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segunda-feira, 30 de junho de 2014

"Hoje comecei a Morrer" -Diz o poeta Henrique Tigo, o autor de "Estranha forma de poesia", título do mais recente livro do poeta, pintor e escritor, que vai ser lançado, pelas 18.30 de hoje, no Centro Cultural Malaposta, em Olival Basto


(imagem do lançamento de "Hoje Comecei a Morrer" - que o autor gentilmente nos enviou.)

Henrique Tigo está em franca e profícua produção literária - Dois meses depois do lançamento da peça de teatro "Portas de Abril" - a que me referi neste site - , apresentado no  passado dia 24 de Abril, ei-lo de novo agora numa brilhante senda poética. 

Estranha forma de poesia, é o título da mais recente  obra do poeta, pintor e dramaturgo, Henrique Tigo Mourato, que vai ser  lançado, hoje, pelas 18.30 no Centro Cultural Malaposta, com a participação especial do músico e compositor, Carlos Alberto Moniz, dos atores e escritores, Guilherme Leite e José Fanha, bem assim da presença de Mário Máximo, poeta e diretor do Centro Cultural de Malaposta, na Rua de Angola, Olival  Basto

“Diz Henrique Tigo, no convite que dirigiu aos amigos e à imprensa: Neste livro estão poemas de uma criança, que começou a olhar o mundo, de um adolescente que começou a olhar para a sombra, e de um adulto, que tem preocupações, aspirações e que querer deixar uma marca, da sua passagem neste mundo.

São mais de vinte e cinco anos de poesia, são vinte e cinco anos da minha vida!” 

Não me considero um poeta, por isso ter batizado este livro como “Estranha forma de Poesia”, pois nestes poemas, estão os temas e as personagens que povoam o meu imaginário

HENRIQUE TIGO -  PINTOR E POETA DA MAIS PURA ÁGUA

Ainda não tive o prazer de ler o livro, porém, o Henrique, meu amigo de longa data, filho de outro grande amigo, do mestre  H.MOURATO, teve a gentileza de me enviar um dos seus belos poemas, que vou ter  o prazer de aqui editar em primeira mão. 

Confesso que, o que li, não constituiu, propriamente, uma surpresa, ja que foi muito para além do limiar dessa fronteira: a confirmação de que, o poeta e o pintor, Henrique Tigo, moram juntos na mesma pessoa – São indissociáveis – E quem é um bom pintor – e ele já deu provas extraordinárias dessa faceta -  também pode ser um bom poeta, ou vice-versa. 

Aliás, e o que é a pintura se não uma maneira singular de dar corpo, forma ou cores aos sentimentos, aos arrebatamentos, incontroláveis, da inspiração ou da imaginação?... – Sim, não me resta a menor dúvida, que, embora ele diga, “não me considero um poeta", estamos em presença de um POETA, com letras maiúsculas  - Ou, como diz Fernando Pessoa,  não fosse “o poeta um fingidor” que “Finge tão completamente/Que chega a fingir que é dor/A dor que deveras sente.”  -Para logo lançar o aviso ou o alerta de que: “E os que lêem o que escreve, /Na dor lida sentem bem,/Não as duas que ele teve, /Mas só a que eles não têm!"

 Ora, estou certo que é justamente esse estranho repto ou apelo lançado por Henrique Tigo, ao amigos e desconhecidos, que, à cautela, o terá levado a batizar esta sua primeira incursão poética “Por estranha forma de poesia” 

– De resto, "Estranha forma de vida ou estranha forma de poesia", são expressões recorrentes dos grande génios –  Assim o escreveu e cantou Amália Rodrigues – E, afinal, também não foi o título dado pela atribulada vida de Florbela Espanca, a genial poeta  que morreu com apenas 36 anos, “de uma doença que ninguém entendeu” - Sim, e depois quem é que, verdadeiramente, é capaz de entender o que um poeta escreveu?!...  Até ele próprio - Já que, quando o poeta escreve um belo poema, o seu estado de alma, transcende-o, vai além do patamar dos sentir de um estado normal - E, ao descer das alturas, é perfeitamente natural que nem ele mesmo, já compreenda o que acabou de escrever. 

 
ESTRANHA MULTIPLICIDADE DE SER POETA   - OU DESEJAR MORRER

O poeta da Mensagem, divagou ou teve como o escape os famosos heterónimos. António Ramos Rosa, conquanto não se notabilizasse como desenhador de rostos, mas no campo da poesia, fazia deles uma outra forma de expressão artística. E fez centenas deles ao longo da sua vida. Pessoalmente, tive o prazer de assistir ao instante da criação de alguns desses desenhos - Um dos quais - entre outros que mo ofereceu - concedendo-me a honra do mo dedicar.

Daí a certeza de que, os bons poetas, forçosamente têm de ser múltiplos ou triplos nas várias formas de expressar  a  sua sensibilidade, sobre as suas    múltividências  e o mundo que o rodeia. 

Os dotes do pintor, Henrique Tigo,  já eu lhos conhecia, desde há uns anos – aliás, quem sai aos seus não degenera e, pelos vistos,   ele tem mesmo a quem sair – Pois creio que nas suas veias corre o mesmo talento de seu pai, H. Morato,  a fonte inspiradora do nativo de Santiago de Cacém, onde veio ao mundo em 10 de Maio de 1947, para se projetar na pintura, escultura, como desenhador e gravador, justamente considerado “um grande artista, versátil, multifacetado, original, criativo e enérgico”  - e também bem humorado – No fundo, poder-se-á dizer que é este  também o caminho inspirador que trilha o  amado filho, Henrique Tigo.














Claro que temos os poetas intelectuais, que escrevem versos, não por via do seu talento e da sua verbe inspiradora, mas porque leram muito e são capazes de versejar.  Pois, não sendo a poesia sentida, como é possível que outros a sintam?!... 

- Esta a  diferença que distingue os poetas dos versejadores - Henrique Tigo é um poeta   -  não mais um dos muitos que vêm para aí armados com livros de pretensa poesia, desprovida de sentimento e oca de vida sofrida ou intensamente vivida. E, sendo ele um grande poeta, compreende-se que, tal como Mário Sá Carneiro, deseje que a sua morte  - quando um dia ocorrer - não seja motivo de lágrimas ou um corpo  de carpideiras profissionais, mas mais um episódio de vida, transitório de alegria e de festa! - Daí que já tenha lançado o aviso, aos que vierem assistir a essa partida.

Ele chame-lhe testamento Maçom - "o poema sobre a morte, é o meu testamento Maçónico!" - revelou-nos num dos e-mails, depois de me  enviar o poema e me ter pedido a minha opinião. "Como sabes sou maçom assumido e um dos nossos " trabalhos" era fazer o nosso testamento Maçónico e desta forma eu fiz o meu em forma de um poema e acho que foi muito feliz!" - Ainda bem. Não há como, em vida, encarar frontalmente a morte e ser Feliz. 

Hoje comecei a morrer

Mas quando eu morrer...
Que seja sem aviso,
Que seja breve e bem longe de olhares “indiscretos”…
Não quero saber quanto tempo que me resta.
Um, Dois, Três meses para viver á pressa???
Não!!!
Que seja breve!
Não quero ter tempo para despedidas,
Telefonemas sucessivos…
No dia que eu partir!
Quero ir de óculos para ver o
Oriente eterno.
Com o meu Avental,
um maço de tabaco
e o meu Isqueiro do Elvis…

Quero que no meu velório,
haja alegria e anedotas…
No meu caixão um esquadro e compasso,
em cima de uma paleta de pintor.
A hora marcada uma cadeia de união…
Não quero choros a destruir o barulho do Silêncio.
Não quero flores… deixam-me deprimido!!!
Quero ouvir os talheres á mesa,
naquele ágape de despedida
com os canhões bem carregados de pólvora!!!
Que todos pensem o quanto insignificante.
Que o tudo se torna em nada.
Quando o caixão descer que,
Ninguém chore!!! que esteja toda a Gente de Pé,
Que atirem uma pedra, ao caixão
pelo mal que eu vós possa ter feito…
Que os meus metais sejam oferecidos,
à quem realmente gostava de mim…
Passado um ano que façam uma exposição,
e nela ofereçam as minhas obras a quem as quiser,
Sabendo que um pouco de mim está nelas…
Só quero que de vez em quando se lembrem
Que um dia Passei pelas vossas vidas…




BRINCAR  COM A MORTE - POR SIMPLES GOSTO DE A POETIZAR?!..

Naturalmente que, mesmo tratando-se de um testamento órfico, ele traz água no bico - Nada se diz por acaso -  Tigo mandou-me o poema e pediu-me a opinião 
- Eis um excerto do que lhe disse:


Olá Henrique, mas que pessimismo é esse?

Sim, gosto do teu poema – Ao menos falas da morte de uma maneira aliviada, não transportas o peso da mágoa para quem cá ficar  - Obviamente, que não és o primeiro a poetizar a morte – Os poetas são por natureza obcecados pelas questões existenciais – do " quando eu morrer" - Só que tu não relegas o morrer para o futuro, assumes mesmo por inteiro e sem meias palavras que "hoje comecei a morrer" - Mas porquê?!...



 Escrever  “hoje comecei a morrer”, julgo que não  é o mesmo que dizer  que se quer morrer. Pois, na verdade, sobretudo depois de se atingir uma certa idade (não é o teu caso, ainda és muito jovem) cada dia que passa é sempre um dia a menos no calendário de uma vida.  

Há quem, logo pouco tempo depois  do nascimento, mercê de uma enfermidade incurável, comece a morrer. A aproximação desse desfecho, pode ocorrer em qualquer altura. Não escolhe ricos nem pobres, nem idades. Para suavizar a sua chegada, há, pelo menos, que a saber poetizar – Sim, se é por esta razão, acho o poema brincalhão e bonito. 



Mas, ao mesmo tempo, deixas-me intrigado, levas-me a questionar a razão de pegares desse modo a morte pelos cornos. Não, não, essa tua ironia brincalhona traz água no bico…Se os sem abrigo que andam aí na rua aguentam por que é que nós não aguentamos?" 

Pois é a tal coisa!  É muito fácil dizer estas banalidades ou barbaridades pela boca de um banqueiro, a quem não faltam milhões ou que  nunca teve necessidade de comer o pão que diabo amassou.  Sei que tens tido lutas tremendas para arranjares emprego  -  Claro que, por motivos de desespero, não serias o primeiro a avisar os amigos, de que hoje comecei  a morrer – Outros nem sequer se dão ao cuidado de lançar esse aviso – Fazem-no no mais absoluto silêncio. E milhares têm sido - Sim, sobra-lhe dignidade mas falta-lhes o essencial, os meios mínimos e indispensáveis para resistir ou subsistir – Por isso, ou vão roubar ou se matam – Não tendo a frieza bastante para roubar, claro, escusado será dizer porque sucumbem – Infelizmente, num  Portugal vendido aos estrangeiro, esse tem sido o desfecho de muitas vidas.

Bom, não quero atrever-me a que me passe  pela cabeça que seja o desespero  a razão que te fez escrever esse poema – De outro modo, ou não o fazias ou tê-lo-ias feito, vociferando com tudo e com todos – E não é isso que ali transmites aos teus amigos.


No fundo,  creio que é mesmo com o intuito de que a tua poesia vá além do tempo efémero, da passagem fugaz da vida – E qual o poeta que não aspira a que sua musa seja eterna?!... Pois, na verdade, o que mais seduz o leitor dos grandes poetas, não é o legado do seu otimismo mas  o fingimento da dor que deveras  sente. E saber transmitir este sentimento, também exige arte poética. E só o sabem fazer – mesmo a fingir – aqueles que verdadeiramente sentem a dor, vivem intensamente o sofrimento.

A poesia, tal como deve ser entendida e não a forma poética, brota dos grandes momentos comoção: dramática ou eufórica. Sim, gosto do poema é um poema para se ler em qualquer momento – Interroga, divaga e diverte. Não teme a morte – E, de um modo geral, toda a agente a receia. Ou, pelo menos, sabe que esse é o destino último de todos os mortais. Sim, falar da morte é um tema recorrente dos poetas. A morte só está no pensamento dos que pensam. Os animais presentem a aproximação da morte, o perigo iminente, o fogo assusta-os e fá-lo fugir . Um simples fósforo aceso numa noite escura é o bastante para afugentar um leão ou o animal felino mais temível da floresta – Mas, para o ser humano, o fogo tem um duplo sentido: tanto pode significar destruição como um estado caloroso, de euforia, sublimidade e vida! -  E até significar amor ardente  - "Amor é fogo que arde sem se ver", mas, para os irracionais, o fogo é morte, é mesmo fogo a valer. 



(...) Meu Caro Henrique,  não vou a pensar que já começaste a morrer ou que queiras morrer, pelo contrário,  esse teu belo poema não me traz a imagem da morte mas um imenso desejo de viver, de continuares a escrever bonitos poemas em que até a morte – quando um dia chegar – não seja tomada a sério mas levada a brincar.

Um grande abraço e venha daí essa estranha forma de fazer poesia.
Jorge Trabulo Marques

No dia 9 de Junho de 2014 às 00:28,


"A minha Infância foi assim:


Sinto saudades que quase tudo o que vivi na minha infância… Tenho saudades do Bairro Alto, saudades de andar em cima das árvores no Jardim Príncipe Real, do Conservatório Nacional, dos sons dos “artistas” da musica e do grito: - Acção!!.

Tenho saudades, da Dona Laurinda, daquela bata branca e dos seus gritos que se ouviam no Hospital São Luiz.
Saudades das bolas de Berlim que perfumavam a minha mala da escola primária, do cheiro a café e dos cariocas de Limão da Brasileira do Chiado e das conversas dos “Adultos” no Coche Real. Das cores das exposições e dos “croquetes” das Galerias.
Tenho saudades quando revejo os retratos do meu passado, quando olho para as cicatrizes que me ficaram de andar na escola e de andar de bicicleta… Sinto saudades do cheiro das castanhas assadas no Outono e dos Churros da “Costa” no Verão, e das montras de Natal nos Armazéns Grandella, no Inverno.
Sinto tantas saudades dos amigos que cresceram e nunca mais os vi, e daquelas corridas de carrinhos nos passeios da Rua dos Mouros. 
Sinta daquelas pessoas por quem nunca mais me cruzei… e do cheiro das tintas da tipografia do meu Pai! Do que eu sinto mesmo, mesmo saudades é daqueles que partiram e eu nunca me pode despedir…
Dessas vivências de criança o que mais tenho saudades são dos meus Avós, do cheiro da Sopa de feijão da minha Avó, do jogo de cartas e dominó do meu Avô…
Assim tenho saudades das coisas que vivi mas principalmente daquelas que deixei passar sem tirar o seu melhor proveito, mas mesmo assim, posso afirmar que tive uma infância cheia e rica de pessoas, cores, formas, cheiros e não trocava a minha infância por nenhuma. - In O Mundo Visto por HENRIQUE TIGO: 03/01/2012 



 HENRIQUE TIGO

Henrique Tigo, nasceu em Lisboa, decada de 70, Comendador da Ordem de São Miguel de Ala. Pedreiro-livre. É Licenciado em Geografia e Desenvolvimento Regional pela Universidade Lusófona. Tem ainda os cursos: de Gravura, da Cooperativa de Gravadores Portugueses e de Xilogravura, da Universidade Lusófona. Tem publicado vários artigos e ensaios ligados a Geografia e não só em variados jornais. Autor dos Livros; Analise Demográfica do Concelho de Góis, em 2007 (edição da ADIBER), Um pequeno retrato de Colmeias 2008 (Edição do Noticias de Colmeias). Autor da tese “O papel das ONG’s na educação para o Desenvolvimento”, Autor da peça de teatro “As Portas de Abril”, Edição Calçada das Letras 2014; "Estranha forma de Poesia" Edição Ideia Fixe 2014. Escreveu ainda vários prefácios. Participou nos livros: Introdução ao Pensamento do Prof. Agostinho da Silva; Aspectos das Artes plásticas III; Arte 98; In Memoriam de Agostinho da Silva,entre outros. Além de Geógrafo é Pintor, Escultor, Gravador e Poeta.

domingo, 29 de junho de 2014

Hoje, os Bombeiros Voluntário de V.N. de Foz Côa, comemoram 80 anos de existência - Quase um século ao serviço da comunidade - Vidas que se sacrificaram e algumas que se perderam para defesa de outras vidas, sem olhar a esforços e a riscos -Exposição fotográfica recordará momentos marcantes - "Acudam que a casa do Sr. Manuel da Quinta e da Maria Perdida, está a arder!" - Veja do que me havia de lembrar



Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Contamos voltar a este assunto em próximo post -Pois, segundo se diz, desde há dois anos que os  nossos bombeiros se debatem com muitas dificuldades e falta de apoios - Bom era que se soubessem separar as águas das contendas   - Sim, que   não sirvam para se atearem ainda mais  as labaredas. Estaremos atentos ao que vai suceder quando começarem a soar as sirenes...





Os Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Foz Côa, estão de parabéns -  Comemoram hoje o seu octogésimo aniversário - Um dia especial, que vai ser assinalado, na igreja matriz,  com uma missa de sufrágio pelos Bombeiros e Dirigentes falecidos, além das tradicionais festividades, honras e homenagens, será inaugurada uma exposição fotográfica, no Salão Nobre do Corpo de Bombeiros, com mais de 300 registos fotográficos dos momentos marcantes da vida do Corpo de Bombeiros e dos seus protagonistas - Pormenores mais à frente


Vêm aí os grandes incêndios e também as grandes festas de Verão - De Norte a Sul dos País - Devido às intensas chuvas caídas, extensas áreas ardidas, já se tornaram também em zonas de mato e de alto risco Certamente que vamos ter um ano ainda pior que o de 2013




Só 51 incêndios consumiram mais de 60% do total queimado desde o início do ano até 30 de Setembro, revela último relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.


Desde o início do ano até 30 de Setembro (2013) os incêndios florestais destruíram quase 135 mil hectares, a maior área ardida dos últimos oito anos, indica o mais recente relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Fogos florestais com a maior área ardida dos últimos oito anos

 Paradoxalmente, há milhares de euros prá música - faduncho e música pimba -  porém, mais das vezes, faltam os apoios necessários aos que vão apagar até os próprios incêndios causados pelos foguetes dessas mesmas festanças


"Mais apoio de combate , e mais condições para todos os Bombeiros de Portugal

Para: Ex.mo Senhor Presidente da Assembleia da República"


26/10/2013 - "Crio esta petição para obter do governo mais apoios para os nossos bombeiros para que não aconteça o que aconteceu neste ano 2013, 8 vitimas mortais por falta de apoios, não esquecer que a maioria dos bombeiros são e serão sempre voluntários e por isso merecem mais respeito e receber todos os apoios necessários custem o que custarem pois é um serviço publico 24h por dia, não é só nos 3 meses de altura de fogos que eles são precisos mas sim durante o ano todo, e sem pedir nada em troca"  -  Ler mais em Mais apoio de combate , e mais condições para todos os bombeiros
 

 80º ANIVERSÁRIO DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE V. N. DE FOZ CÔA -Com alegria mas com alguma palidez  - Sobra  dedicação mas escasseiam ajudas



 
A data da efeméride, ocorereu  no passado dia 22, todavia, as comemorações foram transferidas para o último domingo do mês. -  Os tempos vão difíceis, não tanto para os grandes capitalistas, pois, o mal de uns serve sempre de proveito a outros - E, aos bombeiros, o que lhe sobra em dedicação e espírito de voluntariedade, escasseia-lhe nas ajudas materiais. Pois, com  as receitas a diminuir para cerca de metade e alguns custos a crescer, só com muito esforço dos dirigentes, comando e a generalidade dos bombeiros, tem sido possível dar a devida resposta à população"  - Palavras ditas, há dois anos, por  António Pimentel Lourenço, Presidente desta Associação, cujo rosário de dificuldades, pelos vistos, em nada se alterou. 

Assim sendo, não é de estranhar - tal  como é referido no site desta Associação Humanitária -  que  "os operacionais, de forma modesta e comedida imposta pelas dificuldades orçamentais, vão celebrar de forma pálida um aniversário que, apesar de ser mais um aniversário, não deixa de ser uma data imponente e que merece o devido reconhecimento e respeito de toda a comunidade".





PARABÉNS À CORAGEM E À ABNEGAÇÃO




Os nossos sinceros parabéns pelos vossos 80 anos ao serviço do nosso concelho - mas não só.

Quase um século de esforço e de dedicação, em defesa da comunidade, pondo em risco as vossas vidas, dando o melhor da vossa generosidade, abnegação e do  vosso sacrifício, acorrendo sempre à chamada, no momento mais crítico ou difícil, sem olhar a quem  - Sim, os votos sinceros de que que o grito da cirene  dos Bombeiros Voluntários de V. Nova de Foz Côa, se perpetue, não com o desejo que seja muitas vezes ouvido, porque ele é sempre o grito aflito que socorre, mas a que nunca falte o apoio indispensável para poder corresponder à  chamada urgente, de quem precisa.

JÁ LÁ VAI O TEMPO DE ACUDIR AO SINISTRO COM O REGADOR E O  CALDEIRO PELA MÃO OU O CÂNTARO À CABEÇA...

O mau é que, não havendo também combustível para transportar a água e acudir aos sinistros - e essa situação não é inédita - não é difícil conhecerem-se dramas piores.

 Quando eu nasci, já Vila Nova de Foz Côa tinha o seu Corpo Voluntário – modestamente equipado e, praticamente, para socorro da própria vila. Nas aldeias, com as vias de acesso, ainda do tipo de calçada romana ou ainda pior, não chegava lá a carripana dos bombeiros, nem as suas maquinetas com as suas bombas manuais.

Sim, já  lá vai o tempo em que, em vez do grito da cirene, se ouvia o repicar dos sinos, chamando homens, mulheres e crianças, trazendo pela mão ou à cabeça, cântaros ou caldeiros de água para apagarem o incêndio - Ainda conheci esse tempo na minha aldeia. E a primeira experiência, que me ocorre,  foi justamente na minha própria casa: teria aí uns quatro   anitos: era Inverno. Meu irmão, de seis anos, com a inconsciência própria da sua tenra idade, decidira fazer uma fogueira no nosso palhal, que ficava por baixo do 1º piso da casa - Em cima, no berço, estava o meu irmão mais novo. 

Os meus pais haviam-se ausentado para a lavoura. Nisto, ao ver que as chamas começavam a alastrar fui chamar uma vizinha, dizendo-lhe que o  "José fez uma fogueira grande" na loja. A vizinha, vindo à rua e vendo já o fumo que invadia o quinteiro, de imediato grita: "Acudam que a casa do Sr. Manuel da Quinta e da Maria Perdida, está a arder!" - Mesmo antes de repicarem os sinos, já outros vizinhos acorrem com a água que tinham disponível nos seus lares. E,  o grave, é que, por esse tempo, ainda não havia água canalizada - Era transportada dos poços em aguadeiras ou, pelas mulheres, de cântaros à cabeça. Felizmente, esses dias já lá vão, mesmo assim ainda muito vivos na minha memória. E, também, de algum modo, esse espírito de solidariedade e de entreajuda, já não é o mesmo  - Pois é frequente - no período mais ativo dos incêndios que lavram pelo país  - verem-se mais pessoas a olharem o "espetáculo" destruidor de que ajudarem no combate e na  sua extinção.

Fotos do 78º aniversário -


80 anos ao serviço da Humanidade – Por Manuel Daniel

Com a devida vénia, tomámos a liberdade de aqui transcrever de seguida,  um artigo de  autoria de Manuel Daniel, publicado na última edição de “OFOZCOENSE  - Parte do qual  de uma palestra  por ele proferida nas  “Jornadas de Solidariedade”, em 1994 – Editada no livro “Foz Côa Solidária
"Um pouco da história dos nossos Bombeiros  recordada nas Jornadas de Solidariedade, quando completaram 60 anos (em 1994)


Os nossos bombeiros “nasceram”  em 22 de Junho de 1934


Até aí não havia bombeiros? Pois não. O povo acudia impulsiva e improvisadamente, chamado pelos sinos a rebate, para actuar, depois, de forma desorganizada, com prejuízo para os sinistrados. 


Havia, desde há muito, em Foz Côa, o sonho de ter bombeiros, à semelhança do que sucedia em muitas terras. 


E esse era, de facto, outro sonho que vinha de longe. O Cónego José Marrana, através do jornal "Notícias de Foz Côa" que se publicava nesta terra entre os anos 20 e 30, foi animando a sua possível criação. Mas todas as tentativas ficavam pelo caminho. A terra não estaria suficientemente adubada para receber tão excelente semente. 


É certo que já havia uma bomba, maltratada, que andava por aí aos baldões do rapazio. Ninguém cuidava dela e foi preciso repará-la. Nas horas dos incêndios, como S. Bárbara, é que se lembravam da sua utilidade e se falava da falta dos bombeiros .. 


Nº Srª da Veiga está no momento da sua criação

 
Só na festa de Nossa Senhora da Veiga, em Setembro de 1933, é que a ideia de se criar uma Associação Humanitária, com o respectivo Corpo de Bombeiros, começou a criar corpo. Juntaram-se alguns homens de boa vontade. A dar ânimo à iniciativa lá estavam José Joaquim de Almeida Pinheiro e Júlio António Lopes. Em Novembro havia já inscrições para o primeiro Corpo Activo. Em Janeiro de 1934, no dia 14, saíram à rua, pela primeira vez, já fardados, para simular um ataque a um incêndio, suposto na Câmara Municipal. Feitos os estatutos, organizados os seus corpos sociais, com José Augusto Pinto à frente da Direcção, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Foz Côa nasceu finalmente no dia 22 de Junho de 1934, ( ... ). 


Nos tempos da II Guerra Mundial


A partir daí, os Bombeiros de Foz Côa e os seus problemas andaram juntos por vários anos. Não se conheciam uns sem os outros. Os homens que dão "vida por vida", à medida em que melhoravam os seus serviços, viam multiplicadas as suas dificuldades. As guerras de 1936-1939 (em Espanha) e de 1939-1945 (na Europa) marcaram indelevelmente a sua história, mal conseguindo sobreviver. Foi necessário, inclusivamente, nomear comissões administrativas. 


Grandes homens foram aparecendo, entretanto. Dr. Amílcar de Sousa Donas Botto, Dr. José Augusto Saraiva de Aguilar, Dr. António Augusto Correia Farinhotc, Moisés Martins, Herculano Pais, Cipriano Saraiva, Adão Mário Salgado, José Joaquim Torres Teles, Manuel José Pires, Loisik José Candoso, Amílcar Chéu, Jorge Coelho, Mário José Salgado, José Augusto dos Santos, e para encurtar uma lista que seria extensa, o nome inesquecível do antigo Presidente da Câmara fozcoense, Dr. Manuel Gonçalves dos Santos. 


Fazia falta um quartel condigno


Era preciso construir um Quartel, no lugar onde funcionara a antiga Central Eléctrica:Enquanto o não havia, os Bombeiros ocuparam precariamente o Clube Fozcoense, que deixara de ter actividade. As obras, entregues ao empreiteiro Abílio Araújo Soares, foram andando com as dificuldades financeiras típicas destes empreendimentos. Os próprios Paços do Concelho iniciaram um processo de remodelação. E foi no edifício do Quartel, então em vias, de acabamento, que a Câmara se instalou, antecipando a sua utilização pelos Bombeiros. 


E é curioso que foi aqui, neste salão nobre, ainda inacabado, e no gabinete da Direcção, que se fizeram reuniões que conduziram à criação do Apoio Domiciliário a Idosos, quando o Lar ainda era um sonho, o Hospital estava em obras e a Misericórdia não tinha um lugar próprio para as suas reuniões.


O sonho do Quartel levou 40 anos para se construir


A inauguração do Quartel fez-se, mais tarde, em 1982, num dia em que Nossa Senhora da Veiga era trazida para a Vila. Um dia grande para os Bombeiros e, sobretudo para um elenco de homens de Foz Côa, que se agarrou de alma e coração a esta benemérita Associação, mantendo-a em pleno até aos nossos dias. 


Não pode nem deve ficar sem o devido_ relevo o nome de António Ferreira Sebadelhe, no seu posto de Presidente da Direcção desde 3 de Fevereiro de 1979 (já lá vão 14 anos), ao lado de Mário Raúl Ferreira, Fernando Anacleto Veríssimo, Amílcar Fernandes Chéu, António Eurico Flor Guerra, José Silvério Maximino de Almeida, José dos Santos Pires, e outros, não podendo deixar de lembrar também os nomes de Dr. Jorge Caldeira, Tenente Coronel José Clementino Pais, José Ilídio Antão, António Fernando Mimoso, Adriano Manso, Alberto Coelho, Elói Ernesto Manso, António Lourenço e outros mais recentemente chegados. 


Tem sido enorme o esforço desenvolvido por este punhado de homens dedicados à sua terra e à solidariedade.


Todos temos o dever de ajudar


Agora (estávamos em 1994) já sabemos: o Quartel-sede já não chega para as viaturas, amanhã vamos inaugurar uma nova garagem, temos várias necessidades de melhoria de serviços, está aí a barragem com a mais extensa albufeira do País, estamos longe dos principais hospitais distritais e as ambulâncias não chegam para as encomendas ... Os Bombeiros são chamados para tudo o que é necessidade ... 


O seu rosário é, infelizmente, uma oração que só com insistência os santos escutam. 


Manuel Daniel  (Excertos de uma palestra  proferida nas  “Jornadas de Solidariedade”, em 1994 – no livro “Foz Côa Solidária”


Parabéns Bombeiros de Foz Côa


A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Foz Côa viu os seus primeiros Estatutos aprovados oficialmente em 22 de Junho de 1924, completando-se precisamente 80 anos no dia 22 do corrente mês.


São 80 anos passados nesta cidade e concelho, ao Serviço da Humanidade, fazendo o Bem sem perguntar primeiro a Quem, numa oferta plena da sua capacidade e com o melhor espírito de bem servir.




Como todas as coisas humanas, tem havido altos e baixos na sua história, mas, em cada um dos seus elementos, e na Associação em especial, sempre o seu Ideal tem estado na primeiríssima linha da escala de valores, dando resposta pronta e eficaz nos acontecimentos mais inesperados da nossa vida.


Ao completarem 80 anos de actividade em favor do seu semelhante, que não faltem aos nossos Soldados da Paz uma palavra amiga, de reconhecimento e apreço pelo seu altruísmo e constante generosidade.

"O Fozcoense" associa-se à efeméride, recordando alguns pontos da sua história e homenageando a generosa acção dos Bombeiros com um emocionante poema do ilustre poeta fozcoense, Prof. Hamilton Tavares, que ele mesmo declamou nas "Jornadas de Solidariedade" levadas a efeito em 1994. nas festas do 60º aniversário. 


Obrigado, Homens e Mulheres, com ou sem farda, de ontem e de hoje! Sinceros Parabéns! - Dr. Manuel Daniel