25 de Abril 40 anos depois – Estava em São Tomé – O que mudou por cá e o colonialismo que havia por lá
O 40 anos sobre o 25
de Abril foram hoje recordados, em vários pontos do país, mas especialmente em Lisboa e no Porto – Na cidade invicta milhares
de pessoas desfilaram na Avenida dos Aliados, e, na capital, com uma enorme concentração
no Largo do Carmo, que juntou, além dos antigos capitães de Abril, tais como
Vasco Lourenço e Otelo Saraiva de Carvalho, e vários dirigentes políticos,
entre os quais Mário Soares, teve ainda lugar uma vasta manifestação que
desfilou do Marquês de Pombal até ao Rossio. Manifestações, sublinhadas com cartazes e palavras de ordem de protesto contra
as politicas do atual governo e exigindo a sua demissão.
Obviamente que a
liberdade é um bem precioso e inalienável mas se a liberdade é permitir que as melhores empresas públicas passem para o domínio de capitais estrangeiros e de meia dúzia de oportunistas portugas ou que os
jornais, as rádios e as televisões, estejam nas mãos dos grandes grupos económicos,
com os seus tentáculos e as suas ligações mais do que duvidosas à banca, a
dinheiro sujo africano e aos sectores
políticos mais comprometidos, será que
estamos melhor de que no tempo da censura?... Apenas na aparência. Lá vão
pondo, uma vez por outra a cereja no topo do seu bolo para fazerem de contas
que vivemos num regime democrático, deixam-nos falar o que eles querem mas o essencial
é omitido ou manipulado.
Antigamente
arrendava-se uma casa para toda a vida, hoje já nem a classe média o pode
fazer. As conquistas que se seguiram, com a revolução do 25 de Abril, a nível
de proteção social e do trabalho, foram já praticamente eclipsadas. - Decididamente, conquanto não seja radical, não me importarei de dizer:Venha daí outro vinho, que aquele que nos foi prometido é mais diabólico de que divino: Sim. "Pai! Afasta-me de mim esse cálice de vinho tinto de sangue!" - Como diz Chico Buarque.
COMO FOI O 25 DE ABRIL EM SÃO TOMÉ? - Para onde fui estagiar numa roça, em Novembro de 1963 - Infelizmente, roças que hoje se encontram irreconhecíveis. Pena que ao menos a herança colonial não soubesse ser mantida - Mas que exemplo poderia ser exigido de um Povo, se, nas roças, o negro não ia álem de serviçal e capataz! - Que aprendizagem poderia vir a exercer se não foi além de escravo?!...
Já o disse, em Odisseias
nos Mares, mas aproveito para aqui recordar alguns dos excertos ali publicados
..A ALVORADA DE ABRIL DESPERTOU TARDE EM SÃO TOMÉ, MAS, QUANDO RAIOU, FOI COMO RASTILHO QUE SE ATEASSE A UM FOGUETE - MESMO ASSIM, HOUVE QUEM QUISESSE OFUSCÁ-LA - E POUCO FALTOU PARA QUE OS ROCEIROS PROVOCASSEM UM BANHO DE SANGUE E O Movimento das Forças Armadas ALI FOSSE ABORTADO
O despertar da revolução de 25 de Abril, praticamente não foi notado nesse dia em São Tomé.
Mas eu soube da notícia ao raiar dessa alvorada. Era operador na
rádio local e correspondente da revista angolana, Semana Ilustrada. A
estação encerrava à meia-noite e abria (se a memória não me falha) às
cinco e meia da manhã. Nesse dia, eu era o técnico escalado para abrir
a estação e pôr o Hino Nacional no ar, seguido de um programa de
música variada – era mais uma das bobines gravadas que recebíamos
regularmente da extinta Emissora Nacional. Poucos depois, chega o Raul
Cardoso, que, na redacção, passa ao papel as noticias transmitidas, em
onda curta, por aquela estação, para depois serem lidas nos noticiários
da "província". Pois não dispúnhamos de fax.
"Houve um golpe militar!!... Há uma revolução em Lisboa!",
confessava-me, mal pôs os auscultadores à escuta. Porém, as notícias
dos acontecimentos em Lisboa, foram encaradas com reservas e a sua
divulgação, começou por ser bastante lacónica: creio que só ao fim da
tarde, ou já à noite é que se fizeram as primeiras referências ao
Movimento das Forças Armadas,
no então Emissor Regional de São e Príncipe, da EN. Mas julgo que de
forma algo evasiva. Ainda pairava o espectro da censura e não se sabia
se a revolução vinha para ficar.
Enquanto, na Rua António Maria Cardoso,
capital do Império Colonial, os PIDES se entrincheiravam, metralhando
quem se lhe opusesse ou eram presos e humilhados onde fossem
localizados, em São Tomé, nada parecia perturbá-los: mesmo depois de já
não existirem dúvidas, quanto ao
êxito do Movimento dos Capitães de Abril, a PIDE teimou manter-se em
actividade por algumas semanas, fazendo de contas que a situação na
colónia não se ia alterar: porém, à cautela, houve o cuidado (com a
conivência das secretas do CTI de STP)levarem os arquivos para aquele
quartel e limparem os cadastros. Vi lá um Tenente, daqueles serviços,
muito lesto à frente do edifício a conduzir as operações da remoção e
transporte do recheio, que lhes interessava apagar. Fotografei a
situação mas os negativos, infelizmente (tal como algumas centenas)
ficou-me um colono com eles. Depreendi imediatamente que havia por ali
marosca.
Não me enganei. Pois, logo que foi permitida a consulta pública dos arquivos da PIDE/DGS,
na Torre do Tombo, me inteirei de que o meu processo levara sumiço:
só lá encontrei as capas do dossier. Fora espancado e preso pela PIDE
(na sequência da minha travessia de canoa ao Príncipe) e tinha a certeza
que deveria lá ter alguns registos. Constatara que haviam limpado
tudo. Restavam as capas e o nome. Creio que fizeram o mesmo em todos os
arquivos da PIDE/DGS naquelas Ilhas. Duvido que tivessem deixado
quaisquer folhas com os relatos dos seus abusos . E não foram poucos.Era
uma questão que gostaria de apurar..
Por
seu turno, a velha raposa do inspector (Nogueira Branco), ao dar-se
conta de que o curso da revolução era irreversível, receando perder o
comboio da história, quis armar-se em democrata e foi um dos primeiros
subscritores do chamado Partido Democrático.
- Um felizardo!... De regresso a Portugal, foi-lhe retido o "bago"
mensal. Mas um oficial superior (seu amigo pessoal e conterrâneo), que
havia ali comandado a Companhia de Caçadores de São Tomé e Príncipe
, intercedeu e, a ovelha ranhosa, de cabeleira branca, lá continuou a
receber a avultada mesada por "honrosos serviços prestados à pátria" -
Foi-me dito, recentemente, pelo próprio oficial.
Por
sua vez, os agentes também não pareciam nada preocupados. Na
esplanada do Rialto, continuavam a refastelar-se com cervejas,
tendo-lhes ouvido dizer que "o novo governo vai precisar de nós".
Passeavam-se ao estilo dos mesmos figurões do costume. Todavia, um
artigo de minha autoria, na Semana Ilustrada, desmoronar-lhes-ia
quaisquer ilusões. “PIDES À SOLTA! QUEM OS RECOLHE?” Logo que o
escândalo veio a lume, foram enviados para a Quinta de Santo António.
Essa gente era perigosa; os seus dias, já pertenciam ao passado. Eles e
a quase generalidade dos colonos, continuavam a pensar, como se nada
tivesse acontecido. Recuavam-se a compreender a nova realidade!
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PALAVRAS COMO LIBERDADE, IGUALDADE, FRATERNIDADE, ERAM PALAVRAS OBSCENAS PARA O COLONIALISMO - "Não se encontram dois indivíduos perfeitamente iguais" - Mas existem milhões a desejarem quase um pouco de nada dos privilégios concedidos aos que têm muito.
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PARA TRÁS FICAVAM SÉCULOS DE OBSCURANTISMO, DOMÍNIO E DE EXPLORAÇÃO - O DESMORONAR DE UMA GRANDE MENTIRA - AQUELA QUE CONSIDERAVA QUE PARA IMPOR A SUA VERDADE"ficariam perfeitamente justificadas as perseguições aos judeus e os massacres políticos" -- NOMEADAMENTE O MASSACRE DO BATEPÁ - - In VOZ DE SÃO TOMÉ FEV.1953 -
Com a revolução dos cravos, caiam as algemas, renasciam novas esperanças; soavam outros ventos: soprados pelo movimento libertador das Forças Armadas, que também rapidamente ali encontrava eco nas duas ilhas – Os colonos receberam-no com apreensão e jamais se mentalizaram para o alcance das transformações que rapidamente se iam operar.
E, na população negra – aquilo que inicialmente fora tomado com
bastante desconfiança e incredulidade, depressa a galvanizava e a
levaria a pôr-se inteiramente ao lado do programa e dos ideais
independentistas, defendidos pelo (MLSTP) Movimento para a Libertação de São Tomé e Príncipe , fundado em 1972 por Manuel Pinto da Costa, cujo secretário-geral e demais dirigentes, desde logo desenvolveram intensificada acção mobilizadora.
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Pondo-a em prática através de duas frentes: pela antena do “Povo Livre”, uma estação de rádio que passou a emitir de Libreville –, capital do Gabão, no programa "A Voz do Povo de São Tomé e Príncipe", com o total apoio do Presidente Omar Bongo
. E, no interior das ilhas, com manifestações de protesto e acções
de esclarecimento, intensa actividade política, protagonizada pela
Associação Cívica – pró MLSTP, que entretanto fora criada com a
instauração das liberdades democráticas. Formada, sobretudo, por
jovens estudantes e outros elementos nacionalistas.
Que se saiba, nunca chegaram a pôr em risco a integridade dos colonos
- aliás, estes, nas roças até dispunham de apetrechado arsenal, com
armas já anteriormente distribuídas pelo exército colonial, havendo
formação e treinos regulares, em campos de tiro.
O COLONIALISMO E O ESCLAVAGISMO, EXISTIRAM E AMORDAÇARAM OS POVOS AFRICANOS AO LONGO DE SÉCULOS!-
NÃO ERAM PALAVRAS DESTITUÍDAS DE SENTIDO. PESSOALMENTE AINDA PUDE
TESTEMUNHAR OS ASPECTOS MAIS FAMIGERADOS DESSA VIOLÊNCIA E
DESCRIMINAÇÃO EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE.
O
colonialismo e a escravatura há muito foram condenados pela
história. Houve, porém, regimes que não abdicaram dessa ignominiosa
exploração humana. O regime ditatorial Salazarista, ainda encarava os
negros (nas grandes plantações de café e do cacau, onde a mão-de-obra
era quase a troco de nada e tolerava as mais infames arbitrariedades)
como massa bruta ou carga para canhão. Assisti a muitas chibatadas. E
não eram só os negros as vítimas. Na imagem ao lado, como empregado de
mato na roça Uba Budo, numa curta pausa para o almoço -Formava-se no terreiro da roça às 05.30. Pegava-se às 06.00 e só se largava ao pôr do sol chovesse ou fizesse sol.
Quem diz o contrário é porque não viveu de perto com a dura realidade do colonialismo. E
também a não sofreu no corpo e no espírito – porque não atingia
apenas negros mas também os brancos mais indefesos, os empregados de
mato nas roças e do comércio, modestos funcionários públicos,
intelectuais e todos aqueles que de algum modo se lhes opusessem ou
não pactuassem com o sistema.
As
ditaduras fascistas e colonialistas, apoiavam-se (apoiam-se ainda)
numa propaganda retrógrada, opressora, disfarçada e hipócrita: - Não
esclarecem, reprimem, exploram e embrutecem. O progresso que ostentam
serve minorias privilegiadas e não as populações. Para muitos dos colonos das roças “o preto” tinha que ser mandado, sem ele “era um animal à solta” ou de carga; não tinha “capacidade para ser independente.”
Era uma mentalidade brutalizante, demasiado arreigada. Nada os fazia
mudar. As manifestações populares (com que o povo exteriorizava o seu
“grito de “Independência Total”) eram tomadas como agressões. E, espante-se! – muitos desses brancos, eram outras tantas vítimas da exploração e dos abusos dos roceiros. Coitados, não tinham culpa: era fruto do seu analfabetismo e também da mentalização Salazarista que lhes havia sido incutida. .
ANTIGAS
ROÇAS DE CACAU E CAFÉ – AUTÊNTICOS FEUDOS (UM ESTADO DENTRO DE OUTRO
ESTADO), ONDE TODO O PODER SOBERANO ERA PERMITIDO – ATÉ A
CHIBATADA! MAS A MELHOR HERANÇA QUE SOBEJOU FOI NACIONALIZADA E
DESTRUÍDA – A MAIORIA DAS ROÇAS ESTÃO HOJE IRRECONHECÍVEIS!
“Todos
recordam que as roças eram exploradas por colonos portugueses que
conseguiam melhores proveitos à custa da mão-de-obra barata dos nossos
ancestrais contratados (que de facto eram escravos, visto que não
podiam regressar aos seus países de origem). Em segundo lugar, a
maioria das roças funcionava como um autêntico feudo (Estado dentro do
Estado), onde o patrão detinha todo o poder sobre as pessoas que nele
viviam, onde o poder e a justiça da Metrópole nem do Governador na
Colónia não se aplicavam. Nas roças foram cometidas talvez as maiores
injustiças da era colonial. Muita gente defende o Marco de Fernão Dias
e por vezes esquece que o nosso passado também está marcado em cada
pedra das nossasroças. Por outras palavras, cada roça é um monumento e devia ser preservado como tal.” –17 jul. 2009 Tluquí Sun Deçu: Porquê que nós sempre persistimos nos mesmo erros?
Palavras
que subscrevo inteiramente – pois conheci essa negra realidade. Mas
também poderia estar de acordo com a sua crítica aos erros que
posteriormente se cometeram após a independência E que são apontados no seguimento do mesmo texto: “volvidos
34 de independência, após repetidas tentativas de viabilização
falhadas com várias empresas e a famigerada distribuição de terras, os
nossos dirigentes e a maioria dos são-tomenses ainda não perceberam
que o modelo das roças é um modelo falhado. Nós temos de reinventar as
roças e adaptá-las à nossa realidade actual.” E, pelos vistos, era justamente o que deveria ter acontecido: “Não
deu os resultados almejados, a reforma agrária não foi acompanhada
da necessária ruptura e substituição do antigo modo de produção por
outro mais moderno” – É o que se conclui noutro texto de autoria de Maria da Graça do Espírito Santo Costa.
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Tenho
pena que se tivessem cometido tais erros. Não me surpreendem: são
erros de um jovem país que parte em busca da sua identidade e da sua
afirmação. O colonialismo explorou a terra e o povo durante séculos e
nunca se importou em preparar quadros e apontar-lhe o rumo da sua
auto-determinação. – A Revolução de Abril, cometeu também muitos erros
mas não tem propriamente culpa, pois não fez mais do que pôr cobro a
uma situação caduca e intolerável. Mas como fazer melhor, quando a
herança que se tem em mãos, é consequência do obscurantismo e da
opressão?!... Era de prever, que, um dia, à força do Salazarismo
querer tudo, nos ia deixar sem nada – Nos lançaria para uma enorme
crise social e económica e nos deixaria arruinados – Daí que tenham
sido muitos os escolhos , desde que o nosso país e os povos que
subjugavam, se abriram a novos rumos na senda de uma saudável
convivência, tolerância e espírito democrático.
O
25 de Abril devolvera a liberdade ao Povo Português e a promessa da
libertação dos povos sob o jugo colonial. A censura foi erradicada e a
imprensa passou a publicar livremente os seus artigos, reportagens e a
exprimir as opiniões.. A minha experiência na Roça, fora suficiente
dura e decepcionante para me alertar e a tomar consciência de que o
colonialismo, não servia nem os povos das ilhas nem sequer muitos dos
pobres colonos, que para ali iam na esperança de uma vida melhor.
Também fora enganado. Por isso, não vi outro caminho que não fosse o
de apoiar o movimento libertador.
.Graças
ao relato da minha primeira aventura marítima – a travessia de canoa
de São Tomé ao Príncipe – na Semana Ilustrada (a que já me referi em
anteriores postagens) lograra ser correspondente desta revista
angolana, e, posteriormente, vir a colaborar como operador na então
única estação de rádio, das ilhas. - O que aconteceria mas por um preço elevado, dado ter sido espancado e preso pela PIDE e pago pesada coima à capitania.
O
director da referida publicação, apreciou a história, que foi editada
em sucessivos capítulos, e, tendo descoberto em mim alguns dotes para a
escrita, convidar-me-ia a colaborar. Dada a inexistência de outras
publicações - à excepção do quinzenário A VOZ DE SÃO TOMÉ (órgão
oficioso do regime) - não me foi difícil conquistar leitores. E também muitos problemas. Mesmo antes do 25 de Abril. Com artigos censurados e algumas patifarias. Só pelo facto de ter feito uma pequena crítica a um membro do Governador Silva Sebastião, ao Director de Turismo,
foi-me levantado "um sumário inquérito" por um tal fascista Eng.
Freire - O bastante para o Director da Estação (sob pressão daquele
alto quadro da E.N., que ali se encontrava em comissão de serviço, e
era vizinho e amigo do dito funcionário superior) enviar um telegrama à
EN(conforme documenta a imagem) para suspender a minha admissão nos
quadros da empresa pública, tendo continuado como mero colaborador - Vá
lá que podia ser pior. Se não fosse a revista gozar de implantação,
tinham-me posto na rua.
De facto, a palavra independência – pese os ventos sopraram
desfavoráveis ao colonialismo – era ainda uma blasfémia. E as reacções
não se fizeram esperar. .
Os colonos portugueses não
estavam nem preparados nem mentalizados para que os novos ventos da revolução
de Abril, devolvessem aos santomenses as terras que lhe foram usurpados - E
quem se pôs ao seu lado, como foi o meu caso, só não foi linchado, quase por
milagres.
Entre outras patifarias, numa ocasião, arrombaram-me a casa,
escaqueiraram com todas as minhas coisas e puseram-me uma forca pendurada à
entrada da porta. Por duas vezes, furaram-me à navalhada os pneus dos meu
carro.
Não
por parte da população negra (de quem tivera sempre o maior apoio,
carinho e compreensão) mas por acções agressivas de grupos de colonos,
que não aceitavam que se denunciassem certas arbitrariedades
perpetradas pelo regime derrubado, tal como não viam com bons olhos
qualquer artigo em que se desse voz ao movimento libertador da
descolonização e independência. Cedo comecei a compreender que a toda a
sua ira era descarregada sobre mim!
Custavam-lhe aceitar as mudanças que o espírito de Abril desencadeara, quer no continente quer nas colónias.
Não vou aqui relatar os episódios das suas lamentáveis agressões, a
que, aliás, resumidamente, já me referi – a forca de corda que me
penduraram à porta de casa ou recordar as navalhadas, com que, por duas
vezes, furaram todos aos pneus do meu carro, e tantas outras
patifarias. Pertencem ao passado e dariam muitas histórias.
.
AS ROÇAS DE MÁ MEMÓRIA - FEUDOS DA ESCRAVATURA À INDEPENDÊNCIA
-
Também eu fui um dos muitos escravos nas roças - não eram só os africanos; também eu trabalhei naquela roça grande!- Na Roça RIO DO OURO
hoje conhecida por Roça Agostinho Neto Estive lá até que fui
mobilizado para a tropa, tendo ido tirar o curso de sargentos
milicianos, em Angola, seguido do curso dos comandos e regressado ao CTI
de STP, onde conclui o serviço militar.
Desempregado e desiludo com a malvadez e
as prepotências do administrador Roça Uba Budo, fui lá pedir trabalho -
Apanhei um velho autocarro, desde a cidade até Guadalupe e
apresentei-me lá manhã cedinho. Esperei que o administrador se dirigisse aos escritórios, tendo-o abordado pessoalmente: "O que é que você faz aqui?"... pergunta, mal me aproximo dele. "Estou
desempregado e venho pedir-lhe trabalho, Sr. Fonseca....Vim fazer um
estágio na Roça Uba Budo, depois fui mandado para a Ribeira Peixe. E não
me dei lá bem"... "Já sei quem é
você... Já sei o que se passou... O Pereira, já me falou de você.... Não
sabia o que lhe havia de fazer e mandou-o para a Ribeira Peixe!... Aqui
tudo se sabe... Ele diz que o queria mandar embora, porque fala muito
com os pretos!... Que dá muita confiança aos serviçais... Mas eu não me
importo que fale com eles!... desde que acabem as empreitadas!..."
MAIS PORMENORES NA POSTAGEM PUBLICADA NA ÍNTEGRA EM
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE E
O 25 DE ABRIL – MOVIMENTO DAS FORÇAS ARMADAS IA SENDO ESMAGADO POR
ROCEIROS COMANDADOS POR TENENTE-CORONEL SPINOLISTA - POR POUCO NÃO
PROVOCARAM UM SEGUNDO MASSACRE DO BATEPÁ! são tomé e príncipe eo 25 de abril – movimento das forças
Um comentário:
Este homem é completamente louco.
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