Jorge Trabulo Marques - Jornalista
Poetas Fermino Mendes e Sebastião Alva (já falecido) mais atentosn à fotografia |
Foi junto ao Balcão do Snack-Bar Expresso, que, pela primeira vez, tive ocasião de falar com Herberto Hélder e Manuel da Fonseca. Já lá vão uns anos mas tenho esse agradável encontro ainda bem presente na memória – Mas o tempo muda muita coisa e, também, nem o ambiente, nem quem o frequentava, é o mesmo – Além de que a idade não perdoa – Alguns, já nem vivos são. Por outro lado, a nova lei do arrendamento urbano, veio dar uma enorme facada ao centro histórico lisboeta, e o Largo da Trindade, mais conhecido por Largo da Misericórdia, creio que também já sofreu o seu abalo "misericordioso" . Livraria Olisipo com ordem de despejo Até porque Esta cidade não é para velhos ... Largo Trindade Coelho.
E QUEM HAVIA DE IMAGINAR QUE, SEBASTIÃO ALVA - SORRIDENTE NA IMAGEM ANOS 80 -, IA MORRER ATROPELADO E NA TRISTE CONDIÇÃO DE UM SEM ABRIGO E NA MAIS EXTREMA POBREZA
"Sebastião Alba. Nascido em Braga, foi em Moçambique que se formou em jornalismo e se tornou num dos mais importantes poetas moçambicanos. Com uma vida repleta de peripécias, regressaria a Braga em 1985. Acabou como sem abrigo nas ruas da sua cidade, onde morreria em 2000, atropelado por um condutor que se pôs em fuga. Esta foto ilustrou uma entrevista que realizei para o Independente, em 1998. ao segundo dia de procura pelas ruas de Braga lá o encontramos, num dos cafés onde passava. quando morreu trazia consigo um papel dirigido ao seu irmão onde se lia: "se um dia encontrarem o teu irmão o espólio será fácil de verificar: dois sapatos, a roupa do corpo e alguns papeis que a policia não entenderá" dias de um fotógrafo: O poeta......: Sebastião Alba
DE JORNALISTA A PERSONAGEM DE AVENTURAS DO MAR
Ia à procura de histórias do autor de Cerro Maior e Rosa dos Ventos (entre outras obras de contos, poesia e romances, natural de Santiago de Cacém) para a Rádio Comercial e eu é que acabo por ter de contar as minhas aventuras do mar.
Deparo-me com o poeta dos Passos em Volta e um pequeno mas animado grupo de intelectuais – Alguns dos presentes, já os conhecia e, inclusivamente, entrevistado noutras circunstâncias – E também houve quem, conhecendo-me, não fosse de meias palavras: em vez de querer saber ao que ali me levava, com um pequeno gravador na mão (por razões profissionais), queria era que lhes falasse das minhas aventuras marítimas – ou, não haverá, nas veias de cada português, também um pouco de mar dos Lusíadas de Camões ou da Mensagem de Pessoa? – e dissesse, sem rodeios, para que todos ouvissem:
“Aqui está o navegador solitário! O homem das Canoas, em São Tomé” – Isto, porque, além da RTP e do Século Ilustrado, Jornal Novo, uns anos antes, o Diário Popular, tinha dado grande destaque às minhas odisseias nos mares do Golfo da Guiné, com a publicação de vários artigos, no suplemento do Sábado Popular – a cujas aventuras me refiro no meu sitehttp://www.odisseiasnosmares.com/2012/02/cao-grande-em-sao-tome-grande-escalada.html
Curiosamente, um dos notáveis tertulianos, que ali se mostrou mais interessado, até foi Herberto Hélder - Eu creio que, mais tarde, ainda lhe cheguei a oferecer algumas fotos ou fotocópias de artigos.
Com a sua barba ruiva, ainda na casa dos cinquentas e poucos,
mostrou-se, de facto, um ouvinte atento e muito afável. Agora acima dos 80,
mas, segundo consta, nem por isso menos lúcido e pleno de verve poética.
Já me haviam dito que ele não gostava de dar entrevistas mas
que era um excelente conversador. E lá tinha e tem as suas razões ..Herberto
Helder (Não digam a ninguém)... "Meu
Deus faz com que eu seja sempre um poeta obscuro .Por isso,
também não quis enveredar por essa via, preferindo o diálogo espontâneo e
o do convívio.
Não se
pode querer tudo. Hemingway também não gostava de dar entrevistas. E, quando um
fotógrafo, quis fotografá-lo, contra a sua vontade, não hesitou em atirar-lhe o
uísque do copo à cara. E, sempre que ali o encontrei – nas várias vezes que
passei a frequentar o “Expresso” para tomar um café, comer uma sopa ao balcão
(muito boas, por sinal) ou uma refeição (económica) na zona do
restaurante, aproveitava a oportunidade de dialogar mas, sobretudo, para
ser mais um observador de que interveniente. A bem dizer, ali sentia-me mais na
pele de jornalista de que o participante na referida tertúlia.
Esse
duplo sentimento tive-o no Botequim da Natália Correia. Era outro género de
tertúlia. No Bar Expresso, o convívio, era mais restrito e decorria,
normalmente, pela tarde a diante, confinando-se praticamente ao
balcão ou junto às duas mesas da entrada, logo ali à porta. Enquanto,
que, no Largo da Graça, embora, em área geral, não fosse maior, havia mais
espaço - Estava lá a Natália -Bastava a presença dela, com a sua corte de
admiradoras e admiradores para dar outro fulgor e transformar, cada noite numa
festa ou centro de polémicas e controversas. De resto, foi através
de algumas sugestões da autora da Mátria, que
acabaria por fazer uma série de entrevistas para o semanário Tal
& Qual, sobre a primeira relação sexual, nomeadamente, o pintor Carlos
Botelho e Amália Rodrigues, entre outras figuras, a que me refiro
em: Natália Correia
e "O Botequim da Liberdade" .....romance
no sheraton lisboa hotel ea fuga da casa da amália
ESTE UM DOS MEUS REGISTOS NO BOTEQUIM
DÉCADA DE 80 – ANOS DE BOAS MEMÓRIAS
De facto, os anos 80, constituem para mim, os anos dos meus encontros com os maiores nomes das artes e letras portuguesas – Mas não só: com personagens das mais diversas atividades, desde os mais sonantes nomes do crime, até aos mais ilustres poetas, escritores, músicos, atores, políticos, cantores – Gente anónima e mui diferenciada. Guardo, ainda, muito desses registos gravados em cassetes. Pena não ter feito também fotografias, salvo Vergílio Ferreira, Mário Cesariny, Lídia Jorge, Jorge Amado e António Ramos Rosa (pouco mais) porém, quando se trabalha numa estação de rádio (na então Rádio Comercial-RDP) a preocupação principal do repórter é a do som. – E essa faceta também me deu imenso prazer. Tal como agora, quando recordo as gravações. Bom, mas fiz algumas fotografias na tertúlia do Bar Expresso, duas das quais aproveito para aqui editar.
Naquele dia não estava lá Herberto Hélder ,Armando Baptista-Bastos Manuel da Fonseca António Assunção Júlio Pinto Janita Salomé Vitorino Salomé Luís Pignatelli Zetho Cunha Gonçalves - . Entre outros notáveis frequentadores mas estavam lá outros assíduos. Nomeadamente, os poetas Luís Carlos Patraquim Firmino Mendes Sebastião Alba
(atualização)
PÚBLICO - "O poeta Herberto Helder morreu, aos 84 anos, na segunda-feira em Cascais. O poeta que nasceu em 1930 no Funchal morreu em casa. As causas da morte não foram reveladas. Era considerado o maior poeta português da segunda metade do século XX. A cerimónia funebre realiza-se na quarta-feira e vai ser reservada à família, segundo comunicado da Porto Editora.Morreu o poeta Herberto Helder
PÚBLICO - "O poeta Herberto Helder morreu, aos 84 anos, na segunda-feira em Cascais. O poeta que nasceu em 1930 no Funchal morreu em casa. As causas da morte não foram reveladas. Era considerado o maior poeta português da segunda metade do século XX. A cerimónia funebre realiza-se na quarta-feira e vai ser reservada à família, segundo comunicado da Porto Editora.Morreu o poeta Herberto Helder
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