Jorge Trabulo Marques - Jornalista Postagem editada em 11-11-2019 c
E,
sendo dia de São Martinho, naturalmente que a festividade, não deixará de terminar
com um magusto tradicional no recinto do mercado municipal.
"É feriado no Concelho de Meda" - Lê-se num pequeno opúsculo apresentado nos Paços do Concelho, pelo Dr. Manuel Daniel, no dia 11 de Novembro de 1999, referente a uma palestra que havia proferido em 11 de Novembro de 1994, no mesmo salão nobre e sob o título "O FERIADO MUNICIPAL DA MESA E S. MARTINHO", do qual tomámos a liberdade de transcrever algumas passagens:
"Está hoje o Concelho da Meda em festa. O Município, criado por foral d. .Rei O. Manuel I, dado em Évora, no dia 1 de Junho de 1519, e que tem, portanto, 475 anos feitos este ano, a um quarto de século do seu 5° Centenário, assi: neste dia de hoje, o seu «feriado municipal".
Pese o facto dos seus olhos já não poderem contemplar a luz e a beleza que o inspiraram a escrever os mais belos poemas, tendo como temas os costumes da terra e das suas gentes, mas também os valores pátrios, religiosos e de pendor universal, sim, pensámos que os demais sentidos, reforçados pela sua fé e determinação inabalável pela paixão da escrita e pelo gosto da vida, continuarão, certamente, ainda mais sensíveis, para poder ir ao fundo do baú da sua memória e poder continuar a brindar-nos com os seus excecionais dotes literários, desde o teatro, à poesia e à ficção - Obviamente que uma tal tarefa, além de só ser possível com o amparo da esposa, dos filhos e netos, que nunca lhe negaram o indispensável carinho e apoio, naturalmente que exige um esforço hercúleo a quem contraia a cegueira adulto: a vida espiritual, por certo, se intensificará mas as limitações físicas, vão-se tornando num calvário que só Deus e quem leva essa pesada cruz, compreenderá o drama na sua verdadeira extensão.
Nasceu na vila da Meda em 18 de Novembro de 1934. -
"É feriado no Concelho de Meda" - Lê-se num pequeno opúsculo apresentado nos Paços do Concelho, pelo Dr. Manuel Daniel, no dia 11 de Novembro de 1999, referente a uma palestra que havia proferido em 11 de Novembro de 1994, no mesmo salão nobre e sob o título "O FERIADO MUNICIPAL DA MESA E S. MARTINHO", do qual tomámos a liberdade de transcrever algumas passagens:
"Está hoje o Concelho da Meda em festa. O Município, criado por foral d. .Rei O. Manuel I, dado em Évora, no dia 1 de Junho de 1519, e que tem, portanto, 475 anos feitos este ano, a um quarto de século do seu 5° Centenário, assi: neste dia de hoje, o seu «feriado municipal".
Os feriados municipais
sempre tiveram em vista o desenvolvimento do sentimento de unidade e de
solidariedade da comunidade de dado Município. Aproveitando-se uma festa característica das
suas gentes, a data marcada para o efeito era como que institucionalizada,
ligando a esse dia a ideia do poder autónomo e local.
Na Idade Média, quando
tudo se subordinava ao senhor feudal, o povo e lutou, durante séculos, para ir
conseguindo a sua carta de cidadania: independência em relação a esse senhor
quando o mesmo não era o detentor do Poder Real - o Rei, naquele caso. Essa
carta era o chamado Foral, que só o Rei
ou, excepcionalmente, os chamados Rico-Homens ou os Mestres das Ordens
Militares tinham a faculdade de outorgar. ·
Nas diversas terras ia
crescendo, porém, uma nova elite, de artífices, arte comerciantes, que
reclamava ser tratada com uma dignidade que lhe não e então reconhecida. A
burguesia ia tomando lugar à medida que a Nobreza decaía. Ficou famosa, em
Lisboa, a crise de 1383, que veio, inclusivamente, a fazer a Dinastia Afonsina,
fazendo-a substituir pela Dinastia de Aviz. Aliás, consequência, foi uma
revolta popular que legitimou o novo poder real, confirmado depois, em
Trancoso, Atoleiros, Valverde e Aljubarrota.
Esta nossa terra que foi,
ao longo de mais de duzentos anos, o celeiro da de Cristo nestas terras
planálticas da Beira, foi contemplada com uma benevolente concessão do Rei Venturoso, em 1519 - a Carta
de Foral. A partir daí, os medenses passaram a ser cidadãos de pleno direito,
súbditos com natural orgulho de um dos maiores reis que o Mundo já viu - Rei de
Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'alem mar em África, Senhor da Guiné, da
Conquista e da Navegação da Etiópia, da Arábia, Pérsia e Índia ...
A consciência de se ser
cidadão não subordinado a outro poder além levou a que o novo poder - o poder
local - passasse a beneficiar do respeito e da consideração dos que nele se identificavam e o
integravam. A consciência de se ser "munícipe" era um dado
civilizacional de grande importância, porque correspondia ao reconhecimento da
dignidade dos que constituem essa comunidade, que passava a ser uma comunidade
de homens livres. Nos Concelhos são, depois, chamados ao governo da Casa
Municipal os que o povo considera como "homens bons", "bons",
não tanto pela sua bondade intrínseca, apesar de isso pesar na consideração
social devida, mas mais em especial como que significando que eram
"bons", aptos, capazes, para os cargos de que passavam a ficar
investidos.
A palavra
"Autarquia", esta, palavra de origem grega que hoje está tanto na
moda, quer dizer "governo que se basta com o que tem". O Autarca,
será, por isso, e etimologicamente, o que governa com um orçamento feito à
medida das suas próprias forças. Como é evidente, este conceito de governo está
hoje ultrapassado, tanto assim que uma autarquia que seja "autarquia"
no sentido antigo não irá muito longe. Pois, por bem magro que seja o FEF de
cada ano, se não forem iniciativas como a intermunicipalidade ou as
candidaturas a programas de desenvolvimento regional, ninguém poderá
aventurar-se a uma Barragem de Ranhados, nem à estrada entre Meda e Marialva, e
talvez só à electrificação da Canameira ...
Os feriados municipais
surgem, assim, como a oferta periódica de uma oportunidade temporal para uma
reflexão em comum sobre a identidade, as raízes, os projectos, a caminhada que
se vai fazendo. Há municípios que aproveitam esse dia para isso mesmo.
Desenvolvem o sentido comunitário entre os munícipes, o que é necessário. E
várias hipóteses têm aparecido para bem se aproveitar este acontecimento
festivo: um momento para se homenagearem os que contribuíram para o
engrandecimento do Concelho, ocasião para se salientarem valores porventura
menos presentes no nosso quotidiano, ou tempo de estudo de projectos de longo
prazo, de estratégias convenientes, de solidariedades a firmar com outros
Municípios, ou outros motivos que a imaginação dos autarcas encontrará."
Manuel Daniel
EM
LOUVOR DE S. MARTINHO
Cumprindo
a ordem sagrada
que
o Pai Divino lhe deu,
foi-se
um dia, de jornada,
São
Martinho para o Céu.
Capa
já não possuía,
nem
sequer já tinha a espada,
as
mãos apenas erguia
nessa
hora abençoada.
-
Aqui venho, meu Senhor,
sem
honras nem pergaminho,
só
fiado em Vosso amor,
já
que chamastes Martinho.
Um
coro de anjos se ouvia
quando
Cristo o recebeu:
-
Vem, Martinho, que este dia
é
grande na terra e Céu.
Doravante,
neste dia,
haja
vento ou temporal,
haverá
Sol e Alegria
por
toda a terra em geral.
Que
em louvor de São Martinho
se
congregue todo o povo,
cada
um chame o vizinho
provem
o vinho novo.
Caridade
é alegria.
Quem
dá recebe aumentado
Por
tanta Paz e Harmonia,
vem
Martinho abençoado!
II
Um
rol de anos decorrera.
Batia
à porta do Céu
um
cristão que falecera
no
lugar onde nasceu.
Era
um pobre agricultor
que
pouca fortuna tinha
e
que investiu todo o amor
a
tratar da sua vinha.
Que
era da Meda - dizia -,
onde
o vinho era um tesouro
e
aonde principia
a
demarcação do Douro.
O
pobrezinho batia,
voltava
a bater de novo
e
ao ver que ninguém o ouvia
dizia:
- É triste ser povo!
Foi
o campo a minha vida,
as
vinhas o meu amor.
Gastei-me
ali sem medida,
deixei
lá sangue e suor.
Chorei
lágrimas ainda
por
não ter feito melhor.
Na
hora em que a vida finda
não
sei de outro amor maior.
Abriu-se
a porta, depressa.
-Tens
boas obras, amigo??
-
S. Martinho me apareça,
que
a Salvação não consigo!
São
Martinho lhe apareceu
com
paciência de santo.
-
Que me queres?! Que posso eu,
se
eu não posso fazer tanto?!
Só
Jesus Nosso Senhor,
ou
Quem para Ele for caminho,
poderá
ir em teu favor,
que
eu sou apenas Martinho.
Excerto de um belo poema de Manuel Daniel, extraído do livro "Coração Acordado"
Manuel Daniel - Atualmente, debatendo-se com um grave problema visual, que lhe impede de ver a luz do dia e de poder gozar de uma vida normal
OS SEUS OLHOS JÁ NADA VÊEM MAS O SEU CORAÇÃO CONTINUA ACORDADO --
Pese o facto dos seus olhos já não poderem contemplar a luz e a beleza que o inspiraram a escrever os mais belos poemas, tendo como temas os costumes da terra e das suas gentes, mas também os valores pátrios, religiosos e de pendor universal, sim, pensámos que os demais sentidos, reforçados pela sua fé e determinação inabalável pela paixão da escrita e pelo gosto da vida, continuarão, certamente, ainda mais sensíveis, para poder ir ao fundo do baú da sua memória e poder continuar a brindar-nos com os seus excecionais dotes literários, desde o teatro, à poesia e à ficção - Obviamente que uma tal tarefa, além de só ser possível com o amparo da esposa, dos filhos e netos, que nunca lhe negaram o indispensável carinho e apoio, naturalmente que exige um esforço hercúleo a quem contraia a cegueira adulto: a vida espiritual, por certo, se intensificará mas as limitações físicas, vão-se tornando num calvário que só Deus e quem leva essa pesada cruz, compreenderá o drama na sua verdadeira extensão.
Nasceu na vila da Meda em 18 de Novembro de 1934. -
"É um caso singular de autodidactismo,
pois, a partir dos 20 anos de idade obteve aprovação nos exames dos antigos 2°,
5° e 7° anos e frequentou depois, como voluntário, a Faculdade de Direito da
Universidade de Coimbra, por onde veio a ser licenciado."
"Fez uma longa carreira na função pública,
tendo começado como praticante dos Registas Civil e Predial da Meda, depois
proposto de Tesoureiro da Fazenda Pública, mais tarde aspirante de finanças em
Pombal e em S. João da Pesqueira, tesoureiro da Fazenda Pública em Reguengos de
Monsaraz, S. João da Pesqueira, Vila Nova de Foz Côa e Guarda, e, finalmente,
aposentou-se como dirigente superior da Direcção Geral do Tesouro, do
Ministério das Finanças - Lisboa.
Colaborou em diversos jornais e revistas e
manteve durante mais de um ano uma crónica dominical na "Rádio
Altitude" da Guarda. O seu gosto pela literatura foi-se manifestando no
jornalismo, na poesia e no teatro, tendo publicado "Caminhada
Imperfeita" (poemas), "Auto da Juventude", "Lurdes" e
"Eram meninos como nós"(teatro). A maior parte dos seus trabalhos de
teatro, como a sua peça ''A Múmia", e muito teatro infantil, está por
publicar, apenas se divulgando através de uma ou outra representação pública.
É autor das 'letras de dois discos EP
"Amor de Mãe" e "Amor de Pai", editados pela
"Imavox" com a colaboração do compositor Francisco Ramilo Marques e
orquestrações do Maestro Joaquim Luís Gomes. Outras letras suas são cenas de Natal,
com músicas do compositor referido, a par de outros temas que o talentoso
medense Carlos Pedro sabe envolver com a sua música e interpretar como ninguém.
Foi co-fundador do quinzenário "Luz
da Beira", que se publicou na Meda (1954-1974) e dirigiu o boletim intermunicipal
"Terras e Gentes", dos Municípios de Meda, Pesqueira e Foz Côa (1986
a 1996).
Exerceu o cargo de Provedor da
Misericórdia de Vila Nova de Foz Côa, durante 23 anos, até 1997, deixando atrás
de si uma obra social que lhe fez merecer o único "Diploma de Mérito"
até agora atribuído a cidadãos pelo Município de Foz Côa.
Foi sócio da extinta Sociedade Portuguesa
de Escritores, sob proposta de
Bernardo Santareno e Luís Forjaz
Trigueiros, e é membro da Sociedade Portuguesa de Autores.
Foi co-fundador e Presidente da As. Geral
da «Fozcoainvest, S. A." e preside desde 1979 à Assembleia Geral dos
Bombeiros Voluntários Fozcoenses. Preside também, desde 1990, à Assembleia
Municipal de Vila Nova de Foz Côa.
Reside em Vila Nova de Foz Côa desde 1971,
onde exerce advocacia" -
QUEM É SÃO MARTINHO?
- "Venerado como São Martinho de Tours,
tornou-se o primeiro Santo não mártir a receber culto oficial da Igreja e
tornou-se um dos Santos mais populares da Europa medieval.
Quatro mil igrejas são
dedicadas a ele na França, e o seu nome dado a milhares de localidades,
povoados e vilas; como em toda a Europa, nas Américas, enfim, em muitos países
do mundo.
É em Tours, na França,
que está o seu santuário e basílica que parte das suas relíquias dentro do
braço erguido de uma enorme estátua, que o representa a abençoar.
Discorrendo sobre ele, o
Papa Bento XVI disse: O gesto caritativo de São Martinho se insere na lógica
que levou a Jesus a multiplicar os pães para as multidões famintas, mas
sobretudo a dar-se a si mesmo como alimento para a humanidade na Eucaristia.
(...) Com esta lógica de compartilhar se expressa de modo autêntico o amor ao
próximo. (Alocução do Ângelus, de 11 de novembro de 2007).
Santo Padroeiro
São Martinho é padroeiro
de diversas profissões (antigas e modernas) que são as seguintes: curtidores,
alfaiates, peleteiros, soldados, cavaleiros, restauradores (hotéis, pensões,
restaurantes), produtores de vinho.[8]
Também é o padroeiro dos
mendigos. Viveu no século IV, época de importantes transformações. Martinho de
Tours teve um importante papel nessas mesmas transformações ao ter sido,
primeiro, um convertido à religião cristã e, depois, um dos impulsionadores de
uma maior cristianização da Europa, cujo processo avançou significativamente no
século IV. Ainda em termos de contexto histórico, nasceu três anos após o Edito
de Milão promulgado pelo imperador Constantino (r. 306–337) no ano de 313, que
havia concedido aos cristãos liberdade de culto.
Foi discípulo de Santo
Hilário de Poitiers (um dos doutores da Igreja), que se notabilizou na Teologia,
e também foi contemporâneo de outro importante doutor da Igreja - Agostinho de
Hipona (354–430). Embora Martinho fosse um homem culto, foi na ação prática
(caridade, ensino, fundação e construção de igrejas, de mosteiros e de escolas)
que se distinguiu e notabilizou.
A sua ação missionária e
pedagógica, a par da de outros, foi muito importante na cristianização da Gália
(é mesmo apelidado de apóstolo da Gália ou “Pai das Gálias”), mas também numa
área geográfica e cultural mais vasta, tendo esta se repercutido em outras
províncias ocidentais do Império Romano. A sua ação educativa, caritativa e
religiosa revelar-se-ia fundamental a longo prazo ao ter contribuído para
deixar um legado cultural e religioso que perdurou para além da queda do
Império Romano do Ocidente (no ano de 476) e que faz parte da formação da
própria civilização cristã europeia. Foi um dos fundadores do monaquismo na
Europa Ocidental. Devido à sua vida exemplar, ainda em vida foi reverenciado. –
Mais pormenores em https://pt.wikipedia.org/wiki/Martinho_de_Tours#Santo_Padroeiro
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