Obra admirável, editada pela Calçada das Letras, que é ao mesmo tempo um sugestivo
percurso poético e um extraordinário hino de coragem de pessoas simples –
Milhares de toneladas de ouro dadas pelos nazis a Salazar, jamais
devolvidas. – Cujo epílogo termina numa quinta próximo de Fátima – Numa aérea,
em cujo triângulo, na história
contemporânea, se vêm cruzando e decifrando alguns dos mais intrincados mistérios
Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista
UMA DAS NOVIDADES LANÇADAS NA FEIRA DO LIVRO DE LISBOA 2014 - E QUE PROMETE DAR QUE FALAR
"O enorme sino chorava cada badalada, lá do alto da torre da igreja, naquela pequena localidade. A sua lamúria ecoava por todo o planalto. Cada som libertava o sentimento contido e prolongava-se até não ser mais do que uma lembrança. Repetia a sua perda, desta feita em duplicado mas provocando o mesmo efeito. O sino mais pequeno quis juntar o seu pesar e o seu som, mais agudo, fez lembrar a pequenez da raça humana. Aquele gemido penetrou no coração de todos os que assistiram à cerimónia fúnebre. Estavam presentes mais pessoas do que a igreja era capaz de conter no seu interior. Muitos ficaram à porta, em silêncio, em dor, em sinal de respeito. Quiseram estar uma última vez com a pessoa que não decidira partir de livre vontade" - In Vale das Sombras
UMA DAS NOVIDADES LANÇADAS NA FEIRA DO LIVRO DE LISBOA 2014 - E QUE PROMETE DAR QUE FALAR
"O enorme sino chorava cada badalada, lá do alto da torre da igreja, naquela pequena localidade. A sua lamúria ecoava por todo o planalto. Cada som libertava o sentimento contido e prolongava-se até não ser mais do que uma lembrança. Repetia a sua perda, desta feita em duplicado mas provocando o mesmo efeito. O sino mais pequeno quis juntar o seu pesar e o seu som, mais agudo, fez lembrar a pequenez da raça humana. Aquele gemido penetrou no coração de todos os que assistiram à cerimónia fúnebre. Estavam presentes mais pessoas do que a igreja era capaz de conter no seu interior. Muitos ficaram à porta, em silêncio, em dor, em sinal de respeito. Quiseram estar uma última vez com a pessoa que não decidira partir de livre vontade" - In Vale das Sombras
Na avalanche de edições, que ali são apresentadas - umas para relançamento e sessões de autógrafos, outras pela primeira vez - e ainda por não ser um dos nomes sonantes -, dir-se-á que a sua apresentação, passou praticamente despercebida.
Além disso, o seu autor, é uma pessoa simples, que não tem cordelinhos nos media, ainda jovem mas muito dado aos valores da sua família, que muito preza e ama, que trabalhou num banco mas que também foi arrastado pela enxurrada dos despedimentos, sim, embora estando certo do seu talento e dos seus méritos literários, da profunda e aturada investigação que lhe levou a escrever o Vale das Sombras, sabe que não é fácil a missão, a que se propôs. Mas talvez por isso mesmo, mais aliciante é o desafio.

Um tema que não se esgota
facilmente – Por um lado, porque, o nazismo
aniquilou e escamoteou; por outro, porque, também há forças que, movendo-se na
sombra, ou procuram deturpar os factos históricos ou dificultam a sua
divulgação – De recordar que George Clooney, apresentou, no Festival de Cinema
de Berlim,2013, Os "Caçadores de Obras-Primas" ("The
Monuments Men"), um suspense sobre a busca pelos americanos por obras de
arte confiscadas pelos nazistas.
Na ocasião foi afirmado que, "Mais de 5
milhões de objetos culturais roubados por nazistas retornaram ao seu país de
origem nos anos após a Segunda Guerra Mundial", declarou o diretor do
festival, Dieter Kosslick, em comunicado. Filme de Clooney sobre roubo de arte por nazistas
Durante a guerra 39-45 - foram
entregues em Lisboa via Banco Nacional Suíço o equivalente a 127 toneladas de
ouro fino (que na cotação atual daria algo em torno de 4,5 bilhões de euros -
Vale das Sombras, tal como próprio nome sugere,
revela o lado sombrio de um dos milhares de damas familiares que ficaram
por contar com a usurpação dos bens pelos nazis aos judeus - Desde quadros de
arte até simples relógios ou alianças de
ouro - E, muitos desses objetivos, mais do que o seu valor material, tinham um
valor afetivo e estimativo, incalculável.
No fundo, é o pano de funo da viagem que nos é narrada, por A.J. Pires, tendo como
personagem principal o membro de uma
família de origem judaica, que, vendo-se
na pobreza, decide viajar a Portugal, arrostando com toda a sorte de
obstáculos e de riscos - inclusivamente, o de perder própria vida. O livro é um admirável romance
de ficção, é verdade, mas que se reporta
a lugares e a situações, perfeitamente verosímeis, que têm ou tiveram a sua envolvência ou realidade física.
VERDADEIRO PERCURSO POÉTICO E HINO DE CORAGEM AOS
VALORES DA FAMÍLIA
O autor lança o repto na capa de “Vale das Sombras”:
"Será legítimo usar todos os meios ao seu
alcance para reclamar o que julga pertencer-lhe? Era capaz de lidar com a
sucessiva perda de quantos lhe são queridos e definem a sua vida?
Cada pessoa encara os problemas de forma diferente e enquanto uns estão dispostos a tudo para proteger a família, outros tudo fazem para honrar a memória da família. Uns protegem os vivos enquanto outros travam uma luta interior para manter a ilusão de trazer paz à memória dos que já partiram. Se ambos conseguem os seus intentos é uma questão de perspectiva de quem analisa a realidade utilizando argumentos concretos. Apesar de tudo, a honra ainda é um sentimento nobre, presente"
no centro da vida das pessoas
VALE DAS SOMBRAS - UM LIVRO QUE RETOMA ASPECTOS OBSCUROS DO HOLOCAUSTO NAZI
"O ouro nazista que foi parar nos cofres de Salazar"
"Entre 1939 e 1945, por conta dos custos com a guerra, os
recursos financeiros alemães começaram a esgotar-se rapidamente. Como a sua
moeda, o marco alemão, era rejeitada em quase todos os países mais importantes,
os alemães tiveram que recorrer ao ouro para pagar suas despesas monumentais.
Os nazistas não tiveram dúvidas e usaram as reservas roubadas dos povos
conquistados para sanar suas finanças. E não só ouro, mas todos os bens de
grande valor, como joias, porcelanas e outros objetos."
"Ouro roubado em
Portugal"
"Os
serviços secretos dos aliados calcularam que o montante de ouro recebido da
Alemanha pelos portugueses chegava, na época, ao valor de 144 milhões de
dólares*, dos quais boa parte era de ouro belga roubado pelos nazistas. Durante
a guerra foram entregues em Lisboa via Banco Nacional Suíço o equivalente a 127
toneladas de ouro fino (que na cotação atual daria algo em torno de 4,5 bilhões
de euros, quantia bem superior à suposta dívida de guerra alemã recentemente
lembrada pelos portugueses). Em 1944 os carregamentos cessaram e o banco
central português resolveu vender o ouro suspeito, encerrando a famosa “Conta
C” de onde provinha majoritariamente o ouro que Portugal recebia dos nazistas".
"A Organização Judaica para a
Devolução de Bens vem lutando há anos para reaver as cerca de 420 toneladas de
ouro de judeus que desapareceram dos bancos suíços durante a guerra. Grande
parte dele foi enviada pelos alemães para países que mantinham relações comerciais
com o Eixo, como Espanha, Turquia, Suécia e Portugal. A crise econômica que
atinge a Europa nos últimos anos pode acarretar também uma crise diplomática,
na medida em que antigas feridas são reabertas e dívidas históricas são
cobradas. O problema é que, como percebemos, às vezes quem acha que tem a
receber, pode acabar tendo que pagar." – Excerto de O ouro nazista
que foi parar nos cofres de Salazar
"Documentos
recém-revelados pelo Banco de Inglaterra mostram o envolvimento do banco
em ajudar os nazistas em vender ouro roubado na Tchecoslováquia depois que o
país foi invadido. Ao longo da história, o Banco da Inglaterra, insiste
que seu papel no caso foi "muito mal compreendido", conta o The
Telegraph. Banco da Inglaterra ajudou nazistas
A ROTA DO OURO PELOS NAZISTAS
"O historiador Pablo Martín
Aceña, director da comissão espanhola que investigou as compras de ouro nazi
pela Espanha, disse que a Península Ibérica recebeu estes carregamentos até
agosto de 1945, por Hendaya, Port Bou e Canfranc, mas não sabe em que
proporção.«Os serviços de inteligência dos aliados contabilizaram 135 saídas da
fronteira franco-suíça de Bellegarde para a Península Ibérica», aponta.
Estes comboios transportavam "um total de 300 toneladas ". Portugal comprou muito ouro que saiu da Bélgica e Holanda A Rota do Ouro Nazi - Canfranc -
Estes comboios transportavam "um total de 300 toneladas ". Portugal comprou muito ouro que saiu da Bélgica e Holanda A Rota do Ouro Nazi - Canfranc -
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