Leia o que me disse, Azeredo Pedigão, de Calouste Gulbenkian
Se houve alguém que conhecesse verdadeiramente a dimensão da obra e da personalidade de Calouste Gulbenkian, chama-se Azeredo Perdigão - Leia mais adiante o excerto da entrevista que me concedeu - ele que não costumava dar entrevistas, tão absorvido se empenhava na administração, que não perdia tempo com os media - falando-me, nomeadamente, desse grande benemérito da cultura portuguesa, que reproduzo a propósito do mais recente livro de José Rodrigues dos Santos - Espero, um dia destes, aqui também publicar a entrevista que me foi concedida por outro grande homem e benemérito da cultura, pese a sua principal atividade ser a banca - de seu nome Cupertino de Miranda.
Se houve alguém que conhecesse verdadeiramente a dimensão da obra e da personalidade de Calouste Gulbenkian, chama-se Azeredo Perdigão - Leia mais adiante o excerto da entrevista que me concedeu - ele que não costumava dar entrevistas, tão absorvido se empenhava na administração, que não perdia tempo com os media - falando-me, nomeadamente, desse grande benemérito da cultura portuguesa, que reproduzo a propósito do mais recente livro de José Rodrigues dos Santos - Espero, um dia destes, aqui também publicar a entrevista que me foi concedida por outro grande homem e benemérito da cultura, pese a sua principal atividade ser a banca - de seu nome Cupertino de Miranda.
Bom, mas agora a
figura em questão é Azeredo Perdigão - Pois, por mais investigações que se
façam sobre Gulbenkian, o grande confidente, seu advogado e homem de confiança
da sua vida, foi José Azeredo Perdigão, de quem tive o grato prazer de ser
recebido no seu gabinete de trabalho, devido à amabilidade do meu bom amigo
Sommer Ribeiro, Diretor do Centro de Arte Moderna : o que era, inicialmente, para ser uma curta declaração de 10 minutos,
surpreendentemente, acabou por ser uma entrevista bem mas longa.
É hoje posto à venda nas livrarias, mas só no Sábado às 17 horas é o lançamento oficial, porventura um dos livros mais aguardados do pós Verão, do período que antecede o Natal - Tem por título O Homem de Constantinopla – Autor, José Rodrigues dos Santos. Uma das figuras emblemáticas da televisão pública, um dos rostos simpáticos e mais credíveis - Sem dúvida, o Sr. RTP
.
FINALMENTE,
DESFEZ-SE O ENIGMA À VOLTA DA MAIS RECENTE OBRA DO AUTOR DA ILHA DAS
TREVAS, FÓRMULA DE DEUS, ÚLTIMO SEGREDO, CÓDEX 632, SÉTIMO SELO, FÚRIA DIVINA,
ANJO BRANCO, A MÃO DO DIABO, ENTRE OUTROS BESTE SELERS, QUE VENDERAM MILHARES DE EXEMPLARES
O próximo livro vai chamar-se “Um Milionário em
Lisboa” e já se sabe que é o prolongamento do Homem de Constantinopla.
Há dias, o PÚBLICO, referindo-se ao autor e à sua
próxima obra, dizia que “já se esperava um novo romance de José Rodrigues dos
Santos para a rentrée deste ano mas não se sabia ainda qual seria a história que o jornalista e
escritor iria contar desta vez. Nem se sabia que afinal Rodrigues dos Santos
vai lançar não um mas dois livros sobre a vida de Calouste Gulbenkian.” – José Rodrigues dos Santos faz
biografia romanceada de Gulbenkian Mas, afinal, se
dúvidas existiam, vão desfazer-se a partir de hoje.
Não me vai ser possível comprá-lo e lê-lo hoje, visto
estar envolvido com o evento da celebração do Equinócio do Outono. Mas não
deixarei de o fazer, logo que possível. A vida de Gulbenkian despertou-me
especial curiosidade, não apenas pelo que, da sua obra é do conhecimento
público, mas sobretudo a partir da interessante entrevista, que Azeredo
Perdigão, me concedeu - Ele, o advogado a quem Gulbenkian confiaria os destinos da
Fundação, esta sim, talvez das poucas que não foi criada para
branquear capitais ou promover a gula liberal sob disfarces mais ou menos
encapotados , pelo que tornar-se-ia num marco único em prol da
cultura portuguesa. Pois é inimaginável quão pobre não teria ficado este país,
sem o seu contributo. Sim, até o próprio Estado Português, confidenciar-nos-ia,
o Primeiro Presidente da Fundação Gulbenkian, chegara a receber
empréstimos avultados, no tempo de Salazar – E não se pense que a Fundação
fosse algum covil do regime.
TALENTOSO E CORAJOSO JORNALISTA E ESCRITOR – AFÁVEL E
SIMPLES
Os romances de José Rodrigues dos Santos, não são
apenas fruto de imaginação mas, essencialmente, ou resultado da sua experiência
profissional ou de aturada investigação. Sendo jornalista, não é dos que se
limita a escrever apenas sobre a tarimba das redações ou na mesinha lá de casa,
viaja, atravessa continentes e oceanos, arrisca a vida na frente ou
na retaguarda dos conflitos mundiais, mais acesos, vai ao encontro
do âmago das questões – Movido por um imensa curiosidade e pelo gosto em dar a
conhecer as suas investigações jornalísticas, o talento e o amor que lhe corre
nas veias para escrita e observação, a grande experiência
profissional e de vida que tem granjeado, ei-lo, pois,
quase sem se dar conta disso, mesmo admitindo que todos os dias é uma das
personagens, que, através do ecrã da TV, nos entra em casa, eis, pois, esse incansável autêntico bicho das sete vidas a surpreender-nos com mais uma novidade
literária.
A propósito desta sua incursão, ao que parece, misto de romance e biografia, sobre a vida de Gulbenkian, aproveito para aqui transcrever uma parte da entrevista que José de Azeredo Perdigão me concedeu para a Rádio Comercial, já publicada noutra postagem deste site, a cujo link poderá aceder no final deste post.
JOSÉ AZEREDO PERDIGÃO, O HOMEM QUE FEZ MAIS PELA CULTURA EM PORTUGAL DE QUE TODOS OS GOVERNANTES, DEPOIS QUE ELE MORREU
A Fundação Calouste Gulbenkian. GOZA DE PRESTÍGIO INTERNACIONAL, SENDO CONSIDERADA UMA DAS MAIS IMPORTANTES A NÍVEL MUNDIAL NO SEU GÉNERO
Tive o privilégio - o grande prazer de entrevistar - algumas das mais importantes figuras da vida nacional, em vários domínios, guardo em cassete(cerca de 300) parte dessas entrevistas. José Azeredo Perdigão, foi uma dessas figuras. Recebeu-me no seu gabinete. E, aquilo que inicialmente estava previsto apenas para uma curta declaração, transformar-se-ia numa longa e interessante entrevista de quase três quartos de hora - Parte da qual vou aqui transcrever - Pois, o seu magnífico exemplo, julgo que se insere perfeitamente neste site de Os Templos do Sol - Ele que ajudou a fundar - e foi seu primeiro administrador - um dos maiores Templos da Cultura em Portugal
.Azeredo Perdigão - Os Grandes Portugueses
"EU NÃO SOU VELHO, SOU ANTIGO!... QUE É UMA COISA DIFERENTE".
O
seu diálogo infundia um prazer especial. Ainda conservo parte do registo
gravado. E em perfeitas condições. Ao transcrever as suas palavras, até me
pareceu que ainda estava ouvi-lo falar atrás da sua enorme secretária, pejada
de dossiês e de papéis. Com uma transbordante jovialidade, rara para a sua
idade. Já lá vão 24 anos. Creia que, ao recuar no tempo, me senti até mais novo
-
ALÉM DE OUTRAS
QUESTÕES, QUE LHE COLOQUEI, ERA INCONTORNÁVEL QUE NÃO LHE PEDISSE PARA SE
PRONUNCIAR SOBRE O FUNDADOR DA FUNDAÇÃO - EIS UM EXCERTO:
JTM - Conheceu esse grande homem!...O fundador desta Fundação: uma palavra para esse homem... Nunca é por demais sublinhá-lo.
JAP - É um homem que eu conheci como meu cliente... Convivi com ele durante o tempo em que aqui esteve até falecer. Eu considero-o uma pessoa superior, em todos os sentidos! Na inteligência!.. Na da acção! Mesmo na generosidade!.. Porque, o facto de ele ter constituído esta Fundação, é uma prova do seu espírito humanista!... Ele era, sem dúvida, um humanista!
JTM – Um amigo de Portugal!..
JAP - Sim!... Muito!... Ele simpatizou com Portugal... Ele veio para aqui para estar, simplesmente, uma semana ou duas semanas em período de repouso... e foi ficando... Foi prolongando... E aqui esteve uns poucos de anos até morrer... Porque acabou por morrer em Portugal... A prova evidente que o nosso meio, o meio social, o meio político e económico lhe agradavam!... Ele sentia-se bem aqui, assim...
JAP - Sim, adoptou o país... É difícil saber qual era a pátria dele... Porque ele era arménio de raça...Nasceu na Turquia!... Tinha o seu domicílio em Paris e estava naturalizado inglês. Por isso, já vê que é difícil dizer-lhe a pátria dele...Veio viver para Portugal... Suponho eu, com a intenção de poder repousar... Foi no período da guerra, não é verdade...em que a França foi ocupada... A França foi ocupada e depois foi dividida em França livre e França ocupada... O governo de Pétain veio paraVichy e ele entendeu que devia ir para Vichy . Esteve em Vichy algum tempo ... Havia naturalmente dificuldades em Vishy...Estavam em guerra... e pensou em vir para um país, no sul da Europa, que estivesse em paz... E escolheu Portugal. E veio, digamos, para um período de férias!... E, afinal, interessou-se por nós... Achou-se bem... Foi bem acolhido!... Foi bem acompanhado por bons médicos. Porque foi uma das coisas muito importantes, a confiança que ele tinha nos médicos... Porque ele preocupava-se muito com a sua saúde... Ele teve aqui médicos muito bons.. Quero citar um nome que é Fernando do Fonseca , já falecido e que foi realmente uma das figuras notáveis da medicina portuguesa, um dos médicos do Sr. Calouste Gulbenkian(não foi único!), mas foi um deles.... Foi um conjunto de circunstâncias... A paz pública! Que nós gozávamos aqui em Portugal... isso encantava-o!
JAP Imediatamente... Se não foi no próprio dia, foi um dos dois dias imediatos...
JTM - Foi consigo que ele tratou a criação da Fundação?..
JAP - Foi comigo que ele tratou a criação da Fundação Gulbenkian... Não admira... pois era o seu advogado... Era o seu consultor jurídico... E, consequentemente, ele necessitava de um consultor jurídico para criar um Fundação em Portugal...
JTM - Quando o projecto apareceu era um projecto menos ambicioso ou que foi galgando, foi tornando-se forte com o tempo?...
JAP - Eu estou convencido que no espírito dele a Fundação talvez não tivesse a dimensão que ela tem hoje!... Eu pergunto a mim próprio se porventura me tivessem perguntado quando a Fundação foi constituída, se ele teria o desenvolvimento e a dimensão que hoje tem, eu diria que não.
Os fundos.... Naturalmente, que, à primeira vista, com estas despesas todas, faz-nos criar aquela dúvida ou pelo menos a interrogação: será que os fundos darão para que a Fundação possa viver muitos anos?... Ou eles terão seu limite?
Uma das minhas preocupações foi precisamente assegurar a continuidade, digamos assim, a perenidade da própria Fundação... Esse risco de a Fundação acabar em consequência de uma carência de meios financeiros não existe.
JAP – Porque a Fundação está bem assegurada!... A Fundação tem realmente um património que garante a sua sobrevivência...
JTM . Para muito!... Muito tempo!...
JAP - Por muito tempo...nunca se sabe... Nada é eterno!... E sobretudo nós não podemos prever como evoluem os investimento que ele tem... A sua fortuna...Como evoluem esses investimentos.. Onde é que as coisas em que ele investiu podem realmente ser produtivas ou deixar de ser produtivas... ou extinguirem-se mesmo.. É um contingente na vida moderna, que nós não podemos ter a certeza de sobreviver física e economicamente...
JTM - O importante é sublinhar o que se fez!...que foi imenso! Que foi bastante...em vários domínios: na cultura, na ciência, na saúde e noutros sectores de actividade. E, Portugal, teria naturalmente enfrentado algumas dificuldades se não fosse o apoio da Fundação?
JAP - É evidente que a Fundação da Gulbenkian tem ajudado a resolver alguns problemas da vida nacional... Mas, se a Fundação não existisse, os governos encontrariam outros meios para resolver essas dificuldades... É claro que a Fundação Gulbenkian tem feito muito... Mas, não quer dizer que, se a Fundação não existisse, não encontrasse para os mesmos problemas, soluções, talvez até soluções melhores
(.....)
Nunca pensei em que a Fundação Gulbenkian se substituísse ao Governo, nem se imiscuísse na governação pública. A Fundação Gulbenkian tem tido sempre uma independência total do Governo, uma independência colaborante, mas nunca uma dependência.
Nota - Esta entrevista não pode ser reproduzida, em parte ou integralmente, sem o consentimento do seu autor.
Na mesma entrevista (igualmente gravada) foram ainda colocadas questões sobre o apoios da Fundação aos novos países de expressão portuguesa e as comemorações dos descobrimentos, entre outros temas. Em of contou-me que a Fundação Gulbenkian chegara a emprestar dinheiro ao governo de Oliveira Salazar - para evitar a banca rota.
DEPOIS DA SUA MORTE TUDO MUDOU ... E PARA PIOR - DANTES HAVIA MAIS CRIATIVOS E ARTISTAS - VIAM-SE SAIR E ENTRAR, PELAS PORTAS DA FUNDAÇÃO GULBENKIAN, MÚSICOS EBAILARINOS, QUASE DE MÃOS DADAS: AGORA VÊM-SE MAIS CARROS ESTACIONADOS DE EXECUTIVOS E EXECUTIVAS
Extinguiram a Companhia de Ballet (Fundação Gulbenkian extingue Ballet) e venderam uma das maravilhas da Fundação Gulbenkian, em Paris - Autênticos crimes Lesa-Património, Lesa-Humanidade
VENDERAM O PALACETE, QUE FOI A RESIDÊNCIA DE CALOUSTE GULBENKIAN - ESTIVERAM-SE NAS TINTAS EM PRESERVAR A SUA MEMÓRIA -Paris -Centre Culturel Calouste Gulbenkian - Imagem WEB.
- Argumentam os coveiros do Ballet Gulbenkian que a venda do histórico imóvel, serviu para cobrir a abertura de instalações mais modernas e ao lado de outras do mesmo género, mas onde a concorrência é bem maior e cujo local jamais poderá superar a importância da mais bela obra arquitectónica, situada no 51 Avenue d'Iéna 75116 Paris, France coração do histórico Paris, onde desde há quase meio século, esteve instalado o Centro Cultural da Fundação Gulbenkian - Agora, que fizeram a negociata, e cometeram a suprema barbaridade, andam por lá, pelas ditas novas instalações, armados em velhas e azougadas carpideiras, com badaladas exposições em “Memória do sítio“
Se, José Azeredo Perdigão, por um eventual ou hipotético milagre divino ressuscitasse do jazigo onde repousam os seus restos mortais e visse o que resta da herança que legou, a mesma que, com tão inexcedível zelo, carinho e dedicação teve a seu cuidado, assumindo dignamente a Presidência do Conselho de Administração, cargo com o qual soube sempre honrar o nome, o espírito humanista e visionário do seu fundador, Calouste Gulbenkian , estou certo que, por tão desiludido, por tão profundamente decepcionado, perderia imediatamente os sentidos e, regressado à plena consciência, depressa desejaria voltar ao reino dos mortos, à tranquilidade dos que morrem mas cuja memória jamais se apagará na vida dos que estão acima da mediana e trivial mentalidade material, hipócrita e egoísta.
-
Nenhum comentário:
Postar um comentário