou mesmo  a levar  por uma rodeira, quase ao cume. Trajeto, muito apreciado sobretudo pelos amantes da Natureza, mas quem queira trepar pelas suas vertentes, é obra de grande esforço e equilibro - Então, imagine-se as dificuldades nos tempos em que apenas por lá podiam nadar os rebanhos das ovelhas e das cabras! 

 Sim, não é fácil subir as encostas do Monte Fariseu, é o que  pode dizer-se um autêntico e penoso calvário bíblico. Mas vale a pena, a magnífica panorâmica compensa todos os esforços.    A face voltada a poente é a mais suave   - e vai lá qualquer pessoa - as voltadas para os Piscos e Côa,  são a pique, caracterizadas  por acastelamentos xistosos, formando uma autêntica barreira acastelada   

- Basta lá ir  para ver o grau de dificuldade que é o de  trepar as suas íngremes vertentes - De facto, naquela zona, não há  melhor castelo natural que aquele: quem lá estiver em cima, até à pedrada se defende de uma arma. Ainda hoje existem por lá  alguns vestígios de cabanas, bem como, no interior das cavernas, onde se extraía o poio, gravados desenhos fazendo lembrar   a estrela de David.

Este monte, foi  palco da heroica resistência dos "filhos de Israel", que viviam em Vila Nova de Foz Côa, no principio do século IXX onde se situam dois dos mais importantes  núcleos das gravuras do Côa, o núcleo do   Fariseu (Muxagata.)  e o da  Ribeira de Piscos 


Vestígios de lume
Um dos canais da gruta
ESPISÓDIOS TRÁGICOS E BEM REAIS -"Coitadinhos!... Quando lá iam levar-lhe alguma comidinha, às escondidas, pareciam coelhos numa coelheira!...Estavam metidos nos buracos, cheios de fome!..  Contava-me, na minha adolescência, uma parente minha, em V.N de Foz Côa - Repetindo-me o que já ouvira contar em garota da sua bisavó - 

Episódios que recordo do dia em que, pela primeira vez, fui de macho, como meu pai a   Vila Nova de Foz Côa,  a vender dois cestos pêssegos, colhidos na nossa courela do vale da Ribeira Centeeira, no tempo que éramos caseiros na Quinta do Muro, sobranceira ao vale - Os frutos eram bem bons e amarelinhos mas o dinheiro que recebemos, mal deu para comprar dois cornelhos de trigo, com duas sardinhas e dois copos de vinho

O MITICO MONTE DO FARISEU  - SEMPRE ME FASCINARA COM ALGO MISTERIOSO - Era a imagem que mais se destacava, aos meus olhos,  quando, em criança, começava a descer a  ampla e belíssima concha  do vale do Côa para a Quinta de Santa Maria (atual Ervamoira - sim, quando ali ia  com o meu meu pai a crestar o mel das colmeias que herdou do meu avô - Pois ele nasceu ali e quem ficou a tomar conta da quinta, foi o filho mais velho, o meu Tio Antonhino da Quinta. - O meu pai, o Manuel da Quinta, era o mais novo. - Também nunca mais me esqueço do dia em que andou a lavrar aquela íngreme encosta , junto ao antigo moinho da Ribeira dos Picos, pois, não é que, às tantas, o macho, se desequilibrou e acabou morto num canavial de silvados, junto à ribeira, Assim como do dia em que andámos ali a ceifar o centeio num verão infernal.

 Nesse dia (oh mas que penosa estafa aquela, em que mal no segurávamos para não resvalar!) contou-me a  minha falecida mãe, que os pais dos seus bisavós, e todos aqueles que não lograram barricar-se e refugiar-se no cume e nas  cavernas do Monte do "Fariseu" e noutros buracos das ladeiras do Côa e do Douro, foram simplesmente massacrados e mortos – Versão esta, que, atrás referi,  me havia também sido contada em  Foz Côa, onde nascera o meu avô 

 Veredas xistosas do  Fariseu, um vertiginoso monte que se ergue na foz da Ribeira dos Piscos e ainda faz confronto com a margem esquerda do Rio Côa., onde se refugiram e formaram o seu reduto de residência os judeus que puderam escapar-se ao selvático massacre  de 1808, que se saldou por centenas de mortes. 

De referir que, a origem do nome Monte do Fariseu, não surge por mero acaso: "Fariseu (do hebraico פרושים) é o nome dado a um grupo de judeus devotos à Torá, surgidos no século II a.C" ".A palavra Fariseus está relacionada com os judeus que obedeciam estritamente às leis de Moisés e evitavam relações com gentios, com os não-crentes ou com os judeus estranhos ao seu próprio grupo. 

Assim, o nome prushim ou perushim é normalmente interpretado como "aqueles que se separaram" do resto da população comum para se consagrar ao estudo da Torá e das suas tradições. Todavia, sua separação não envolvia um ascetismo, já que julgavam ser importante o ensino à população das escrituras e das tradições dos pais "In  Fariseus –

Fariseus era também a forma pejorativa como eram chamados os judeus em Foz Côa (mesmo já cristianizados); pois assim o traduz esta quadra (mais tarde) na guerra civil entre Liberais e absolutistas - "Os Marçais andam na guerra,/ Revoltaram-se os judeus,/ Deitaram-lhe fogo às casas,/ Renegados fariseus!"

MONTE FARISEU SOBRE O CÔA - REFÚGIO DOS JUDEUS Acusados de colaboracionistas nas Invasões Francesas - "Arrombaram as portas das suas habitações, espancaram e trucidaram homens, mulheres e crianças, roubando e incendiando algumas casas, obrigando os que tiveram a sorte de escapar à chacina a refugiarem-se em terras distantes - Diz Rafael Marçal, no Livro OS MARÇAIS DE FOZ CÔA, de cuja obra vou tomar a liberdade de transcrever alguns excertos

Alguns dos que sobreviveram, refugiaram-se no cume do Monte do Fariseu, onde subsistem vestígios de cabanas de pedra e também nas grutas deste maciço xistoso, no interior das quais ainda perduram sinais de fogueiras, bem como inscrições, parecidas com a  Estrela de David, uma aparentemente datada de 1860 


Nas várias peregrinações que fiz ao majestoso e mítico maciço xistoso e às suas íngremes ladeiras, uma das quais lavrada pelo meu saudoso pai, que se ergue sobranceiro à Ribeira dos Picos e ao Rio Côa, em cujas margens foram encontradas painéis de belíssimas gravuras paleolíticas, sim, pude recolher vários desses documentos fotográficos - Até porque, a designação de Monte Fariseu, não foi dada por obra do acaso: A palavra Fariseus está relacionada com os judeus que obedeciam estritamente às leis de Moisés e evitavam relações com gentios, com os não-crentes ou com os judeus estranhos ao seu próprio grupo.https://pt.wikipedia.org/wiki/Fariseus

PESSOAS DO MEU RAMO FAMILIAR, RESIDENTES EM V.N DE FOZ CÔA, PERSEGUIDAS E CONDENADAS PELA SANTA INQUISIÇAO  - E, os que sobreviveram, tal como outras famílias, que ali residiam, foram os que lograram refugiar-se fora da área urbana da vila.



É recordado por estudiosos oque, o apelido Trabulo, provém  "de uma família de origens judaicas. Parece que o primeiro foi um Francisco Fernandes "Trabulo", almocreve, filho de António Fernandes, de Vila Nova de Foz Côa. Este Francisco teve processo em 1729 na Inquisição.
 -   IN GeneAll.net - RE: Família Trabulo Trabulo: "Este antropónimo provém da antiga alcunha Trabulo, proveniente do substantivo masculino trabulo, «cana do milho depois de se ter tirado a espiga».In Ciberdúvidas

 

Minha raiz materna provém de origem judaica de V. N de Foz Côa, do lado Trabulo, tendo alguns dos meus antepassados, levado  com o ferrete da "Santa Inquisição" - Do meu lado paterno, os  Marques, têm origem  na aldeia do Colmeal, onde nasceu o meu bisavô,  tendo dali ido, para caseiro da Quinta de Santa Maria, atual Quinta Ervamoira, onde viria a nascer os meu avó e os seus filhos e alguns netos.

Aldeia do Colmeal, conhecida como aldeia fantasma, outro dos exemplos da intolerância e prepotência  - As imagens do vídeo, foram por mim registadas mas já as não poderá contemplar, tal como aqui lhas amostro – "De fundação remota - Até 1895 pertenceu ao concelho de Pinhel e foi anexada ao concelho de Figueira de Castelo Rodrigo em 12 de Junho desse ano.  Foi seu donatário o fidalgo de Belmonte, Pedro Álvares Cabral, - também conhecido por Pedro Álvares Gouveia-, o grande descobridor do Brasil, que ali fez residência de família. Desabitada, desde que os seus habitantes, foram escorraçados, no regime fascista, sob a ponta das baionetas por uma força repressiva da GNR, em 1957

Um  despejo levado a cabo em Junho de 1957 fez com que essa quinta/lugar ficasse totalmente abandonado e nunca mais alguém ali quis voltar a fixar-se. Passou a ser conhecida por «Aldeia Fantasma», e, posteriormente, a projeto turístico. que não respeitou, minimamente, a singularidade da sua memória, 

O MITICO MONTE DO FARISEU  - SEMPRE ME FASCINARA COM ALGO MISTERIOSO - Era a imagem que mais se destacava, aos meus olhos,  quando, em criança, começava a descer a  ampla e belíssima concha  do vale do Côa para a Quinta de Santa Maria (atual Ervamoira - sim, quando ali ia  com o meu meu pai a crestar o mel das colmeias que herdou do meu avô - Pois ele nasceu ali e quem ficou a tomar conta da quinta, foi o filho mais velho, o meu Tio Antonhino da Quinta. - O meu pai, o Manuel da Quinta, era o mais novo. - Também nunca mais me esqueço do dia em que andou a lavrar aquela íngreme encosta , junto ao antigo moinho da Ribeira dos Picos, pois, não é que, às tantas, o macho, se desequilibrou e acabou morto num canavial de silvados, junto à ribeira, Assim como do dia em que andámos ali a ceifar o centeio num verão infernal.


GRAVURAS NA MESMA GRUTA QUE PODERÃO INDICIAR TEREM SIDO DESENHADAS POR JUDEUS QUE SE REFUGIARAM NO FARISEU PARA ESCAPAREM AO MASSACRE DE 1808

Referia eu, ao editar este post, que numa das grutas, do Monte do Fariseu, e onde é quase necessário fazer escalada, existe a   Estrela de David gravada, que fotografara, há uns anos, conjuntamente com Adriano Ferreira, na sequência das  pesquisas que fizemos em conjunto nas veredas deste monte.



Publicada a imagem, o Rabino Eliezer Shai Di Martino, teve a amabilidade de me comunicar por e-mail de que  “A única imagem que vejo na tal gruta é a dum Pentáculo e não dum Maguen David que tem seis pontas.” Sim, numa análise mais atenta, também constato tratar-se de um pentáculo - Todavia, a questão não pode ficar por esta interpretação - Pois, quem fez os desenhos, poderia não ser nenhum artista de desenho, e, certamente que não estaria a pensar em colocar ali uma cruz ou desenhar uma cabra, veado ou auroque, como fizeram os homens do paleolítico ao fundo das duas vertentes do Monte Fariseu, quer na  foz da Ribeira dos Picos, quer no Rio Côa, no sopé da margem esquerda. 

DESCOBERTA NOVA GRAVURA NA MESMA GRUTA

Estive lá, na gruta o ano passado, por altura do Verão, juntamente com o jovem Dr. Luís Pereira, filho do meu amigo, Abílio Pereira,  ambos entusiastas pelo estudo das origens judaicas em Foz Côa, constatei que  o chão (onde eu supunha estar a referida gravura)se encontrava coberto de pedras.



Ao voltar lá de novo (21-04/2014),  além da gravura (acima editada) acabei por localizar outra gravura,  que, de facto, não é no chão: -  ambas se encontram igualmente nas faces da mesma gruta.

 O desenho desta última gravura, agora por mim descoberta,    é mais difícil de analisar - Parece-me que não é fácil de saber  se se trata  também de um pentagrama ou de um hexagrama - Conto voltar ao assunto, numa das próximas postagens e com novas fotografias.

Seja como for, há que admitir que,  a maioria das pessoas que se refugiaram no cume e grutas do Monte do Fariseu, em 1808, eram homens simples, iletrados, ainda com o anátema da origem judaica mas já cristãos-novos, forçados há muito assumir o cristianismo, tendo talvez apenas uma noção vaga do símbolo judaico. Desenhar a estrela com cinco ou com seis pontas, não é a mesma coisa e têm hoje simbologias muito especificas mas quase se confundem - Em qualquer dos casos,  é uma estrela: uma é a de Salomão e a outra de David


"O MILAGRE DO SOL"  - Uma questão de fé?

- QUE LHE DIZEM ESTAS DUAS IMAGENS SEPARADAS 67 ANOS: Deixo a resposta à sua livre interpretação - 

Uma das quais fotografadas e presenciadas pelo autor deste post:

A 13 de Outubro de 1917 ocorreu  o fenómeno que ficou conhecido pelo Milagre do Sol, no qual mais de 50 mil pessoas dizem ter visto o sol dançar.

No dia 13 de Junho de 1984, após o andor de Santo António recolher da procissão, várias centenas de pessoas especavam-se frente à porta principal da Sé Patriarcal de Lisboa,  fixando o sol, gritavam: “Milagre de Santo António" !. "O Sol está a dançar!!!"  "É milagre!!!...É milagre!!!... O Sol está a dançar!!!!... É milagre!!!.... É milagre!!!..."

Gosto de encarar o sol a entrar, em cada equinócio,  através do portal  (pequena gruta semi-circular) no santuário pré-histórico da Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora, no Monte dos Tambores, mas, ali,  olhando e não vendo nada de especial, que apenas o sol faiscando, como noutro qualquer momento do dia, unicamente fui tentado a fotografar os rostos das pessoas

Pois bem - e sem com isto pretender confrontar questões tão delicadas  e que entram no domínio da fé  - não deixarei de dizer que foi por causa de alguém duvidar de um  milagre desta natureza  é que se deu a matança dos judeus no Largo da Igreja de S. Domingos, no dia 19 de Abril de 1506   



«No mosteiro de São Domingos existe uma capela, chamada de Jesus, e nela há um Crucifixo, em que foi então visto um sinal, a que deram foros de milagre, embora os que se encontravam na igreja julgassem o contrário. Destes, um Cristão-novo (julgou ver, somente), uma candeia acesa ao lado da imagem de Jesus. Ouvindo isto, alguns homens de baixa condição arrastaram-no pelos cabelos, para fora da igreja, e mataram-no e queimaram logo o corpo no Rossio.

 Ao alvoroço acudiu muito povo a quem um frade dirigiu uma pregação incitando contra os Cristãos-novos, após o que saíram dois frades do mosteiro com um crucifixo nas mãos e gritando: “Heresia! Heresia!

A partir daí, os judeus da cidade que anteriormente já eram vistos com desconfiança tornaram-se o bode expiatório da seca, da fome e da peste: três dias de massacre se sucederam, incitados por frades dominicanos que prometiam absolvição dos pecados dos últimos 100 dias para quem matasse os "hereges", e que juntaram uma turba de mais de quinhentas pessoas incluindo muitos marinheiros da Holanda, da Zelândia e de outras terras com as suas promessas." - Excertos do  Massacre de Lisboa de 1506 

Se bem que os antagonismos ancestrais, entre judeus e católicos,  estejam aparentemente ultrapassados, pois até, o mais alto vigário da igreja,  já cumpriu os seus deveres de Pastor: Papa João Paulo II pede o perdão pelos erros da Igreja merecem no entanto ser recordados e vistos com atenta reflexão. Veja  ainda outras imagens  e outros pormenores mais à frente.


 MÍSTICOS E ARTISTAS

Eles eram os principais artesãos, os homens que conheciam os segredos da indústria da cordoaria, resultantes das plantações do cânhamo, com que se aparelhavam as naus nos estaleiros da   Ribeira das Naus, em Lisboa. Eram também eles que os melhores mestres do artesanato, dominavam a indústria dos curtumes e do sumagre, da olaria, em Santa Comba, freguesia de Foz Côa, além de serem os principais canteiros - A geração da família Trabulo, até aos país do meu avô materno, nascido em Foz Côa no último quartel do século IXX (mas descente da Diáspora judaica), ocupava-se, exclusivamente, na cantaria: lousa e granito - Todas essas qualidades, de labor espírito artístico e empreendedor,  caracterizavam a diáspora Judaica e a sua participação na sociedade não era difícil de reconhecer, no entanto, como professavam outra religião, eram  simultaneamente olhados com ódio e suspeição.

Muitos dos judeus, vindos de Espanha, fixaram-se no Norte de Portugal, a que, mais tarde vieram juntar-se outros grupos de famílias judaicas,  expulsos pelo decreto régio de  1497  - Não querendo renegar as suas crenças, e por questões de salvaguarda das suas vidas, demandaram os lugares mais ignorados ou inóspitos do interior do nosso país - Os Judeus que se fixaram no concelho de Vila Nova de Foz Côa, terão conhecidos, certamente, as duas proveniências:  uns, vindos diretamente de Espanha, outros, aproveitando-se a sua interioridade, em consequência do referido decreto-régio. Sinais da sua presença, ´são atestados,  ainda hoje, pelo "edifício correspondente à antiga sinagoga (assim transmitido pela voz do povo) e que há séculos foi transformado na Capela de St. Quitéria (planta quadrada).

Em Freixo de Numão, outra antiga vila (desde 1372) e sede de concelho, a população judaica aumentou muito quando da expulsão de Espanha (1492). Perto do largo do Pelourinho pode ver-se a Casa Judaica, típica das construções dessa época" - Outra das menções citadas no site do nosso município.


A VIDA JUDAICA NA EUROPA ANTES DO HOLOCAUSTO”

“Em 1933, quando os nazistas assumiram o poder na Alemanha, havia judeus vivendo em todos os países da Europa. Cerca de nove milhões de israelitas viviam nos países que viriam a ser ocupados pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. No final da Guerra, dois terços dos judeus europeus haviam sido assassinados e a vida judaica na Europa alterada para sempre.

(…”Os judeus podiam ser encontrados em todas as áreas profissionais: eram fazendeiros, alfaiates, costureiras, operários de fábricas, contadores, médicos, professores e proprietários de pequenos negócios entre outras atividades. Algumas famílias eram ricas, mas a grande maioria era pobre. A maior parte das crianças interrompia seus estudos cedo para trabalhar e ajudar a família a sobreviver, enquanto poucos outros conseguiam continuar sua educação até o nível universitário. Com todas as diferenças sociais e econômicas entre si, ainda assim todos os judeus tinham algo em comum: por volta de 1930, com a chegada dos nazistas ao poder na Alemanha, todos eles se tornaram vítimas em potencial e tiveram sua vida mudada para sempre”.
A vida judaica na Europa antes do Holocausto

Referem os estudiosos que “Pertence ao século III da nossa era, o mais antigo documento escrito relativamente aos judeus na Península Ibérica, e é do século VI, o mais antigo vestígio que nos fala deles, no nosso território. Trata-se de uma lápide funerária, encontrada em Espiche, perto de Lagos” (..) “Toda a mancha fronteiriça do nosso território foi zona eleita pelos judeus para a sua fixação, intensificando-se ainda mais quando os ventos persecutórios da Inquisição Castelhana os empurraram para Portugal, nos finais do século XV. É certamente, a partir desta época que a diáspora judaica, no nordeste transmontano, se reforça, já que a notícia da sua presença nestas paragens se perde no tempo. FARRAPOS DE MEMÓRIA:  

MONTE FARISEU - O ÚNICO REDUTO QUE DEFENDEU OS JUDEUS DE FOZ CÔA DA BARBÁRIE TOTAL  - AINDA HOJE HÁ  LÁ SINAIS DA ESTRELA DE DAVID – A par das gravuras  que existem no sopé, devia ser lembrado como autêntico monte sagrado pela comunidade hebraica e local de peregrinação.



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E ASSIM NASCEU O ÓDIO AOS JUDEUS – INCENTIVADO ATÉ POR ALGUMAS PARÁBOLAS BÍBLICAS



 Dizem os especialistas em religiões, que “Os fariseus eram referência moral, ética e religiosa para o povo de Israel à época de Jesus. Aos olhos do povo os fariseus eram tidos por justos – Porém, Cristo tinha outro entendimento: "Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade" ( Mt 23:28 )

Não há religiões, sem mácula de pecado, todas elas, concebidas pelo ser humano – se bem que fazendo alarde de inspiração divina - interpretam a verdade do sobrenatural à sua maneira,  julgam-se omniscientes e detentoras da “verdade absoluta” – Daí ao despoletar do fanatismo, vai um passo . Tal como hoje os “ortodoxos” judaicos, para já não falar de algumas correntes do Islão ou mesmo  entre os atuais católicos e protestantes irlandeses.

Ainda nos dias de hoje  “ a palavra fariseu é utilizada de modo pejorativo, sinonimo de hipocrisia, mas à época de Cristo nomeava um grupo específico de seguidores do judaísmo”.

.Esse comportamento deu origem à ofensa "fariseu", comummente dado às pessoas dentro e fora do Cristianismo, que são julgados como religiosos aparentes" – O próprio Cristo, também ele Judeu, que teve, em Paulo, um dos seus discípulos, não hesitou  em clamar“ Diante de uma multidão sequiosa de milagres e pão, Jesus alertou: 

“... se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus" ( Mt 5:20 O Povo - “...se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus" ( Mt 5:20 );A Justiça que excede a dos Escribas e Fariseus


"OS MILAGRES DO SOL"  - É A FÉ QUE ILUMINA A ALMA OU OS OLHOS QUE AO FIXAREM-SE NA SUA LUZ, CINTILAM COMO O SOL? 


Fátima - 13 de Outubro de 1917

Nos anos 80 (mais precisamente no dia 13 de Junho de 1984) ao assistir à procissão de  Santo António, em Lisboa, junto à igreja da Sé, eis o episódio que se me depara,  justamente quando terminavam as referidas cerimónias religiosas: 

as centenas de pessoas que deixavam a igreja,  olhando fixamente o céu, começam a gritar: “É milagre! É milagre de Santo António! O sol está a dançar! 

Enfim, o que é que eu hei-de dizer?!... É das tais coisas que não me compete a mim, aqui responder. Mas simplesmente deixar as imagens para cada um as interpretar, conforme entender.  Terá sido assim o  Milagre do Sol em Fátima? ... Confesso que tenho pensando muito neste assunto.

Mas, pelos vistos, milagres do sol a dançar não faltam - Pois  se até  O Papa Pio XII (1939-1958) escreveu que em 1950, enquanto passeava pelos jardins do Vaticano, e um dia antes de proclamar o dogma mariano da Assunção, assistiu ao "milagre do sol que dança", o mesmo fenómeno que a Igreja Católica diz ter acontecido após as aparições de Nossa Senhora de Fátima"  - Todavia, a controversa promete:  O MILAGRE DO SOL - OS RELATOS CONTRADITÓRIOS 

JUDEUS E LIBERAIS, CONOTADOS COM OS IDEIAS DA REVOLUÇÃO FRANCESA, FORAM TODOS ACOMETIDOS DO MESMO ÓDIO E PERSEGUIÇÃO POPULAR


O auge da perseguição liberal ocorreu com a chamada "Guerra Civil Portuguesa, também conhecida como Guerras Liberais, Guerra Miguelista ou Guerra dos Dois Irmãos foi a guerra civil travada em Portugal entre liberais constitucionalistas e absolutistas   sobre a sucessão real, que durou de 1828 a 1834".  Guerra Civil Portuguesa   Os irmãos Marcais, tomaram a posição dos Constitucionalistas.

 No entanto, já em 1808, as ideias da Revolução  Francesa (1789), associavam os liberais aos amigos dos invasores napoleónicos - "Vários emigrados judeus transmontanos em Bordéus e Bayonne pugnaram e conseguiram igualdade de direitos políticos e de voto depois consagrados na Declaraçom dos Direitos do Homem e do Cidadão (1791).

 Diz-se no blogue  
http://questomjudaica.blogspot.pt/ que "Terá sido este facto que em 1808 esteve na origem do ataque de cristãos-velhos a cristãos-novos em Vila Nova de Foz Côa quando das invasões francesas e que aconteceram sob a acusação de estes se terem aliado aos invasores. Registaram-se mais de cem mortos. QUESTOM JUDAICAVILA NOVA DE FOZ CÔA .Mas não foi apenas esse o facto e a sua extensão foi bem mais grave – Ainda a avaliar pelo que ouvi de minha mãe, relatando o que lhe contara o seu avô ( episódios que, por sua vez, já vinham sendo contados do bisavô deste), não foi mais de uma centena mas várias centenas 

«Morram os franceses e os judeus que os protegem»

"Quem fez a «heróica», a «gloriosa», a «inesquecível» revolução que libertou Portugal da «garra do tirano» francês? A resposta é simples: o povo. – Diz Vasco Polido Valente, em “O Povo em armas: a revolta nacional de 1808-1809 – E, pelos vistos, o Povo em armas, em muitos aspetos, não ficou atrás do ocupante francês

Para leste, em Vila Nova de Foz Côa um largo «ajuntamento de povo miúdo com espingardas, foices, piques, picaretas, e machados» atacou as casas dos poderosos. Segundo o gráfico relato de um observador contemporâneo, «uns arrombaram as portas, outros fizeram buracos nas paredes, ou abateram os telhados, entraram todos, quebraram bancas, cadeiras, e tudo o que guarnecia as casas, e estas em pouco tempo ficaram destruídas, e até arrancados os seus pavimentos»; «os móveis preciosos e os objectos de valor, que podiam conduzir-se» foram levados»

2. O MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO: OBJECTIVOS «POLÍTICOS» E OBJECTIVOS «SOCIAIS»

"Logo de início a perseguição aos franceses e «afrancesados» forneceu o pretexto para o assalto, busca e saque de centenas de casas, onde se supunha o inimigo escondido pelo simples facto de pertencerem aos ricos e poderosos. A seguir, o conceito de afrancesado alargou-se de maneira a incluir toda a espécie de «bons, leais e respeitáveis cidadãos». Qualquer contacto com o ocupante anterior ao levantamento, por inocente que tivesse sido, foi promovido a colaboracionismo e devida mente castigado. Nas áreas em que não havia, e nunca houvera, franceses,

o «povo» acusou os senhores locais que em especial detestava de estarem «em correspondência» com eles, crime impalpável (e, por consequência, irrefutável) de que passou imediatamente a procurar provas na residência dos suspeitos. Por último, nas terras do interior, as massas camponesas atacaram os pequenos comerciantes, que as abasteciam, sob pretexto de que eles eram «judeus» (decerto uma velha alegação) e de que, nessa qualidade, «protegiam» os invasores e os seus «partidaristas»
Foz Côa - uma cidade pacífica, acolhedora  e tranquila mas a desertificar-se e a envelhecer, tal como o resto do país  - Há horas mais movimentadas, em que o cachorro não podia ali ficar parado, mas talvez haja mais sossegadas.

LIVRO "OS MARÇAIS DE FOZ CÔA", DE RAFAEL MARÇAL, CITA A BARBÁRIE DO MATANÇA DOS JUDEUS EM FOZ CÔA - E DÁ TESTEMUNHO DA SUA ORIGEM

“Para esta localidade vieram estabelecer-se grande número de judeus, que renegaram aparentemente a sua religião e passaram a viver em bairros próprios, à parte dos naturais da terra, conforme a autoridade lhes designou, fixando-se no castelo e só após o decreto pombalino a distinção entre cristãos velhos e cristãos novos é que se disseminaram pela vila que, como se disse, pela sua extensão , a dos Campos, mais conhecidos pelos Gemelgos, corrução de gémeos por se parecerem e até confundirem uns com os outros, e que sempre se salientaram pela forma  como exageradamente se devotaram ao culto católico, com a preocupação de afastarem de si a desconfiança de judaizantes. Eram activos, dum trabalho exagerado , preocupados até à avareza. Tendo iniciado a vida  como bufarinheiros, vendedores ambulantes de azeite e vinagre a retalho e outras miudezas que adquiriam, levando o seu negócio às portas, a mercados, a feiras, foram crescendo  espantosamente em bens, passando a exercer a usura em larga escala. 

Passados anos, eram donos de aparatosas vivendas e vastas quintas, que conseguiam a baixos preços dos proprietários apoquentados por dinheiro ou dos seus devedores  remissos, transmitindo-as aos irmãos, porque muitos deles não tinham descendência, a ponto de se acumularem  nos últimos que passaram a ser detentores de consideráveis fortunas.

Em 1808 o fanático e odiento  abade José Maria Leite, que de si deixou execranda memória, convenceu a plebe a exterminar os jacobinos ou pedreiros-livres, que, dizia,  tinham, como soldados de Junot, ofendido a religião, e designava para tal efeito as pessoas da sua nociva antipatia que eram inúmeras, bastando para isso que lhe não dessem proventos de pé  de altar  ou que lhe censurassem  o viver desregrado,  de verdadeiro devasso, que se sabia ser.

Desenvolveu-se, então, durante dias, uma formidável perseguição, que encontrou campo asado nas doutrinas religiosas de que aquele infeliz e inculto povo estava eivado. Os populares, transformados em ferinos vândalos, arremeteram selvaticamente  contra os indicados  como culpados e, assim, arrombaram as portas das habitações, espancaram e trucidaram homens, mulheres e crianças, roubando e incendiando algumas casas, obrigando os que tiveram a sorte de escapar  à chacina a refugiarem-se em  terras distantes, sendo digno de registo o facto dos israelitas—católicos Campos, mais tarde Setembristas e patuleias não terem sido sequer apontados  à ira popular. Foi tal o horror  por essa trágica ceifa de vidas  que apesar de terra se encontrar afastada ada capital, na parte extrema do país, o governo de então interveio com energia, mandando de propósito inquiridores a procederem a rigorosas devassas, pelo que bastantes dos criminosos que conseguiram apanhar foram condenados a degredo perpétuo para África

JÁ LÁ VAI O TEMPO DA ACUSAÇÃO PEJORATIVA AOS FOZCOENSES– DE TERRA DE JUDEUS LAMBÕES E PREGUIÇOSOS”

Agora já ninguém ousa chamar de judeus aos foscoenses; de “Foz Côa a terra dos Judeus” - Era um velho costume, uma espécie de ferrete pejorativo que associava  Vila Nova à forte presença judaica, mais dedicada aos ofícios e ao pequeno comercio, de que propriamente à agricultura – Aliás, na minha aldeia também eram estas famílias (admite-se que origem judaica) que mais se dedicavam à venda dos figos, do queijo e do azeite e dos borregos, do gado muar, ovino  e bovino. 

Por exemplo, era frequente ouvir da voz das sardinheiras e oveiras, da minha aldeia, esta curiosa expressão, quando alguém lhes perguntava, ao chegarem à aldeia com a cesta dos ovos numa das mãos e com a outra segurando o caixote da sardinha pela cabeça e o lenço negro todo sarapintado da salmoura que escorria: “Então donde vens  (…) ?!” – Respondiam, quase sempre da mesma maneira: “Venho derreada!... Fui à Vila dos Judeus!... Venho da terra dos lambões!... Há lá mais vendedores que compradores!... Não vendi quase nada: nem um ovo nem uma sardinha! … É barata!...Estão fresquinhas!” (salgadas de vários dias para se conservarem) “Não vai meia-dúzia?!...” E era, sobretudo, na aldeia que faziam o seu negócio, batendo de porta em porta, até porque existia o velho hábito de se comer a sardinha crua. E, em muitos lares, ainda por cima, tinha de ser dividida ao meio para dar para toda a família.

É dito  por estudiosos que "D. Joaquim da Encarnação de  Azevedo, abade de Cedovim (19712/1774 a 8/9/1786 e mais tarde cónego regrante de Santa Cruz de Coimbra,   taxa injustamente de preguiçosos os fozcoenses pelo facto de se entregarem menos à agricultura do que ao comércio, ramo em que se mostram destros. Para o autor só o amanho da terra merece o título de trabalho. Reconhece porém que a fábrica de atanados e cordovões contribuiu para o enriquecimento de muitas famílias" - Obviamente, não é difícil imaginar a que extrato social a que o antigo abade da freguesia de Cedovim (nativo de Santa Maria Maior de Barcelos e  sepultado na capela dos Santos Mártires de  Paredes da Beira) se queria referir com o escárnio de "preguiçosos" 

Em "
Notas de Vila Nova de Foz Côa", extraídas  da mesma obra "História da cidade e Bispado de Lamego" e citadas pelo Cónego Marrano, no seu livro "História do Culto de Nª Srª da Veiga  em V. N. de Foz Côa, é feita esta descrição, mais pormenorizada, dizendo que :  "O território (de Vila Nova) é por extremo fértil e seria riquíssimo  se a indústria do cultivador florescesse , mas os naturais, preguiçosos, não cuidam da agricultura; ainda assim, o pão é muito, azeite, cevada, amêndoa, seda, lã, toda a casta de grãos, excelentes melões, muitas plantas e ervas medicinais. O que falta na cultura da terra, excede no comércio, em que são destros e aplicados os moradores de Vila Nova de Foz Côa, quase todos fora da pátria, e algum avultado. Se cuidassem em plantar vinhas, poderia haver mais deste género;  e aumentando oliveiras, o azeite que é muito e bom, concorreria a terra mais farta, rica e agradável"

BAIRRO JUDEU DE FOZ  CÔA -  SE AS SUAS PEDRAS FALASSEM TINHAM MUITO QUE CONTAR – E ATÉ MUITAS HISTÓRIAS TRÁGICAS DE SANGUE E LÁGRIMAS DERRAMADAS

É um facto histórico que a presença judaica em Foz Côa, foi marcante no desenvolvimento económico e social desta vila, elevada à categoria de cidade em 12 de Julho de 1997, na sequência da descoberta das gravuras rupestres e da sua elevação a Património da Humanidade. 
Tal facto não significa, no entanto,  que todos os  que passaram a ser considerados de Cristãos-Novos se convertessem ao catolicismo: terá sido  apenas uma das formas de escapar à intolerância  e à incompreensão, cujo ódio (mesmo após extinta a Inquisição) viria a ter a sua expressão algoz por ocasião das Invasões francesas.  Já que, muitos cristãos-novos, embora assumindo o cristianismo, professavam o judaísmo em segredo (os cripto-judeus), 

Nalgumas  casas   ainda existe o voto de   Cristãos-Novos, encimado sobre a porta principal desde o "Louvado Seja o Santíssimo Sacramento" a outras expressões de cariz católico – Desses tempos chegou até nós uma casa apalaçada, com brasão, conhecido por Solar dos Assecas. Pertenceu ao primeiro Barão de Foz Côa, Francisco António Campos e foi posteriormente adquirida pela família Gaspar” – É referido. em Vila Nova de Foz Coa – Wikipédia



O que se não  diz é que a família Campos, foi um exemplo de sucesso (e também de usura) dos cristãos-novos  oportunistas, que, não querendo ser lesados nos  seus negócios e nas grandes quintas,  não se importaram de vender a alma ao diabo, procurando demonstrar, publicamente, serem  mais papistas de que o próprio Papa de Roma –  Quem os não poupa é justamente Rafael Marçal, em “Os Marçais de Foz Côa” – Enquanto a família Marçal (de origem alentejana, que  não eram judeus mas por terem ideias liberais) tiveram que se escapar para fugir às perseguições: por duas vezes – Da “Matança do Tabulado”, em 1908, e, mais tarde, nas lutas liberais. O mesmo não sucedeu aos Campos, como veremos mais à frente

É ainda referido pela Wikipédia, que  “A transição do paganismo para o cristianismo deve ter sido feita sem grandes choques já que até ao século XVIII ali se manteve, no mesmo local (Castelo) a Igreja Matriz (hoje cemitério – Ora tal análise  desconhece outros aspetos  O facto de não ter sido derrubado o castelo, não significa que não tivesse havido conflitos sangrentos -  Houve contra os judeus e nas guerras liberais, entre liberais constitucionalistas e absolutistas – Também  o ocupante napoleónico marchou sobre Foz Côa, mas a população fugiu e levou o que pôde – Não tendo encontrado nada nas casas e na própria igreja, foram fazer o saque  para outras paragens.
 
DENTE POR DENTE, OLHO POR OLHO, TAMBÉM SÓ GERE  ÓDIO E ESPALHA A VIOLÊNCIA

É certo que, os governantes de Israel (especialmente da ultradireita) não  têm espelhado o melhor exemplo de convivência pacífica e de solidariedade para com os seus vizinhos e irmãos palestinos  - Sim, irmãos desavindos e separados através de conceitos religiosos mas que entroncam numa longínqua origem, alimentando ódios ancestrais de parte a parte. 

É certo que, a doutrina judaica, nalguns dos seus ensinamentos, não difere, substancialmente,  da intolerância de outras religiões:  "E falou o SENHOR  aos filhos de Moisés, dizendo: (...) 17 - "E quem matar a alguém certamente morrerá.(...)20 -  Quebradura por quebradura, olho por olho, dente por dente; como ele tiver desfigurado a algum homem, assim se lhe fará" (...) 23 -  disse Moisés, aos filhos de Israel que levassem o que tinha blasfemado para fora do arraial, e o apedrejassem; e fizeram os filhos de Israel como o Senhor ordenara a Moisés" - Levítico 24   

E assim têm procedido com os palestinianos, levando ao extremo o conceito bíblico " dente por dente, olho por olho": "É preciso não conhecer a hipocrisia da Europa e do Quarteto, dos árabes, sobretudo sírios, egípcios e jordanos, e a supremacia militar de Israel, tutelada pela América e que Obama continuará a tutelar. Ninguém quer saber dos palestinianos apanhados no meio desta guerra de interesses e corrupções. .Olho por olho dente por dente - Expresso.pt

Sessenta anos do Estado de Israel
Por Claudio Recco,

 (…) "As tensões com o catolicismo e os muçulmanos perduram há séculos. "Expulsos da Palestina pelos romanos já no século 1 da Era Cristã, os judeus acalentaram durante séculos o sonho de retornar à "Terra Prometida", enfrentando todo tipo de discriminação e perseguição. Todavia, o território, durante sua ausência, foi ocupado por outros povos que, igualmente, sentem-se no direito de nele permanecer de modo autónomo.

ONU

Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a morte de milhões de judeus pelos nazistas, os britânicos delegam à Organização das Nações Unidas (ONU), a tarefa de solucionar os problemas entre árabes e judeus na Palestina” (….) os judeus receberiam 57% do território, enquanto que os árabes (que constituíam a maioria) ficariam com 43%. O Estado judeu (Israel), foi criado em 1948, mas o árabe jamais o foi, sempre impedido pela ação comum de Israel com os Estados Unidos, em total desrespeito a resoluções das Nações Unidas. excertos de Estado de Israel - HISTORIANET


AS TROPAS DO GENERAL MASSENA TAMBÉM PASSARAM POR FOZ CÔA- E ESTIVERAM AQUARTELADAS EM ALMENDRA




Estiveram aquarteladas em Almendra, servindo-se do Solar do Visconde de Almendra - Na debandada, pegaram-lhe o fogo, deixando uma das suas  partes completamente consumida e  destruída pelas chamas.

Este facto foi-me relatado por um dos atuais herdeiros deste solar na altura de uma exposição da história do solar e de uma visita de D. Duarte Pio Duque de Bragança, amigo da família - De facto, não há ninguém que, ao passar junto a este solar - e é ponto de passagem obrigatório quem demande Foz Côa ou viage para Figueira de Castelo Rodrigo e Almeida que não repare neste gracioso edifício, construído em granito no século XVIII, sendo  considerado  um dos melhores exemplos da arquitetura civil barroca.
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Trata-se, com efeito, de um dos mais belos solares  do concelho de Vila Nova de Foz Côa, que, "tem sido  testemunho das vivências de muitas gerações de nobres ilustres, foi última habitante do solar Márcia Augusta de Castilho Falcão Mendonça de Morais Sarmento, filha mais nova do 3º Visconde do Banho. Atualmente, o palácio de Almendra pertence aos herdeiros de Márcia Augusta.In Solar do Visconde de Almendra– 





´Presume-se que os invasores franceses, não terão deixado de cometer - enquanto permaneceram em Almendra - entre outras barbaridades, também abusos sexuais sobre as mulheres, cujos maridos assassinavam, tanto mais que é das freguesias do concelho, onde há muitas pessoas de olhos verdes e aspecto nórdico, sendo, porém, a sua principal origem árabe. Aliás, é das únicas terras que tem quase o mesmo sotaque que os alentejanos. Contudo, o que passou para os dias de hoje é praticamente fruto de transmissão oral – 

Contudo, já o mesmo não sucede com a sua passagem pela sede do concelho: É, ainda, num dos capítulos, de “A História do Culto de Nossa Senhora da Veiga, que o seu autor, o Cónego José António Marrano, faz a descrição da passagem das tropas napoleónicas por Foz Côa – Todavia, nem uma palavra à matança dos Judeus – sendo ele (marrano) um dos descendentes dos judeus convertidos.

 Diz o antigo pároco que “Foi  no dia 28 de Agosto de 1810, que os franceses fizeram a terceira invasão a Portugal, comandados pelo General Massena. Acompanhavam-nos os melhores generais  de Napoleão, Resnier, Ney e Junot.

Tomaram a posição de Almeida e dirigiram-se a Viseu, onde entraram no dia 10 de Setembro. Na passagem foram tomando diversas terras que ficaram ao sul do Douro e entre outras visitaram também  Vila Nova de foz Côa, que se preparou para a resistência, pois já tinha conhecimento da invasão e já receava o ataque.

A aproximação dos soldados de Messena foi conhecida com alguma antecedência. Vieram pelos lados do Flor da Rosa. O velho Domingos, homem de prestígio entre a população e alcaide do Castelo, anunciou do alto das muralhas deste, que o inimigo se aproximava.
A vila, naquele tempo, restringia-se quase às moradias  do Castelo; por fora, estava apenas a igreja e poucas casas.

A população fugiu espavorida, foi um pânico enorme, como é de supor!
Ficaram os soldados e o velho Domingos. Muitos abandonarem tudo e fugiram imediatamente. Outros ficaram pouco tempo, o suficiente para esconder aquilo que não podiam levar.


Num esconderijo de uma casa pertencente à velha Cereja, ao lado nascente, detrás de uma cozinha, foram arrecadar as Imagens de Nossa  Senhora da Soledade e das Dores. Os paramentos da igreja foram depositados debaixo do altar , onde estavam as mesmas imagens, do lado norte. Muitos estragaram-se com a chuva e a humidade. Uma rapariga que andava a guardar uma vaca na Lameira e não teve conhecimento da fuga, quando veio à tarde ficou espantada por não encontrar ninguém, além do velho Domingos que lhe referiu o acontecido e lhe disse que fugira tudo em direcção às Cortes da Chã.
A rapariga não se precipitou.

Foi a casa, escondeu algumas coisas no tal segredo da cozinha, onde estavam as imagens de Nossa Senhora; tomou o dinheiro que os pais deixaram numa tigela de barro, pão e outras coisas e dirigiu-se para as Cortes de Chã. Perto das Cortes do Margarido, gritou pela Mãe, que pouco tempo depois apareceu. Queixou-se-lhe amargamente  porque a deixara sozinha.

A mãe respondeu-lhe: a aflição foi tão grande que me esqueci de tudo, até que te tinha a ti, minha querida filha! Os nossos soldados, para deterem os invasores, foram colocar uma peça de artilharia  no terreiro da Capela de Nossa Senhora da Conceição, para ali oferecerem resistência, mas não conseguiram nada, retiraram na mesma direcção que o povo levou, pelo caminho de Chã, em cujas cortes alguns populares foram esperando até ver no que aquilo dava. Os soldados franceses entraram na vila, que encontraram deserta. A isto e coisas semelhantes, se referiu o general Massena  numa carta a Napoleão. Caminhamos por desertos, dizia ele. Era a táctica dos portugueses; retirar e levar consigo tudo o que pudessem.

À frente, do grosso do exército,  os franceses mudavam  as guardas avançadas, que puderam conhecer a direcção que os foz-coenses tinham tomado e marchavam em sua perseguição.

Os nossos que isso perceberam foram retirando em direcção Pocinho, para tomarem a barca que os levasse além Douro.
Chegados ao Pocinho, os cavaleiros franceses não avançam mais. Traziam intérpretes que procuravam atrair  o último grupo dos nossos que já ia a meio do Douro em direcção à Quinta do Campo.
Chamavam: Marie. Marie…..

Alguns dos nossos, que já estavam do outro lado, gritavam ao mesmo tempo: “Não voltei atrás porque são franceses”. Se voltassem, apanhavam-lhes a barca e estavam todos perdidos.
Não podendo avançar , a guarda francesa, desistiu de seguir para Trás-os-Montes e foi juntar-se aos seus que se dirigiam para Viseu.


PERSEGUIÇÃO DOS JUDEUS - EM TEMPOS DE GUERRAS OU DE CRISES, AS GRANDES VÍTIMAS - E HOJE?  ESTÃO POR TRÁS  DA OPOSIÇÃO NA VENEZUELA, DOS ULTRA-UCRANIANOS  E DA BANCA INTERNACIONAL

É sabido que, quem  lidera a oposição na Venezuela, é  Henrique Capriles Garcia, descendente de uma família de judeus  -  É sabido quem são os rostos da banca usuária e corrupta. Diz-se que ",A banca judaica quer derrubar" ( já derrubou) "a Ucrânia para controlar os gasodutos e instalar mísseis apontados para a Rússia" - Criaram a Al-Qaeda na década de 80 para combater os soviéticos, depois esta filial da CIA passou a ser inimiga. Agora ela é aliada no Oriente Médio. O mesmo fazem agora com o nazismo. Antes o nazismo era o maior inimigo da humanidade, agora ele é ALIADO

Eles, os banqueiros, "querem que todos nós sejamos escravizados com dívidas, eles querem que todos os nossos governos sejam escravizados através de  dívida2 (...) "As pessoas devem ter uma moeda que seja emitida por seus governos diretamente que não carregue juros. Isso é o que John F. Kennedy estava tentando fazer e a razão pela qual ele foi assassinado. Isso é o que Lincoln estava fazendo com os Greenbacks... é por isso que Lincoln foi assassinado" - In Conspiração Global

PRIMEIRA BARBARIDADE DA COLONIZAÇÃO PORTUGUESA, SOBRE OS JUDEUS COMEÇOU POR SE ENVIAREM CENTENAS DE CRIANÇAS JUDIAS, ARRANCADAS AOS LARES MATERNOS.

«No ano de 1493, em Torres Vedras, deu el-rei a Álvaro de Caminha, cavaleiro de sua casa, a capitania de ilha de S. Tomé, de juro e de herdade, com cem mil réis de renda cada ano, pagos na casa da Mina. E porque os judeus castelhanos, que de seus reinos se não saíram nos termos limitados os mandou tomar por cativos, segundo a condição da entrada, e lhes tomou os filhos e filhas pequenos, que assim eram cativos, e os mandou tornar todos cristãos, e com dito Álvaro de Caminha os mandou todos à dita Ilha de S. Tomé, para que sendo apartados dos pais e suas doutrinas, e de quem lhes pudesse falar na lei de Moisés, fossem bons cristãos, e também para que crescendo e casando se pudesse com eles povoar a dita ilha, que por esta causa em diante foi em crescimento. Crónica del rei D. João II, de Garcia de Resende, cap. CLXXIX. 
Fonte: História dos Judeus Portugueses, de Carsten Wilke, Lisboa: Edições Dom Quixote 2009, pp. 60/61.aotome : Message: Cristovão Colombo e as crianças judias..

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