Martha De La Cal, a correspondente estrangeira mais antiga em Portugal, deixou-nos, vai para 9 anos: tenho muito gosto e boas razões para recordar a sua memória: tive o prazer de conviver com ela e com o seu marido num passeio fluvial no Rio Tejo a bordo do “Castro Júnior” para mostrar um novo olhar sobre a defesa de um dos mais importantes ecossistemas selvagens da Europa, com largada do cais do Parque das Nações, num dos típicos barcos amigos do ambiente para visitar as belezas naturais das margens do rio, nomeadamente os pinguins e outras aves migradoras, passeio que eu organizei, com a imprensa estrangeira e outras personalidades, a pedido da gerência de empresa Transtroia, com a qual estabelecera relações amigas, dado se tratar de um empresário, nascido em Trancoso, próximo do meu concelho.
Mas, antes disso, já a tinha contatado para participar numa visita aos Templos do Sol, na celebração do solstício do Verão, em Junho de 2008, com um passeio no período da manhã ao núcleo das gravuras dos Pisco e à Ervamoira http://www.vida-e-tempos.com/2008/06/na-rota-dos-templos-do-sol-imprensa.html Não pude participar por razões de saúde, prometendo-me, no entanto, que teria muito gosto em ali se deslocar, ao local, logo que lhe fosse possível - Tal oportunidade não chegaria a concretizar-se, pois deixar-nos ia, para sempre, três anos depois.
UMA VIDA DEDICADA AO JORNALISMO – COM FRONTALIDADE E CORAGEM
"Natural dos Estados Unidos, Martha de La Cal era correspondente da revista "Time" em Portugal há mais de 40 anos: "Dos jornalistas estrangeiros que cobriram a revolução, era a única que ainda permanecia no país, do qual publicou muitos artigos, sobre as mais variadas questões. Considerada “uma referência para os jornalistas estrangeiros que vinham para Portugal, que podiam recorrer a ela sempre que tinham uma dúvida ou mesmo se tivessem algum problema pessoal", já que era psicóloga de formação, afirma o jornalista.
“Marta De La Cal "serviu como mãe de sucessivas vagas de jornalistas que vinham para Portugal", sustenta o jornalista norte-americano.
No currículo da jornalista como correspondente em Portugal fica a cobertura do 25 de Abril de 1974. "Dos jornalistas estrangeiros que cobriram a revolução, era a única que ainda permanecia no país", recorda Sandy Sloop.
O jornalista confessa que Marta vai "deixar muitas saudades": "Era uma pessoa muito viva, sempre no centro da festa https://expresso.pt/sociedade/morreu-martha-de-la-cal-a-correspondente-estrangeira-mais-antiga-em-portugal=f626089
Marta de La Cal: De Portugal para a Time
Público -4 de Janeiro de 2011, (…) “A mais antiga correspondente estrangeira em Portugal, a trabalhar para a revista Time, contou ao PÚBLICO como foi a sua passagem pela história recente de Portugal e como encara o presente de um país que também já considera seu, no ano em que foi eleita membro honorário da Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal.
Apesar da pronúncia denunciar muito claramente a sua anglofonia. Marta de La Cal veio para Portugal sem querer, "como turista", com o marido. "Viemos em 1967...ou seria 66? Já não me lembro". E ficou: "Ainda estive cinco anos em Espanha, mas preferi Portugal. Os portugueses são uma gente simpática e pacífica".
Recusa-se a dizer a idade. A sua idade é mais ou menos a da história que já testemunhou, desde os tempos da menina do Colégio Americano em Cuba, que decidiu começar a escrever para o Times of Havana. "O editor era um soldado fidelista". Às tantas Cuba tinha de ficar para trás: "Escrevi umas coisas que o Fidel Castro não gostou. Então vim para Espanha". Ao país então dominado pelo franquismo poucas referências faz. Mesmo porque logo decidiu trocar a ditadura de Franco pela de Salazar.
ReproduzComeçou então a escrever para a McGraw-Hill World News. "Eles queriam uma jornalista. Mas o que eu lhes propus e tinha mesmo vontade de fazer era escrever um livro sobre Cuba". Não se mostraram interessados. Marta de La Cal tinha mesmo de ser jornalista. Mesmo porque havia coincidências que a empurravam sempre nesse caminho: "O correspondente deles em Portugal tinha morrido umas semanas antes e eles estavam mesmo desesperados".
A melhor parte estava para vir. Nos tempos da revolução de 1974 Marta de La Cal confessa que se divertiu muito. "No dia 25 de Abril andámos a perseguir os tanques na entrada em Lisboa. Os capitães eram muito simpáticos". E lembra como, nos dias a seguir, Otelo Saraiva de Carvalho, chegava de helicóptero à Fundação Calouste Gulbenkian, onde decorriam as conferências de imprensa, em pose de herói: "Era tão divertido", lembra entre gargalhadas, acrescentando que os correspondentes estrangeiros na altura eram mais do que os 40 que hoje estão em Portugal: "Até chegámos a fazer um jogo de futebol com o Conselho da Revolução. O Vasco Lourenço corria muito".
“Em 1972, tornou-se correspondente da "Time" em Portugal, onde viveu até à sua morte. Uma das suas filhas, Justine Collis, recordou à Lusa o que a mãe pensava dos jornalistas portugueses: "São muito generosos, estão sempre dispostos a ajudar"Excerto de .https://www.publico.pt/2011/01/14/portugal/noticia/marta-de-la-cal-de-portugal-para-a-time-1475345
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