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terça-feira, 22 de julho de 2014

Mercado do Livro de Leça da Palmeira - Um Verão cheio de aventuras literárias, concertos e exposições - Albano Chaves - Um dos autores (nativos) com dois ensaios da origem medieval dos Dona-Boto - Oportunidade a não perder até ao dia 3 de Agosto - Num certame com muitas propostas! - De António Nobre a Guilherme de Castilho



"Tertúlias, Exposições, Concertos e Poesia"  - Não é um slogan vulgar  do "Mercado de Livro de Leça da Palmeira", mas é realmente um "Verão Cheio de aventuras" -  das 10 da manhã à meia-noite, junto ao Farol da Boa Nova, de 4 de Julho a 3 de Agosto. Alguns dias, já lá vão, mas ainda há muita oportunidade de ler e folhear excelentes obras literárias, apreciar recitais de  música e de poesia. Pois, aventuras a valer, só se podem viver ou no alto mar ou à  beira-mar - E, mais das vezes, até à quase à beira da praia, já com o farol ou a terra vista, que é onde geralmente ocorrem as maiores tragédias - Oh, sim, qual o pescador que, num dos maiores portos de pesca da costa portuguesa, as não  testemunhou  ou as não viveu afltivamente, apelando ao  Bom Jesus de Matosinhos, à Senhora das Dores, ao Senhor dos Passos, à Senhora da Ora ou a outros santos e santas?!...Mas também é onde o olhar humano mais divaga, se perde e deslumbra na contemplação do que é mais belo, imenso e  sublime. 



Mar! Imenso mar!  Extenso mar azul a perder de vista!...  Desde o nascer ao pôr-do-sol, e, depois, com aqueles rubros ocasos! - Quão nostálgicos como transbordantes de ouro e de luz, jorrando miríades de reflexos de prata,  que é o que não faltará nem em Matosinhos ou em Leça da Palmeira.

Sim, esse mesmo mar que moldou grandes vultos das letras, das artes e da música - Umas que ali nasceram outras que a maresia matosinhense haveria de caldear para o resto das suas vidas. Cantado por artistas e poetas  - Ó Nobre! onde foste arrancar estes teus lindos versos?!.. 


Ó Boa Nova, ermida à beira-mar,
Única flor, nessa vivalma de areais!
Na cal, meu nome ainda lá deve estar,
À chuva, ao Vento, aos vagalhões, aos raios!
Ó altar da Senhora, coberto de luzes!
Ó poentes da Barra, que fazem desmaios...
Ó Sant'Ana, ao luar, cheia de cruzes!
Ó lugar de Roldão! vila de Perafita!
Aldeia de Gonçalves! Mesticosa!
Engenheiros, medindo a estrada com a fita...
Água fresquinha da Amorosa!
Rebolos pela areia! Ó praia da Memória!
Onde o Sr. Dom Pedro, Rei-Soldado,
Atracou, diz a História,
No dia... não estou lembrado;
Ó capelinha do Senhor d'Areia,
Onde o Senhor apareceu a uma velhinha...
Algas! farrapos dos vestidos da Sereia!
Lanchas da Póvoa, que ides à sardinha,
Poveiros, que ides para as vinte braças.
Sol-pôr, entre pinhais...
Capelas onde o sol faz mortes, nas vidraças!

Onde estais?




 
Georges! anda ver meu país de Marinheiros,
O meu país das naus, de esquadras e de frotas!

Oh as lanchas dos poveiros
A saírem a barra, entre ondas de gaivotas!
Que estranho é!
Fincam o remo na água, até que o remo torça,
À espera de maré,
Que não tarda aí, avista-se lá fora!
E quando a onda vem, fincando-a com toda a forca,
Clamam todas à urra: «Agora! agora! agora!»
E, a pouco e pouco, as lanchas vão saindo
(Às vezes, sabe Deus, para não mais entrar...)
Que vista admirável! Que lindo! Que lindo!
Içam a vela, quando já têm mar:
Dá-lhes o Vento e todas, à porfia,
Lá vão soberbas, sob um céu sem manchas,
Rosário de velas, que o vento desfia,
A rezar, a rezar a Ladainha das Lanchas:

Senhora Nagonia!
 António Nobre - Excertos de Georges! anda ver meu país de romarias -




 
NO MERCADO DO LIVRO  - JUNTO À PRAIA DE LEÇA DE PALMEIRA - ROTEIRO APRAZÍVEL E IMPERDÍVEL 

Não vamos pormenorizar as obras que são ali expostas mas é nossa convicção que, um certame de livros, é sempre uma boa ocasião para ir ao encontro das mais diferentes sensibilidades. 

Todavia, aproveitamos, para aqui nos referirmos a dois notáveis ensaios de Albano Chaves,  natural de Leça de Palmeira, com raízes maternais no concelho de Vila Nova de Foz Côa - E ainda aludirmos às importantíssimas obras de Guilherme de Castilho.

Curiosamente, também, ele, Guilherme de Castilho, diplomata (1912-1897) ensaísta e crítico de grande nível intelectual,  autor de uma das mais importantes biografias de António Nobre, bem como de outro livro de natureza epistolar do poeta (livros que vivamente recomendamos, alguns já muito difícies de encontrar) o qual, embora tendo nascido em Vila Nova de Foz Coa,  foi em Leça de Palmeira, que passou muitos   anos da sua vida - Cujo ambiente social e maresia, dificilmente deixariam de influenciar a sua personalidade e a sua obra - 

"Licenciado em Ciências Históricas e Filosóficas pela Universidade de Coimbra, ocupou o cargo de representante diplomático em diversos países (Chile, Áustria, Indonésia, França). Publicou Noções Fundamentais de Psicologia (1942), consagrando-se ao estudo e crítica de vários autores portugueses, tais como António Nobre, Raul Brandão e Eça de Queirós. Colaborador de quase todas as páginas literárias dos jornais de Lisboa e do Porto, foi homenageado com diversas condecorações, de entre as quais se destacam a Grã-Cruz da Ordem do Mérito da Áustria e a Comenda da Ordem do Mérito Civil de França."


Porém,  sobre a vida e a obra de Guilherme de Castilho, é nosso desejo  vir  aqui a reportarmo-nos numa próxima oportunidade, contando com a colaboração do seu filho, o escritorPaulo Castilho  - De momento, vamos aproveitar para  transcrever o artigo que publicamos, no quinzenário OFOZCOENSE, a cerca dos dois livros de Albano Chaves - Um nado e criado em Leça de Palmeira, com origem materna no Alto Douro.


DONAS-BOTO – DE SÃO JOÃO DA PESQUEIRA - E A SUA ORIGEM MEDIEVAL

“Donas-Boto– de S. João da  Pesqueira”, é o título de dois importantes ensaios de Albano Chaves, já na segunda edição, corregida e atualizada – Com um desenvolvido texto introdutório de Manuel Abranches de Soveral, escritor, investigador, jornalista, professor e editor português – Livros que pretendem traçar – tanto quanto possível – a árvore genealógica dos Donas-Boto, de um apelido que remonta  a vários séculos e com muitas famílias ilustres.

“Afonso V concedeu a (…)  carta  de brasão de armas, em 1462, a Martin Esteves Boto, pelos seus feitos  ao seu serviço  e de seu pai (Dom Duarte)  (…) Todos os Boto com direito a estas armas são portanto descendentes deste Martim Esteves Boto. Contudo o nome é bem mais antigo, porque já no ano de 1258, no reinado de D. Afonso  III, um individuo de nome Martin Peres Boto, que vivia em Sernancelhe, foi testemunha na inquirição que este rei mandou fazer das honras deste concelho”.

A MAGIA DO NOME E OS VALORES DA FAMÍLIA – ESTEIO FUNDAMENTAL NA VALORIZAÇÃO DE UM PAÍS E DA SOCIEDADE


Na verdade, por mais estranho que seja o  nome ou apelido, são as palavras mágicas que qualquer cidadão gosta de ouvir pronunciar – E, também, quem não sente o intrínseco desejo em  saber até onde se estendem as raízes do seu passado próximo ou ancestral?...Que tipo de parentesco ou afinidades, se entroncam ou unem nas famílias com o mesmo apelido. Sem dúvida, foi o que procurou saber o investigador Dr. Albano Chaves, natural de Leça de Palmeira mas com  ligação maternal ao concelho de Vila Nova de Foz Côa, através do apelido Donas-Boto.

Pobre do país que perca a sua identidade, os laços que o ligam com o seu passado, à sua história. Infelizmente, essa descaracterização, que marcha a par de outra, que se chama desertificação e dessacralização dos valores espiritais e familiares, é de algum modo a causa dos problemas que agudizam a crise económica e social que o mundo atravessa – Tal é o que sucede em Portugal. – Sim, onde estão os grandes dirigentes que  nos defendam da cobiça estrangeira e da ausência de ética ou de conduta moral e cívica?!...Nessa impossibilidade, salve-se ao menos a busca às origens da ancestralidade de cada família. Creio que é, no fundo, de entre outras das ilações, a que nos transmite a leitura dos dois minuciosos estudos genealógicos do apelido Donas Boto, por onde perpassam breves resumos biográficos de muitos exemplos de virtudes, de saber e de coragem.

Albano Chaves, já nosso amigo e conhecido, através da descoberta do alinhamento do Solstício do Inverno, a que deu o nome de Portas do Sol, no maciço dos Tambores, em Chãs, é natural de Leça de Palmeira – De seu nome completo Albano Manuel de Madureira e Sousa Chaves, nascido em 1942, filho de Albano Soares Chaves e de sua mulher Maria Emília de Madureira e Sousa Donas-Boto Chaves, professores do ensino primário oficial. Tradutor de documentação técnica e científica diplomado pelo Sprachen- und Dolmetscher-Institut (Instituto de Línguas e Intérpretes) de Munique., que já lhe valeu a distinção, em Zurique, do prémio "Tradutor do Ano"  . Professor de Alemão e Inglês e orientador de estágio de finalistas do curso de tradução de Alemão da Faculdade de Letras do Porto. Com vários estudos publicados nas áreas da genealogia, antologia e romances, ficção histórica, monografias. Distinto conferencista e um investigador apaixonado pela astro-arqueologia

OS DONAS-BOTO – NO  CONCELHO DE VILA NOVA DE FOZ CÔA

Em Foz Côa, Muxagata, Almendra, Freixo de Numão, Castelo Melhor - quem é que não sabe que existem famílias com o apelido Donas Boto e das mais consideradas?!... Pois, a bem dizer, não se trata de um apelido qualquer – Tem raízes muito antigas. – Todavia, foi a partir da origem “Donas.Boto de S. João da Pesqueira”,  nos primeiros anos do século XVI que, o seu autor, Abano Chaves, procurou desenvolver o curiosíssimo trabalho - Ora recuando ora avançando no tempo – Levando a cabo um aprofundado estudo genealógico, que, afinal, tanto pode interessar aos Donas-Boto, como a estudiosos de sociologia, da genealogia e da história. Há nas suas páginas, bastos motivos de interesse para um vasto leque de leitores.

ALGUNS REGISTOS DE FAMÍLIAS -  DADOS  PELO AUTOR
 “Donas-Boto no concelho de V. Nova de Foz Côa - A primeira pessoa a usar os apelidos Boto e Donas viveu na vila de S. João da Pesqueira em meados do séc. XVI, vindo de Beja. Com os passar dos anos, esses apelidos passaram a assumir a forma Donas Boto ou Donas-Boto; por via de casamentos com ramos das famílias Telo e Távora, também há séculos estabelecidas na vila, os apelidos Donas Boto de Távora ou Telo de Távora Boto passaram a ser comuns.”

“Muxagata - Os registos de Donas-Boto no concelho de Foz Côa começam em 1687, quando José de Aguiar Donas-Boto da Fonseca, da Pesqueira, foi casar a Muxagata com Maria Geraldes do Amaral, mas viveram no Vilarouco.

Um filho deste casal, com o mesmo nome do pai, também casou em Muxagata, em 1727, com Feliciana Maria de Ataíde da Fonseca Coutinho. Um outro Donas-Boto parente dos anteriores – Francisco Xavier de Sousa Correia Donas-Boto Pereira de Almeida, administrador do morgadio de S. Xisto, Cavaleiro da Ordem de Cristo por alvará 1766 e possuidor da capela da Senhora do Desterro na igreja do Vilarouco – tinha em Muxagata a capela de Santa Luzia, "que trazia bem ornada".

“Além destes registos pontuais, houve um ramo que realmente se estabeleceu em Muxagata, na pessoa de Miguel Carlos António de Sousa Donas-Boto, 4o avô do autor deste artigo. Miguel Carlos António era 4o filho do armoriado Domingos de Sousa Telo de Távora Boto, da Pesqueira, e casou em Muxagata, em 1781, com Helena Clara Tavares. Viveram na Muxagata, onde terão construído casa. Em meados do séc. XIX um neto deste casal, o bacharel Francisco António Monteiro de Sousa Donas-Boto, terá dado forma à actual Casa do Cruzeiro a partir da casa anteriormente existente, obras que o seu irmão António Carlos Monteiro de Sousa Donas-Boto, que até 1860 viveu na Rua da Alcaria, 35, terá continuado, colocando ao centro da varanda de ferro as suas iniciais: ACMSDB.

Um filho do bacharel Francisco António, também bacharel e também Francisco António, herdou, por morte de sua mãe, entre outras propriedade, a Quinta de Santa Maria, junto ao rio Côa, que hoje se chama Quinta da Ervamoira e pertence à empresa Ramos Pinto. A escritura de partilhas foi lavrada na Casa do Cruzeiro em 5.10.1891 pelo tabelião José Ribeiro da Cruz.”


“ Almendra - Beatriz Ferreira Donas-Boto, da vila da Pesqueira, foi casar a Almendra com Félix de Távora Teixeira, daí natural, fidalgo da Casa Real já viúvo, filho de Domingos de Távora, capitão-mor de Almendra e Castelo Melhor, que, no seu testamento, feito em 1699, declara "não pretender nas suas gerações sangue judeu ou mouro". Viveram na sua casa do Largo da Amoreira.

Domingos de Távora Teixeira Donas-Boto, filho do casal Félix e Beatriz, casou em Almendra (1718) com Maria de Sela Falcão Mendonça, irmã de António Lopes Sanches de Castilho Falcão Mendonça, que na mesma data e no mesmo local casou com sua cunhada Ana Maria de Távora Donas-Boto.

Destes casamentos descendem os viscondes de Almendra e os viscondes do Banho. - Tanto da Casa do Cruzeiro como do Solar de Almendra existe vasta e ilustre descendência espalhada pelo concelho de V. Nova de Foz Côa e pelo país, que, na medida do possível, procurei reconstituir nos meus dois livros sobre os Donas-Boto de S. João da Pesqueira” –

Jorge Trabulo Marques – jornalista

As fotos foram-nos enviadas por Albano Chaves - Algumas são de sua autoria, outras extraídas do "Portugal Notável"


OUTROS  NOMES ILUSTRES QUE NASCERAM OU VIVERAM EM LEÇA E MATOSINHOS

Abel Salazar (1889-1946) Médico, professor catedrático, artista e escritor; Agostinho Salgado (1905-1967) pintor naturalista; Alberto Serpa (1906-1992)poeta; Alberto de Oliveira (1873 – 1940) escritor; Florbela Espanca (1894-1930); os arquitetos Alcino Soutinho (1930-2013), Arménio Losa (1908-1988) e Álvaro Siza Vieira (1933); António Augusto da Rocha Peixoto (1866-1909) Arqueólogo, etnólogo e naturalista, investigador ; António Carneiro (1872-1930)  professor  da Escola de Belas-Artes do Porto, espiritualista e artista; Armando Leça (1891-1977) Compositor, folclorista e etnomusicólogo: Augusto Gomes (1910-1976) Pintor neorrealista;  Basílio Teles (1856-1923) Escritor, economista, professor e jornalista; Bruno Alves Reis (1906-1984)pintor e arquiteto; D. Manuel da Silva Martins (1927)     Bispo Emérito de Setúbal; Francisco de Sá de Menezes (1513/1583)Primeiro e único Conde de Matosinhos; Irene Vilar (1930-2008) Escultora, pintora e medalhista; João Guedes (1921-1983) Encenador e ator português. Jorge Bento (1915-2004) Escritor, músico e pintor; Domingues dos Santos (1887-1958) Professor, advogado, jornalista e politico; José Egito de Oliveira Gonçalves (1922-2001) Poeta; Justino de Montalvão (1872/1949) Diplomata, cronista, contista, redactor. Leonardo Coimbra (1883-1936) Filósofo, professor e político; Luísa Dacosta (1927) Escritora; Mário Sottomayor Cardia (1941-2006)político; Óscar da Silva (1870-1958) Compositor, pianista; Óscar Lopes (1917) ensaísta 


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