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quinta-feira, 3 de julho de 2014

Transladação de Sophia - Ai se o “Tareco” se erguesse do túmulo! - Cavaco evoca "génio literário" e "grandeza" de Sophia de Mello Breyner – A democracia têm destas grandezas e contradições: junta memórias de velhos inimigos no mesmo funeral – E Mário Cesariny que voltaria a dizer? Que “a necrofilia do Poder foi aplaudir” – não a destruição do histórico Éden, já destruído – mas a poeta que amava a natureza e o mar



(Com o desenho do pintor João  Neves de Ó, dedicado a Sohpia de Mello Breyner)


Transladação de Sophia - Ai se o jornalista “Tareco” se erguesse do túmulo! - Cavaco evoca "génio literário" e "grandeza" de Sophia de Mello Breyner – A democracia têm destas grandezas e contradições: junta memórias de velhos inimigos na comédia do  mesmo "funeral"

Sophia de Mello Breyner Andresen  faleceu, aos 84 anos, no dia 2 de Julho de 2004 no Hospital da Cruz Vermelha. O seu corpo foi sepultado no Cemitério de Carnide.  

Ontem, ao fim da tarde, com pomba e circunstância e toque de clarim a finalizar a cerimónia, decorreu a trasladação dos seus restos mortais para o Panteão Nacional de São Vicente.  
Chamam-lhe  "o templo de todos os deuses”, eu chamar-lhe-ia o túmulo das nossas múmias para que as ambições desmedidas  e a feira das vaidades de uns quantos,  ainda vivos, aspirem ou se iludam   com alguns momentos de eternidade, promovendo-se à custa dos  restos mortais dos que tinham direito a gozar a paz eterna dos cemitérios – Sem dúvida, mais um funeral de autêntica hipocrisia

A DANÇA DOS CISNES 

Ainda, quando o defunto acaba de falecer e se lhe quer prestar (a primeira) ou última homenagem que não teve direito em vida, vá que não vá – Compreende-se o rito e a cerimónia. Mas, depois de decorrida uma década, virem  a fazerem-lhe um segundo funeral – só porque, entendem alguns iluminados, que o seu cadáver ficaria mais bem conservado ou arrumado, se posto num jazigo com a cúpula e altura de um panteão. 

Claro não  é senão mais um pretexto para os politicos se exporem e mostrarem que são cultos e amigos dos que levaram a vida a queimar as pestanas a ler e a escrever. 

SANEARAM-LHE OS POEMAS DOS CURRÍCULOS ESCOLARES – AGORA VÊM COM ESTA COMÉDIA.

Mas a culpa, desta carpideira discaursata, que outem passou nas televisões, nem é tanto dos que nunca amaram Sophia – porque, as lágrimas de crocodilos destes é já mais do que conhecida e não engana ninguém, mas de quem, da sua área política,  saltou para a ribalta a promover esta exumação. 

Mas ainda bem, que, no seio da família da autora do  “cristo cigano”, da “menina do Mar” e de tantos outros livros de maravilhosos poemas, sim, alguém veio agitar as máscaras.
  
Obviamente, e com razão – “Em declarações ao DN, Maria Andresen, filha da poeta, mostrou-se cética em relação a esta trasladação: "Retiraram a poesia da minha mãe dos currículos escolares para lá colocarem poetas menores, considero mesmo que há uma tentativa subterrânea para a obliterarem. Ainda recentemente um poeta português foi galardoado com o prémio Rainha Sofia e não houve por parte dos media uma única referência ao facto de a minha mãe ter sido a primeira portuguesa e a primeira mulher a recebê-lo..."



COMO OS POLÍTICOS SÃO OPORTUNOS

Agora, foi a vez de uma personalidade da área socialista; na calha já deve estar o Eusébio, que apoiou Cavaco Silva e cujo nome foi envolvido nas últimas  eleições autárquicas para a C.M de Lisboa, ou mais duas de enfiada - Até porque, Eusébio, deixa memória mas não deixou mais de que os seus geniais chutos na bola – E, o seu papel de embaixador dos futebóis, não tarda que seja esquecido por Ronaldo.   

CAVACO SILVA FEZ O SEU PAPEL – DISCURSOU DE QUEM NUNCA GOSTOU MAS CUMPRRIU O SEU DEVER – MAS QUEM NÃO LHE PERDOARIA A COMÉDIA, ERA O “TARECO SE PUDESSE ERGUER-SE DA SUA TUMBA - Talvez preferisse ir beber uns copos de bom tinto a ter que engolir uma charopada que lhe azedaria o fígado e ruiria a tripa.

 Cavaco Silva, disse, que, com a morte de Sophia de Mello Breyner Andresen, há dez anos, "desapareceu uma das personalidades mais carismáticas da nossa literatura contemporânea", mas "também uma cidadã exemplar, um modelo de retidão moral e uma referência ética da sociedade portuguesa"."Sophia de Mello Breyner foi grande pela harmonia e a aura dos seus versos, mas foi igualmente grande pela inteireza do seu carácter” – etc. etc. . 
 
Mas será que, se o “Tareco” - marido de Sophia - , fosse vivo, estaria ali a bater palmas a Cavaco Silva?

Há menos de um mês – em 10 de Junho - , seu filho, Miguel Sousa Tavares, não enjeitou dar esta resposta ao jornal I, quando lhe perguntaram

"Que escreveria de novo Francisco Sousa Tavares sobre o país de hoje?"



"Não sei prever, mas uma coisa sei de certeza. Ele arrasaria este Presidente da República. Provavelmente estaria contra o governo, mas não pelas mesmas razões que o Partido Socialista está. Acho que entenderia que Portugal tem um problema próprio para resolver e que o governo não o está a resolver da maneira adequada. É o que eu penso também: Não tenho nenhuma consideração política por Cavaco 

De  recordar, que, Francisco Sousa Tavares, nascido em Lisboa, 12 de Junho de 1920, e falecido a 25 de Maio de 1993nesta mesma cidade) foi casado com Sophia de Mello Breyner – Era  conhecido no meio jornalístico pelo alcunha de “Tareco”, devido à sua personalidade e escritos truculentos – Pelos vistos, não menos incisivos de que o seu filho Miguel Sousa Tavares 

Sim, ele, o  monárquico democrata e activo resistente anti-salazarista, que defendeu a causa real de Maria Pia de Saxe-Coburgo e Bragança de Laredo[carece de fontes]; ele que, a partir de 1974 foi também deputado pelo Partido Socialista e do  Partido Social Democrata (sim, num tempo em que, Sá Carneiro, até chegou a defender a via socialista);  sim, ele que,  em 1983, ocupou o cargo de Ministro da Qualidade de Vida no IX Governo Constitucional do Bloco Central, dirigido por Mário Soares., era certo e sabido que não morria de amores por Cavaco silva – Bem pelo contrário, as ferroadas que zurzia no nativo de Boliqueime, quer na televisão, quer na imprensa,  eram de tal maneira certeiras e severas, que nem o ferrão das mais endiabradas abelhas africanas lhe levariam a melhor. 

Mesmo num tempo das vacas gordas do cavaquismo, em que desembocavam milhões a granel no Terreiro do Paço, cujos desperdício agora o zé povinho tem de pagar a quadruplicar, pois, nem nesse tempo do absoluto controlo informativo (aliás, é para onde voltamos a caminhar, com os principais jornais do nas mãos do genro (DN, JN e TSF), o Tareco (nomeadamente no Tal & Qual) deixava de zurzir forte e feio na bagunça governativa da época, onde pontificava a fina flor de Duarte Lima, Oliveira e Costa, Dias Loureiro e outros distintos compadres.

 E agora o que diria Mário Cesariny?  - Ele não era desmancha prazeres  mas fazia o que lhe dava muito prazer.

 "A NECROFILIA DO PODER VEM APLAUDIR A PRÓXIMA DESTRUIÇÃO DO MAIOR  E MELHOR APETRECHADO TEATRO QUE SE CONSTRUIU EM PORTUGAL  - Protesto de  Mário Cesariny, aquando do lançamento do livro "As Ilhas", de Sophfia de Mello Breyner, no histórico cinema e teatro Éden


1989 - Nesse dia, decorria o lançamento do livro  as IlhasSophia de Mello Breyner Andresen– Mas, Mário Cesariny , quis aproveitar o concorrido evento para se insurgir contra a "necrofilia do poder"  - Sim, que se preparava para o entregar ao Grupo Amorim e ali  fazer um hotel.  - Era de tal modo o aperto, no 1º piso, que, não podendo fazer o apontamento para a Rádio Comercial (mas sobretudo pelo facto da autora do “Nome das Coisas”, não dar mostras de  grande disposição  para entrevistas), resolvi descer .

Nisto, ao chegar ao fundo das escadas, deparo com o poeta e meu grande amigo Cesariny, ostentando um cartaz por entre as  duas mãos, sem contudo esboçar  uma palavra, o qual  ao ver-me, sorri e  pergunta-me: “tens aí a maquineta?”...Sim, porque já não era a primeira vez que,  encontrando-me às desoras da noite pelos Restauradores, ao vir da minha estação de rádio, me fazia a mesma pergunta para me debitar o poema que lhe vinha cabeça, acabado de brotar e não se perder - Ainda possuo uma cassete com um desses maravilhosos versos, como que arrancados do fundo de uma avenida imersa por uma neblina fria e densa de Inverno.  A que eu prontamente respondo: “Tenho duas! O gravador e a máquina fotográfica”

 

 Porém, antes de me aproximar para lhe ouvir de viva voz a as razões pelas quais ali se plantara com aquele cartaz, faço-lhe uma fotografia, passando a máquina fotográfica a um amigo, que viera comigo para assistir ao  referido lançamento e me fotografa de microfone empunhado.


  Entretanto, o poeta deu-se por satisfeito – Até porque, um zeloso funcionário, barafustando e tomando-o como louco, se apressara a correr para a rua a chamar um polícia. – E o agente, só não lhe pegou pelo braço, por me ver com o microfone apontado para ele.
 Na imagem  - o autor deste site, então na pele de Luis de Raziel, ao lado de Mário Cesariny, no intervalo da exibição de um filme acerca da sua vida

2 comentários:

heitor disse...

Creio que a burguesia e a intelectualidade portuguesas se sentiram vingadas pelo "desaforo" que teria constituído para elas, creio, o facto de Amália haver sido a primeira mulher a ter lugar no Panteão.

Peregrino da Luz disse...

Obrigado caro Heitor pelo amável comentário.Continuo a pensar que o melhor lugar para se render homenagem a um poeta, a um escrtor, a uma artista como Amália, ou a uma poeta, como Sophia, não é num Panteão mas onde o povo mais acorre a visitar ou acompanhar os que lhe são mais queridos