expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

sábado, 21 de maio de 2022

Vila Nova de Foz Coa celebra hoje o seu foral atribuído pelo rei Dom Dinis há 723 anos, no dia 21 de Maio de 1299 - Mais tarde, ser-lhe-iam ainda outorgados dois forais: um ainda no tempo de D. Dinis, em Lisboa, 24 de julho de 1314; outro, já no reinado de D. Manuel I, em 16 de Junho de 1514

 Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador


O foral foi-lhe atribuído pelo Rei D. Dinis, no dia 21 de Maio de 1299 – Já lá vão mais de sete séculos – Em 1920, segundo o jornal “Notícias de Foz Côa", a sede da então vila, contava com 897 casas, 800 famílias, no Pocinho, 42 casas e 42 famílias, na Veiga. Monte, quintas e arredores, o censo apontava para 44 casas e 36 famílias - Cerca de 4.000 mil habitantes.

Em 2011, as estatísticas, atribuíam-lhe  cerca de 3 100 habitantes. E, a todo o concelho, que engloba uma área de 398,15 km² de área 7 312 habitantes, distribuídos por dezassete freguesias, com  uma densidade populacional 18,4 hab./ km2, apresentando uma diminuição de população residente de 13,8 %., comparativamente ao recenseamento anterior. – De então para cá, escusado será dizer que a desertificação se agudizou ainda mais. - Em 2021, aponta-se para 6 304 habitantes, no conjunto das suas 14 freguesias.


LÁ VAMOS INDO E RINDO, SONHANDO OU PENSANDO.... Os tempos são de aperto, em todo o pais e Foz Côa, não é exceção – Ou antes, sendo um concelho do interior, naturalmente que as consequências, são maiores. Não venho falar desta questão, quem vive nestas terras, sabe, perfeitamente, como lhe corre a vida, mas trazer para esta efeméride alguns ecos do passado, que, face ao momento que o país atravessa, talvez valha a pena, serem evocados.


Hoje é o dia do seu feriado municipal, que o Município assinalou com um concerto de piano, no Auditório do Centro Cultural, depois da cerimónia do hastear da bandeira  Praça do Município ao som da Banda Filarmónica de Freixo de Numão, seguida de uma  Leitura do Foral Sessão Solene da Assembleia Municipal Lançamento da Revista “CôaVisão” 

A meio da tarde, houve ainda a atuação do Rancho Folclórico de V. N. de Foz Côa Junto à Galeria D’Artes do Centro Cultural, bem como da  Abertura da Exposição “Da Pedra ao Conhecimento” de Rodrigo Dias Galeria D’Artes do Centro Cultural  17h30 – Apresentação do Livro "Mentalidade SIIIGAAAA" de Bruno Seco Biblioteca Municipal  21h30, entre outras iniciativas

 Elevada à categoria de cidade em 12 de Julho de 1997 - Dizíamos nós, num artigo publicado, no extinto mensário “ECOA”, na sua edição Nº 42, referente  a Maio-Junho, de 1998, que, “enquanto Vila Nova de Foz Côa, ainda mal teve  tempo de se afirmar com o seu estatuto de cidade, pois, do  que, atualmente,  mais se fala e festeja, é do seu 7º centenário à categoria de vila - ou seja, a concessão  do foral por El-Rei D. Dinis, em 21 de Maio de 1299, em Portalegre. À então Aldeia Nova, nome da povoação que existia  em redor da Torre do Castelo, da qual resta, como único testemunho vísivel, um friso de muralhas com que, em tempos idos, erguera  a sua arcaica defesa, e que o régio alvará, a partir daquela data, passaria a designar-se por Vila Nova, devido à sua situação geográfica.


Mais tarde, ser-lhe-iam ainda outorgados dois forais: um deles , ainda no tempo de D. Dinis, em Lisboa, 24 de julho de 1314; outro, já no reinado de D. Manuel I, em 16 de Junho de 1514 – justamente o monarca que mandou edificar a igreja matriz, que veio substituir o templo de Santa Maria de Aldeia.

Apesar disso, defende Amândio César, que só D. João I a elevará à categoria de Vila. O que explica, ainda em sua opinião, que,  tanto no Pelourinho, como na Igreja, se veja do primeiro soberano da 1 ª Dinastia: a flor-de-lis


Por isso, caso talvez para se perguntar: qual dos forais terá assumido maior importância em termos de municipalismo?

A este respeito, é ainda o próprio escritor Amândio César, citando Alfredo Pimenta, referindo que, no passado, o foral  fo sempre criador do regime municipal", e, muitas vezes sancionador de situações preexistentes ,  as quais "se poderiam definir "como diplomas que  continham leis particulares por que os concelhos  se regiam, e que visavam principalmente matéria tributária, ainda que às vezes sob a aparência de matéria criminal, e os privilégios das  populações.”. Um dado que o leva a pensar que "D. Dinis foi o fundador da futura vila, remontando a história das concelhias, muito longe". 

Portanto, poder-se-á concluir, na opinião de Amândio César (grande homem de letras, que em sua vida tão grande afeição mostrara por estas terras, das quais tanto se orgulhava de ter  algumas raízes familiares e com quem tive o grato prazer de conviver), que "Vila Nova de Foz Côa possuía três forais, dos quais dois antigos e o terceiro novo, datado depois da carta régia de 22 de Novembro de 1497, que constitui a reforma manuelina, baliza da distinção entre o primeiro  e o segundo"

Posto isto, pode mesmo dizer-se que, entre os vários forais concedidos, o de 21 de Maio de 1299, outorgado por D. Dinis, na cidade Alentejana, é realmente o mais significativo para a vida do nosso Município, uma vez que é, de facto, o ponto de partida ou o primeiro reconhecimento µpúblico de uma terra acerca da qual muito haveria a esperar - o que significa que as presentes comemorações têm toda a pertinência. 

Pelos vistos, já milénios atrás, não se enganaram os homens da Pré-história ao procurarem refúgio nalguns dos seus vales e ao elegerem muitas das suas pedras xistosas para perpetuarem a sua arte ou glorificarem os seus deuses. E, naturalmente, não se enganaram muitos outros povos que por aqui passaram ou se fixaram ao longo dos séculos - desde os tempos mais recuados até aos primórdios da nacionalidade.

Sim, de facto, logo que Portugal se fundou e conquistou as suas fronteiras, estas terras não escaparam à atenção dos monarcas portugueses, que também acreditaram no seu futuro, concedendo-lhe não um, mas vários forais - isto porque confiaram nas suas gentes e nas potencialidades do seu clima e do seu solo.




NOTÍCIAS DE FOZCOA”, 19-9-1931
“Fozcôa em maio de 1926 e até 1927, vivia revivendo-se a si própria.
Os seus vinhos são dos mais generosos da região duriense. A amedoa das suas encostas rivaliza e, por vezes, é superior á algarvia..O azeite dos olivais da Veiga do Pocinho, a segunda bacia do Douro, é finíssimo, não chega a ter um grau de acidez A indústria dos  esteios de lousa  para vinha, única no paiz, é uma riqueza grande e será enorme quando uma verdadeira Companhia explorar essas pedras.
O sumagre, outra emprêsa a tentar iniciativas decididas, tem optimas qualidades.
Os seus quatro mil habitantes dão-lhe movimento. A fachada da sua igreja matriz, Manoelino rendilhado, admira quem a vê. A talha dos altares desta igreja, e o teto da sacristia, são pormenores d´arte. O Pelourinho que enfrenta os Paços Municipais, é  uma verdadeira relíquia.
Assim esta Vila e naquela época como que se enroupava na sua importância.
Pensa na sua superioridade e dormia, á sombra d’ela, tranquila .O seu acordar, porém, foi afrontoso. Um decreto veio suprimir a sua Comarca, muito anterior a outras e com iguais, senão condições superiores de existência. E, em regime de Ditadura, pouco lhe valia a proteção de filhos ilustres que pressurosos acodiam ao grito da terra mãe.
Senhora de si própria, com o coração a sangrar, vai ao hino nacional e tem como lema:

(...) E como a hora é de luta, chocam-se os princípios, pensa nos feridos – os doentes.
Abre um Hospital – edifício propositadamente construído, com todas as regras de higiene e de conforto modernos. Já tem algum mobiliário próprio. E em breve vai ser dotado com aparelhagem necessária.

Como precisava de mais água – abre uma fonte – a do Negrilho – que muito veio contribuir para o abastecimento da vila e amanhã acabará com as interites e outras infeções, pois está vedada a cimento e cal hidráulica e a agua é tirada com bomba
.
É mesmo o maior melhoramento local. Obra importante, de vulto. Oxalá outra fonte se possa abrir e concluir nas mesmas condições! Isto até se resolver o abastecimento por meio de canalização  do Rio ou do Alto do facho. Pois este problema é vital, mas demanda muitas centenas de contos. E o Estado por óra não auxilia certamente por não poder.Tem em construção uma escola. Guerreia assim o analfabetismo. Não quer cégos de espírito.

Efectuaram-se alguns alinhamentos, determinados pela construção da Avenida.
Um sopro de bom senso bem alindado esta terra, como que a fazer NOVA a já Vila Nova de Foz Côa. Necessita, porém, este remoçamento do auxílio da população da vila - NOTÍCIAS DE FOZCOA”, 19-9-1931

Nenhum comentário: