expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Luís Pereira de Sousa: “Só poderemos ser felizes se não houver infelicidade à nossa porta”. Diz o autor do livro “Deus, o Diabo e Eu"- .História real e emocionante narrada na primeira pessoa do Jornalista, Escritor e Navegador de Veleiro, que esteve entre a vida e a morte e voltou à vida: a fantástica experiência de quem esteve quase afogado na água salgada: ao tropeçar, quando tentava sair do seu veleiro, bateu com a cabeça e caiu desmaiado ao lado do mesmo.


Jorge Trabulo Marques – Jornalista
Em Abril de 2013, uma viagem romântica num veleiro terminou da pior forma. Luís Pereira de Sousa caiu ao mar. Ninguém assistiu à queda, tendo sido salvo no último minuto, quando apenas restava oxigénio num décimo do pulmão esquerdo.
 


Entre a vida e a morte, entre Deus e o Diabo, sobreviveu para revelar a mais impressionante experiência por que um ser humano pode passar. Sem filtros nem tabus, conta todos os pormenores da sua luta. Preso à vida por um fio, passou dias e noites de tormento no hospital, com outros moribundos, numa guerra que se tornou colectiva. Desesperado, entre o bem e o mal e o confronto consigo próprio e com os outros, deparou-se com revelações difíceis de imaginar noutras circunstâncias.
Mas ter tratado Deus e o Diabo por tu foi meio caminho andado para encontrar a porta da consciência entreaberta e se deparar com um objecto de valor incalculável e ainda com novos amigos, um novo amor, uma outra morada e um novo destino” – Lê-se na contracapa do livro DEUS, O DIABO E EU

"Confesso-vos, que, entre Deus e o Diabo, não vejo grande diferença : vejo até que o mundo está a ser dominado pelo Diabo… Se não fosse isso não estaríamos assistir a este turbilhão de mortes!... À violência que nos assalta!...

Uma coisa que eu conclui: é que de facto vale a pena viver. E porquê? … Porque aquilo que levamos para o lado de lá, é  o que fizemos no mundo do lado de cá.


Luís Pereira de Sousa, meu amigo e antigo camarada na Rádio Comercial, jornalista e ex-apresentador de televisão da RTP: -Trabalhou em diversos órgãos de comunicação social portugueses e estrangeiros, ao longo de quatro décadas. Como locutor e realizador, fez programas de rádio nos Emissores Associados de Lisboa, Emissora Católica de Angola, Rádio Clube de Moçambique e South Africa Broadcasting Corporation, da África do Sul. Foi também correspondente de várias estações em África e na América, e ainda autor, realizador e apresentador de programas na RDP e na Rádio Comercial.



Em simultâneo, escreveu em vários jornais e outras publicações periódicas. No cinema, coordenou e deu voz a inúmeros jornais de actualidades e documentários. Permaneceu 30 anos na RTP, como jornalista, autor e apresentador de vários programas de entretenimento e de informação. Foi pivô do telejornal e grande repórter.
Depois desse longo percurso na imprensa, na rádio e televisão, abraçou outro  desafio: "Pânico à Beira- Mar", marcou a sua estreia literária. Livro de testemunho e denúncia, misto de realidade e de ficção, sim, mais fruto do olhar atento e observador do jornalista de que propriamente dos apelos à imaginação, ou não fosse, nas câmaras de televisão, onde as imagens desnudam e falam mais que as palavras, sim, nas centenas de  entrevistas que fez para a redação ou nos  programas que realizou que o ajudaram a conhecer melhor o mundo e os homens, os seus conceitos e valores - eis, pois,  a razão pela qual, agora, Luís Pereira de Sousa,  não precisa de falar do que  que observou mas do insólito drama que ele viveu, que quase o lançava  para o lado do além.

Então, com 72 anos, tinha tropeçado no pontão do porto de Recreio de Olhão quando tentava sair do seu veleiro, bateu com a cabeça e caiu desmaiado na água. Em risco de vida foi internado no hospital de Faro, no Algarve. Esteve morto e voltou à vida. E é justamente essa incrível ressurreição, que serviu de mote   à admirável obra literária DEUS, O DIABO E EU" que a editora  A Guerra e Paz Editores,  lançou, recentemente, na Bertrand Picoas Plaza, em Lisboa, com apresentação do Prof. Francisco Queiroz  e presença de um atento auditório de familiares, amigos e admiradores, a que me associei, com muito gosto e prazer, dados os afetuosos laços de amizade que nos ligam desde os tempos em que, pela sua mão, retomei o regresso à rádio e ao jornalismo, que havia conhecido em S. Tomé - 

Trata-se, com efeito, de uma obra extraordinária, que se lê, num quase fôlego, que estou certo, consagrará  definitivamente  o autor  para o justo reconhecimento nos difíceis  caminhos da literatura, com estilo e mestria, simples, solto e sedutor, onde a sua larga experiência jornalista, há muito prestigiada e firmada, acaba também por  enriquecer o talento do escritor  - E então,  agora, com uma editora mais a sério que a disparatada Chiado Editora, mais orientada no mercenarismo de que, seriamente, a servir as letras e os autores. 



"DEIXEI DE SER  O MESMO"   - EPISÓDIO QUE LHE REFORÇOU A SENSIBILIDADE E O AJUDOU A COMPREENDER MELHOR OS MISTÉRIOS DA VIDA E DA MORTE - O MUNDO - DE FORMA AINDA MAIS ATENTA E PROFUNDA. 

"Deixei de ser o mesmo. Agora lanço um profundo, longo e estridente grito de revolta e insatisfação para que cada ser humano pare um instante e me ouça, me olhe nos olhos, me segure as mãos outrora trémulas, agora convictas a arderem de pressa e dor.
   
“O ter conhecido, vivido e sentido o estranho prenúncio da morte que me envolveu, que me abriu as portas e convidou a entrar, trouxe ao meu espírito a mais violenta e inimaginável alteração cinzelada no cérebro, como baixos relevos medievais em pedra, tridimensionais, que transformaram o meu pensamento num molde rígido e, até agora, indestrutível.


Prof. Francisco Queiroz, na apresentação da obra
Como num filme de ficção, deixei de ser o mesmo. Passei a ser um homem com outras convicções, a quem os ideais foram suprimidos por obrigações imediatas e inadiáveis, e as palavras «amor», «ódio», «medo», «vida», «sociedade», «liberdade» ganharam outro significado. A escuridão permite-nos olhar mais longe - Diz o autor de DEUS, O DIABO E EU, no preâmbulo da sua obra 


 Só poderemos ser felizes se  não houver infelicidade à nossa porta”. Diz o autor do livro “Deus, o Diabo e Eu"- Na breve entrevista  que me concedeu num casual encontro da feira do livro de Lisboa, onde ali tinha ido para uma sessão de autógrafos do seu último livro - Já lá vão dois anos, mas vale a pena recordar o êxito da sua obra





Num encontro casual, com um velho amigo e companheiro,  na Feira do Livro de Lisboa, há dois anos


As várias viagens que  levam o leitor a ser dúplice com  autor  “Deus, o Diabo e Eu, de Luis Pereira de Sousa , analisadas  pelo Prof. Francisco Queiroz, durante a  apresentação da obra  



Em “Pânico à Beira-Mar”, o  autor descreve os ambientes e as pessoas (como, de resto, também o faz em “Deus, o Diabo e Eu”,  com o  pormenor e a fidelidade de uma câmara  televisiva.  E com a linguagem marítima adequada: pois a  náutica sempre lhe interessara. Por mais que procurasse saber, via nas suas manobras de vela quão sabedores e corajosos eram os navegadores portugueses e outros que começaram a sulcar mares.

IRONIA DO DESTINO... – Curiosamente, até parece que o destino de uma das personagens de Pânico à Beira-mar, viria a confundir-se com a do escritor no livro seguinte.  em  "Deus, o Diabo e Eu “….Um veleiro e um dia levanta ferros deste pequeno país à beira mar plantado mas prestes a naufragar  e vai de  fazer várias derivas pelos litorais dos mares do mediterrâneo - Por fim, faz-se  aos mares do sul, passa pelas Canárias,  desce até a Cabo Verde, sempre com olho no Antalya, onde sobrevive a um violento temporal – (...) e ao fim do sexto dia a entrar na noite, a viagem sofrera um acidente que poderia ter-lhe sido fatal”





Este livro: se nós o podemos classificá-lo, como uma catarse para o Luis Pereira de Sousa, o que está aqui é a necessidade de alguém dizer a todos nós - que ainda não passamos por uma situação destas - , quão importante é a vida em cada minuto! Em cada segundo!   - Palavras do Prof. Francisco Queiroz, durante a  apresentação da obra   - A que se seguiu a leitura de um poema de autoria de Manuel Gaspar

"DESTINO SEM FIM"  de "DEUS, O DIABO E EU"

 Retomando o fio à meada de "Deus, o Diabo e Eu" - Naquele dia de Abril, o barco fundeara, no local do costume,  num dos Pontões de Olhão, reservados aos veleiros, com as bênçãos  e a paz de Neptuno, com as operações antecedidas e precedidas das  manobras da praxe, dos cabos ou amaras que se soltam ou prendem, trabalhos  executados, sem sobressaltos e dificuldades, com a experiência  de quem já domina os segredos da  náutica e é possuidor  das sucessivas cartas da arte de navegar, desde a costa ao alto mar  - Tudo parecia  indicar um justificado  e merecido descanso: -  Depois de uma bela viagem marítima romântica, mas sempre desgastante, pois a navegação no  mar requer sempre muito esforço e atenção, mesmo quando o mar se apresenta como uma vasta planície calma e pacifica, pelo que se justificavam, momentos de relaxe, de amorosa descontração e até de assinaláveis brindes, partilhados com a entrega e a generosidade da sempre prestável e dedicada Sofia, a companheira – dos bons e maus momentos - que haveria  de ser também a voz e o braço salvador naquele que poderia ser realmente um fatídico destino sem fim,.


“Tiráramos da garrafeira sob a mesa do salão um vinho alentejano de 2009. Enchemos os dois únicos copos de cristal que tenho na embarcação.
Gosto de rodear pequenos momentos com a cerimónia que os grandes exigem. Era isso que ela admirava também e era essa admiração que me fazia carinhoso e incansável, transbordando do copo até ao olhar meigo, o sorriso delicado, o toque suave como uma carícia dos deuses ante o mais simples acto da Natureza e da vida.
Bebemos sentados no beliche da popa, com o olhar a brilhar, alguma emoção e uma escondida preocupação. Mas o mar unira-nos de uma forma tão profunda que, aos poucos, tudo foi substituído pela magia emprestada pela aventura do corpo. Então a matéria diluía-se, deixava de existir para nos fundir naquilo que cada um esperaria do outro
Sem uma palavra, encostámos os olhares, a respiração e, por fim, os corpos que sentimos fugir ao mesmo tempo que os seguíamos como se fossem eles a comandar os seus gestos, actos e raciocínio. Fizemos amor de forma diferente, como se estivéssemos a dar um ao outro o que de mais íntimo possuíamos, nem que para isso tivéssemos toda a força humana e a eternidade à nossa frente.

Adormecemos enlaçados no pequeno espaço para acordarmos quando o Sol já se escondia sob o molhe de oeste.
Aquele fugir discreto do Sol fez-me pensar em menos um dia, em menos uma noite, na ida daquela mulher, que tinha tão junto a mim, para longe, sem saber se regressaria. Na verdade, dentro de duas semanas, ela partiria para um local incerto, numa viagem de trabalho a iniciar uma nova fase profissional. Era o sonho da Sofia a bater-lhe à porta e nada poderia fazer para a amarrar. Quem sabe se…




 QUEM HAVERIA DE IMAGINAR....

E, de facto, nem o Luís  nem a Sofia, iam imaginar, que depois daqueles momentos de ternura e carinho, tão agradavelmente vividos, o destino pudesse reservar  uma grande partida a um deles - "Destino sem fim", é, pois, um dos doze capítulos da narrativa do livro, DEUS, O DIABO E EU, aquele que poderia também ter servido de título à obra ou mesmo para a memória do autor vir ser recordada à posteridade – se a sorte não protegesse a audácia dos   que ousam enfrentar as inconstâncias e humores do mar, mesmo quando estes são de aparente acalmia e repouso, como parecia ser aquela tarde de Abril, , num .”porto de abrigo”, que  “estava tranquilo e praticamente deserto”, em que “a maioria ou ainda não regressara da faina do estaleiro ou balouçava junto à praia próxima”, mas aproveitada, nas  rochas do molhe, pelas crianças que brincavam  “com o chilrear característico”, talvez como as aves que sobrevoavam o local - Estas algumas pinceladas do ambiente que antecede a  queda de Luis Pereira de Sousa, seguida desmaio, a  que “ninguém assistiu nem ao afogamento” 

b

Nenhum comentário: