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sábado, 16 de junho de 2018

Toda a Ciência transcendendo - São João da Cruz (1542-1591) - Graças, ó Deus Criador, por me teres transcendido, em muitos momentos da minha vida


OBRIGADO, Ó DEUS DO AMOR E DA SUBLIME DOÇURA, POR ME TERES TRANSCENDIDO, EM MOMENTOS ADVERSOS DA MINHA VIDA,   EM OUTRA SUPERIOR CRIATURA     





Entrei-me a onde não soube
e quedei-me não sabendo,
toda ciência transcendendo.

Eu não sabia onde entrava,
porém, quando ali me vi,
sem saber a onde entrava,
grandes coisas entendi:
não direi o que senti,
que mo quedei não sabendo,
toda ciência transcendendo.
De paz e de piedade
era a ciência perfeita,
em profunda saudade,
entendida a via recta:
era coisa tão secreta,
a fala subvertendo,
toda ciência transcendendo.

Estava tão embebido,
tão absorto e tão alheado,
que se quedou meu sentido
de todo o sentir privado:
e o espírito dotado
de entender não entendendo,
toda ciência transcendendo.

Que ali chega verdadeiro
de si mesmo desfalece:
quanto sabia primeiro
muito baixo lhe parece:
sua ciência tanto cresce
que se queda não sabendo
toda ciência transcendendo.
Quanto mais alto se ascende,
tanto menos entendia
que negra nuvem se acende
que as trevas esclareciam:
por isso quem a sabia
queda sempre não sabendo
toda ciência transcendendo.

 Excerto  - Poema de – S. João da Cruz

Continua em  http://www.nicoladavid.com/literatura/so-joo-da-cruz/toda-a-cincia-transcendendo


S. João da Cruz, padroeiro dos místicos e poetas



A reforma nunca é obra solitária, mas compromisso partilhado e projeto que deve ser sustentado por uma profunda espiritualidade. S. João da Cruz, evocado na liturgia a 14 de dezembro, recorda-nos precisamente que as nossas estradas existenciais nunca podem ser percorridas em solidão, mas fundam-se num encontro: primeiro com Deus e depois com os irmãos.
Nascido em 1540 ou 1542 em Fontiveros (Ávila, Espanha), João cedo ficou órfão de pai. Veste o hábito dos carmelitas em Medina no ano de 1563. Foi ordenado padre em 1567, dep Nesse mesmo ano encontra Santa Teresa de Jesus, que tinha recentemente obtido licença para a fundação de dois conventos e carmelitas contemplativas. É com ela que colabora na reforma do Carmelo: nasciam assim os Carmelitas Descalços. João, em 1568, estava no primeiro núcleo destes monges reformados.
Foi preso no convento dos Carmelitas de Antiga Observância de Toledo devido a uma acusação que se provou ser falsa, e foi no cárcere, onde passou cerca de oito meses, que escreveu muitas das suas poesias, entre as quais “Cântico espiritual”.
Morreu em 1591, aos 49 anos, em Ubeda. Foi beatificado por Clemente X, em 1675 e declarado santo por Bento XIII, em 1726. É doutor da Igreja, 

Espanha 1542-1391

A vida de São João da Cruz  foi marcada pela pobreza. ”Pobreza que primeiro o abraçou e que depois fora por ele abraçado como valor no qual achou um grande tesouro”. Quando seu pai morreu, São João da Cruz tinha apenas dois anos. Com nove anos foi acolhido numa espécie de orfanato para meninos pobres e ali recebeu os primeiros estudos e os meios para sobreviver. Precisou trabalhar desde cedo para ajudar no sustento da família. Teve, portanto, uma infância pobre e difícil, marcado por privações de todo o tipo.
Esta realidade dura da vida poderia ter-lhe enchido de revolta e o levado a sucumbir à ganância de ter o que lhe faltou. Mas, ao contrário, para São João da Cruz a pobreza que ele viveu foi a chave para as suas grandes experiências no caminho de Deus. É por ela que conseguimos compreender a noite, a negação, o nada. Ele experimentou concretamente a ausência de tudo o que o coração humano deseja (bens, afetos, consolações) e nesta ausência encontrou Deus, o Tudo, diante do qual todas as coisas são nada.
A experiência da pobreza, por ele vivida à flor da pele, molda profundamente o seu espírito.
Fez-se carmelita logo jovem. Mas descontente com a vivência autêntica do evangelho do Carmeloestava decidido ir para a ordem Cartuxa, que possui uma vivência particularmente radical da vida consagrada. Foi quando conheceu Santa Teresa de Jesus, que lhe garantiu poder viver essa radicalidade almejada no Carmelo mesmo. Para tanto, Teresa fala de seus anseios reformadores já em exercícios e o convida a ajudá-la a iniciar a reforma no ramo masculino. Seus anseios e suas buscas coincidiam, havia uma comunhão de desejo e ideal entre eles, dois grandes corações que se identificam, de modo que empreendem juntos a reforma do Carmelo.
Houve um momento onde a reforma carmelita começou a ser perseguida para desacelerar o processo. Os Padres calçados tomaram medidas para impedir a expansão e até mesmo conseguir a eliminação dos descalçados. Em meio à esses conflitos, frei João da Cruz foi o que mais sofreu as consequências, sendo preso duas vezes: uma no início de 1576 e outra em dezembro e 1577. Esse último foi o tempo mais doloroso, mas também o mais rico de sua vida.
Foi nos nove meses de prisão – num rincão sujo, sem luz nem diálogo, respirando o mesmo ar e vestindo a mesma roupa – que São João da Cruz teve a maior experiência do nada que o acompanhou a vida toda, a qual ele nunca hesitou em abraçar. Transformou o momento doloroso, de privações de toda espécie, numa profunda experiência religiosa e psicológica. Em meio à escuridão, ao isolamento, ao abandono por parte de seus irmãos, a privação da Eucaristia, os maus tratos, ele confirma suas convicções evangélicas para saborear Deus na sua total pureza sem misturá-lo com os consolos terrenos. Privado de tudo, de toda espécie de consolo material, humano ou espiritual ele se une a Deus num amor verdadeiramente puro.
Depois da prisão ele reassume seus cargos no Carmelo até o momento em que, num capítulo da ordem, teve que se opor aos caminhos que queriam tomar, contrários às inspirações de Tereza, já falecida. Em função disso, tiraram tudo dele e até quiseram o expulsar da ordem; neste momento ele é posto de lado, maltratado, desprezado, abandonado, caluniado e passa por mais uma terrível noite. Todavia, com o seu coração abrandado e unido a Deus, não se deixa abater. No fim de sua vida, já doente, onde poderia escolher um tratamento melhor, prefere ir para um mosteiro cujo o superior o olhava com maus olhos. Oprimido pelas dores físicas e morais era consolado pela sua união de amor com Deus, falecendo em 14 de dezembro de 1591.
São João da Cruz é místico, filósofo, teólogo e escritor – poeta – e doutor da Igreja. Ele define o amor como trabalhar em despojar-se e desnudar-se por Deus de tudo que não é Deus (2º livro da Subida, 5,7), colocando em relevo a necessidade de purificação do amor, partindo da realidade desordenada em que o amor se encontra e revelando aquilo que toca o homem no seu ordenamento.
“Para vires a saborear TUDO, não queiras ter gosto em NADA…”
Para saborearmos a Deus, o Tudo, é preciso nos desapegar de todos os nossos gostos, de todos os nosso gozos, mesmo os espirituais, para que reste apenas Ele, o Absoluto, o Tudo.


ALGUNS DOS FAMOSOS PENSAMENTOS DO MÍSTICO  SÃO JÃO DA CRUZ

1. “A mosca que pousa no mel não pode voar; a alma que fica presa ao sabor do prazer, sente-se impedida em sua liberdade e contemplação.”
2. “Meus são os Céus e minha é a Terra, meus são os homens, e os justos são meus; e meus os pecadores. Os Anjos são meus, e a Mãe de Deus, todas as coisas são minhas. O próprio Deus é meu e para mim, pois Cristo é meu e tudo para mim.” (Sobre a Eucaristia)3. “Não faça coisa alguma, nem diga palavra alguma que Cristo não faria ou não diria se encontrasse as mesmas circunstâncias.”
4. “A pessoa que está presa por algum afeto a alguma coisa, mesmo pequena, não alcançará a união com Deus, mesmo que tenha muitas virtudes. Pouco importa se o passarinho esta com um fio grosso ou fino… ficará sempre preso e não poderá voar.5. “O demônio teme a alma unida a Deus como ao próprio Deus.”
6. “O afeto e o apego da alma à criatura torna-a semelhante a esta mesma criatura. Quanto maior a afeição, maior a identidade e semelhança, porque é próprio do amor tornar aquele que ama semelhante ao amado.”
7. “Dar tudo pelo tudo.”8. “A pessoa que caminha para Deus e não afasta de si as preocupações, nem domina suas paixões, caminha como quem empurra um carro encosta acima.”9. “A constância de ânimo, com paz e tranquilidade, não só enriquece a pessoa, como a ajuda muito a julgar melhor as adversidades, dando-lhes a solução conveniente.”
10. “O amor não consiste em sentir grandes coisas, mas em despojar-se e sofrer pelo amado.”11. “Deus quer mais de ti um mínimo de obediência e docilidade, do que todas as ações que realizas por ele.”12. “Quando a alma se acha livre e purificada de tudo, em união com Deus, nenhuma coisa poderá aborrecê-la. Daqui se origina para ela, neste estado, o gozo de uma contínua vida e tranquilidade, que ela nunca perde nem jamais lhe falta.”
13. “Tal é a alma que está enamorada de Deus. Não pretende vantagem ou prêmio algum a não ser perder tudo e a si mesma, voluntariamente, por Deus, e nisto encontra todo seu lucro.”14. “Não fujas dos sofrimentos, porque neles está a tua saúde.”15. “A mosca que pousa no mel não pode voar; a alma que fica presa ao sabor do prazer, sente-se impedida em sua liberdade e contemplação.”
16. “Deus é inacessível. Não repares, portanto, no que as tuas faculdades podem compreender, nem teus sentidos experimentar, para que não te satisfaças com menos e assim perderes a presteza necessária para chegar a ele.”17. "Tanto mais livre está a alma quanto mais unida a Deus".
18. “Mesmo que realizes muitas coisas, não progredirás na perfeição, se não aprenderes a negar a tua vontade e a sujeitar-te, deixando a preocupação de ti próprio e das tuas coisas.”19. “Quem se queixa ou murmura não é cristão perfeito… nem mesmo um bom cristão…”20. “Mesmo que realizes muitas coisas, não progredirás na perfeição, se não aprenderes a negar a tua vontade e a sujeitar-te, deixando a preocupação de ti próprio e das tuas coisas.”
21. “Quem se queixa ou murmura não é cristão perfeito… nem mesmo um bom cristão.”22. “A sabedoria entra pelo amor, pelo silêncio e mortificação; grande sabedoria é saber calar e não olhar aos ditos nem feitos nem vidas alheias.”23. “Para se enamorar duma alma não põe Deus os olhos na grandeza dela, mas na grandeza da sua humildade.”
24. “A alma que caminha no amor não se cansa.”25. “Quem não procura a cruz de Cristo não procura a glória de Cristo.”26. “Vive em solidão até achar a Deus.”27. “Amar é trabalhar em despojar-se por Deus, de tudo o que não é Deus.”28. “A enfermidade de Deus não se cura senão com a presença de Deus. Porque a saúde da alma é o amor de Deus e faltando-lhe esse amor, falta-lhe a saúde.”29. “Aquele que ama Deus sobre todas as coisas, nada lhe impede fazer ou padecer por Ele seja o que for”.
30. “Nas tribulações e humilhações, comunica-se Deus com maior abundância e suavidade. Quanto maior é a esperança, tanto maior é a união divina; tanto se alcança de Deus, quanto N’Ele se espera”.
31. “Tanto mais livre está a alma quanto mais unida a Deus”. 32. “Só os que morrem ao homem velho, merecem renascer filhos de Deus. O que morre a si e a todas as coisas, vive vida doce e saborosa de amor com Deus”.33. “As maiores obras em que Deus mais se mostrou são as da Encarnação do Verbo e mistério da fé Cristã”.
34. “Para não perdermos a paz, devemos nos alegrar e não nos perturbar nas adversidades”. 35. “Ao entardecer desta vida examinar-te-ão no amor. Aprenda a amar como Deus quer ser amado e deixa a tua condição”.36. “Onde não existe amor coloca amor e amor encontrarás”.37. "Nisto tens motivo de grande gozo e alegria, vendo como todo o teu bem - a tua esperança





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