A Minha Mãe nasceu em 11 de Nov 1915, dia
, de S. Martinho - Mas partiu aos 52 para a eternidade - Minha irmã, deixaria as duas duas filhas, ainda crianças, ao 38 anos - O meu irmão, José, aos 48, deixando também um filho e uma filha, ainda menores.
Estava em
S. Tomé, era militar para onde embarcara a bordo do paquete
Uíge para concluir um estágio da Escola Agrícola de Santo Tirso, na Roça
Uba-Budo, mas onde não encontraria o mínimo de condições, devido
à rudeza e à prepotência colonial com que ali me confrontei.
Tinha então 18 anos, era jovem e alimentava um mundo de sonhos
mas o que fui ali conhecer, naqueles primeiros anos, na
beleza paradisíaca de uma Ilha equatorial, foram desilusões
e humilhações, umas atrás das outras – Só 12 anos mais tarde
voltaria à minha aldeia mas já não ia encontrar a minha mãe
viva, que falecera, ao fim de um penoso calvário de doença prolongada,
quando eu prestava serviço militar nesta antiga colónia portuguesa.
Cumpria então parte do serviço militar - visto a
recruta tê-la ido fazer a Angola; seis meses no curso
de sargentos milicianos, na ex-Nova Lisboa e, depois, mais
seis meses no curso dos Comandos, em Luanda.
Sabendo da gravidade da doença que então minha mãe padecia, fiz todos os esforços, junto a instituição militar para a poder visitar mas não fui autorizado: pois a mentalidade da tropa colonial não se compadecia com sentimentos pessoais - Deixara a minha aldeia aos 18 anos e nunca mais a voltaria a ver.
Dizia-me ela no momento da despedia, em que me dava o último beijo: adeus meu filho, que já não te volto a ver - E, de facto, não se enganou, tal como a premonição, que eu tive, no dia da sua morte, antes mesmo de receber o telegrama a dar-me a triste notícia.
VI O FUNERAL DA MINHA MÃE, COMO SE ESTIVESSE A ACOMPANHAR O CORTEJO FÚNEBRE ATRÁS DA SUA URNA ATÉ AO CEMITÉRIO
Foi num Domingo. E, como havia estado de serviço de véspera, após almoço resolvi deitar-me e descansar um pouco Adormeci e, uma hora e meia ou duas depois, acordei a chorar - E porquê? Acabava de assistir, com os olhos rasos de lágrimas, ao funeral de minha mãe a dirigir-se para o cemitério - Com tal evidência e clareza, com tal pormenor, que era como se eu próprio estivesse incorporado no cortejo fúnebre atrás da urna. Via os olhos chorosos do meu pai e dos meus irmãos, Ouvia os sons dos sinos e a sineta a finados e via os seus rostos, todos exprimindo a sua inconformável dor. De tal modo que eu próprio, também sentia a mesma emoção. Acordei a chorar. - Já um dia fiz este relato num jornal.
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Com o meu irmão José |
Residia, nessa altura, em casa de uma família portuguesa. Pois o filho, o Francisco, andava comigo na tropa: era furriel miliciano como eu. Compartilhávamos o mesmo quarto. - um bonito espaço, que se situava próximo do Mercado Municipal. Mas ele, na tarde desse domingo, estava fora de casa. Porém, ao regressar, vendo-me sentado sobre a cama e a chorar, perguntou-me: “O que é que tens, Jorge?!…” - Eu respondi-lhe: “a minha mãe morreu!…” E, mal pronunciei estas palavras, volto a cair em mim em lágrimas.... “Mas quem te disse?!…” - insiste ele. E eu digo-lhe: “Ninguém me disse nada!….. Mas eu sei que a minha mãe morreu porque eu vi o funeral dela!… Vi tudo como se estivesse acompanhá-la ao cemitério
Ele mostra-se surpreendido com o que eu lhe acabo de revelar, pois já trazia consigo um telegrama onde me ia ser dada a notícia. No entanto, mesmo assim, ainda procurou contornar o seu conteúdo, tendo acrescentado, ao mesmo tempo que se aproximava de mim - já pronto para me dar um abraço e me confortar: “Olha, Jorge: de facto, a tua mãe está muito mal, está muito doente e eu até trago aqui um telegrama para te informar da gravidade da saúde dela!… Mas eu vi logo que eram apenas palavras amigas de conforto e retorqui: Obrigado, Francisco! Obrigado pelo teu cuidado mas esse telegrama só pode dizer que a minha morreu! - E era verdade. A minha mãe que fazia agora anos no dia de São Martinho, faleceu aos 50 anos, num Sábado e foi a enterrar, justamente naquele domingo, para mim tão triste - Mesmo antes de me ser dada a notícia.
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A casa onde nasci |
Este foi o primeiro caso que me despertou para os fenómenos da mediunidade. A partir daí passei a prestar mais atenção aos chamados flagrantes de iluminação e tenho-me apercebido de outros episódios relevantes - Bom, mas do que hoje aqui venho falar é sobretudo de algumas das recordações da minha adolescência - Pois sei que, ao fazê-lo, não estou apenas a singularizar o meu caso mas a dar-lhe a dimensão de que o pessoal é também, de algum modo, a expressão do universal, neste caso do microcosmos ou do pequeno mundo da minha aldeia, que, no fundo, não passa também de um pequeno grão de areia à luz do sol.
FENÓMENO DE PREMONIÇÃO NÃO É ADIVINHAÇÃO
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A minha aldeia com as giestas floridas |
Como se explica que, estando eu a alguns milhares quilómetros de distância da minha aldeia, tivesse a perceção, ou antes, pudesse visionar, tal como estando em presença do mesmo cenário real, com a mesma nitidez e pormenor de quem assiste a um acontecimento televisivo em direto? O meu caso, é senão mais um entre milhares, nomeadamente, em pessoas, cuja sensibilidade ´ (que, por esta ou por aquela razão ou fator especial da sua mente) se presta à transmissão ou captação de tais fenómenos
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Minhas irmãs, com as filhas. Faleceu aos 38 anos |
Dizem estudiosos, nestas questões, que, experiências reais de premonição mostram que as capacidades de nossa mente podem transcender os limites do espaço e do tempo como os conhecemos . Tendo havido, “muitos cientistas proeminentes, que se têm percebido destes factos tais como “o renomeado físico David Bohm, por exemplo, disse: “Cada indivíduo envolve algo do espírito do outro em sua consciência”. O físico e Prêmio Nobel Erwin Schrödinger acreditava que as mentes não interagem umas com as outras como bolas de bilhar separadas, mas são, em certo sentido, unidas e uma só. “Para dividir ou multiplicar, a consciência é algo sem sentido”, disse ele. “Há, obviamente, apenas uma alternativa, ou seja, a unificação das mentes ou das consciências... na verdade, existe apenas uma mente.” O poder da premonição:
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