Jorge Trabulo Marques - Jornalista - BOMBEIROS V. DE V. NOVA DE FOZ CÔA - ANIVERSÁRIO DIA DE SE LEMBRAR E HONRAR A
MEMÓRIA DOS AUSENTES E SE DISTINGUIR E
DAR ÂNIMO AOS PRESENTES - HOJE CIDADE, AQUI NASCEU O MEU AVÔ MATERNO - DE SIMPLES POVOAÇÃO A VILA, EM 1527, NUM ANO EM QUE NO SEU TERMO VIVIAM 155
MORADORES - Com imagens de atuais e
de anteriores aniversários - As do passado domingo, foram extraídas do Facebook
dos B.V de V. N. de Foz Côa e de Maria Amélia Lourenço
Foto do Facebook - BV de Foz Côa |
O dia exato do aniversário é depois da manhã: "Os nossos bombeiros “nasceram” em 22 de Junho de 1934" - Disse, Manuel Daniel, antigo e notável associado, distinto advogado, poeta, escritor, dramaturgo, jornalista e devotado cidadão às causas pública, numa interessantíssima palestra, proferida nas “Jornadas de Solidariedade”, em 1994, reproduzida depois no livro “Foz Côa Solidária”OS BOMBEIROS", de que, mais adiante, transcrevemos algumas passagens.
Não tivemos oportunidade de nos
associarmos à comemoração da efeméride, porém, soubemos, que
foi assinalada, na manhã deste último domingo, com as tradicionais cerimónias
de praxe -
Tivemos conhecimento pelas imagens disponibilizadas na redes sociais, tanto da própria Associação Humanitária, como, nomeadamente, nas expressões veiculadas na página do Facebook de Maria Amélia Lourenço, esposa de António Loureço, cuja meritória e louvável presidência, uma vez mais lhe mereceu rasgados elogios e uma distinção, na sessão solene, durante a qual foram amedalhados vários soldados da paz e dirigentes.
Tivemos conhecimento pelas imagens disponibilizadas na redes sociais, tanto da própria Associação Humanitária, como, nomeadamente, nas expressões veiculadas na página do Facebook de Maria Amélia Lourenço, esposa de António Loureço, cuja meritória e louvável presidência, uma vez mais lhe mereceu rasgados elogios e uma distinção, na sessão solene, durante a qual foram amedalhados vários soldados da paz e dirigentes.
Depois do hastear das Bandeiras e homenagem aos
Bombeiros já falecidos, seguiu-se uma homilia, na igreja matriz, presidida
pelo Rev. Padre Peixoto, concelebrada com o Sr Padre Ferraz, pela alma dos que
já partiram e, nomeadamente, pelos 66 bombeiros que faleceram nos fogos
de 2017.
Depois, teve lugar a bênção dum novo carro para o
transporte de doentes não urgentes pelo Sr Padre Ferraz. O ponto alto das
comemorações protocolares ocorreu pouco depois das 12 horas e teve lugar no
Salão Nobre do quartel da Associação com os discursos da praxe e imposição de
insígnias de mérito a Bombeiros e Dirigentes
VILA NOVA DE FOZ CÔA - QUE ERA VILA QUANDO O MEU
AVÔ MATERNO, AQUI NASCEU - Por esse altura, em 1870-90, calculam-se, cerca de
pouco mais de 3.000 habitantes, um acréscimo, relativamente ao
século anterior - Em 1775 tinha 490 fogos e 1528 habitantes; em
1801, 683 fogos e 2610 habitantes
Aqui nasceu e viveu, num tempo em que os incêndios
eram apagados, ao rebate dos sinos da igreja com recurso aos cântaros de barros
e caldeiro, da água que havia em casa e que havia sido transportada à
cabeça das mulheres ou nas aguadeiras das bestas ou então de uma lagoa
pantanosa, existente junto ao cemitério, no sítio onde é hoje um
aprazível parque ajardinado
Sim, num tempo em que, embora houvesse menos
fogos, os lares tinham muitos filhos, a vida seguia o ritmo normal -
embora dura - dos ciclos da natureza: os alimentos eram praticamente aqueles
que a terra fornecia - Hoje, quase tudo depende do que se importa: grande parte
das antigas horta e quintais, foram abandonadas e a desertificação e o
despovoamento, cavalgando de ano para ano, vem empobrecendo o Portugal
profundo, as regiões mais afastadas do litoral.
A sede do concelho, com uma área de 398, 15 Km,
desertifica-se, a densidade populacional enfraquece, ano após ano - Referem
estatísticas, que, em 2011, contava com cerca de 3 100 habitantes,
num total de 7 312 habitantes pelas demais 17 freguesias.
HOJE CIDADE - DE SIMPLES POVOAÇÃO ASCENDEU A VILA, EM 1527,
NUM ANO EM QUE - Segundo o Cadastro desse ano, na vila de Vila Nova de
Foz Côa e o seu termo viviam 155 moradores, sendo 44 na vila, dentro dos muros,
108 no arrabalde, 1 na Barca de Foz Côa e 2 na Barca da Veiga do Douro
Oxalá que não se regrida ao tempo em que, El-Rei
D. João I, a elevou de simples povoação à categoria de Vila e
D. Manuel mandou edificar a igreja paroquial e deu-lhe foral novo
(in Livro dos Forais Novos da Beira, fl, 156)
Segundo o Cadastro de 1527, na vila de Vila Nova
de Foz Côa e o seu termo viviam 155 moradores, sendo 44 na vila, dentro dos
muros, 108 no arrabalde, 1 na Barca de Foz Côa e 2 na Barca da Veiga do
Douro.
A vila está situada a cerca de 4 Km da margem esquerda
do Rio Douro
Compreende os lugares seguintes: Cortes da
Veiga, Farrapa, Pocinho, Quinta do Vale Meão e Veiga. E as quintas:
Amador e Farfola.
O movimento da população desta
freguesia, desde a 1ª edição da Chor., de Pereira Carvalho, até ao
último recenseamento, é seguinte:
Em 1108 - 560 fogos; Em 1868, 759; Em 1862, 850
- 4500 habitantes; Em 1864, regrediu para 2.817 habitantes; Em 1890 - 789 fogos
3.242 habitantes; Em 1900 - 907 fogos - 3569 habitantes; Em 1911 - 907 fogos,
3472 habitantes; Em 1920. 902 fogos, 3111 habitantes; Em 1930 - 992 fogos
3.343 habitantes; Em 1940 - 1.013 fogos - 3825 habitantes.
Em anterior aniversário |
"Quantos, por vezes, chegam a casa com queimaduras, outros meios intoxicados pelos fumos emanados pelas chamas." (..) Por tudo isto, lhes foi atribuído o glorioso nome de "SOLDADOS DA PAZ". - Escreveu no ECÔA, Artur Saraiva, em 1 de Junho de 1995 "Logo à entrada do 'Hall", encontra-se uma fotografia ampliada, onde podemos ver em primeiro plano, sentado da esquerda para a direita, os seus primeiros fundadores: José Pinto, José Pinheiro, Júlio António Lopes, José António Saraiva Caldeira e por último, o Luiz Moura, todos já falecidos, nomes que muitos ainda se devem recordar até com saudade. Na mesma, e de pé, podem ver-se "os nossos valentes soldados da paz”.
Gustavo Duarte e António Lourenço |
LONGE VÃO OS DIAS DE POVO ACUDIR A APAGAR O INCÊNDIO
COM OS SINOS A REBATE - Palavras de
António Pimentel, há cinco anos
Um casal feliz -António e M. Amélia Lourenço |
António Lourenço |
Sim, já lá vai
o tempo em que, em vez do grito da sirene, se ouvia o repicar dos sinos,
chamando homens, mulheres e crianças, trazendo pela mão ou à cabeça, cântaros
ou caldeiros de água para apagarem o incêndio - Ainda conheci esse tempo na
minha aldeia.
Gentileza de Maria Amélia Lourenço |
Sim, aos
bombeiros, o que lhe sobra em dedicação e espírito de voluntariedade,
escasseia-lhe nas ajudas materiais. Pois, "com as receitas a diminuir para cerca de metade e
alguns custos a crescer, só com muito esforço dos dirigentes, comando e a
generalidade dos bombeiros, tem sido possível dar a devida resposta à
população" - Palavras ditas, há três anos, por António Pimentel Lourenço, Presidente desta
Associação, e, por certo, ainda muito atuais.
"Nª SENHORA DA VEIGA ESTÁ NO MOMENTO DA SUA
CRIAÇÃO" - Escreve Manuel Pires Daniel - que, já em 1994, proferia esta
afirmação: "O sonho do Quartel levou 40 anos para se construir" (...)
"Todos temos o dever de ajudar"
"Um pouco da história dos nossos Bombeiros recordada nas Jornadas de Solidariedade,
quando completaram 60 anos (em 1994)
Os nossos bombeiros “nasceram” em 22 de Junho de 1934
Até aí não havia bombeiros? Pois não. O povo acudia
impulsiva e improvisadamente, chamado pelos sinos a rebate, para actuar,
depois, de forma desorganizada, com prejuízo para os sinistrados.
Havia, desde há muito, em Foz Côa, o sonho de ter
bombeiros, à semelhança do que sucedia em muitas terras.
Gentileza de Maria Amélia Lourenço |
É certo que já havia uma bomba, maltratada, que andava
por aí aos baldões do rapazio. Ninguém cuidava dela e foi preciso repará-la.
Nas horas dos incêndios, como S. Bárbara, é que se lembravam da sua utilidade e
se falava da falta dos bombeiros ..
Nº Srª da Veiga está no momento da sua criação
Só na festa de Nossa Senhora da Veiga, em Setembro de
1933, é que a ideia de se criar uma Associação Humanitária, com o respectivo
Corpo de Bombeiros, começou a criar corpo. Juntaram-se alguns homens de boa
vontade. A dar ânimo à iniciativa lá estavam José Joaquim de Almeida Pinheiro e
Júlio António Lopes. Em Novembro havia já inscrições para o primeiro Corpo Activo.
Em Janeiro de 1934, no dia 14, saíram à rua, pela primeira vez, já fardados,
para simular um ataque a um incêndio, suposto na Câmara Municipal. Feitos os
estatutos, organizados os seus corpos sociais, com José Augusto Pinto à frente
da Direcção, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de
Foz Côa nasceu finalmente no dia 22 de Junho de 1934,
(...). Nos tempos da II Guerra Mundial
A partir daí, os Bombeiros de Foz Côa e os seus
problemas andaram juntos por vários anos. Não se conheciam uns sem os outros.
Os homens que dão "vida por vida", à medida em que melhoravam os seus
serviços, viam multiplicadas as suas dificuldades. As guerras de 1936-1939 (em
Espanha) e de 1939-1945 (na Europa) marcaram indelevelmente a sua história, mal
conseguindo sobreviver. Foi necessário, inclusivamente, nomear comissões
administrativas. Grandes homens foram aparecendo, entretanto. Dr. Amílcar de
Sousa Donas Botto, Dr. José Augusto Saraiva de Aguilar, Dr. António Augusto
Correia Farinhotc, Moisés Martins, Herculano Pais, Cipriano Saraiva, Adão Mário
Salgado, José Joaquim Torres Teles, Manuel José Pires, Loisik José Candoso,
Amílcar Chéu, Jorge Coelho, Mário José Salgado, José Augusto dos Santos, e para
encurtar uma lista que seria extensa, o nome inesquecível do antigo Presidente
da Câmara fozcoense, Dr. Manuel Gonçalves dos Santos. Fazia falta um quartel
condigno
Era preciso construir um Quartel, no lugar onde
funcionara a antiga Central Eléctrica: Enquanto o não havia, os Bombeiros
ocuparam precariamente o Clube Fozcoense, que deixara de ter actividade. As
obras, entregues ao empreiteiro Abílio Araújo Soares, foram andando com as
dificuldades financeiras típicas destes empreendimentos. Os próprios Paços do
Concelho iniciaram um processo de remodelação. E foi no edifício do Quartel,
então em vias, de acabamento, que a Câmara se instalou, antecipando a sua
utilização pelos Bombeiros. E é curioso que foi aqui, neste salão nobre, ainda
inacabado, e no gabinete da Direcção, que se fizeram reuniões que conduziram à
criação do Apoio Domiciliário a Idosos, quando o Lar ainda era um sonho, o
Hospital estava em obras e a Misericórdia não tinha um lugar próprio para as
suas reuniões.O sonho do Quartel levou 40 anos para se construirA inauguração
do Quartel fez-se, mais tarde, em 1982, num dia em que Nossa Senhora da Veiga
era trazida para a Vila. Um dia grande para os Bombeiros e, sobretudo para um
elenco de homens de Foz Côa, que se agarrou de alma e coração a esta benemérita
Associação, mantendo-a em pleno até aos nossos dias. Não pode nem deve ficar
sem o devido_ relevo o nome de António Ferreira Sebadelhe, no seu posto de
Presidente da Direcção desde 3 de Fevereiro de 1979 (já lá vão 14 anos), ao
lado de Mário Raúl Ferreira, Fernando Anacleto Veríssimo, Amílcar Fernandes
Chéu, António Eurico Flor Guerra, José Silvério Maximino de Almeida, José dos
Santos Pires, e outros, não podendo deixar de lembrar também os nomes de Dr.
Jorge Caldeira, Tenente Coronel José Clementino Pais, José Ilídio Antão,
António Fernando Mimoso, Adriano Manso, Alberto Coelho, Elói Ernesto Manso,
António Lourenço e outros mais recentemente chegados.
Tem sido enorme o esforço desenvolvido por este punhado de homens dedicados à sua terra e à solidariedade.Todos temos o dever de ajudarAgora (estávamos em 1994) já sabemos: o Quartel-sede já não chega para as viaturas, amanhã vamos inaugurar uma nova garagem, temos várias necessidades de melhoria de serviços, está aí a barragem com a mais extensa albufeira do País, estamos longe dos principais hospitais distritais e as ambulâncias não chegam para as encomendas ... Os Bombeiros são chamados para tudo o que é necessidade ... O seu rosário é, infelizmente, uma oração que só com insistência os santos escutam. Manuel Daniel (Excertos de uma palestra proferida nas “Jornadas de Solidariedade”, em 1994 – no livro “Foz Côa Solidária”OS BOMBEIROS
Tem sido enorme o esforço desenvolvido por este punhado de homens dedicados à sua terra e à solidariedade.Todos temos o dever de ajudarAgora (estávamos em 1994) já sabemos: o Quartel-sede já não chega para as viaturas, amanhã vamos inaugurar uma nova garagem, temos várias necessidades de melhoria de serviços, está aí a barragem com a mais extensa albufeira do País, estamos longe dos principais hospitais distritais e as ambulâncias não chegam para as encomendas ... Os Bombeiros são chamados para tudo o que é necessidade ... O seu rosário é, infelizmente, uma oração que só com insistência os santos escutam. Manuel Daniel (Excertos de uma palestra proferida nas “Jornadas de Solidariedade”, em 1994 – no livro “Foz Côa Solidária”OS BOMBEIROS
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