expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

domingo, 29 de junho de 2014

Hoje, os Bombeiros Voluntário de V.N. de Foz Côa, comemoram 80 anos de existência - Quase um século ao serviço da comunidade - Vidas que se sacrificaram e algumas que se perderam para defesa de outras vidas, sem olhar a esforços e a riscos -Exposição fotográfica recordará momentos marcantes - "Acudam que a casa do Sr. Manuel da Quinta e da Maria Perdida, está a arder!" - Veja do que me havia de lembrar



Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Contamos voltar a este assunto em próximo post -Pois, segundo se diz, desde há dois anos que os  nossos bombeiros se debatem com muitas dificuldades e falta de apoios - Bom era que se soubessem separar as águas das contendas   - Sim, que   não sirvam para se atearem ainda mais  as labaredas. Estaremos atentos ao que vai suceder quando começarem a soar as sirenes...





Os Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Foz Côa, estão de parabéns -  Comemoram hoje o seu octogésimo aniversário - Um dia especial, que vai ser assinalado, na igreja matriz,  com uma missa de sufrágio pelos Bombeiros e Dirigentes falecidos, além das tradicionais festividades, honras e homenagens, será inaugurada uma exposição fotográfica, no Salão Nobre do Corpo de Bombeiros, com mais de 300 registos fotográficos dos momentos marcantes da vida do Corpo de Bombeiros e dos seus protagonistas - Pormenores mais à frente


Vêm aí os grandes incêndios e também as grandes festas de Verão - De Norte a Sul dos País - Devido às intensas chuvas caídas, extensas áreas ardidas, já se tornaram também em zonas de mato e de alto risco Certamente que vamos ter um ano ainda pior que o de 2013




Só 51 incêndios consumiram mais de 60% do total queimado desde o início do ano até 30 de Setembro, revela último relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.


Desde o início do ano até 30 de Setembro (2013) os incêndios florestais destruíram quase 135 mil hectares, a maior área ardida dos últimos oito anos, indica o mais recente relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Fogos florestais com a maior área ardida dos últimos oito anos

 Paradoxalmente, há milhares de euros prá música - faduncho e música pimba -  porém, mais das vezes, faltam os apoios necessários aos que vão apagar até os próprios incêndios causados pelos foguetes dessas mesmas festanças


"Mais apoio de combate , e mais condições para todos os Bombeiros de Portugal

Para: Ex.mo Senhor Presidente da Assembleia da República"


26/10/2013 - "Crio esta petição para obter do governo mais apoios para os nossos bombeiros para que não aconteça o que aconteceu neste ano 2013, 8 vitimas mortais por falta de apoios, não esquecer que a maioria dos bombeiros são e serão sempre voluntários e por isso merecem mais respeito e receber todos os apoios necessários custem o que custarem pois é um serviço publico 24h por dia, não é só nos 3 meses de altura de fogos que eles são precisos mas sim durante o ano todo, e sem pedir nada em troca"  -  Ler mais em Mais apoio de combate , e mais condições para todos os bombeiros
 

 80º ANIVERSÁRIO DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE V. N. DE FOZ CÔA -Com alegria mas com alguma palidez  - Sobra  dedicação mas escasseiam ajudas



 
A data da efeméride, ocorereu  no passado dia 22, todavia, as comemorações foram transferidas para o último domingo do mês. -  Os tempos vão difíceis, não tanto para os grandes capitalistas, pois, o mal de uns serve sempre de proveito a outros - E, aos bombeiros, o que lhe sobra em dedicação e espírito de voluntariedade, escasseia-lhe nas ajudas materiais. Pois, com  as receitas a diminuir para cerca de metade e alguns custos a crescer, só com muito esforço dos dirigentes, comando e a generalidade dos bombeiros, tem sido possível dar a devida resposta à população"  - Palavras ditas, há dois anos, por  António Pimentel Lourenço, Presidente desta Associação, cujo rosário de dificuldades, pelos vistos, em nada se alterou. 

Assim sendo, não é de estranhar - tal  como é referido no site desta Associação Humanitária -  que  "os operacionais, de forma modesta e comedida imposta pelas dificuldades orçamentais, vão celebrar de forma pálida um aniversário que, apesar de ser mais um aniversário, não deixa de ser uma data imponente e que merece o devido reconhecimento e respeito de toda a comunidade".





PARABÉNS À CORAGEM E À ABNEGAÇÃO




Os nossos sinceros parabéns pelos vossos 80 anos ao serviço do nosso concelho - mas não só.

Quase um século de esforço e de dedicação, em defesa da comunidade, pondo em risco as vossas vidas, dando o melhor da vossa generosidade, abnegação e do  vosso sacrifício, acorrendo sempre à chamada, no momento mais crítico ou difícil, sem olhar a quem  - Sim, os votos sinceros de que que o grito da cirene  dos Bombeiros Voluntários de V. Nova de Foz Côa, se perpetue, não com o desejo que seja muitas vezes ouvido, porque ele é sempre o grito aflito que socorre, mas a que nunca falte o apoio indispensável para poder corresponder à  chamada urgente, de quem precisa.

JÁ LÁ VAI O TEMPO DE ACUDIR AO SINISTRO COM O REGADOR E O  CALDEIRO PELA MÃO OU O CÂNTARO À CABEÇA...

O mau é que, não havendo também combustível para transportar a água e acudir aos sinistros - e essa situação não é inédita - não é difícil conhecerem-se dramas piores.

 Quando eu nasci, já Vila Nova de Foz Côa tinha o seu Corpo Voluntário – modestamente equipado e, praticamente, para socorro da própria vila. Nas aldeias, com as vias de acesso, ainda do tipo de calçada romana ou ainda pior, não chegava lá a carripana dos bombeiros, nem as suas maquinetas com as suas bombas manuais.

Sim, já  lá vai o tempo em que, em vez do grito da cirene, se ouvia o repicar dos sinos, chamando homens, mulheres e crianças, trazendo pela mão ou à cabeça, cântaros ou caldeiros de água para apagarem o incêndio - Ainda conheci esse tempo na minha aldeia. E a primeira experiência, que me ocorre,  foi justamente na minha própria casa: teria aí uns quatro   anitos: era Inverno. Meu irmão, de seis anos, com a inconsciência própria da sua tenra idade, decidira fazer uma fogueira no nosso palhal, que ficava por baixo do 1º piso da casa - Em cima, no berço, estava o meu irmão mais novo. 

Os meus pais haviam-se ausentado para a lavoura. Nisto, ao ver que as chamas começavam a alastrar fui chamar uma vizinha, dizendo-lhe que o  "José fez uma fogueira grande" na loja. A vizinha, vindo à rua e vendo já o fumo que invadia o quinteiro, de imediato grita: "Acudam que a casa do Sr. Manuel da Quinta e da Maria Perdida, está a arder!" - Mesmo antes de repicarem os sinos, já outros vizinhos acorrem com a água que tinham disponível nos seus lares. E,  o grave, é que, por esse tempo, ainda não havia água canalizada - Era transportada dos poços em aguadeiras ou, pelas mulheres, de cântaros à cabeça. Felizmente, esses dias já lá vão, mesmo assim ainda muito vivos na minha memória. E, também, de algum modo, esse espírito de solidariedade e de entreajuda, já não é o mesmo  - Pois é frequente - no período mais ativo dos incêndios que lavram pelo país  - verem-se mais pessoas a olharem o "espetáculo" destruidor de que ajudarem no combate e na  sua extinção.

Fotos do 78º aniversário -


80 anos ao serviço da Humanidade – Por Manuel Daniel

Com a devida vénia, tomámos a liberdade de aqui transcrever de seguida,  um artigo de  autoria de Manuel Daniel, publicado na última edição de “OFOZCOENSE  - Parte do qual  de uma palestra  por ele proferida nas  “Jornadas de Solidariedade”, em 1994 – Editada no livro “Foz Côa Solidária
"Um pouco da história dos nossos Bombeiros  recordada nas Jornadas de Solidariedade, quando completaram 60 anos (em 1994)


Os nossos bombeiros “nasceram”  em 22 de Junho de 1934


Até aí não havia bombeiros? Pois não. O povo acudia impulsiva e improvisadamente, chamado pelos sinos a rebate, para actuar, depois, de forma desorganizada, com prejuízo para os sinistrados. 


Havia, desde há muito, em Foz Côa, o sonho de ter bombeiros, à semelhança do que sucedia em muitas terras. 


E esse era, de facto, outro sonho que vinha de longe. O Cónego José Marrana, através do jornal "Notícias de Foz Côa" que se publicava nesta terra entre os anos 20 e 30, foi animando a sua possível criação. Mas todas as tentativas ficavam pelo caminho. A terra não estaria suficientemente adubada para receber tão excelente semente. 


É certo que já havia uma bomba, maltratada, que andava por aí aos baldões do rapazio. Ninguém cuidava dela e foi preciso repará-la. Nas horas dos incêndios, como S. Bárbara, é que se lembravam da sua utilidade e se falava da falta dos bombeiros .. 


Nº Srª da Veiga está no momento da sua criação

 
Só na festa de Nossa Senhora da Veiga, em Setembro de 1933, é que a ideia de se criar uma Associação Humanitária, com o respectivo Corpo de Bombeiros, começou a criar corpo. Juntaram-se alguns homens de boa vontade. A dar ânimo à iniciativa lá estavam José Joaquim de Almeida Pinheiro e Júlio António Lopes. Em Novembro havia já inscrições para o primeiro Corpo Activo. Em Janeiro de 1934, no dia 14, saíram à rua, pela primeira vez, já fardados, para simular um ataque a um incêndio, suposto na Câmara Municipal. Feitos os estatutos, organizados os seus corpos sociais, com José Augusto Pinto à frente da Direcção, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Foz Côa nasceu finalmente no dia 22 de Junho de 1934, ( ... ). 


Nos tempos da II Guerra Mundial


A partir daí, os Bombeiros de Foz Côa e os seus problemas andaram juntos por vários anos. Não se conheciam uns sem os outros. Os homens que dão "vida por vida", à medida em que melhoravam os seus serviços, viam multiplicadas as suas dificuldades. As guerras de 1936-1939 (em Espanha) e de 1939-1945 (na Europa) marcaram indelevelmente a sua história, mal conseguindo sobreviver. Foi necessário, inclusivamente, nomear comissões administrativas. 


Grandes homens foram aparecendo, entretanto. Dr. Amílcar de Sousa Donas Botto, Dr. José Augusto Saraiva de Aguilar, Dr. António Augusto Correia Farinhotc, Moisés Martins, Herculano Pais, Cipriano Saraiva, Adão Mário Salgado, José Joaquim Torres Teles, Manuel José Pires, Loisik José Candoso, Amílcar Chéu, Jorge Coelho, Mário José Salgado, José Augusto dos Santos, e para encurtar uma lista que seria extensa, o nome inesquecível do antigo Presidente da Câmara fozcoense, Dr. Manuel Gonçalves dos Santos. 


Fazia falta um quartel condigno


Era preciso construir um Quartel, no lugar onde funcionara a antiga Central Eléctrica:Enquanto o não havia, os Bombeiros ocuparam precariamente o Clube Fozcoense, que deixara de ter actividade. As obras, entregues ao empreiteiro Abílio Araújo Soares, foram andando com as dificuldades financeiras típicas destes empreendimentos. Os próprios Paços do Concelho iniciaram um processo de remodelação. E foi no edifício do Quartel, então em vias, de acabamento, que a Câmara se instalou, antecipando a sua utilização pelos Bombeiros. 


E é curioso que foi aqui, neste salão nobre, ainda inacabado, e no gabinete da Direcção, que se fizeram reuniões que conduziram à criação do Apoio Domiciliário a Idosos, quando o Lar ainda era um sonho, o Hospital estava em obras e a Misericórdia não tinha um lugar próprio para as suas reuniões.


O sonho do Quartel levou 40 anos para se construir


A inauguração do Quartel fez-se, mais tarde, em 1982, num dia em que Nossa Senhora da Veiga era trazida para a Vila. Um dia grande para os Bombeiros e, sobretudo para um elenco de homens de Foz Côa, que se agarrou de alma e coração a esta benemérita Associação, mantendo-a em pleno até aos nossos dias. 


Não pode nem deve ficar sem o devido_ relevo o nome de António Ferreira Sebadelhe, no seu posto de Presidente da Direcção desde 3 de Fevereiro de 1979 (já lá vão 14 anos), ao lado de Mário Raúl Ferreira, Fernando Anacleto Veríssimo, Amílcar Fernandes Chéu, António Eurico Flor Guerra, José Silvério Maximino de Almeida, José dos Santos Pires, e outros, não podendo deixar de lembrar também os nomes de Dr. Jorge Caldeira, Tenente Coronel José Clementino Pais, José Ilídio Antão, António Fernando Mimoso, Adriano Manso, Alberto Coelho, Elói Ernesto Manso, António Lourenço e outros mais recentemente chegados. 


Tem sido enorme o esforço desenvolvido por este punhado de homens dedicados à sua terra e à solidariedade.


Todos temos o dever de ajudar


Agora (estávamos em 1994) já sabemos: o Quartel-sede já não chega para as viaturas, amanhã vamos inaugurar uma nova garagem, temos várias necessidades de melhoria de serviços, está aí a barragem com a mais extensa albufeira do País, estamos longe dos principais hospitais distritais e as ambulâncias não chegam para as encomendas ... Os Bombeiros são chamados para tudo o que é necessidade ... 


O seu rosário é, infelizmente, uma oração que só com insistência os santos escutam. 


Manuel Daniel  (Excertos de uma palestra  proferida nas  “Jornadas de Solidariedade”, em 1994 – no livro “Foz Côa Solidária”


Parabéns Bombeiros de Foz Côa


A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Foz Côa viu os seus primeiros Estatutos aprovados oficialmente em 22 de Junho de 1924, completando-se precisamente 80 anos no dia 22 do corrente mês.


São 80 anos passados nesta cidade e concelho, ao Serviço da Humanidade, fazendo o Bem sem perguntar primeiro a Quem, numa oferta plena da sua capacidade e com o melhor espírito de bem servir.




Como todas as coisas humanas, tem havido altos e baixos na sua história, mas, em cada um dos seus elementos, e na Associação em especial, sempre o seu Ideal tem estado na primeiríssima linha da escala de valores, dando resposta pronta e eficaz nos acontecimentos mais inesperados da nossa vida.


Ao completarem 80 anos de actividade em favor do seu semelhante, que não faltem aos nossos Soldados da Paz uma palavra amiga, de reconhecimento e apreço pelo seu altruísmo e constante generosidade.

"O Fozcoense" associa-se à efeméride, recordando alguns pontos da sua história e homenageando a generosa acção dos Bombeiros com um emocionante poema do ilustre poeta fozcoense, Prof. Hamilton Tavares, que ele mesmo declamou nas "Jornadas de Solidariedade" levadas a efeito em 1994. nas festas do 60º aniversário. 


Obrigado, Homens e Mulheres, com ou sem farda, de ontem e de hoje! Sinceros Parabéns! - Dr. Manuel Daniel





Nenhum comentário: