Jorge Trabulo Marques – Jornalista
Em Abril de 2013, uma viagem romântica num veleiro terminou
da pior forma. Luís Pereira de Sousa caiu ao mar. Ninguém assistiu à queda,
tendo sido salvo no último minuto, quando apenas restava oxigénio num décimo do
pulmão esquerdo.
Mas ter tratado Deus e o Diabo por tu
foi meio caminho andado para encontrar a porta da consciência entreaberta e se
deparar com um objecto de valor incalculável e ainda com novos amigos, um novo
amor, uma outra morada e um novo destino” – Lê-se na contracapa do livro DEUS,
O DIABO E EU
"Confesso-vos, que, entre Deus e o Diabo, não
vejo grande diferença : vejo até que o mundo está a ser dominado pelo Diabo… Se
não fosse isso não estaríamos assistir a este turbilhão de mortes!... À
violência que nos assalta!...
Uma coisa que eu conclui: é que de facto vale a pena
viver. E porquê? … Porque aquilo que levamos para o lado de lá, é o que
fizemos no mundo do lado de cá.
Depois desse longo percurso na
imprensa, na rádio e televisão, abraçou outro desafio: "Pânico à
Beira- Mar", marcou a sua estreia literária. Livro de testemunho e
denúncia, misto de realidade e de ficção, sim, mais fruto do olhar atento e
observador do jornalista de que propriamente dos apelos à imaginação, ou não
fosse, nas câmaras de televisão, onde as imagens desnudam e falam mais que as
palavras, sim, nas centenas de entrevistas que fez para a redação ou nos
programas que realizou que o ajudaram a conhecer melhor o
mundo e os homens, os seus conceitos e valores - eis, pois, a razão pela
qual, agora, Luís Pereira de Sousa, não precisa de falar do que
que observou mas do insólito drama que ele viveu, que quase o lançava
para o lado do além.
Trata-se, com efeito, de uma obra
extraordinária, que se lê, num quase fôlego, que estou certo, consagrará
definitivamente o autor para o justo reconhecimento
nos difíceis caminhos da literatura, com estilo e mestria,
simples, solto e sedutor, onde a sua larga experiência jornalista, há muito
prestigiada e firmada, acaba também por enriquecer o talento do
escritor - E então, agora, com uma editora mais a
sério que a disparatada Chiado Editora,
mais orientada no mercenarismo de que, seriamente, a servir
as letras e os autores.
"DEIXEI DE SER O MESMO" - EPISÓDIO QUE LHE
REFORÇOU A SENSIBILIDADE E O AJUDOU A COMPREENDER MELHOR OS MISTÉRIOS DA
VIDA E DA MORTE - O MUNDO - DE FORMA AINDA MAIS ATENTA E PROFUNDA.
“O ter
conhecido, vivido e sentido o estranho prenúncio da morte que me envolveu, que
me abriu as portas e convidou a entrar, trouxe ao meu espírito a mais violenta
e inimaginável alteração cinzelada no cérebro, como baixos relevos medievais em
pedra, tridimensionais, que transformaram o meu pensamento num molde rígido e,
até agora, indestrutível.
Prof. Francisco Queiroz, na apresentação da obra
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Como num
filme de ficção, deixei de ser o mesmo. Passei a ser um homem com outras
convicções, a quem os ideais foram suprimidos por obrigações imediatas e inadiáveis,
e as palavras «amor», «ódio», «medo», «vida», «sociedade», «liberdade» ganharam
outro significado. A escuridão permite-nos olhar mais longe - Diz o autor de DEUS, O DIABO E EU,
no preâmbulo da sua obra
Só poderemos ser felizes se não houver infelicidade à nossa porta”. Diz o autor do livro “Deus, o Diabo e Eu"- Na breve entrevista que me concedeu num casual encontro da feira do livro de Lisboa, onde ali tinha ido para uma sessão de autógrafos do seu último livro - Já lá vão dois anos, mas vale a pena recordar o êxito da sua obra
As várias viagens que levam o leitor a ser dúplice com autor “Deus, o Diabo e Eu, de Luis Pereira de Sousa , analisadas pelo Prof. Francisco Queiroz, durante a apresentação da obra
Só poderemos ser felizes se não houver infelicidade à nossa porta”. Diz o autor do livro “Deus, o Diabo e Eu"- Na breve entrevista que me concedeu num casual encontro da feira do livro de Lisboa, onde ali tinha ido para uma sessão de autógrafos do seu último livro - Já lá vão dois anos, mas vale a pena recordar o êxito da sua obra
Num encontro casual, com um velho amigo e companheiro, na Feira do Livro de Lisboa, há dois anos
As várias viagens que levam o leitor a ser dúplice com autor “Deus, o Diabo e Eu, de Luis Pereira de Sousa , analisadas pelo Prof. Francisco Queiroz, durante a apresentação da obra
Em “Pânico à Beira-Mar”, o autor descreve os ambientes e as pessoas (como, de resto, também o faz em “Deus, o Diabo e Eu”, com o pormenor e a fidelidade de uma câmara televisiva. E com a linguagem marítima adequada: pois a náutica sempre lhe interessara. Por mais que procurasse saber, via nas suas manobras de vela quão sabedores e corajosos eram os navegadores portugueses e outros que começaram a sulcar mares.
IRONIA DO DESTINO... – Curiosamente,
até parece que o destino de uma das personagens de Pânico à Beira-mar, viria a
confundir-se com a do escritor no livro seguinte. em
"Deus, o Diabo e Eu “….Um veleiro e um dia
levanta ferros deste pequeno país à beira mar plantado mas prestes a naufragar e
vai de fazer várias derivas pelos litorais dos mares do mediterrâneo -
Por fim, faz-se aos mares do sul, passa pelas Canárias, desce até a
Cabo Verde, sempre com olho no Antalya, onde sobrevive a um violento
temporal – (...) e ao fim do sexto dia a entrar na noite, a viagem
sofrera um acidente que poderia ter-lhe sido fatal”.
"DESTINO SEM
FIM" de "DEUS, O DIABO E EU"
Gosto de rodear
pequenos momentos com a cerimónia que os grandes exigem. Era isso que ela
admirava também e era essa admiração que me fazia carinhoso e incansável,
transbordando do copo até ao olhar meigo, o sorriso delicado, o toque suave
como uma carícia dos deuses ante o mais simples acto da Natureza e da vida.
Bebemos sentados
no beliche da popa, com o olhar a brilhar, alguma emoção e uma escondida
preocupação. Mas o mar unira-nos de uma forma tão profunda que, aos poucos,
tudo foi substituído pela magia emprestada pela aventura do corpo. Então a
matéria diluía-se, deixava de existir para nos fundir naquilo que cada um
esperaria do outro
Sem uma palavra, encostámos os
olhares, a respiração e, por fim, os corpos que sentimos fugir ao mesmo tempo
que os seguíamos como se fossem eles a comandar os seus gestos, actos e
raciocínio. Fizemos amor de forma diferente, como se estivéssemos a dar um ao
outro o que de mais íntimo possuíamos, nem que para isso tivéssemos toda a
força humana e a eternidade à nossa frente.
Aquele fugir discreto do Sol fez-me
pensar em menos um dia, em menos uma noite, na ida daquela mulher, que tinha
tão junto a mim, para longe, sem saber se regressaria. Na verdade, dentro de
duas semanas, ela partiria para um local incerto, numa viagem de trabalho a
iniciar uma nova fase profissional. Era o sonho da Sofia a bater-lhe à porta e
nada poderia fazer para a amarrar. Quem sabe se…
QUEM HAVERIA DE
IMAGINAR....
b
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