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domingo, 27 de julho de 2014

Lisboa – Chiado parou para ver o casamento da Inês e do Gonçalo, na Basílica dos Mártires – Todavia, há quem não pare a quem estenda a mão à caridade – Embora haja sempre a poesia de um “Pássaro Azul” e muitos outros livros numa banca de rua - a um euro de saldo.



Em todo o lado, os casamentos, chamam sempre atenção. É inevitável aquela curiosidade de se saber quais o corajosos que vão enfiar a aliança no dedo e abdicar de uma parte da  sua liberdade individual para constituir um lar ou família - E, então, logo nos tempos que correm - Salvo uns quantos privilegiados, a grande maioria já não pode contar nem com emprego certo nem com casa arrendada - e  a preço acessível - para toda a vida. Nesse aspeto, estamos pior que no salazarismo.  No entanto, não é todos os dias que um casamento faz parar a Rua Garrett, uma das artérias mais movimentadas de Lisboa .
Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista



E não se pense que era o nó de uma ou duas figuras públicas. 

Todavia, os noivos apresentavam-se bem – jovens, sorridentes e simpáticos - Felizes! - Com a maioria dos convidados, a raiar pela mesma idade – igualmente bem aperaltados. 



Vim a saber que, muitos deles eram colegas de trabalho de noivo, em auditorias bancárias -  Portanto, de algum modo, prevalecia um certo ar de executivo, que lhe dava um certo toque desenvolto mas ao mesmo tempo de impecável formalismo. Até os convidados, mesmo aqueles a puxar a  avozinhos, envergavam vestidos e fatiotas, as mais apropriadas  e  cerimoniais. 


Além disso, havia um Rolls Royce antigo para os transportar. 

Creio que terá sido este a grande vedeta ou a curiosa atracão que levou turistas e alfacinhas a congestionarem os passeios, procurando saber que felizardos é que iam ali ser transportados. 

Mas não foi apenas esse o motivo, mas o facto de ser no Chiado, e , ali, tudo dá nas vistas: armazéns do Chiado, montras, cafés e pasteleiras, livrarias, lojas de modas,  “Casa da Sorte, artistas de rua, desde a pintura à música, etc. etc.

É claro, sem deixar de falar  da estátua de Fernando Pessoa, frente à Brasileira – Há quem não conheça os seus livros, contudo, quem ali passe, dificilmente deixará de olhar para o insólito  busto e cadeira de bronze disponível, que tem ao seu lado. E faça do conjunto a foto das suas amorosas recordações.    O que talvez muitos não olhem é para quem, também ali, estende a mão á caridade, passando ao seu lado, com a maior frieza e indiferença.


Bom, mas, pelos vistos, a tarde era de festa – Uma festa privada, é verdade, mas irresistível às  centenas de mirones, que se plantavam frente à antiga Basílica dos Mártires – Sem dúvida, um belo monumento arquitetónico, no interior e exteriormente. Houve quem nos chamasse a atenção de ir ver  como os noivos a haviam coroado de flores para que, ao cerimonial, nada pudesse destoar. Quando lá entramos, já os convidados estavam cá fora, aguardando pela sua saída, depois de terminarem as formalidades protocolares na sacristia, mas deu para ficar com uma ideia de que o momento fora realmente de grande solenidade. Tanto assim, que a cada convidado, fora distribuído, um opuscolozinho, com a descrição dos ritos litúrgicos.

O celebrante da liturgia, foi o Reverendo Padre Paulo Araújo, que, a dada altura, lembrava:

Pe. Paulo: Inês e Gonçalo, estamos aqui hoje para que o vosso amor seja abençoado por Deus, para se comprometerem um perante o outro e perante os vossos amigos e familiares. 
Cristo, que já vos consagrou pelo santo Baptismo, vai agora dotar-vos e fortalecer-vos com a graça especial de um novo sacramento, para poderem assumir o dever de mútua e perpétua fidelidade e as demais obrigações do matrimónio.

Noivo: Inês, é diante de ti e desta comunidade que quero assumir e celebrar o amor que tenho por ti. Ele foi-me dado por Deus! Agora, desejo concretizá-lo num compromisso e numa entrega total e definitiva. É de livre vontade e a partir do melhor que há em mim, que estou decidido a ser-te fiel e a amar-te, ajudando a que se realize em ti e no nosso lar a vontade de Deus. Receberei, por ti e da mão de Deus, os filhos e educá-los-ei segundo a lei de Cristo e da sua Igreja. Peço ao Senhor que me abençoe com a sua graça, neste meu compromisso. 



Noiva: Gonçalo, é diante de ti e desta comunidade que quero assumir e celebrar o amor que tenho por ti. Ele foi-me dado por Deus! Agora, desejo concretizá-lo num compromisso e numa entrega total e definitiva. É de livre vontade e a partir do melhor que há em mim, que estou decidida a ser-te fiel e a amar-te, ajudando a que se realize em ti e no nosso lar a vontade de Deus. Receberei, por ti e da mão de Deus, os filhos e educá-los-ei segundo a lei de Cristo e da sua Igreja. Peço ao Senhor que me abençoe com a sua graça, neste meu compromisso.

Pe.Paulo: Uma vez que é vosso propósito contrair o santo matrimónio, uni as mãos direitas, e manifestai o vosso consentimento ia presença de Deus e da Sua Igreja. 

noivo: Eu, Gonçalo, recebo-te a ti, Inês, por minha mulher, e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e la doença, todos os dias da nossa vida. 

noiva: Eu, Inês, recebo-te a ti, Gonçalo, por meu marido, e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e ia doença, todos os dias da nossa vida. 

E, pronto – depois de todos os ritos, orações e atos litúrgicos, consumou-se o matrimónio. À saída da igreja, os noivos foram recebidos com aplausos e pétalas de flores e co muitos beijos e abraços Para prazer de todos – E até do público, que não arredava pé.

PÁSSARO AZUL - DO POETA JOAQUIM GOMES MOTA

Foi um dos vários livros que aproveitamos para comprar aos alfarrabistas – E baratinhos – Por sinal, logo a primeira, banca: com  muitos livros a um euro - Vimos que já esteve marcado a 9, 5 euros, desceu para 3, e, por último, foi posto ali à venda a um euro. Nos tempos atuais, pode parecer uma pechincha mas  1  euro equivale a 200$000 e,  se calhar,  até era o preço que custava quando foi posto à venda. A banca era da antiga livraria Sá da Costa, que, pelo menos, durante este  Verão, parece ganhar nova vida .De recordar que, esta livraria foi declarada insolvente, h+a uma no, tendo sido  encerrada para liquidação Livraria Sá da Costa encerra para liquidação total

QUEM FOI JOAQUIM GOMES DA MOTA?

A resposta vem no prefácio do livro “Pássaro Azul”, de autoria de Urbano Tavares Rodrigues.

"Joaquim Gomes Mota., querido companheiro da minha juventude. viveu sempre isolado do tumulto., entre os seus processos. os seus livros, os seus quadros, os raros amigos e a mulher com quem partilhou apaixonadamente essa existência recolhida mas Intensa. Advogado. Viajou, sobretudo pela Europa e muito especialmente pela Alemanha, berço da sua cultura. Jovem estudante, recitava-me poemas de Goethe e de Georg TrakL Através de mim, colaborou na Távola Redonda. Mostrei alguns dos seus primeiros versos ao David Mourão -Ferreira; que logo os aprovou.

Depois., nada mais deu à estampa. Escreveu regularmente, durante várias décadas. Rasgava, recomeçava. Conservou Intactas algumas das composições dos vinte anos. Agora que o seu corpo desceu à terra. na sobriedade e na penumbra em que os seus dias transcorreram, resta este livro, por ele organizado. Encaro-o com emoção e não ouso alterar-lhe a ordem. Poucos são os poemas datados, mas alguns deles muito esclarecedores” – Excerto – De Pássaro Azul: Um Livro, Uma Vida, por Urbano Tavares Rodrigues.

O que te dana de beleza
Que força assim a minha natureza
A prender-se a ti com tal viveza?

Tu és como um fruto marinho
De mares no veludo dum ninho

Tu és como uma mancha no escuro
Em que que se ouve o sussurro
De um licor doce e maduro

Flor escondida, polpa viva,
Que longo mistério nos liga
Para que eu sempre te siga?

 ***
Joaquim Gomes Mota


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