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sexta-feira, 25 de abril de 2014

25 de Abril 40 anos depois – Estava em São Tomé – O que mudou por cá e o colonialismo que havia por lá

O 40 anos sobre o 25 de Abril foram hoje recordados, em vários pontos do país, mas especialmente em  Lisboa e no Porto – Na cidade invicta milhares de pessoas desfilaram na Avenida dos Aliados, e, na capital, com uma enorme concentração no Largo do Carmo, que juntou, além dos antigos capitães de Abril, tais como Vasco Lourenço e Otelo Saraiva de Carvalho, e vários dirigentes políticos, entre os quais Mário Soares, teve ainda lugar uma vasta manifestação que desfilou do Marquês de Pombal até ao Rossio. Manifestações, sublinhadas com cartazes e palavras de ordem de protesto contra as politicas do atual governo e exigindo a sua demissão.

Obviamente que a liberdade é um bem precioso e inalienável mas se a liberdade é permitir que as melhores empresas públicas passem para o domínio de capitais estrangeiros e de meia dúzia de oportunistas portugas ou que os jornais, as rádios e as televisões, estejam nas mãos dos grandes grupos económicos, com os seus tentáculos e as suas ligações mais do que duvidosas à banca, a dinheiro sujo africano e aos  sectores políticos mais  comprometidos,  será que estamos melhor de que no tempo da censura?... Apenas na aparência. Lá vão pondo, uma vez por outra a cereja no topo do seu bolo para fazerem de contas que vivemos num regime democrático, deixam-nos falar o que eles querem mas o essencial é omitido ou manipulado.

Antigamente arrendava-se uma casa para toda a vida, hoje já nem a classe média o pode fazer. As conquistas que se seguiram, com a revolução do 25 de Abril, a nível de proteção social e do trabalho, foram já praticamente eclipsadas. - Decididamente, conquanto não seja radical, não me importarei de dizer:Venha daí outro  vinho, que aquele que nos foi prometido é mais diabólico de que  divino: Sim. "Pai! Afasta-me de mim esse cálice de vinho tinto de sangue!" - Como diz Chico Buarque.

COMO FOI O 25 DE ABRIL EM SÃO TOMÉ? - Para onde fui estagiar numa roça, em Novembro de 1963 - Infelizmente, roças que hoje se encontram irreconhecíveis. Pena que ao menos a herança colonial não soubesse ser mantida - Mas que  exemplo poderia ser exigido de um Povo, se, nas roças, o negro não ia álem de serviçal e capataz! - Que aprendizagem poderia vir a exercer se não foi além de escravo?!...

Já o disse, em Odisseias nos Mares, mas aproveito para aqui recordar alguns dos excertos ali publicados 




..A ALVORADA DE ABRIL DESPERTOU TARDE EM SÃO TOMÉ, MAS, QUANDO RAIOU, FOI COMO RASTILHO QUE SE ATEASSE A UM FOGUETE - MESMO ASSIM, HOUVE QUEM QUISESSE OFUSCÁ-LA - E POUCO FALTOU PARA QUE OS ROCEIROS PROVOCASSEM  UM BANHO DE SANGUE E O Movimento das Forças Armadas ALI FOSSE ABORTADO




 
O despertar da revolução de 25 de Abril, praticamente não foi notado nesse dia em São Tomé. Mas eu soube da notícia ao raiar dessa alvorada. Era operador na rádio local e correspondente da revista angolana, Semana Ilustrada. A estação encerrava à meia-noite e abria (se a memória não me falha) às cinco e meia da manhã. Nesse dia, eu era o técnico escalado para abrir a estação e pôr o Hino Nacional no ar, seguido de  um programa de música variada – era mais uma das bobines gravadas que recebíamos regularmente da extinta Emissora Nacional. Poucos depois, chega o Raul Cardoso, que, na redacção, passa ao papel as noticias transmitidas, em onda curta, por aquela estação, para depois serem lidas nos noticiários da "província". Pois não dispúnhamos de fax.

"Houve um golpe militar!!... Há uma revolução em Lisboa!", confessava-me, mal  pôs os auscultadores à escuta.  Porém, as notícias dos acontecimentos em Lisboa, foram encaradas com reservas e a sua divulgação, começou por ser bastante lacónica: creio que só   ao fim da tarde, ou já à noite é que se  fizeram as primeiras  referências ao Movimento das Forças Armadas, no então Emissor Regional de São e Príncipe, da EN. Mas julgo que de forma algo evasiva. Ainda pairava o espectro da censura e não se sabia se a revolução vinha para ficar.


A ABOMINÁVEL Polícia Internacional e de Defesa do Estado NÃO DESMOBILIZA E CONTINUA   ACTIVA EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

  


 

Enquanto,  na Rua António Maria Cardoso,  capital do Império Colonial, os PIDES se entrincheiravam, metralhando quem se lhe opusesse ou eram presos e humilhados onde fossem localizados, em São Tomé, nada parecia perturbá-los: mesmo depois de já não existirem dúvidas, quanto ao êxito do Movimento dos Capitães de Abril, a PIDE teimou manter-se em actividade por algumas semanas, fazendo de contas que a situação na colónia não se ia alterar: porém, à cautela, houve o cuidado (com a conivência das secretas do CTI de STP)levarem os arquivos para aquele quartel e limparem os cadastros. Vi lá um Tenente, daqueles serviços, muito lesto à frente do edifício a conduzir as operações da remoção e transporte do recheio, que lhes interessava apagar. Fotografei a situação mas os negativos, infelizmente (tal como algumas centenas) ficou-me um colono com eles. Depreendi imediatamente que havia por ali marosca. 

Não me enganei. Pois, logo que foi permitida  a consulta pública dos arquivos da PIDE/DGS, na Torre do Tombo, me inteirei de que o meu processo  levara sumiço:  só lá encontrei as capas do dossier. Fora espancado e preso pela PIDE (na sequência da minha travessia de canoa ao Príncipe) e tinha a certeza que deveria lá ter alguns registos. Constatara que haviam limpado tudo.  Restavam as capas e o nome. Creio que fizeram o mesmo em todos os arquivos da PIDE/DGS  naquelas Ilhas. Duvido que tivessem deixado quaisquer folhas com os relatos dos seus abusos . E não foram poucos.Era uma questão que gostaria de apurar..

Por seu turno, a velha raposa do inspector (Nogueira Branco), ao dar-se conta de que o curso da revolução era irreversível, receando perder o comboio da história, quis armar-se em democrata e foi um dos primeiros subscritores do chamado Partido Democrático. - Um felizardo!... De regresso a Portugal, foi-lhe retido o "bago" mensal. Mas um oficial superior (seu amigo pessoal e conterrâneo), que havia ali comandado a Companhia de Caçadores de São Tomé e Príncipe , intercedeu e, a ovelha ranhosa, de cabeleira branca,  lá continuou a receber a avultada mesada por "honrosos serviços prestados à pátria" - Foi-me dito, recentemente, pelo próprio oficial. 



Por sua vez,  os agentes também não pareciam nada preocupados.  Na esplanada do Rialto, continuavam a refastelar-se com cervejas, tendo-lhes ouvido dizer que "o novo governo vai precisar de nós". Passeavam-se ao estilo dos mesmos figurões do costume. Todavia,  um artigo de minha autoria, na Semana Ilustrada, desmoronar-lhes-ia quaisquer ilusões. “PIDES À SOLTA! QUEM OS RECOLHE?” Logo que o escândalo veio a lume, foram enviados para a Quinta de Santo António. Essa gente era perigosa; os seus dias, já pertenciam ao passado. Eles e a quase generalidade dos colonos, continuavam a pensar, como se nada tivesse acontecido. Recuavam-se a compreender a nova realidade! 


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PALAVRAS COMO LIBERDADE, IGUALDADE, FRATERNIDADE, ERAM PALAVRAS OBSCENAS PARA O COLONIALISMO - "Não se encontram dois indivíduos perfeitamente iguais" - Mas existem milhões a desejarem quase um pouco de nada dos privilégios concedidos aos que têm muito.

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PARA TRÁS FICAVAM SÉCULOS DE OBSCURANTISMO, DOMÍNIO E DE EXPLORAÇÃO - O DESMORONAR DE UMA GRANDE MENTIRA - AQUELA  QUE CONSIDERAVA QUE  PARA IMPOR A SUA VERDADE"ficariam perfeitamente justificadas as perseguições aos judeus e os massacres políticos" -- NOMEADAMENTE O MASSACRE DO BATEPÁ -  - In VOZ DE SÃO TOMÉ FEV.1953  - 


Com a revolução dos cravos, caiam as algemas, renasciam novas esperanças; soavam outros ventos: soprados pelo movimento libertador das Forças Armadas, que também rapidamente ali encontrava eco nas duas ilhas – Os colonos receberam-no com apreensão e jamais se mentalizaram para o alcance das transformações que rapidamente se iam operar. E, na população negra – aquilo que inicialmente fora tomado com bastante desconfiança e incredulidade, depressa a galvanizava e a levaria a pôr-se inteiramente ao lado do programa e dos ideais independentistas, defendidos pelo (MLSTP) Movimento para a Libertação de São Tomé e Príncipe  , fundado em 1972 por Manuel Pinto da Costa, cujo secretário-geral e demais dirigentes, desde logo desenvolveram intensificada acção mobilizadora. 
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Pondo-a em prática através de duas frentes: pela antena  do “Povo Livre”,  uma estação de rádio que passou a emitir de Libreville,  capital do  Gabão, no programa "A Voz do Povo de São Tomé e Príncipe", com o total apoio do Presidente Omar Bongo . E, no interior das ilhas,  com manifestações de protesto e acções de esclarecimento, intensa actividade política, protagonizada pela Associação Cívica – pró MLSTP, que entretanto fora criada  com a instauração das liberdades democráticas.  Formada, sobretudo, por jovens estudantes e  outros  elementos nacionalistas. 

Que se  saiba, nunca chegaram a pôr em risco  a integridade dos colonos  - aliás, estes,  nas roças até dispunham de apetrechado  arsenal, com armas já anteriormente distribuídas pelo exército colonial, havendo  formação e treinos  regulares, em campos de tiro.   



O COLONIALISMO E O ESCLAVAGISMO, EXISTIRAM E AMORDAÇARAM OS POVOS AFRICANOS AO LONGO DE SÉCULOS! - NÃO ERAM PALAVRAS DESTITUÍDAS DE SENTIDO. PESSOALMENTE AINDA PUDE TESTEMUNHAR OS ASPECTOS MAIS FAMIGERADOS DESSA VIOLÊNCIA E DESCRIMINAÇÃO EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE.


O colonialismo e a escravatura há muito foram condenados pela história. Houve, porém, regimes que não abdicaram dessa ignominiosa exploração humana. O regime ditatorial Salazarista, ainda encarava os negros (nas grandes plantações de café e do cacau, onde a mão-de-obra era quase a troco de nada e tolerava as mais infames arbitrariedades) como massa bruta ou carga para canhão. Assisti a muitas chibatadas. E não eram só os negros as vítimas. Na imagem ao lado, como empregado de mato na roça Uba Budo, numa curta pausa para o almoço - Formava-se no terreiro da roça às 05.30. Pegava-se às 06.00 e só se largava ao pôr do sol chovesse ou fizesse sol.



 Quem diz o contrário é porque  não viveu de perto com a dura realidade do colonialismo. E também a não sofreu no corpo e no espírito – porque não atingia apenas negros mas também os brancos mais indefesos, os empregados de mato nas roças e do comércio, modestos funcionários públicos, intelectuais e  todos aqueles que de algum modo se lhes opusessem ou não pactuassem com o sistema.



 As ditaduras fascistas e colonialistas, apoiavam-se (apoiam-se ainda) numa propaganda retrógrada, opressora, disfarçada e hipócrita: - Não esclarecem, reprimem, exploram e embrutecem. O progresso que ostentam serve minorias privilegiadas e não as populações. Para muitos dos colonos das roças “o preto” tinha que ser mandado, sem ele “era um animal à solta” ou de carga; não tinha “capacidade para ser independente.” Era uma mentalidade brutalizante, demasiado arreigada. Nada os fazia mudar. As manifestações populares (com que o povo exteriorizava o seu “grito de “Independência Total”) eram tomadas como agressões. E, espante-se! – muitos desses brancos, eram outras tantas vítimas da exploração e dos  abusos dos roceiros. Coitados, não tinham culpa: era fruto do seu analfabetismo e também da mentalização Salazarista que lhes havia sido  incutida. .

ANTIGAS ROÇAS DE CACAU E CAFÉ – AUTÊNTICOS FEUDOS (UM ESTADO DENTRO DE OUTRO ESTADO), ONDE TODO O PODER SOBERANO ERA PERMITIDO –  ATÉ A CHIBATADA! MAS A MELHOR HERANÇA QUE SOBEJOU FOI NACIONALIZADA E DESTRUÍDA – A MAIORIA DAS ROÇAS ESTÃO HOJE IRRECONHECÍVEIS!

Todos recordam que as roças eram exploradas por colonos portugueses que conseguiam melhores proveitos à custa da mão-de-obra barata dos nossos ancestrais contratados (que de facto eram escravos, visto que não podiam regressar aos seus países de origem). Em segundo lugar, a maioria das roças funcionava como um autêntico feudo (Estado dentro do Estado), onde o patrão detinha todo o poder sobre as pessoas que nele viviam, onde o poder e a justiça da Metrópole nem do Governador na Colónia não se aplicavam. Nas roças foram cometidas talvez as maiores injustiças da era colonial. Muita gente defende o Marco de Fernão Dias e por vezes esquece que o nosso passado também está marcado em cada pedra das nossas roças. Por outras palavras, cada roça é um monumento e devia ser preservado como tal.” –17 jul. 2009 Tluquí Sun Deçu: Porquê que nós sempre persistimos nos mesmo erros?

Palavras  que subscrevo inteiramente – pois conheci essa negra realidade. Mas também poderia estar de acordo com a sua crítica aos erros que posteriormente se cometeram após a independência E que são apontados no seguimento do mesmo texto: “volvidos 34 de independência, após repetidas tentativas de viabilização falhadas com várias empresas e a famigerada distribuição de terras, os nossos dirigentes e a maioria dos são-tomenses ainda não perceberam que o modelo das roças é um modelo falhado. Nós temos de reinventar as roças e adaptá-las à nossa realidade actual.” E, pelos vistos, era justamente o que deveria ter acontecido: “Não deu os resultados almejados, a reforma agrária não foi acompanhada da  necessária ruptura e substituição do antigo modo de produção por outro mais modernoÉ o que se conclui noutro texto de autoria de Maria da Graça do Espírito  Santo Costa.
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Tenho pena que se tivessem cometido tais erros. Não me surpreendem: são erros de um jovem país que parte em busca da sua identidade e da sua afirmação. O colonialismo explorou a terra e o povo durante séculos e nunca se importou em preparar quadros e apontar-lhe o rumo da sua auto-determinação. – A Revolução de Abril, cometeu também muitos erros mas não tem propriamente culpa, pois não fez mais do que  pôr cobro a uma situação caduca e intolerável. Mas como fazer melhor, quando a herança que se tem em mãos, é consequência do obscurantismo e da opressão?!... Era de prever, que, um  dia, à força do Salazarismo querer tudo, nos ia deixar sem nada – Nos lançaria para uma enorme crise social e económica e nos deixaria arruinados – Daí que tenham sido muitos os escolhos , desde que o nosso país e os povos que subjugavam, se abriram a novos rumos na senda de uma saudável convivência, tolerância e espírito democrático. 

O 25 de Abril devolvera a liberdade ao Povo Português e a promessa da libertação dos povos sob o jugo colonial. A censura foi erradicada e a imprensa passou a publicar livremente os seus artigos, reportagens e a exprimir as opiniões.. A minha experiência na Roça, fora suficiente dura e decepcionante para me alertar e a tomar  consciência de que o colonialismo, não servia nem os povos das ilhas nem sequer muitos dos pobres colonos, que para ali iam na esperança de uma vida melhor.  Também fora enganado. Por isso, não vi outro caminho que não fosse o de apoiar o movimento libertador. 


 .Graças ao relato da minha primeira aventura marítima – a travessia de canoa de São Tomé ao Príncipe – na Semana Ilustrada (a que já me referi em anteriores postagens) lograra ser correspondente desta revista angolana, e, posteriormente, vir a colaborar como operador na então única estação de rádio, das ilhas. - O que aconteceria mas por um preço elevado, dado ter sido espancado e preso pela PIDE e pago pesada coima à capitania.

O director da referida publicação, apreciou a história, que foi editada em sucessivos capítulos, e, tendo descoberto em mim alguns dotes para a escrita, convidar-me-ia a colaborar. Dada a inexistência de outras publicações - à excepção do quinzenário A VOZ DE SÃO TOMÉ (órgão oficioso do regime) - não me foi difícil conquistar leitores. E também muitos problemas. Mesmo antes do 25 de Abril. Com artigos censurados e algumas patifarias. Só pelo facto de ter feito uma pequena crítica a um membro do Governador Silva Sebastião, ao Director de Turismo, foi-me levantado "um sumário inquérito" por um tal fascista Eng. Freire  - O bastante para o Director da Estação (sob pressão daquele alto quadro da E.N., que ali se encontrava em comissão de serviço, e era vizinho e  amigo do dito funcionário superior) enviar um telegrama à EN(conforme documenta a imagem) para suspender a minha admissão nos quadros da empresa pública, tendo continuado como mero colaborador - Vá lá que podia ser pior. Se não fosse a revista gozar de implantação, tinham-me posto na rua.

De facto, a palavra independência – pese os ventos sopraram desfavoráveis ao colonialismo – era ainda uma blasfémia. E as reacções não se fizeram esperar. .

Os colonos portugueses não estavam nem preparados nem mentalizados para que os novos ventos da revolução de Abril, devolvessem aos santomenses as terras que lhe foram usurpados - E quem se pôs ao seu lado, como foi o meu caso, só não foi linchado, quase por milagres.

Entre outras patifarias, numa ocasião, arrombaram-me a casa, escaqueiraram com todas as minhas coisas e puseram-me uma forca pendurada à entrada da porta.  Por duas vezes, furaram-me à navalhada os pneus dos meu carro. 



Não por parte da população negra (de quem tivera sempre o maior apoio, carinho e compreensão) mas por acções agressivas de grupos de colonos, que não aceitavam que se denunciassem certas arbitrariedades perpetradas pelo regime derrubado, tal como não viam com bons olhos qualquer artigo em que  se desse voz  ao movimento  libertador da descolonização e independência. Cedo comecei a compreender que a toda a sua ira era descarregada sobre mim! 


Custavam-lhe aceitar as mudanças que o espírito de Abril desencadeara, quer no continente quer nas colónias. Não vou aqui relatar os episódios das suas lamentáveis agressões, a que, aliás, resumidamente, já me referi – a forca de corda que me penduraram à porta de casa ou recordar as navalhadas, com que, por duas vezes, furaram todos  aos pneus do meu carro, e tantas outras patifarias. Pertencem ao passado e dariam muitas histórias.
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AS ROÇAS DE MÁ MEMÓRIA  - FEUDOS DA ESCRAVATURA À INDEPENDÊNCIA

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Também eu fui um dos  muitos escravos nas roças - não eram só os africanos;  também eu trabalhei naquela roça grande!- Na Roça  RIO DO OURO hoje conhecida por Roça Agostinho Neto Estive lá até que fui  mobilizado para a tropa, tendo ido tirar o curso de sargentos milicianos, em Angola, seguido do curso dos comandos e regressado ao CTI de STP, onde conclui o serviço militar.

Desempregado e desiludo com a malvadez e as prepotências do administrador Roça Uba Budo, fui lá pedir trabalho - Apanhei um velho autocarro, desde a cidade  até Guadalupe e apresentei-me lá manhã cedinho. Esperei que o administrador se dirigisse aos escritórios, tendo-o  abordado pessoalmente: "O que é que você faz aqui?"... pergunta,  mal me aproximo dele. "Estou desempregado e venho pedir-lhe trabalho, Sr. Fonseca....Vim fazer um estágio na Roça Uba Budo, depois fui mandado para a Ribeira Peixe. E não me dei lá bem"... "Já sei quem é você... Já sei o que se passou... O Pereira, já me falou de você.... Não sabia o que lhe havia de fazer e mandou-o para a Ribeira Peixe!... Aqui tudo se sabe... Ele diz que o queria mandar embora, porque fala muito com os pretos!... Que dá muita confiança aos serviçais... Mas eu não me importo que fale com eles!... desde que acabem as empreitadas!..."

MAIS PORMENORES NA POSTAGEM PUBLICADA NA ÍNTEGRA EM

SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE E O 25 DE ABRIL – MOVIMENTO DAS FORÇAS ARMADAS IA SENDO ESMAGADO POR ROCEIROS COMANDADOS POR TENENTE-CORONEL SPINOLISTA - POR POUCO NÃO PROVOCARAM UM SEGUNDO MASSACRE DO BATEPÁ! são tomé e príncipe eo 25 de abrilmovimento das forças


Um comentário:

Anônimo disse...

Este homem é completamente louco.