(Com o desenho do pintor João Neves de Ó, dedicado a Sohpia de Mello Breyner)
Transladação de
Sophia - Ai se o jornalista “Tareco” se erguesse do túmulo! - Cavaco evoca "génio
literário" e "grandeza" de Sophia de Mello Breyner – A
democracia têm destas grandezas e contradições: junta memórias de velhos
inimigos na comédia do mesmo "funeral"
Sophia de Mello
Breyner Andresen faleceu, aos 84
anos, no dia 2 de Julho de 2004 no Hospital da Cruz Vermelha. O seu corpo foi
sepultado no Cemitério de Carnide.
Ontem, ao fim da tarde, com pomba e circunstância e toque de clarim a
finalizar a cerimónia, decorreu a trasladação dos seus restos mortais para
o Panteão Nacional de São Vicente.
Chamam-lhe "o templo de todos os deuses”, eu chamar-lhe-ia o túmulo das nossas múmias para que as ambições desmedidas e a feira das vaidades de uns quantos, ainda vivos, aspirem ou se iludam com alguns momentos de eternidade, promovendo-se à custa dos restos mortais dos que tinham direito a gozar a paz eterna dos cemitérios – Sem dúvida, mais um funeral de autêntica hipocrisia.
Chamam-lhe "o templo de todos os deuses”, eu chamar-lhe-ia o túmulo das nossas múmias para que as ambições desmedidas e a feira das vaidades de uns quantos, ainda vivos, aspirem ou se iludam com alguns momentos de eternidade, promovendo-se à custa dos restos mortais dos que tinham direito a gozar a paz eterna dos cemitérios – Sem dúvida, mais um funeral de autêntica hipocrisia.
A DANÇA DOS CISNES
Ainda, quando o defunto acaba de falecer e se lhe quer prestar (a primeira) ou última homenagem que não teve direito em vida, vá que não vá – Compreende-se o rito e a cerimónia. Mas, depois de decorrida uma década, virem a fazerem-lhe um segundo funeral – só porque, entendem alguns iluminados, que o seu cadáver ficaria mais bem conservado ou arrumado, se posto num jazigo com a cúpula e altura de um panteão.
Claro não é senão mais um pretexto para os politicos se exporem e mostrarem que são cultos e amigos dos que levaram a vida a queimar as pestanas a ler e a escrever.
Ainda, quando o defunto acaba de falecer e se lhe quer prestar (a primeira) ou última homenagem que não teve direito em vida, vá que não vá – Compreende-se o rito e a cerimónia. Mas, depois de decorrida uma década, virem a fazerem-lhe um segundo funeral – só porque, entendem alguns iluminados, que o seu cadáver ficaria mais bem conservado ou arrumado, se posto num jazigo com a cúpula e altura de um panteão.
Claro não é senão mais um pretexto para os politicos se exporem e mostrarem que são cultos e amigos dos que levaram a vida a queimar as pestanas a ler e a escrever.
SANEARAM-LHE OS
POEMAS DOS CURRÍCULOS ESCOLARES – AGORA VÊM COM ESTA COMÉDIA.
Mas a culpa,
desta carpideira discaursata, que outem passou nas televisões, nem é tanto dos
que nunca amaram Sophia – porque, as lágrimas de crocodilos destes é já mais do
que conhecida e não engana ninguém, mas de quem, da sua área política,
saltou para a ribalta a promover esta exumação.
Mas ainda bem,
que, no seio da família da autora do “cristo cigano”, da “menina do Mar” e
de tantos outros livros de maravilhosos poemas, sim, alguém veio agitar as
máscaras.
Obviamente, e
com razão – “Em declarações ao DN, Maria Andresen, filha da poeta, mostrou-se
cética em relação a esta trasladação: "Retiraram a poesia da minha mãe dos
currículos escolares para lá colocarem poetas menores, considero mesmo que há
uma tentativa subterrânea para a obliterarem. Ainda recentemente um poeta
português foi galardoado com o prémio Rainha Sofia e não houve por parte dos
media uma única referência ao facto de a minha mãe ter sido a primeira
portuguesa e a primeira mulher a recebê-lo..."
COMO OS
POLÍTICOS SÃO OPORTUNOS
Agora, foi a vez de uma personalidade da área
socialista; na calha já deve estar o Eusébio, que apoiou Cavaco Silva e cujo
nome foi envolvido nas últimas eleições autárquicas para a C.M de Lisboa,
ou mais duas de enfiada - Até porque, Eusébio, deixa memória mas não deixou
mais de que os seus geniais chutos na bola – E, o seu papel de embaixador dos
futebóis, não tarda que seja esquecido por Ronaldo.
CAVACO SILVA
FEZ O SEU PAPEL – DISCURSOU DE QUEM NUNCA GOSTOU MAS CUMPRRIU O SEU DEVER – MAS
QUEM NÃO LHE PERDOARIA A COMÉDIA, ERA O “TARECO SE PUDESSE ERGUER-SE DA SUA
TUMBA - Talvez preferisse ir beber uns copos de bom tinto a ter que engolir uma charopada que lhe azedaria o fígado e ruiria a tripa.
Cavaco Silva,
disse, que, com a morte de Sophia de Mello Breyner Andresen, há dez anos,
"desapareceu uma das personalidades mais carismáticas da nossa literatura
contemporânea", mas "também uma cidadã exemplar, um modelo de retidão
moral e uma referência ética da sociedade portuguesa"."Sophia de
Mello Breyner foi grande pela harmonia e a aura dos seus versos, mas foi igualmente
grande pela inteireza do seu carácter” – etc. etc. .
Mas será que,
se o “Tareco” - marido de Sophia - , fosse vivo, estaria ali a bater palmas a
Cavaco Silva?
Há menos de um
mês – em 10 de Junho - , seu filho, Miguel Sousa Tavares, não enjeitou dar esta
resposta ao jornal I, quando lhe perguntaram
"Que escreveria
de novo Francisco Sousa Tavares sobre o país de hoje?"
"Não sei prever,
mas uma coisa sei de certeza. Ele arrasaria este Presidente da República.
Provavelmente estaria contra o governo, mas não pelas mesmas razões que o
Partido Socialista está. Acho que entenderia que Portugal tem um problema
próprio para resolver e que o governo não o está a resolver da maneira
adequada. É o que eu penso também: Não tenho nenhuma
consideração política por Cavaco
De recordar,
que, Francisco Sousa Tavares, nascido em Lisboa, 12 de Junho de 1920, e
falecido a 25 de Maio de 1993nesta mesma cidade) foi casado com Sophia de Mello
Breyner – Era conhecido no meio jornalístico pelo alcunha de “Tareco”,
devido à sua personalidade e escritos truculentos – Pelos vistos, não menos
incisivos de que o seu filho Miguel Sousa Tavares
Sim, ele, o monárquico democrata e activo resistente anti-salazarista, que defendeu a causa real de Maria Pia de Saxe-Coburgo e Bragança de Laredo[carece de fontes]; ele que, a partir de 1974 foi também deputado pelo Partido Socialista e do Partido Social Democrata (sim, num tempo em que, Sá Carneiro, até chegou a defender a via socialista); sim, ele que, em 1983, ocupou o cargo de Ministro da Qualidade de Vida no IX Governo Constitucional do Bloco Central, dirigido por Mário Soares., era certo e sabido que não morria de amores por Cavaco silva – Bem pelo contrário, as ferroadas que zurzia no nativo de Boliqueime, quer na televisão, quer na imprensa, eram de tal maneira certeiras e severas, que nem o ferrão das mais endiabradas abelhas africanas lhe levariam a melhor.
Sim, ele, o monárquico democrata e activo resistente anti-salazarista, que defendeu a causa real de Maria Pia de Saxe-Coburgo e Bragança de Laredo[carece de fontes]; ele que, a partir de 1974 foi também deputado pelo Partido Socialista e do Partido Social Democrata (sim, num tempo em que, Sá Carneiro, até chegou a defender a via socialista); sim, ele que, em 1983, ocupou o cargo de Ministro da Qualidade de Vida no IX Governo Constitucional do Bloco Central, dirigido por Mário Soares., era certo e sabido que não morria de amores por Cavaco silva – Bem pelo contrário, as ferroadas que zurzia no nativo de Boliqueime, quer na televisão, quer na imprensa, eram de tal maneira certeiras e severas, que nem o ferrão das mais endiabradas abelhas africanas lhe levariam a melhor.
Mesmo num tempo
das vacas gordas do cavaquismo, em que desembocavam milhões a granel no
Terreiro do Paço, cujos desperdício agora o zé povinho tem de pagar a
quadruplicar, pois, nem nesse tempo do absoluto controlo informativo (aliás, é
para onde voltamos a caminhar, com os principais jornais do nas mãos do genro
(DN, JN e TSF), o Tareco (nomeadamente no Tal & Qual) deixava de zurzir
forte e feio na bagunça governativa da época, onde pontificava a fina flor de
Duarte Lima, Oliveira e Costa, Dias Loureiro e outros distintos compadres.
E agora o que diria Mário Cesariny? - Ele não era desmancha prazeres mas fazia o que lhe dava muito prazer.
"A
NECROFILIA DO PODER VEM APLAUDIR A PRÓXIMA DESTRUIÇÃO DO MAIOR E
MELHOR APETRECHADO TEATRO QUE SE CONSTRUIU EM PORTUGAL - Protesto de Mário
Cesariny, aquando do lançamento do livro "As Ilhas", de Sophfia de Mello Breyner, no histórico cinema e teatro Éden
1989 - Nesse dia, decorria o lançamento do livro as Ilhas, Sophia de Mello Breyner Andresen– Mas, Mário Cesariny , quis aproveitar o concorrido evento para se insurgir contra a "necrofilia do poder" - Sim, que se preparava para o entregar ao Grupo Amorim e ali fazer um hotel. - Era de tal modo o aperto, no 1º piso, que, não podendo fazer o apontamento para a Rádio Comercial (mas sobretudo pelo facto da autora do “Nome das Coisas”, não dar mostras de grande disposição para entrevistas), resolvi descer .
– Nisto, ao chegar ao fundo das escadas, deparo com o poeta e meu grande amigo Cesariny, ostentando um cartaz por entre as duas mãos, sem contudo esboçar uma palavra, o qual ao ver-me, sorri e pergunta-me: “tens aí a maquineta?”...Sim, porque já não era a primeira vez que, encontrando-me às desoras da noite pelos Restauradores, ao vir da minha estação de rádio, me fazia a mesma pergunta para me debitar o poema que lhe vinha cabeça, acabado de brotar e não se perder - Ainda possuo uma cassete com um desses maravilhosos versos, como que arrancados do fundo de uma avenida imersa por uma neblina fria e densa de Inverno. A que eu prontamente respondo: “Tenho duas! O gravador e a máquina fotográfica”
Porém, antes de me aproximar para lhe ouvir de viva voz a as razões pelas quais ali se plantara com aquele cartaz, faço-lhe uma fotografia, passando a máquina fotográfica a um amigo, que viera comigo para assistir ao referido lançamento e me fotografa de microfone empunhado.
Entretanto,
o poeta deu-se por satisfeito – Até porque, um zeloso funcionário,
barafustando e tomando-o como louco, se apressara a correr para a rua a
chamar um polícia. – E o agente, só não lhe pegou pelo braço, por me ver
com o microfone apontado para ele.
Na imagem - o autor deste site, então na pele de Luis de Raziel, ao lado de Mário Cesariny, no intervalo da exibição de um filme acerca da sua vida
Na imagem - o autor deste site, então na pele de Luis de Raziel, ao lado de Mário Cesariny, no intervalo da exibição de um filme acerca da sua vida
2 comentários:
Creio que a burguesia e a intelectualidade portuguesas se sentiram vingadas pelo "desaforo" que teria constituído para elas, creio, o facto de Amália haver sido a primeira mulher a ter lugar no Panteão.
Obrigado caro Heitor pelo amável comentário.Continuo a pensar que o melhor lugar para se render homenagem a um poeta, a um escrtor, a uma artista como Amália, ou a uma poeta, como Sophia, não é num Panteão mas onde o povo mais acorre a visitar ou acompanhar os que lhe são mais queridos
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