Festa do Silêncio" e Escrevo-te com o fogo e a água" de António Ramos Rosa - A singela homenagem a um grande poeta
A Festa do Silêncio
Escuto na palavra a festa do silêncio.
Tudo está no seu sítio. As aparências apagaram-se.
As coisas vacilam tão próximas de si mesmas.
Concentram-se, dilatam-se as ondas silenciosas.
É o vazio ou o cimo? É um pomar de espuma.
Uma criança brinca nas dunas, o tempo acaricia,
o ar prolonga. A brancura é o caminho.
Surpresa e não surpresa: a simples respiração.
Relações, variações, nada mais. Nada se cria.
Vamos e vimos. Algo inunda, incendeia, recomeça.
Nada é inacessível no silêncio ou no poema.
É aqui a abóbada transparente, o vento principia.
No centro do dia há uma fonte de água clara.
Se digo árvore a árvore em mim respira.
Vivo na delícia nua da inocência aberta.
António Ramos Rosa, in "Volante Verde
Tudo está no seu sítio. As aparências apagaram-se.
As coisas vacilam tão próximas de si mesmas.
Concentram-se, dilatam-se as ondas silenciosas.
É o vazio ou o cimo? É um pomar de espuma.
Uma criança brinca nas dunas, o tempo acaricia,
o ar prolonga. A brancura é o caminho.
Surpresa e não surpresa: a simples respiração.
Relações, variações, nada mais. Nada se cria.
Vamos e vimos. Algo inunda, incendeia, recomeça.
Nada é inacessível no silêncio ou no poema.
É aqui a abóbada transparente, o vento principia.
No centro do dia há uma fonte de água clara.
Se digo árvore a árvore em mim respira.
Vivo na delícia nua da inocência aberta.
António Ramos Rosa, in "Volante Verde
António Ramos Rosa, estudou em Faro, passou pelo Movimento de Unidade Democrática Juvenil, deu aulas de português, inglês e francês, ao mesmo tempo que trabalhava como empregado de escritório e como tradutor.
Da vasta obra poética, premiada, faz parte "Sobre o Rosto da Terra", "Estou Vivo e Escrevo Sol", "A Construção do Corpo", "A Pedra Nua", "Ciclo do Cavalo", "O Incêndio dos Aspectos", "Figuras solares", "O que não pode ser dito" e "Génese seguido de Constelações".
Equinócio - Celebrámos hoje o nascer do
sol do primeiro dia do Outono, entre 08.00-08.30, no Santuário Rupestre da
Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora, no Maciço dos Tambores, aldeia de Chãs,
Foz Côa - junto a antigo local de culto e posto de observação
astronómico, com um poema ao Deus Sol, de Jorge Trabulo Marques (autor destas
linhas) e dois poemas de António Ramos Rosa: a "Festa do
Silêncio" e "Escrevo-te com fogo e a água" – Ali
expressados, sob um céu límpido, azul e magnífico, justamente no momento em que
o astro luzente, ali espelhava o seu esplendor, tal como o teriam contemplado
os antigos povos há milénios – Numa cerimónia simples e desprendida, sem
a participação de anteriores celebrações, mas nem por isso menos prenhe
de simbolismo e de emoção. Porque, quem se associou, veio imbuído com o
mesmo propósito e a mesma fé: contemplar e preservar o que de mais belo e
fantástico, no seio da natureza, nos legaram os nossos antepassados. Não perder
o vínculo às mais genuínas raízes ancestrais, ao seu património e aos seus
valores históricos e espirituais, bem como saudar o Espelho da Criação, a
verdadeira Fonte da Vida, o mesmo astro luzente que faz germinar as sementes,
despontar as flores e amadurecer os frutos - Com a sua vasta variedade de
espécies, de sabores, perfumes e cores. Sim, esta é, pois, a estação do
pleno amadurecimento e da colheita das preciosas uvas, dos figos e amêndoas da
nossa terra. Bem-Haja Pai Sol por tão divinas dádivas e graças.
Recinto circular
amuralhado do Santuário da Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora - Não surge ali
por mero acaso - "Menires isolados ou recintos megalíticos estariam
imbuídos de significados muito diversificados: espaços rituais, marcas na
paisagem, organizações do espaço, pontos de orientação, leitura astronómica "Sítios de
habitat e espaços do sagrado –
Pena - ó sol das alturas - que as pedras do
planalto e de outras encostas e ladeiras, terras de cultivo ou de mato,
assoladas e devastadas por violentos incêndios, para desolação da nossa
alma, para tristeza dos nossos olhos, te recebam enegrecidas
pelas cinzas - Se bem que pusessem a descoberto as suas verdadeiras formas - Por vezes, com imitações, quais estátuas vivas, tão humanas e nossas amigas. Pena, também, que tantos egoísmos e tantas injustiças, em toda a
parte, se transformem em leis, imponham a sua prepotência, arrogância e
arbitrariedade. Pena que nem todos os seres humanos, iluminados
pela tua Luz – oh Grande Leão dos Céus - sejam prendados da mesma forma.
Bem-Haja, pois, a todos os
bons amigos que não enjeitam sacrifícios, por amor às nossas gentes e aos
nossos valores mais genuínos e sagrados. Sim, a vós, António Lourenço,
que ali estivestes, vós que dedicaste tantos anos da vossa vida em prol do
progresso e bem-estar desta nossa aldeia. E a vós, José Lebreiro e José AndradeFoz Côa Friends Associação, que mais uma vez vos associaste, com coração em festa,
pleno de entrega e de generosidade, a estas celebrações evocativas, simples mas
repletas de simbolismo e de espiritualidade
Equinócio - Celebrámos hoje o nascer do
sol do primeiro dia do Outono, entre 08.00-08.30, no Santuário Rupestre da
Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora, no Maciço dos Tambores, aldeia de Chãs,
Foz Côa - junto a antigo local de culto e posto de observação
astronómico, com um poema ao Deus Sol, de Jorge Trabulo Marques (autor destas
linhas) e dois poemas de António Ramos Rosa: a "Festa do
Silêncio" e "Escrevo-te com fogo e a água" – Ali
expressados, sob um céu límpido, azul e magnífico, justamente no momento em que
o astro luzente, ali espelhava o seu esplendor, tal como o teriam contemplado
os antigos povos há milénios – Numa cerimónia simples e desprendida, sem
a participação de anteriores celebrações, mas nem por isso menos prenhe
de simbolismo e de emoção. Porque, quem se associou, veio imbuído com o
mesmo propósito e a mesma fé: contemplar e preservar o que de mais belo e
fantástico, no seio da natureza, nos legaram os nossos antepassados. Não perder
o vínculo às mais genuínas raízes ancestrais, ao seu património e aos seus
valores históricos e espirituais, bem como saudar o Espelho da Criação, a
verdadeira Fonte da Vida, o mesmo astro luzente que faz germinar as sementes,
despontar as flores e amadurecer os frutos - Com a sua vasta variedade de
espécies, de sabores, perfumes e cores. Sim, esta é, pois, a estação do
pleno amadurecimento e da colheita das preciosas uvas, dos figos e amêndoas da
nossa terra. Bem-Haja Pai Sol por tão divinas dádivas e graças.
Recinto circular
amuralhado do Santuário da Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora - Não surge ali
por mero acaso - "Menires isolados ou recintos megalíticos estariam
imbuídos de significados muito diversificados: espaços rituais, marcas na
paisagem, organizações do espaço, pontos de orientação, leitura astronómica "Sítios de
habitat e espaços do sagrado –
Pena - ó sol das alturas - que as pedras do planalto e de outras encostas e ladeiras, terras de cultivo ou de mato, assoladas e devastadas por violentos incêndios, para desolação da nossa alma, para tristeza dos nossos olhos, te recebam enegrecidas pelas cinzas - Se bem que pusessem a descoberto as suas verdadeiras formas - Por vezes, com imitações, quais estátuas vivas, tão humanas e nossas amigas. Pena, também, que tantos egoísmos e tantas injustiças, em toda a parte, se transformem em leis, imponham a sua prepotência, arrogância e arbitrariedade. Pena que nem todos os seres humanos, iluminados pela tua Luz – oh Grande Leão dos Céus - sejam prendados da mesma forma.
Bem-Haja, pois, a todos os bons amigos que não enjeitam sacrifícios, por amor às nossas gentes e aos nossos valores mais genuínos e sagrados. Sim, a vós, António Lourenço, que ali estivestes, vós que dedicaste tantos anos da vossa vida em prol do progresso e bem-estar desta nossa aldeia. E a vós, José Lebreiro e José AndradeFoz Côa Friends Associação, que mais uma vez vos associaste, com coração em festa, pleno de entrega e de generosidade, a estas celebrações evocativas, simples mas repletas de simbolismo e de espiritualidade
Mais pormenores, sobre este dia inesquecível, na postagem a editar
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