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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Arte Naif (Estoril) e Arte rupestre do Côa - Ambas entroncam numa raiz comum - a necessidade do homem reproduzir de forma simples os elementos do seu meio e da natureza - mas separam-nas milénios de distância - Os incêndios devastaram o Vale do Côa mas os painéis não foram atingidos



AS GRAVURAS FORAM POUPADAS – NÃO ARDEM MAS PODERIAM TER FICADO CHAMUSCADAS E ENEGRECIDAS


Tal como referimos na postagem anterior, incêndios de grandes proporções devastaram e enegreceram as margens da Ribeira dos Piscos e do Vale do Côa, que foram combatidos através de uma centena de bombeiros, ao longo de mais de três dias – Felizmente, pelo que pudemos apurar “os núcleos com arte rupestre que estão acessíveis à visita  pública não foram tocados pelo fogo. ", referiu Fernando Real, presidente  da Côa Parque A Fundação para a Salvaguarda e Valorização do Vale do Côa,  que gere o Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC) e o Museu. 



Contudo, quem por ali passar, não vê a mesma paisagem que podia descobrir antes da devastação: oxalá a Mãe-natureza se encarregue de minimizar os estragos – Mas, seja como for, mesmo que os olhos não se possam deleitar com a mesma beleza paisagística, vale sempre a pena visitar aqueles extraordinários painéis.
  

A PINTURA NAIF  QUE SE EXPÕE NAS GALERIAS DE ARTE, QUE DIFERENÇAS OU SEMELHANÇAS?





A verdadeira arte naif é dos homens da pré-história - "pintura rupestre ou ainda gravura rupestre, são termos dados às mais antigas representações artísticas conhecidas, as quais datam do período Paleolítico Superior (40.000 a.C.) gravadas em abrigos ou cavernas, em suas paredes e tetos rochosos, ou também em superfícies rochosas ao ar livre, mas em lugares protegidos, normalmente datando de épocas pré-históricas." 

Eles foram os primeiros artistas. Em traços simples procuraram reproduzir - através da pintura ou da gravura  - os animais que caçavam, que admiravam, que endeusavam, lhes serviam da alimentação ou de veneração. As cabras, os veados, cavalos (os aroques), peixes e aves., contam-se, entre muitas das reproduções, gravadas ou pintadas de forma estilizada e ingénua



Claro que não são apenas os milhares de anos sobre as várias civilizações mas também os meios utilizados, o  suporte e os motivos, que faz a diferença. Recuar à infância é talvez um dos maiores desejos de quem quer  desenhar ou pintar de modo espontâneo, simples  e natural. Faziam-no os homens da pré-história nas grutas e nas placas xistosas ou no granito de rochas lisas.  Hoje só as crianças ou então os adultos  nalgumas regiões de África ou nas mais recônditas e isoladas do globo,  aí sim,  ainda é possível alguma semelhança com o homem das  cavernas.


SALÃO DE PINTURA NAIF NO CASINO ESTORIL COM A PRESENÇA DE MARIA CAVACO SILVA - A ESCASSOS DIAS DO ENCERRAMENTO

Mesmo assim, para os amantes da arte, vale sempre a pena admirar a arte mais primórdia (naif) com a  atual. E, se há Galeria de Arte em Portugal, com melhores condições para expor os trabalhos dos seus autores e que mais tenha contribuído para a divulgação e promoção da pintura e da escultura, em Portugal, e também com maior número de exposições apresentadas, esse espaço chama-se Galeria de Arte do Casino Estoril -- É indissociável de vários eventos culturais que ali têm sido realizados -- Umas vezes em exposições individuais, outras em exposições coletivas nacionais e internacionais, tal é o caso do XXXIII Salão Internacional de Pintura Naif, - Quem puder passar por lá, ainda a pode admirar até 22 do corrente mês


Maria Cavaco Silva, uma presença já habitual noutras exposições da Galeria de Arte do Casino Estoril, percorreu, atentamente,  numa visita privada, na companhia de Nuno Lima de Carvalho e alguns membros da Administração da Estoril Sol,  a exposição da meia centena de quadros das três dezenas  de autores mais representativos da Arte  Naif em Portugal - Coincidiu com uma das visitas que costumamos fazer àquele salão e a rever um grande amigo.






Pois, desde há 33 anos que a Galeria de Arte do Casino Estoril realiza, por altura do Verão, uma exposição coletiva de Pintura Naïf. Os trabalhos apresentados têm sido sempre de tema livre, porém, desta vez, Nuno Lima de Carvalho, o grande obreiro destas jornadas, decidiu escolher como fonte de inspiração a agricultura e o turismo -- Isto por considerar que " a pintura destes temas pode constituir "uma chamada de atenção, pelo menos original, para duas das maiores atividades para o progresso e bem-estar do país" Até porque, segundo refere, é no trabalho que está o ganho

Conta com a participação dos artistas, Albino José Moreira, Alcindo Barbosa, António Réu, Arménio Ferreira, Bento Sargento, Cecília, Conceição Lopes, Edna de Araraquara, Eduardo Mendes, Elza Filipa, Emil Pavelescu, Feliciana, Fernanda Azevedo, Fernanda Mourão, Ivone Carvalho, J.B.Durão, José Maria, Luiza Caetano, Manuel Carvalho, Manuel Castro, Maria Vilaça, Myriam F., Nell, Ramos Santos, Silvana, Silva Vieira, Silvestre Dacosta, Vilanova e Zé Cordeiro 


Se puder dar lá um saltinho, não perca a oportunidade -- Tratam-se, de facto, de obras de muita qualidade, que lhe poderão proporcionar bons momentos de recreação e devaneio artístico. Por outro lado, poderá ainda, querendo - aliás, em qualquer exposição - contar com informações oportunas e até com a presença de Nuno Lima de Carvalho, sempre afável e, sem dúvida, um dos maiores especialistas e apaixonados da arte em Portugal.



PINTURA NAIF DOS NOSSOS DIAS - MESMO EXECUTADA PELO ARTISTA MAIS DESPROVIDO DE CULTURA OU DE CONHECIMENTOS TÉCNICOS, A BEM DIZER É SEMPRE UMA PINTURA ELABORADA - 


De facto, aparentemente parece haver  uma certa contradição ou subversão sobre o termo naif - Há artistas iletrados a pintar mas também outros com formação académica superior. No fim de contas, trata-se mais de um estilo, de uma corrente pictórica - de uma tentativa de o  homem recuar aos anos da inocência e se aproximar das suas raízes mais ancestrais. De maneira simples (não digo espontânea, porque esta tem mais a ver com a pintura gestual) reproduzir as cores e as formas sem ter que ser realista, sem necessidade de respeitar a justeza das formas ou das perspetivas. Picasso fez pintura Naif e muitos outros artistas consagrados, fizeram-no por opção e não por incapacidade técnica e académica. De resto, a pintura naif chega a ser muito mais elaborada e trabalhosa de que a pintura abstrata - Esta, sim, no meu modesto ponto de vista,  também pode ser integrada na corrente gestual - é mais espontânea e instintiva - Logo, pois, mais primitiva. 


"O termo Arte Naïf foi pela primeira vez utilizado, no virar do século XIX, para identificar a obra de Henri Rousseau, pintor autodidacta admirado pela vanguarda artística dessa época, que incluía génios como Picasso, Matisse e Paul Gauguin, entre outros.

Com esta génese, a Arte Naïf começou a afirmar-se como uma corrente que aborda os contextos artísticos de modo espontâneo e com plena liberdade estética e de expressão e os seus seguidores definem-na hoje como “a arte livre de convenções”.O que é Arte Naïf? -


E O QUE É A ARTE RUPESTRE?

Sem dúvida, os melhores exemplos situam-se nas margens do rio Côa."O património mundial enriqueceu-se em 1994 com o achado do maior complexo de  arte rupestre do periodo paleolítico ao ar livre conhecido até hoje. Há 20 000, o homem gravou milhares de desenhos representando cavalos e bovídeos nas rochas xistosas do vale do Coa, afluente do rio Douro, no nordeste de  Portugal Desde Agosto de 1996, o Parque Arqueológico do Vale do Coa organiza visitas a alguns núcleos de gravuras.Sítios de arte rupestre do Vale do Coa - Wikipédia - Wikipedia




GRAVURAS DO CÔA PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE

Vou tomar a liberdade de aqui reproduzir o excerto de um texto publicado no blogue OS AMIGOS DO CÔA, de autoria de José Ribeiro - membro da direção da ACÔA, antigo professor da Escola Coronel Adão Carrapatoso, e um dos mais combativos entusiastas para a salvaguarda das gravuras do Vale do Côa, entretanto classificado como património da humanidade. 


As gravuras rupestres do Côa despertaram desde a sua descoberta um enorme interesse por parte dos meios de informação escrita e falada e, muito especialmente, pelas cadeias de televisão nacionais e estrangeiras. Quando em 1994 foram descobertas e anunciadas e no ano seguinte se lutou para que fossem preservadas contra a ameaça da construção da barragem do Côa, não estava apenas em causa a polémica sobre a sua suspensão, mas sobretudo o seu incomparável valor patrimonial.


O ano de 1995 foi decisivo para o reconhecimento internacional e para a defesa do património do Vale do Côa. Nesse ano, a escola secundária de Vila Nova de Foz Côa transformou-se no centro de apoio à luta pela defesa e preservação das gravuras e na plataforma logística por onde passaram inúmeros jornalistas portugueses e estrangeiros, muitos arqueólogos, muita gente com mais ou menos peso político, com destaque para os principais responsáveis pelos partidos políticos. Mas foram sobretudo os jornais diários portugueses e os canais televisivos, designadamente a SIC, que mais se interessaram pelo caso do Côa. Todos eles mantiveram durante meses crónicas semanais e a SIC chegou mesmo a montar “arraiais” na escola e a transmitir em directo durante mais de uma semana. Outros canais estrangeiros, como a BBC ou o canal 2 da Coreia do Sul fizeram também várias reportagens sobre o mesmo assunto. In - O Património do Côa, a sua visibilidade ea sua história

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