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domingo, 1 de maio de 2022

Dia da Mãe - "Adeus meu filho, que já não te volto a ver" - Despediu-se de mim, com o último beijo ao 18 anos quando partia para S. Tomé - E, de facto, não se enganou, tal como a premonição, que eu tive, no dia da sua morte, então militar, antes mesmo de receber o telegrama a dar-me a triste notícia.


A Minha Mãe nasceu em 11 de Nov 1915, dia , de S. Martinho  - Mas partiu aos 52 para a eternidade   - Minha irmã, deixaria as duas duas filhas, ainda crianças, ao 38 anos - O meu irmão, José, aos 48, deixando também um filho e uma filha, ainda  menores.

Estava em S. Tomé, era militar  para onde embarcara  a bordo do paquete Uíge para concluir um estágio da Escola Agrícola de Santo Tirso, na Roça Uba-Budo, mas onde não encontraria o mínimo de condições, devido à rudeza  e  à prepotência colonial com que ali me confrontei.

Tinha  então 18 anos, era jovem e alimentava um mundo de sonhos mas o que fui ali conhecer, naqueles primeiros anos, na beleza paradisíaca de uma Ilha equatorial, foram desilusões e humilhações, umas atrás das outras   – Só 12 anos mais tarde voltaria à minha aldeia mas já não ia encontrar a minha mãe viva, que falecera, ao fim de um penoso calvário de doença prolongada,  quando eu prestava serviço militar nesta antiga colónia portuguesa.

  Cumpria então parte do serviço militar - visto a recruta tê-la ido fazer a Angola;  seis meses no curso de sargentos milicianos, na ex-Nova Lisboa e, depois, mais seis meses no curso dos  Comandos, em Luanda.


 Sabendo da gravidade da doença que então minha mãe padecia, fiz todos os esforços, junto a instituição militar para a poder visitar mas não fui autorizado: pois a mentalidade da tropa colonial não se compadecia com sentimentos pessoais - Deixara a minha aldeia aos 18 anos e nunca mais a voltaria a ver.

Dizia-me ela no momento da despedia, em que me dava o último beijo: adeus meu filho, que já não te volto a ver - E, de facto,  não se enganou, tal como a  premonição, que eu tive,  no dia da sua morte, antes mesmo de receber o telegrama a dar-me a triste notícia.

VI O FUNERAL DA MINHA MÃE, COMO SE ESTIVESSE A ACOMPANHAR O CORTEJO FÚNEBRE ATRÁS DA SUA URNA  ATÉ AO CEMITÉRIO

Foi num Domingo. E, como havia estado de serviço de véspera, após almoço resolvi deitar-me e descansar um pouco Adormeci e, uma hora e meia ou duas depois, acordei a chorar - E porquê?  Acabava de assistir, com os olhos rasos de lágrimas,  ao funeral de minha mãe a dirigir-se para o cemitério - Com  tal evidência e clareza, com tal pormenor, que era como se eu próprio estivesse incorporado no cortejo fúnebre atrás da urna. Via os olhos chorosos do  meu pai e dos meus irmãos,  Ouvia os sons dos sinos e a sineta a finados e via os seus rostos, todos  exprimindo a sua inconformável dor. De tal modo que eu próprio,  também sentia a mesma emoção.  Acordei a chorar. - Já um dia fiz este relato num jornal.

Com o meu irmão José
Residia, nessa altura, em casa de uma família portuguesa. Pois o filho, o Francisco, andava comigo na tropa: era furriel miliciano como eu. Compartilhávamos o mesmo quarto. - um bonito espaço, que se situava próximo do Mercado Municipal. Mas ele, na tarde desse domingo, estava fora de casa. Porém, ao regressar, vendo-me sentado sobre a cama e a chorar, perguntou-me: “O que é que tens, Jorge?!…” - Eu respondi-lhe: “a minha mãe morreu!…” E, mal pronunciei estas palavras, volto a cair em mim em lágrimas.... “Mas quem te disse?!…” - insiste ele. E eu digo-lhe: “Ninguém me disse nada!….. Mas eu sei que a minha mãe morreu porque eu vi o funeral dela!… Vi tudo como se estivesse acompanhá-la ao cemitério

Ele mostra-se surpreendido com o que eu lhe acabo de revelar, pois já trazia consigo um telegrama onde me ia ser dada a notícia. No entanto, mesmo assim, ainda procurou contornar o seu conteúdo, tendo acrescentado, ao mesmo tempo que se aproximava de mim - já pronto para me dar um abraço e me confortar: “Olha, Jorge: de facto, a tua mãe está muito mal, está muito doente e eu até trago aqui um telegrama para te informar da gravidade da saúde dela!… Mas eu vi logo que eram apenas palavras amigas de conforto e retorqui: Obrigado, Francisco! Obrigado pelo teu cuidado mas esse telegrama só pode dizer que a minha morreu! - E era verdade. A minha mãe que fazia agora anos no dia de São Martinho, faleceu aos 50 anos, num Sábado e foi a enterrar, justamente naquele domingo, para mim tão triste - Mesmo antes de me ser dada a notícia.

A casa onde nasci 
Este foi o primeiro caso que me despertou para os fenómenos da mediunidade. A partir daí passei a prestar mais atenção aos chamados flagrantes de iluminação e tenho-me apercebido de outros episódios relevantes - Bom, mas do que hoje aqui venho falar é sobretudo  de algumas das recordações da minha adolescência - Pois sei que, ao fazê-lo, não estou apenas a singularizar  o meu caso mas a dar-lhe a dimensão de que o pessoal é também, de algum modo, a expressão do universal, neste caso do microcosmos ou do pequeno mundo da minha aldeia, que, no fundo, não passa também de um pequeno grão de areia à luz do sol. 

FENÓMENO DE PREMONIÇÃO  NÃO É ADIVINHAÇÃO 

A minha aldeia com as giestas floridas
Como se explica que, estando eu a alguns milhares quilómetros de distância da minha aldeia, tivesse a perceção, ou antes, pudesse visionar, tal como estando em presença do mesmo cenário real, com a mesma nitidez  e pormenor  de quem assiste a um acontecimento televisivo em direto?  O meu caso, é senão mais um entre milhares, nomeadamente, em pessoas, cuja sensibilidade ´ (que, por esta ou por aquela razão ou fator especial da sua mente) se presta à transmissão ou captação de tais fenómenos

Minhas irmãs, com as filhas. Faleceu aos 38 anos
Dizem estudiosos, nestas questões, que, experiências reais de premonição mostram que as capacidades de nossa mente podem transcender os limites do espaço e do tempo como os conhecemos . Tendo havido, “muitos cientistas proeminentes, que se  têm percebido destes factos  tais como “o renomeado físico David Bohm, por exemplo, disse: “Cada indivíduo envolve algo do espírito do outro em sua consciência”. O físico e Prêmio Nobel Erwin Schrödinger acreditava que as mentes não interagem umas com as outras como bolas de bilhar separadas, mas são, em certo sentido, unidas e uma só. “Para dividir ou multiplicar, a consciência é algo sem sentido”, disse ele. “Há, obviamente, apenas uma alternativa, ou seja, a unificação das mentes ou das consciências... na verdade, existe apenas uma mente.” O poder da premonição:

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