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sábado, 14 de junho de 2014

“Vale das Sombras” livro de A. J. Pires, do ouro roubado pelos nazis aos Judeus – Novidade na Feira do Livro de Lisboa, 2014 – Obra inspirada no Holocausto e usurpação hitleriana – Um policial (que envolve a Interpol) tendo como trama uma família judaica pobre que – para salvar a dignidade da família - vem a Portugal reclamar o que julga pertencer-lhe


Obra admirável, editada pela Calçada das Letras, que é ao mesmo tempo um sugestivo percurso poético e um extraordinário hino de coragem de pessoas simples – Milhares de toneladas de ouro dadas pelos nazis a Salazar,  jamais  devolvidas. – Cujo epílogo termina numa quinta próximo de Fátima – Numa aérea, em  cujo triângulo, na história contemporânea, se vêm cruzando e decifrando alguns dos mais intrincados mistérios



 Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista

 UMA DAS NOVIDADES LANÇADAS NA FEIRA DO LIVRO DE LISBOA 2014 - E QUE PROMETE DAR QUE FALAR

"O enorme sino chorava cada badalada, lá do alto da torre da igreja, naquela pequena localidade. A sua lamúria ecoava por todo o planalto. Cada som libertava o sentimento contido e prolongava-se até não ser mais do que uma lembrança. Repetia a sua perda, desta feita em duplicado mas provocando o mesmo efeito. O sino mais pequeno quis juntar o seu pesar e o seu som, mais agudo, fez lembrar a pequenez da raça humana. Aquele gemido penetrou no coração de todos os que assistiram à cerimónia fúnebre. Estavam presentes mais pessoas do que a igreja era capaz de conter no seu interior. Muitos ficaram à porta, em silêncio, em dor, em sinal de respeito. Quiseram estar uma última vez com a pessoa que não decidira partir de livre vontade" - In Vale das Sombras


Vale das Sombras é o nome do segundo livro A. J.Pires, pela "Calçada das Letras" -Foi lançado na feira do Livro de Lisboa -   

Na avalanche de edições, que ali são apresentadas - umas para relançamento e sessões de autógrafos, outras pela primeira vez - e ainda por não ser um dos nomes sonantes -,  dir-se-á que a sua apresentação, passou praticamente despercebida. 

Além disso, o seu autor, é uma pessoa simples, que não tem cordelinhos nos media, ainda jovem mas muito dado aos valores da sua família, que muito preza e ama,  que trabalhou num banco mas que também foi arrastado pela enxurrada dos despedimentos, sim,  embora estando certo do seu talento e dos  seus méritos literários, da profunda e aturada investigação que lhe levou a escrever o Vale das Sombras, sabe que não é fácil a missão, a que se propôs. Mas talvez por isso mesmo, mais aliciante é o desafio.

Estamos certos que, alertado  o público leitor para a importância da obra, é romance que vai mesmo dar muito que falar.-  E quase nos atrevemos a vaticinar, poder vir a ser tema de um grande filme - Pois não lhe falta enredo, matéria prima - e da melhor qualidade - para a produção de uma brilante série nas TVs ou a ser  levado à 7ª arte.



Um tema que não se esgota facilmente  – Por um lado, porque, o nazismo aniquilou e escamoteou; por outro, porque, também há forças que, movendo-se na sombra, ou procuram deturpar os factos históricos ou dificultam a sua divulgação – De recordar que George Clooney, apresentou, no Festival de Cinema de Berlim,2013, Os "Caçadores de Obras-Primas" ("The Monuments Men"), um suspense sobre a busca pelos americanos por obras de arte confiscadas pelos nazistas.

Na ocasião foi afirmado que, "Mais de 5 milhões de objetos culturais roubados por nazistas retornaram ao seu país de origem nos anos após a Segunda Guerra Mundial", declarou o diretor do festival, Dieter Kosslick, em comunicado. Filme de Clooney sobre roubo de arte por nazistas
 
Vale das Sombras, tal como próprio nome sugere,  revela o lado sombrio de um dos milhares de dramas familiares que ficaram por contar da usurpação dos bens pelos nazis aos judeus - Desde quadros de arte até simples relógios ou alianças  de ouro - E, muitos desses objetos, mais do que o seu valor material, tinham um valor afetivo e estimativo, incalculável  - No fundo, é a viagem que nos é narrada, por A.J. Pires, tendo como personagem principal  o membro de uma família de origem judaica, que,  vendo-se na pobreza, decide viajar  a  Portugal, arrostando com toda a sorte de obstáculos e de riscos - inclusivamente, o de perder  própria vida. O livro é um admirável romance de ficção, é verdade, mas que se reporta  a lugares e a situações, perfeitamente verosímeis,  que têm ou tiveram a sua envolvência  ou realidade física.

POR ISSO MESMO SALAZAR PÔDE ALIMENTAR A AGUERRA COLONIAL


Durante a guerra 39-45 - foram entregues em Lisboa via Banco Nacional Suíço o equivalente a 127 toneladas de ouro fino (que na cotação atual daria algo em torno de 4,5 bilhões de euros - Vale das Sombras, tal como próprio nome sugere,  revela o lado sombrio de um dos milhares de damas familiares que ficaram por contar com a usurpação dos bens pelos nazis aos judeus - Desde quadros de arte até simples relógios ou alianças  de ouro - E, muitos desses objetivos, mais do que o seu valor material, tinham um valor afetivo e estimativo, incalculável.

  No fundo, é o pano de funo da viagem que nos é narrada, por A.J. Pires, tendo como personagem principal  o membro de uma família de origem judaica, que,  vendo-se na pobreza, decide viajar  a  Portugal, arrostando com toda a sorte de obstáculos e de riscos - inclusivamente, o de perder  própria vida. O livro é um admirável romance de ficção, é verdade, mas que se reporta  a lugares e a situações, perfeitamente verosímeis,  que têm ou tiveram a sua envolvência  ou realidade física.

VERDADEIRO PERCURSO POÉTICO E HINO DE CORAGEM AOS VALORES DA FAMÍLIA

Tal como é dito na badana do livro: “Na verdade, há momentos no romance em que nem o básico está à disposição das personagens. É uma história mais genuína em que cada personagem dá mais de si próprio, há mais poesia na observação das situações e.a cima de tudo, há um jogo enorme entre as emoções de pessoas simples, privadas dos que amam e dos seus objetos pessoais mas com ambição de os atingir".

O autor lança o repto na capa de “Vale das Sombras”:

"Será legítimo usar todos os meios ao seu alcance para reclamar o que julga pertencer-lhe? Era capaz de lidar com a sucessiva perda de quantos lhe são queridos e definem a sua vida?

Cada pessoa encara os problemas de forma diferente e enquanto uns estão dispostos a tudo para proteger a família, outros tudo fazem para honrar a memória da família. Uns protegem os vivos enquanto outros travam uma luta interior para manter a ilusão de trazer paz à memória dos que já partiram. Se ambos conseguem os seus intentos é uma questão de perspectiva de quem analisa a realidade utilizando argumentos concretos. Apesar de tudo, a honra ainda é um sentimento nobre, presente"


 no centro da vida das pessoas
 VALE DAS SOMBRAS - UM LIVRO QUE RETOMA ASPECTOS OBSCUROS DO HOLOCAUSTO NAZI

"O ouro nazista que foi parar nos cofres de Salazar"

"Entre 1939 e 1945, por conta dos custos com a guerra, os recursos financeiros alemães começaram a esgotar-se rapidamente. Como a sua moeda, o marco alemão, era rejeitada em quase todos os países mais importantes, os alemães tiveram que recorrer ao ouro para pagar suas despesas monumentais. Os nazistas não tiveram dúvidas e usaram as reservas roubadas dos povos conquistados para sanar suas finanças. E não só ouro, mas todos os bens de grande valor, como joias, porcelanas e outros objetos."

"Ouro roubado em Portugal"
"Os serviços secretos dos aliados calcularam que o montante de ouro recebido da Alemanha pelos portugueses chegava, na época, ao valor de 144 milhões de dólares*, dos quais boa parte era de ouro belga roubado pelos nazistas. Durante a guerra foram entregues em Lisboa via Banco Nacional Suíço o equivalente a 127 toneladas de ouro fino (que na cotação atual daria algo em torno de 4,5 bilhões de euros, quantia bem superior à suposta dívida de guerra alemã recentemente lembrada pelos portugueses). Em 1944 os carregamentos cessaram e o banco central português resolveu vender o ouro suspeito, encerrando a famosa “Conta C” de onde provinha majoritariamente o ouro que Portugal recebia dos nazistas".



"A Organização Judaica para a Devolução de Bens vem lutando há anos para reaver as cerca de 420 toneladas de ouro de judeus que desapareceram dos bancos suíços durante a guerra. Grande parte dele foi enviada pelos alemães para países que mantinham relações comerciais com o Eixo, como Espanha, Turquia, Suécia e Portugal. A crise econômica que atinge a Europa nos últimos anos pode acarretar também uma crise diplomática, na medida em que antigas feridas são reabertas e dívidas históricas são cobradas. O problema é que, como percebemos, às vezes quem acha que tem a receber, pode acabar tendo que pagar." – Excerto de O ouro nazista que foi parar nos cofres de Salazar



"Documentos recém-revelados pelo Banco de Inglaterra mostram o envolvimento do banco em ajudar os nazistas em vender ouro roubado na Tchecoslováquia depois que o país foi invadido. Ao longo da história, o Banco da Inglaterra, insiste que seu papel no caso foi "muito mal compreendido", conta o The Telegraph. Banco da Inglaterra ajudou nazistas


 A ROTA DO OURO  PELOS NAZISTAS 

"O historiador Pablo Martín Aceña, director da comissão espanhola que investigou as compras de ouro nazi pela Espanha, disse que a Península Ibérica recebeu estes carregamentos até agosto de 1945, por Hendaya, Port Bou e Canfranc, mas não sabe em que proporção.«Os serviços de inteligência dos aliados contabilizaram 135 saídas da fronteira franco-suíça de Bellegarde para a Península Ibérica», aponta.

Estes comboios transportavam "um total de 300 toneladas ". Portugal comprou muito ouro que saiu da Bélgica e Holanda
A Rota do Ouro Nazi - Canfranc -


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