Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador
O solstício de verão de 2022, ocorre a 21 de junho (terça-feira) em Portugal, às 10 h 14, marcando
oficialmente o início do verão. No hemisfério
norte, o dia do solstício do verão é o dia mais longo do ano.Vai ser celebrado na Pedra do Sol, também conhecida
como a Pedra do Solstício, com cortejo alegórico e momentos de poesia
Assista ao pôr-do-sol no Solstício do Verão, junto a um gigantesco bloco de granito, de forma esférica, com 3 metros de diâmetro, situado sobranceiro ao Castro do Curral da Pedra e na vertente da margem esquerda do magnífico Vale da Ribeira Centieira, lugar da Mancheia - Tambores, zona integrada no perimetro do Parque Arqueológico do Vale do Côa, onde observará um raro fenómeno natural e cultural que se supõe ter origem no período megalítico ou na cultura pré-céltica.
ALINHAMENTO SAGRADO COM O PÔR-DO-SOL NO SOLSTÍCIO DE VERÃO
A partir do ponto onde o sol então se pôs ( e voltará a pôr-se) começa o Verão e, de igual modo, a grande estrela-fiel inicia o movimento aparente da sua declinação para o Hemisfério Sul – E, até atingir esse ponto extremo, no Solstício do Inverno, distam vários quilómetros: ou seja, desde o ponto do horizonte, onde ele se vai pôr, em perfeito alinhamento com a crista do esférico bloco e o centro do pequeno círculo que se encontra cavado, a alguns metros a oriente, na mesma laje da sua base de apoio.
Este local de culto ou de sacrifícios, a curta distância de outra zona castreja, Castro do Curral da Pedra, encontra-se alcandorado sobre a vertente escarpada do aprazível Vale da Ribeira Centieira, sobranceira à falha sísmica de Longroiva, - um fértil vale – que desemboca na Ribeira dos Piscos , em curso situa-se um dos principais núcleos das gravuras rupestres na área do Parque Arqueológico do Vale do Côa, classificado como património da Humanidade desde Dezembro de 1998Este fenómeno solar não é único. Muitos desses blocos ( tais como, menires, estelas, dólmenes, recintos megalíticos), fazem parte de uma antiga herança do passado e, de facto, muitos deles, devido à posição que tomam, são geralmente conhecidos por alinhamentos sagrados, visto estarem em perfeito alinhamento com o sol, a lua ou outros corpos celestes.
A sua origem está ainda envolta nalgum mistério e nalgumas sombras, tal como, aliás, toda a Pré-História. Presume-se, porém, que tenham sido erguidos por antigas civilizações pré-célticas e, também, sabiamente aproveitados por estas culturas que, compreendendo o poder e o significado que representavam, os utilizaram e cultuaram nos seus rituais e festividades, ligadas aos ciclos das estações.
Existem em várias partes do mundo, cada um com as suas especificidades. Porém, uma parte desses monólitos foram destruídos, perderam-se ou caíram no esquecimento: diluíram-se por entre as ruínas dos abrigos e povoados – Tal como este, até ao dia em que nos apercebemos da singularidade da sua forma, da sua exposição, entre outros aspetos, acreditando que não poderia ser obra do acaso: sim, demasiadas coincidências para se tratar um vulgar penedo, entre os inúmeros que por ali se espalham, a monte ou isolados, por ação e obra da Mãe-Natureza, desde o fundo do vale e por toda a vasta área planáltica do afloramento granítico.
É um facto que a magia destas terras, não só encantou os antigos povos que por aqui se fixaram e ergueram os seus majestosos Templos do Sol, sítios onde veneravam os seus deuses e regulavam o principio das estações do ano, desde as sementeiras, passando pela floração, às colheitas, como constituem um atrativo para todos aqueles que demandem estes montes e planalto, estes larguíssimos horizontes, que seduzem o corpo e o espírito, parecendo levar o olhar aos confins do Mundo ou do Universo.
SANTUÁRIO RUPESTRE DA PEDRA DA CABELEIRA DE Nº SR - Outro dos impressioantes monumentos calendários pre´-históricos
O altar
sacrificial existente neste local é um verdadeiro observatório astronómico
primitivo, que os antigos povos sabiamente teriam aproveitado não só como
calendário, mas também para ali realizarem os seus cultos, festividades e
rituais, com uma forte ligação à agricultura, à fertilidade e às estações do
ano. Trata-se de um local mágico, pleno de história e de misticismo, dos poucos
lugares da terra onde a beleza e o esplendor solar se podem repetir à mesma
hora e com a mesma imagem contemplativa de há vários milénios pelos povos que
habitaram a área”.
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