Jorge Trabulo Marques
O pastor José Júlio,
filho de pastor, nunca conheceu outra vida que não fosse andar atrás ou à frente
do seu gado - Uma via dura, de muitas canseiras, subindo e descendo encostas ou
ladeiras rochosas – Um rosto popular, simpático, generoso e amigo, com o qual
me cruze, sempre que regresso à aldeia, onde ambos nascemos e crescemos –
Nomeadamente, quando me dirijo aos
Templos do Sol, no alto da Mão-Cheia, Tambores ou Quebradas e deixo o
fundo do povo e vou a pé pelo antigo caminho romano, passando ao lado do velho
Pombal, onde tem o seu cabanal e um bardo ao ar livre – O registo, em vídeo, que aqui lhe mostramos, quando ele procedia à
ordenha das suas ovelhinhas, foi feito o ano passado, mas continuo atual – Não deixe
de o ouvir.
Nos
tempos que correm, os pastores vão rareando – Poucas pessoas escolhem a vida de
pastor - Porém, tal tal como é
reconhecido, “a pastorícia é uma antiquíssima
actividade humana. As culturas hebraica, grega, romana, cristã e árabe
integraram nos seus escritos sagrados e profanos muitas referências ao
pastoreio de gado, particularmente de ovelhas, bem como aludem a tarefas direta
ou indiretamente a ele ligadas, como o aproveitamento do leite, da carne, da lã
e da pele.
Os
Hebreus foram um povo nómada, povo de pastores que praticava a transumância com
rebanhos de milhares de cabeças. Diversos episódios bíblicos nos dão notícia da
pastorícia, bem como do uso de ovelhas e cordeiros para fins sacrificiais, numa
terra, Canaã, que é considerada, terra de que mana o leite e o mel”
“No
Génesis diz-se: Abraão era muito rico em rebanhos (...). Lot que acompanhava
Abraão, possuía, igualmente, ovelhas (...). Houve questões entre os pastores
dos rebanhos de Abraão e os pastores dos rebanhos de Lot (Génesis, 13).
Também
no Génesis se relata, no sacrifício de Isaac: Erguendo Abraão os olhos, viu,
então, atrás dele um carneiro preso pelos chifres a um silvado. Foi buscá-lo e
ofereceu-o em holocausto, em substituição do filho (Génesis, 22).
Ainda
no Génesis, o episódio do encontro de Jacob com Raquel, retrata um mundo de
pastores: Jacob perguntou aos pastores: De onde sois meus irmãos? Responderam:
Somos de Harran. Ele disse-lhes: Conheceis Labão, filho de Nahor?. Responderam:
Conhecemos. Disse-lhes ele: E está de boa saúde? Responderam: Está de boa
saúde, e ali vem Raquel, sua filha, com o rebanho. Ele disse: Ainda é dia
claro, é cedo para recolher os rebanhos; dai de beber às ovelhas e voltai com
elas a pastar. Responderam: Não podemos, enquanto todos os rebanhos não
estiverem reunidos. Então, afasta-se a pedra da boca do poço, e damos de beber
ao gado (Génesis, 29)."
Toda
a vida fui pastor
Toda
a vida guardei gado.
Tenho
uma nódoa no peito
De
me encostar ao cajado.
De
me encostar ao cajado
De
me encostar ao bordão.
Tenho
uma nódoa no peito
Ao
lado do coração.
Na
serra o que mais se sente
São
saudades do amor.
E
o leite é branco para a gente
Só
é negro para o pastor.
O
meu amor é pastor
É
pastor e guarda ovelhas.
Tem
uma casa na serra
Coberta
com poucas telhas.
(Cantar da Beira Interior) - Cantado
pelo rancho
do rancho de Videmonte.
EM CRIANÇA TAMBÉM FUI PASTOR NA QUINTA
QUE LHE MOSTRO E, MAIS ACIMA, FAZIA IMAGENS DO BARRO QUE HAVIA ALI À BEIRA DA
ESTRADA, SIM, DE Nº SRAª DE FÁTIMA E DEPOIS PUNHA-ME A REZAR À FRENTE DAS
MESMAS, COM ELAS EMPINADAS NAS FRAGAS, ESPERANDO QUE A VERDADEIRA Nª SRAª ME
APARECESSES - Nunca ali me apareceu mas julgo que no alto mar, quando andei por
ali perdido 38 dias, tive uma espantosa visão sobrenatural... A propósito da
entrevista que fiz ao pastor José Júlio, que está também a ser muito bem
acolhida pelos meus amigos santomenses, o qual, aliás, já por várias vezes, o
entrevistei, tendo comigo um registo sonoro de há 30 anos, que, num deste dias,
conto editar -
Vou hoje aqui mostrar a velha quinta
onde também fui pastor - - E, como naquela altura, acreditava muito em milagres
de Fátima, fazia imagens de barro e punha-me à frente delas a rezar esperando
que Nª Srºa também me aparecesse. Hoje tenho lá o meu santuário numa certa
gruta dos penhascos, mas é de "OXALÁ" Jesus Cristo, que veio do
Brasil - .Naquela altura, não andava a guardar as ovelhas, como o pastor José
Rebaldo, quando os meus pais eram caseiros na Quinta do Muro, um antigo castro
transformado numa casa de campo, alcandorada sobre o aprazível vale da Ribeira
Centeeira, mas ia-lhe levar a marmita do almoço, subindo as íngremes encostas
rochosas do Tambores - Um pouco mais abaixo e ao lado, morava o meu Tio Joaquim
Trabulo, irmão de minha mãe e a minha tia, que eram caseiros da quinta do
médico do Salazar, onde este ia almoçar quando ia passear para o Alto Douro e
Trás-os montes - Ainda me lembro de o ter visto, num enorme carrão, na então
estrada real, hoje conhecida pela EN 105, esperando um cabaz de fruta da minha
Tia Diolinda - Aqui lhe deixo mais uma entrevista que fiz ao pastor José Júlio
e outras histórias http://www.vida-e-tempos.com/2013/12/sexual-mushroom-dos-tambores-na-lista.html
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