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terça-feira, 19 de junho de 2018

Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de V N. de Foz Côa - De Parabéns! - Fundada há 84 anos, em 22 de Junho de 1934 - Antecipou a comemoração do seu aniversário, na manhã do passado domingo, em ambiente de fraterno e solidário convívio, com desfile do seu corpo de soldados de paz, homilia na igreja matriz, seguida de uma sessão solene, com os discursos alusivos à efeméride e a imposição de insígnias aos atos valorosos, por abnegada entrega e generosidade



Jorge Trabulo Marques - Jornalista - BOMBEIROS V.  DE V. NOVA DE FOZ CÔA  - ANIVERSÁRIO DIA DE SE LEMBRAR E HONRAR A MEMÓRIA DOS AUSENTES  E SE DISTINGUIR E DAR ÂNIMO AOS PRESENTES - HOJE CIDADE, AQUI NASCEU O MEU AVÔ MATERNO  - DE SIMPLES POVOAÇÃO  A VILA, EM 1527,  NUM ANO EM QUE NO SEU TERMO VIVIAM  155 MORADORES   - Com imagens de atuais e de anteriores aniversários - As do passado domingo, foram extraídas do Facebook dos B.V de V. N. de Foz Côa e   de  Maria  Amélia Lourenço

Foto do Facebook - BV de Foz Côa
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de V. N. de Foz Côa, é uma das mais antigas instituições  do concelho, que, neste último domingo, comemorou os seus 84 anos de existência:  a festa do seu aniversário, tem-se adequado, por vezes, às circunstâncias mais apropriadas, geralmente para o domingo anterior ou seguinte, uma vez que, os demais dias, são dias de trabalho e bem basta quando o grito da sirene se faz ouvir e clama a prontidão dos voluntariosos homens, que não se importam de arriscar as suas vidas,em defesa do bem comum:  para  combater incêndios, salvar património rural,  casas e haveres ou ainda conduzir ambulâncias e prestar assistência ou socorro imediato ou urgente a quem dele precisa

O dia exato do aniversário é depois da manhã: "Os nossos bombeiros “nasceram”  em 22 de Junho de 1934" - Disse, Manuel Daniel, antigo e notável associado, distinto advogado, poeta, escritor, dramaturgo, jornalista e devotado cidadão às causas pública, numa interessantíssima palestra, proferida  nas “Jornadas de Solidariedade”, em 1994, reproduzida depois no livro “Foz Côa Solidária”OS BOMBEIROS", de que, mais adiante, transcrevemos algumas passagens. 

Não tivemos oportunidade de nos associarmos  à comemoração da efeméride, porém, soubemos, que  foi assinalada, na manhã deste último domingo, com as tradicionais cerimónias de praxe -  

Tivemos conhecimento pelas imagens disponibilizadas na redes sociais, tanto da própria Associação Humanitária, como, nomeadamente, nas expressões veiculadas na  página do Facebook de Maria Amélia Lourenço, esposa de António Loureço, cuja meritória e louvável  presidência, uma vez mais lhe mereceu rasgados elogios e uma distinção, na sessão solene, durante a qual foram amedalhados vários soldados da paz e dirigentes.

Depois do hastear das Bandeiras e homenagem aos Bombeiros já falecidos, seguiu-se uma homilia, na igreja matriz,   presidida pelo Rev. Padre Peixoto, concelebrada com o Sr Padre Ferraz, pela alma dos que já partiram  e, nomeadamente, pelos 66 bombeiros que faleceram nos fogos de 2017.

Depois, teve lugar a bênção dum novo carro para o transporte de doentes não urgentes pelo Sr Padre Ferraz. O ponto alto das comemorações protocolares ocorreu pouco depois das 12 horas e teve lugar no Salão Nobre do quartel da Associação com os discursos da praxe e imposição de insígnias de mérito a Bombeiros e Dirigentes

VILA NOVA DE FOZ CÔA -  QUE ERA VILA QUANDO O MEU AVÔ MATERNO, AQUI NASCEU - Por esse altura, em 1870-90, calculam-se, cerca de pouco mais de 3.000  habitantes, um acréscimo,  relativamente ao século anterior  -  Em 1775 tinha 490 fogos e 1528 habitantes; em 1801, 683 fogos e 2610 habitantes

Aqui nasceu e viveu, num tempo em que os incêndios eram apagados, ao rebate dos sinos da igreja com recurso aos cântaros de barros e caldeiro, da água que havia em casa e que havia sido transportada à  cabeça das mulheres ou nas aguadeiras das bestas ou então  de uma lagoa pantanosa, existente  junto ao cemitério, no sítio onde é hoje um aprazível parque ajardinado  

Sim, num tempo em que, embora houvesse menos fogos,  os lares tinham muitos filhos, a vida seguia o ritmo normal - embora dura - dos ciclos da natureza: os alimentos eram praticamente aqueles que a terra fornecia - Hoje, quase tudo depende do que se importa: grande parte das antigas horta e quintais, foram abandonadas e a desertificação e o despovoamento, cavalgando de ano para ano,  vem empobrecendo o Portugal profundo, as regiões mais afastadas do litoral.

A sede do concelho, com uma área de 398, 15 Km, desertifica-se, a densidade populacional enfraquece, ano após ano - Referem estatísticas, que, em   2011, contava com cerca de 3 100 habitantes, num total de 7 312 habitantes pelas demais 17 freguesias.

HOJE CIDADE  - DE SIMPLES POVOAÇÃO ASCENDEU A VILA, EM 1527,  NUM ANO EM QUE - Segundo o  Cadastro desse ano, na vila de Vila Nova de Foz Côa e o seu termo viviam 155 moradores, sendo 44 na vila, dentro dos muros, 108 no arrabalde, 1 na Barca de Foz Côa e  2 na Barca da Veiga do Douro

Oxalá que não se regrida ao tempo em que,  El-Rei D. João I, a  elevou  de simples  povoação à categoria de Vila e D. Manuel mandou edificar  a igreja paroquial  e deu-lhe foral novo (in Livro dos Forais Novos da Beira, fl, 156)

Segundo o  Cadastro de 1527, na vila de Vila Nova de Foz Côa e o seu termo viviam 155 moradores, sendo 44 na vila, dentro dos muros, 108 no arrabalde, 1 na Barca de Foz Côa e  2 na Barca da Veiga do Douro.

A vila está situada a cerca de 4 Km da margem esquerda do Rio Douro

Compreende  os lugares seguintes: Cortes da Veiga, Farrapa, Pocinho, Quinta do Vale Meão  e Veiga. E as quintas: Amador e Farfola.

O movimento  da população desta   freguesia,  desde a  1ª edição da Chor., de Pereira Carvalho, até ao último recenseamento, é seguinte:  
Em 1108 -  560 fogos; Em 1868, 759; Em 1862, 850 - 4500 habitantes; Em 1864, regrediu para 2.817 habitantes; Em 1890 - 789 fogos 3.242 habitantes; Em 1900 - 907 fogos - 3569 habitantes; Em 1911 - 907 fogos, 3472 habitantes;  Em 1920. 902 fogos, 3111 habitantes; Em 1930 - 992 fogos 3.343 habitantes; Em 1940 - 1.013 fogos - 3825 habitantes.

Em anterior aniversário
VOLUNTÁRIOS DE VILA NOVA DE FOZ CÔA

"Quantos, por vezes, chegam a casa com queimaduras, outros meios intoxicados pelos fumos emanados pelas chamas." (..) Por tudo isto, lhes foi atribuído o glorioso nome de "SOLDADOS DA PAZ". - Escreveu no ECÔA, Artur Saraiva, em 1 de Junho de 1995 "Logo à entrada do 'Hall", encontra-se uma fotografia ampliada, onde podemos ver em primeiro plano, sentado da esquerda para a direita, os seus primeiros fundadores: José Pinto, José Pinheiro, Júlio António Lopes, José António Saraiva Caldeira e por último, o Luiz Moura, todos já falecidos, nomes que muitos ainda se devem recordar até com saudade. Na mesma, e de pé, podem ver-se "os nossos valentes soldados da paz”. 

Gustavo Duarte e António Lourenço
Estes, com escassos meios que na altura dispunham, conseguiram operar verdadeiros milagres, chegando até a pôr em risco as suas próprias vidas, em prof das nossas populações. Para todos estes, já falecidos não podemos ficar indiferentes, devendo sempre manifestaremos a nossa eterna gratidão.(…)Estes briosos bombeiros são voluntários e sem quaisquer remunerações a não ser as que auferem nos seus serviços onde de trabalham. Todos os anos, no Verão, temos assistido a incêndios grandiosos que devastam hectares das nossas lindíssimas e frondosas florestas."

LONGE VÃO OS DIAS DE POVO ACUDIR A APAGAR O INCÊNDIO COM OS SINOS A REBATE  - Palavras de António Pimentel, há cinco anos 

Um casal feliz -António e M. Amélia Lourenço
António Lourenço
“Quando   eu nasci, já Vila Nova de Foz Côa tinha o seu Corpo Voluntário – modestamente equipado e, praticamente, para socorro da própria vila. Nas aldeias, com as vias de acesso, ainda do tipo de calçada romana ou ainda pior, não chegava lá a carripana dos bombeiros, nem as suas maquinetas com as suas bombas manuais.
Sim, já  lá vai o tempo em que, em vez do grito da sirene, se ouvia o repicar dos sinos, chamando homens, mulheres e crianças, trazendo pela mão ou à cabeça, cântaros ou caldeiros de água para apagarem o incêndio - Ainda conheci esse tempo na minha aldeia.

Gentileza de Maria Amélia Lourenço
Quase um século de esforço e de dedicação, em defesa da comunidade, pondo em risco as suas  vidas, dando o melhor da sua  generosidade, abnegação e  sacrifício, acorrendo sempre à chamada, no momento mais crítico ou difícil, sem olhar a quem .

Sim,  aos bombeiros, o que lhe sobra em dedicação e espírito de voluntariedade, escasseia-lhe nas ajudas materiais. Pois, "com  as receitas a diminuir para cerca de metade e alguns custos a crescer, só com muito esforço dos dirigentes, comando e a generalidade dos bombeiros, tem sido possível dar a devida resposta à população"  - Palavras ditas, há  três anos, por  António Pimentel Lourenço, Presidente desta Associação, e, por certo, ainda muito atuais.

"Nª SENHORA DA VEIGA ESTÁ NO MOMENTO DA SUA CRIAÇÃO" - Escreve Manuel Pires Daniel - que, já em 1994, proferia esta afirmação: "O sonho do Quartel levou 40 anos para se construir" (...) "Todos temos o dever de ajudar"

"Um pouco da história dos nossos Bombeiros  recordada nas Jornadas de Solidariedade, quando completaram 60 anos (em 1994)

Os nossos bombeiros “nasceram”  em 22 de Junho de 1934

Até aí não havia bombeiros? Pois não. O povo acudia impulsiva e improvisadamente, chamado pelos sinos a rebate, para actuar, depois, de forma desorganizada, com prejuízo para os sinistrados.
Havia, desde há muito, em Foz Côa, o sonho de ter bombeiros, à semelhança do que sucedia em muitas terras. 

Gentileza de Maria Amélia Lourenço
E esse era, de facto, outro sonho que vinha de longe. O Cónego José Marrana, através do jornal "Notícias de Foz Côa" que se publicava nesta terra entre os anos 20 e 30, foi animando a sua possível criação. Mas todas as tentativas ficavam pelo caminho. A terra não estaria suficientemente adubada para receber tão excelente semente. 

É certo que já havia uma bomba, maltratada, que andava por aí aos baldões do rapazio. Ninguém cuidava dela e foi preciso repará-la. Nas horas dos incêndios, como S. Bárbara, é que se lembravam da sua utilidade e se falava da falta dos bombeiros ..
Nº Srª da Veiga está no momento da sua criação

Só na festa de Nossa Senhora da Veiga, em Setembro de 1933, é que a ideia de se criar uma Associação Humanitária, com o respectivo Corpo de Bombeiros, começou a criar corpo. Juntaram-se alguns homens de boa vontade. A dar ânimo à iniciativa lá estavam José Joaquim de Almeida Pinheiro e Júlio António Lopes. Em Novembro havia já inscrições para o primeiro Corpo Activo. Em Janeiro de 1934, no dia 14, saíram à rua, pela primeira vez, já fardados, para simular um ataque a um incêndio, suposto na Câmara Municipal. Feitos os estatutos, organizados os seus corpos sociais, com José Augusto Pinto à frente da Direcção, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Foz Côa nasceu finalmente no dia 22 de Junho de 1934, 

(...). Nos tempos da II Guerra Mundial

A partir daí, os Bombeiros de Foz Côa e os seus problemas andaram juntos por vários anos. Não se conheciam uns sem os outros. Os homens que dão "vida por vida", à medida em que melhoravam os seus serviços, viam multiplicadas as suas dificuldades. As guerras de 1936-1939 (em Espanha) e de 1939-1945 (na Europa) marcaram indelevelmente a sua história, mal conseguindo sobreviver. Foi necessário, inclusivamente, nomear comissões administrativas. Grandes homens foram aparecendo, entretanto. Dr. Amílcar de Sousa Donas Botto, Dr. José Augusto Saraiva de Aguilar, Dr. António Augusto Correia Farinhotc, Moisés Martins, Herculano Pais, Cipriano Saraiva, Adão Mário Salgado, José Joaquim Torres Teles, Manuel José Pires, Loisik José Candoso, Amílcar Chéu, Jorge Coelho, Mário José Salgado, José Augusto dos Santos, e para encurtar uma lista que seria extensa, o nome inesquecível do antigo Presidente da Câmara fozcoense, Dr. Manuel Gonçalves dos Santos. Fazia falta um quartel condigno

Era preciso construir um Quartel, no lugar onde funcionara a antiga Central Eléctrica: Enquanto o não havia, os Bombeiros ocuparam precariamente o Clube Fozcoense, que deixara de ter actividade. As obras, entregues ao empreiteiro Abílio Araújo Soares, foram andando com as dificuldades financeiras típicas destes empreendimentos. Os próprios Paços do Concelho iniciaram um processo de remodelação. E foi no edifício do Quartel, então em vias, de acabamento, que a Câmara se instalou, antecipando a sua utilização pelos Bombeiros. E é curioso que foi aqui, neste salão nobre, ainda inacabado, e no gabinete da Direcção, que se fizeram reuniões que conduziram à criação do Apoio Domiciliário a Idosos, quando o Lar ainda era um sonho, o Hospital estava em obras e a Misericórdia não tinha um lugar próprio para as suas reuniões.O sonho do Quartel levou 40 anos para se construirA inauguração do Quartel fez-se, mais tarde, em 1982, num dia em que Nossa Senhora da Veiga era trazida para a Vila. Um dia grande para os Bombeiros e, sobretudo para um elenco de homens de Foz Côa, que se agarrou de alma e coração a esta benemérita Associação, mantendo-a em pleno até aos nossos dias. Não pode nem deve ficar sem o devido_ relevo o nome de António Ferreira Sebadelhe, no seu posto de Presidente da Direcção desde 3 de Fevereiro de 1979 (já lá vão 14 anos), ao lado de Mário Raúl Ferreira, Fernando Anacleto Veríssimo, Amílcar Fernandes Chéu, António Eurico Flor Guerra, José Silvério Maximino de Almeida, José dos Santos Pires, e outros, não podendo deixar de lembrar também os nomes de Dr. Jorge Caldeira, Tenente Coronel José Clementino Pais, José Ilídio Antão, António Fernando Mimoso, Adriano Manso, Alberto Coelho, Elói Ernesto Manso, António Lourenço e outros mais recentemente chegados. 

Tem sido enorme o esforço desenvolvido por este punhado de homens dedicados à sua terra e à solidariedade.Todos temos o dever de ajudarAgora (estávamos em 1994) já sabemos: o Quartel-sede já não chega para as viaturas, amanhã vamos inaugurar uma nova garagem, temos várias necessidades de melhoria de serviços, está aí a barragem com a mais extensa albufeira do País, estamos longe dos principais hospitais distritais e as ambulâncias não chegam para as encomendas ... Os Bombeiros são chamados para tudo o que é necessidade ... O seu rosário é, infelizmente, uma oração que só com insistência os santos escutam. Manuel Daniel (Excertos de uma palestra proferida nas “Jornadas de Solidariedade”, em 1994 – no livro “Foz Côa Solidária”OS BOMBEIROS

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